A história de Criminal Minds é, a princípio, igual à
de tantas outras séries americanas que passam nas mais diversas redes de
televisão abertas do país. O que muda radicalmente sua trajetória tem o
nome de determinação e respeito aos fãs.
Criminal Minds, nas palavras de Thomas Gibson em sua pré-estreia “ –Era para ser um piloto sem muitas expectativas. Ninguém realmente acreditava que a série vingaria”.
Criada por Mark Gordon e Ed Bernero, a série
estreou nos EUA em 22 de Setembro de 2005, levantando polêmica acerca da
sua área de atuação – o plot de Criminal Minds era trabalhar com uma
equipe que traçasse perfis dos criminosos a fim de se adiantar em seus
crimes e, talvez, evitar assim, mais mortes. Ed Bernero era então um
policial aposentado, que tinha em seu currículo Third Watch , uma série
que abordava o dia a dia de policiais, bombeiros e socorristas e que
havia durado seis temporadas.
Com produção conjunta da ABC e a rede CBS,
Criminal Minds tinha como protagonista Jason Gideon ( cujo nome original
seria Jason Donovan), um profiler chefe da Unidade de Análise
Comportamental, cercado de especialistas, os personagens recorrentes,
Hotch, Morgan, Reid, Elle, JJ e Penélope Garcia ( esta, embora
participando de todos os episódios, foi listada no elenco fixo apenas a
partir da segunda temporada). Aliás, o primeiro nome dado a Criminal
Minds foi “Quântico”. Até pela sua experiência em campo, Ed Bernero
sempre se esmerou em concentrar os temas de seus episódios muito mais
nos UNSUBS – termo utilizado para determinar um criminoso não
identificado – e seus crimes hediondos e seriais, do que propriamente
nos membros de sua equipe.
Com o passar dos anos, o show passou por uma
série de turbulências. A primeira baixa na série foi de Lola Glaudini (
Elle Greenway) que pediu para sair, uma vez que sua família não residia
em Los Angeles. No início da segunda temporada a atriz sai ( 2×06), para
assumir em seu lugar Paget Brewster encarnando Emily Prentiss ( 2×09).
Embora a transição tenha corrido de forma tranquila, questionou-se se a
série sobreviveria sem sua principal personagem feminina e como o
público aceitaria a nova personagem.
No início da terceira temporada de Criminal
Minds, Mandy Patinkin (Jason Gideon) simplesmente não apareceu para a
leitura inicial de texto (mais tarde ele alegou diferenças
irreconciliáveis com a série, reclamando do excesso de violência da
mesma) e a equipe ficou meio “sem saber exatamente o que fazer”. Tendo
por opção editar alguns episódios anteriormente não aproveitados, uma
última participação do ator sem a presença de qualquer companheiro de
elenco e um comentário especialmente preparado por Thomas Gibson (ele já
fôra colega de cena de Mandy em Chicago Hope, série que Mandy também
abandonou, logo TG não pareceu particularmente surpreso com o fato) onde
afirmava aos “colegas” de BAU que “eles – personagens e série”
sobreviveriam sem Gideon/Mandy ( última participação no 3×02), a série
seguiu corajosamente em frente sem seu ator âncora ( considerado aquele
que puxa a audiência da série). O andamento da temporada sem seu ator
principal moveu algumas peças no enredo e deu a Thomas Gibson
definitivamente o cargo de “chefe”. A série que tinha então tudo para
naufragar, foi cuidadosamente tratada para que a saída de seu âncora
fosse superada com sucesso. No primeiro terço da terceira temporada
(3×06) conhecemos David Rossi, personagem de Joe Mantegna, e a série
parecia tomar novamente um rumo confortável . Já na quarta temporada
tivemos a introdução de Jordan Todd ( Meta Golding ) por oito episódios
para substituir AJCook durante sua gravidez.
