terça-feira, 12 de setembro de 2017

ESTAMOS NOS PREOCUPANDO MUITO MAIS COM O QUE OS OUTROS FAZEM DO QUE O QUE ACONTECE EM NOSSA PRÓPRIA CASA E ISSO É MUITO RUIM!





( OU VAMOS PARAR DE PATRULHAR O VIZINHO?)


Eu juro que ando segurando a língua muito mais do que sou capaz de fazer. Minha alma anda cansada de polêmicas, de ignorância e de falta do que fazer ou falar.Tenho acompanhado os acontecimentos dos últimos meses sem dizer nada a respeito. Nem sobre política, nem sobre comportamento, nem sobre cultura, nem sobre nada. No máximo, recomendo filmes que acho geniais ou falo do meu glorioso Corinthians ( de coração e paixão, porque de boa, Deus deve ser corinthiano, afinal com Giovanne Augusto e Kazin no elenco, só por Deus mesmo...).

No entanto, duas notícias ( e seus comentários)  ontem despertaram em mim a vontade de pegar um trem para Júpiter e ficar por lá. Não, não foram notícias sobre política. Sobre isto já joguei a toalha há algum tempo. Embora minha vontade seja a de sair na rua para protestar como já fiz outras vezes, desta vez sinto que estou sozinha. E sozinha serei apenas uma palhaça velha a sair no noticiário local como a louca da Praia do Canto. Lamento tanto que tenhamos chegado ao ponto de não nos unirmos por uma causa apenas porque precisamos nos dividir entre sermos guiados pelo MBL ou pela CUT. Parece que a democracia nos fez esquecer que para defender os nossos direitos não precisamos de siglas....Enfim...

Mas, o assunto aqui é outro. Pela manhã li que a HBO foi multada em uma grana pesada por exibir  a animação ( leia-se desenho) adulto A Festa da Salsicha em horário não apropriado ( leia-se pela manhã e à tarde) de forma a deixá-lo de fácil acesso às crianças. Depois li sobre o Museu patrocinado via Lei Rouanet pelo Santander que teve sua mostra encerrada após tanta polêmica. Estes dois assuntos me fizeram lembrar da última música de Chico Buarque, aquela onde ele diz que abandonaria mulher e filhos pela mulher que amou sua vida inteira.


O fato é que todo o tipo de censura é condenável. Mas, todo o tipo de omissão pessoal também. O desenho adulto A Festa da Salsicha estava passando em um canal pago. Todas estas empresas de TV paga tiveram a preocupação de estudar e implantar um recurso de autocensura onde os pais ou responsáveis podem controlar o conteúdo do que seus filhos podem assistir através da classificação por faixa etária, que por sinal, para este desenho é de dezesseis anos. Se você tem um canal pago é para ter a liberdade de assistir qualquer coisa em qualquer horário! Cabe a quem de direito fiscalizar isto através do controle de autocensura e não impedir todos os assinantes de assistirem conteúdo adulto pelo qual todos pagam, no horário que quiserem. Tal rigor só deve existir em canais de TV aberta, onde não existem recursos de autocensura. E, por favor, não me venham com “ eu trabalho muito, não tenho tempo para isto”. Sempre trabalhei e sempre tive tempo para o que era importante para meu filho e vejo meus irmãos e um bom par de amigos fazendo o mesmo com sobrinhos e outras crianças em meu convívio.

Sobre o MuseuQueer seu único pecado foi não atribuir uma faixa etária para a entrada. Pessoalmente eu acho que se você vai e leva uma criança a um museu que tem em seu nome as palavras “Queer” e  diversidade, se você tiver o mínimo de miolos deverá saber que se trata de uma exposição no mínimo controversa. Ok, você não se interessou em saber onde estava indo ou onde estava levando seu filho, que tal ao invés de sair praguejando contra a opção do outro em encontrar arte onde ele quiser, apenas sair e fazer outro programa e, caso esteja com uma criança, explicar a ela que vocês vão embora porque você não acha aquele um programa legal?

Como fui muito cerceada quando jovem, decidi que criaria meu filho sem tabus, sem rodeios e com muito diálogo. Desde que teve idade para entender sobre sexo, cigarro, drogas, violência, homossexualismo e outros assuntos fizemos questão de falar abertamente sobre qualquer coisa que fosse importante ele conhecer. Provavelmente se eu me visse em situação semelhante eu diria a ele que tais quadros, fossem sobre nudez, sexo com animais, Cristo, crianças “viadas”, entre as obras discutidas, são a forma de quem pintou ver cada uma destas coisas, e que não quer dizer que existam ou que sejam certas ou erradas. Certamente isto viraria uma especial conversa de muitos minutos e renderia algumas perguntas alguns dias depois, mas seria preferível a vê-lo conhecer sobre o assunto pela internet, sem qualquer tipo de conteúdo elucidativo, além de chacota ou ódio. Não aconteceu comigo e com ele neste museu, mas creiam, aconteceu em várias outras situações, e, embora ele tenha tido acesso a todo tipo de informação imaginável, impressionante!, ele não mudou de sexo, não se tornou violento, respeita incrivelmente o sexo feminino e acima de tudo, respeita o próximo, mesmo não concordando com muitas coisas com a qual vive cruzando por aí, inclusive com minhas opiniões pessoais.

A grande perda no episódio do Museu fica por conta de se deixar de discutir a Lei Rouanet e como ela deve usada, seus critérios e sua total transparência, para que não seja usada como munição para o preconceito.

Quanto à música do Chico Buarque (Tua Cantiga), mesmo sabendo que irei arrumar encrenca com muitas amigas feministas, preciso dizer que não consigo imaginar este tipo de polêmica. Música é (ou deveria ser) poesia, com ritmo, melodia e harmonia. Poesia é arte.Arte é metáfora. Arte não tem certo ou errado. Arte pode, mas não precisa ter lição de moral. Simples assim. Para permanecer ainda no âmbito do próprio Chico, desde sempre encarnei a prostituta cantarolando Folhetim, a mulher que dá a volta por cima em Olhos nos Olhos, a esposa abandonada em Atrás da Porta ou a mãe de um pivete criminoso em Meu Guri. A música não me tornou nenhuma destas mulheres, assim como não creio que assistir a uma novela onde uma moça decide assumir ser na verdade um rapaz não vai tornar o filho de ninguém homossexual. O problema do empoderamento feminino e do respeito que a mulher merece ter em uma relação não passa apenas pela arte. Passa pela educação e pelo diálogo. Não adianta protestar contra a música e esquecer de ensinar seu filho homem que ele deve respeitar a coleguinha em sala de aula ( e vice-versa), que homens e mulheres são iguais e que violência é inconcebível. Não adianta reclamar do canal a cabo se você acha que a responsabilidade do que o que seu filho assiste é do programador do canal. Não adianta reclamar do Museu que expõe nudez ou uma arte questionável se você não exige que seu governo seja transparente com as regras de uso da Lei Rouanet. Enquanto você despeja dezenas de impropérios nas redes sociais e entope os comentários de jornais de ódio, enquanto você patrulha o que o outro usa,o que ele come, se ele é gordo, com quem ele dorme e se diverte, se ele ele é negro, índio,coxinha, petralha, dentuço, comunista, nerd, se seu cabelo é feio ou se ele é ateu, seu filho pode estar se educando por aquele canal que você esqueceu de programar para ele não assistir ou pelo computador, porque afinal está assim de gente indicando um monte se site legal para ele conhecer coisas “super massa”! Ah, e se você não tem filhos, provavelmente você está deixando de sorrir. Porque não é possível que faça bem a saúde mental de ninguém ofender e desejar tanto mal ao próximo.

Conselho de quem aos cinqüenta e cinco anos gostaria de pensar que ainda viverá mais duzentos para ver outras milhares de vezes o pôr-do-sol, para vibrar infinitas vezes com o sorriso das crianças, para ter um sem- número de momentos felizes ao lado da família e de bons amigos: vivam mais cada momento e preocupem-se menos com o que o outro faz.Se não interfere em sua vida, não lhe diz respeito.

Mas, se conselho fosse bom a gente cobrava por ele, então.... se odiou o que leu, sinto muito. O máximo que você poderá fazer é me xingar. Mas, pode ter certeza, isso não vai estragar meu dia!

Beijo no coração!


sábado, 20 de agosto de 2016

Tempo ( Texto Antigo )






Era meio dia, qdo me dei por conta, era Natal. E assim, entre uma emoção e outra se passaram vinte ou trinta anos..... Por que mesmo quando somos jovens queremos tanto que o tempo passe depressa? Por que quando nos abandona a angústia do imediato é tão difícil reter as horas, agora que sabemos que não somos donos do tempo? Por que quando precisamos de mais dez minutos chega a Páscoa e outro aniversário? Deve haver um motivo para nos tornarmos mais sábios ao envelhecer... Provavelmente porque precisamos de apenas um minuto no entardecer para compreender que o tempo é o que menos importa. O que conta mesmo é o que fazemos, em trinta anos ou dez minutos. Não somos donos do tempo, somos apenas responsáveis pelo seu bom uso. Cinco minutos usados com sabedoria superam uma vida de inutilidades. Não importa a opinião alheia. Só sua consciência em paz na hora de deitar na cama para dormir. Sem arrependimentos.... E que se dane o resto....

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Criminal Minds – 11x01: The Job – Review




E aí, após quarto meses de espera, finalmente, para regozijo do seu fiel público, Criminal Minds retorna em grande estilo. Com uma audiência que chegou a 10.075, tudo indica que o primeiro episódio tenha tido grande aceitação de boa parte do público, empolgado com a possibilidade de um arco à altura do show. Roteiro legal, personagem nova muito simpática, cena fofinha da JJ com seu novo filhote, Hotch sorrindo mais que o normal. Teve até explosão! E um final de arrepiar...

Mas, e aí, por que eu fiquei tão descontente? Fácil. Este é um assunto sobre o qual já falei muito por aqui. Roteiros e opção dos roteiristas pelo caminho mais fácil, por ter certeza de que não serão questionadas a credibilidade das informações, nem a verossimilhança das situações. Séries que estão iniciando agora sua empreitada podem até serem perdoadas por ainda estarem “sentindo onde devem pisar”. Mas uma série em sua décima primeira temporada, principalmente depois de apresentar roteiros caprichados como os de Lockdown, Nelson Sparrow, A Place At The Table e Boxed In em sua temporada anterior não pode se dar o luxo de cometer tantas barbaridades em uma única estória. 
 
Foi um episódio muito ruim? Não, basta você assisti-lo como um passatempo sem levar em consideração a coerência e vai ficar tudo bem. Mas é só parar um pouco para pensar e começamos a ficar incomodados com algumas coisas aqui e ali. Vamos lá:

·                * A equipe está reduzida, com um membro em licença maternidade e outro que pediu demissão. Aí eles, que trabalham com informações mega confidenciais, para terem alguma ajuda externa, passam o perfil de um serial killer ativo abertamente para aspirantes a uma vaga para que sequer foram entrevistados. Ou seja, mesmo sendo membros do FBI em posições inferiores ( como por exemplo a própria Dr. Tara, que é uma psicóloga forense), ninguém ali sabe se são pessoas confiáveis para poderem ter este nível de informação - no momento em que eles percebem que há um traidor  passando informações, o próprio Rossi levanta a possibilidade de ser um dos candidatos, dizendo: “ estamos com muitas caras novas circulando aqui dentro!”. Bingo!! O informante era um policial, mas nada impediria que fosse mesmo qualquer agente candidato.

    

·               * Em sã consciência, alguém imagina o Hotch, o chefe mais caxias e certinho de todo o FBI ( que nunca arrisca nada fora do padrão, isto quem faz é o Rossi)  pedindo a uma criatura que conversou com ele por apenas dois minutos, para assumir uma ligação telefônica monitorada pelo unsub pelo viva voz, dando     dicas sobre o   que o policial deveria   fazer ( abaixar a cabeça, supondo que assim o atirador conseguiria atingir o criminosos sem matar seu refém)?

·              * Morgan, com toda a sua experiência , ir até o hospital confrontar o unsub porque ele tentou matá-lo então foi o fim ( se queriam que o unsub insinuasse que o pesadelo ainda não acabou, poderiam ter feito isso na delegacia ou no próprio local onde eles lutaram). Não fez o menor sentido, embora tenha sido para muitos assustador, a forma como o criminoso manipula Morgan e depois a enfermeira.

·                * Outra coisa sem sentido para mim foi um assassino de aluguel, por vingança, ao matar, perder tempo pintando os rostos das vítimas. Assassinos profissionais são proficientes nesta atividade: avaliam os riscos, as possibilidades, matam  e fogem sem demora e sem deixar pistas. A eficácia é o que os tornam tão bons nisto. Não vejo motivo para o cara, que aparentemente não tinha nenhuma outra doença mental, perder tempo precioso em pintar as vítimas enquanto as via morrer. Também não sei se o recado, para seus outros clientes estaria sendo dado de forma a se perceber, pois poucas pessoas pensariam em um policinello com a pintura invertida como um recado para todos os que o haviam traído.

     

Mas, e aí, o episódio só teve coisas ruins? Não, claro que não. Apesar das falhas grotescas, tivemos o privilégio de rever ótimas técnicas outrora bastante utilizadas, como a cena onde Morgan coloca-se no papel do unsub para nos contar, sob sua ótica, o que deveria ter acontecido. Outra coisa muito interessante foi a volta de um perfil passo a passo. Embora não muito complexo em termos de informações, ele nos dá a uma visão clara do quanto é importante a atividade destes agentes, como é necessário entender a psicologia, o que move a mente destes criminosos.

Tenho que dar um destaque para a cena entre Hotch e JJ ao telefone. Mais do que uma explicação para os fãs pegos de surpresa pela ausência da personagem no início da temporada, a cena, um diálogo carinhoso de um chefe que se mostra compreensivo com a funcionária que passa pela experiência de ser mãe pela segunda vez, é também uma forma de apontar a sempre presente culpa das mulheres que se ressentem em ter que se dividir entre serem ótimas mães e ótimas profissionais. É um problema quase sem solução, apenas mulheres muito bem resolvidas conseguem se equilibrar neste tênue fio sem sentirem que estão falhando em uma ou em ambas as coisas. E Hotch, como um homem que vive na pele a experiência de criar seu filho sem uma mãe ao seu lado, acerta o tom ao lembrar JJ de que ela é muito necessária para a equipe,mas que no momento, é mais necessária à sua família ( embora o recém nascido precise muito da mãe, o seu primeiro filho também carece de atenção ).

Preciso comentar aqui também a fotografia e algumas das rimas visuais utilizadas, como por exemplo, a cena onde Rossi menciona que são cinco cérebros contra um e, imediatamente a câmera os pega por cima sentando-se na mesa redonda, para logo em seguida transpor a imagem para uma mesa também redonda onde senta-se o unsub preparando sua arma. Genial! Outra tomada interessante é a da esposa do policial pedindo a Deus por ajuda, imagem esta transposta de imediato para a tomada do unsub abrindo uma maleta cheia de granadas. Embora a iluminação continue com problemas ( em algumas cenas do galpão mal se consegue enxergar  o que está acontecendo ), de forma geral, está melhor do que em episódios passados.  Eles precisam trabalhar melhor nestas cenas noturnas, onde a iluminação está cada vez mais mal direcionada.





A que se mencionar também o departamento de maquiagem, pois a cicatriz do unsub foi muito bem feita, alcançando o objetivo de impressionar e causar asco ao mesmo tempo. 

 Outra coisa que me chama a atenção é que eles fazem uma referência aos The Dirty Dozen, que em tradução literal seria Os Doze Sujos ( “uma dúzia”, na verdade), mas que também se refere a um clássico do cinema americano, aqui traduzido como Os Doze Condenados. Este filme de 1967, dirigido por Robert Aldrich, com Lee Marvin, Ernest Borgnine e George Kennedy entre outras estrelas, conta a estória de doze condenados à morte que são rigidamente treinados para lutarem em uma missão quase suicida contra os nazistas. Aqueles que sobreviverem terão seus crimes perdoados. O legal é que todos os personagens são totalmente desajustados. Pode ser muito interessante se eles resolverem usar como metáfora aos unsubs do arco desta temporada o mote do filme. É esperar para conferir.

De forma geral, a maioria das pessoas deverá achar que exagerei em minhas críticas ao episódio, mas depois de tantos anos acompanhando Criminal Minds não consigo ser complacente com alguns absurdos, então me perdoem pelo meu grau de exigência.

Agora é só aguardar o próximo episódio e ver de que forma eles vão encaixar a Dra. Tara na equipe. Os bastidores indicam que ela só atuará até o retorno da atriz AJCook ao set, então, mais do que ver como ela vai se encaixar, quero ver como eles vão afastá-la de lá. Além disto quero ver como eles irão conectar um crime de cunho pessoal por vingança ( como foi o caso de Gioseppe Montollo ) com os demais criminosos da extinta Silk Road.



Comentários finais:

·              * Reid meu querido, já passou da hora de dar um jeito neste cabelo. Da forma como está, não está longe o dia em que você será confundido com um maluco de plantão. Não precisa nem cortar, é só usar um pente de vez em quando.

·              * Garcia precisa aprender a correr de salto alto. Dá uma aflição enorme vê-la aos tranquinhos percorrendo aqueles corredores. Além do mais, embora a personagem tenha comentado ao final “isto nunca perde seu charme!”, esses pitis com o Morgan para mim estão perdendo o charme sim! Pode-se de inúmeras formas criar momentos fofos com o “trovão de chocolate”  sem precisar fazer da Garcia uma personagem que nunca amadurece.

·             *  Hotch meu filho, conte-me com quem você anda transando! Você anda feliz demais para quem está em uma seca danada, ehehehehe!

·              * Por fim, o bebê da AJ é uma coisa muuuito fofa!

Deixem seus comentários, eles me ajudam a escrever para você leitor! Até a próxima semana!