Criminal Minds sempre teve outra frente a
combater. Os americanos mais conservadores sempre a viram como uma série
excessivamente violenta, mesmo que subjetivamente e o show penou até
conseguir um lugar de respeito na audiência. Seus produtores tiveram que
brigar para fazer valer episódios com temas mais fortes e cenas
sugestivas e, ainda assim, encontravam resistência para ampliar a
audiência. Mas, em detrimento da dificuldade generalizada, Criminal
Minds corria por fora formando um público cativo, que se não era lá tão
grande em números, era ao menos constante e lhe valia sempre um lugar
entre os quinze programas mais assistidos.
Reza a lenda que, a fim de investir em um spin of
ancorado por um conhecido nome do cinema americano ( no caso, Forest
Whitaker), a CBS teria decidido reduzir o elenco da série original
apostando no seu esgotamento e já preparando terreno para mantê-la viva
através de sua nova cria. A rede optou por demitir via twitter a atriz
A.J.Cook (último episódio: 6×02) e diminuir a participação de Paget
Brewster para apenas dezoito episódios na temporada – último episódio
:6×18). Isso causou a ira dos fãs mais fiéis que se manifestaram via
petição, entre outros canais e conseguiram chamar a atenção da CBS.
Ainda na sexta temporada a entrada da atriz Rachel Nichols como Ashley
Seaver como uma estagiária – 6×10, gerou uma queda significativa na
audiência, chegando a fomentar comentários de ódio nas redes sociais e
desafiando novamente a manutenção dos números, dificultando a tarefa do
show em manter-se rentável e interessante para o canal. Após o fracasso
do spin-of, cancelado com apenas treze episódios, para tentar consertar a
própria lambança a CBS demitiu Nichols (que encerrou sua participação
no 6×24) e recontratou AJCook ( que havia feito participação especial no
6×18 e retornou definitivamente no 6×24) e convidou Paget Brewster a
retornar no 7×01. Neste meio período também houve a saída de vários
roteiristas e Ed Bernero largava definitivamente a produção de Criminal
Minds, passando o bastão para a então produtora supervisora Erica
Messer.
Ainda assim, mais problemas surgiram na sétima
temporada, quando Paget Brewster anunciou sua vontade em fazer comédia e
tentar novos horizontes. Paget encerrou sua participação como
personagem fixa do show no episódio 7×24. A atriz ainda fez uma
participação especial no episódio “200” ( 9×14). Para seu lugar, foi
contratada a atriz Jeanne Triplerhorn, como a agente Alex Blake que
participou de Criminal Minds por duas temporadas ( 8×01 a 9×24). Para a
décima temporada já foi anunciada uma nova contratação, a atriz Jennifer
Love Hewitt ( do extinto show Ghost Whisperer) se juntará ao elenco
regular e interpretará a agente Kate Callahan.
Com todo este histórico definitivamente
conturbado, há de se questionar como uma série com tantos problemas é,
hoje em dia, o sétimo show mais assistido do país.
Mas é! Em sua nona temporada o show alcançou,
senão números tão elevados como em suas quarta e quinta temporada,
audiência para mantê-la entre as melhores séries da tv aberta. E aqui
cabem duas explicações.
É sabido que atualmente as séries de maior
duração são também aquelas que acabam tendo uma maior audiência, por
conta da fidelização do público. É fácil explicar que, em não havendo
nenhum descalabro em termos de roteiro, o público segue fiel aos
personagens que por anos entram em suas casas, permeiam suas fantasias,
ganham sua simpatia, e terminam por ilustrar estórias em fanfics e
torcida dos shippers mais improváveis. Junte-se a isto à fraca qualidade
das atuais estreias ( o número de cancelamentos antes do décimo
terceiro episódio foi recorde nos dois últimos anos), com roteiros
repetitivos e sem muita criatividade e já temos meio caminho andado para
a manutenção do sucesso das séries veteranas.
E a outra metade do caminho? Simples assim, fica
por conta da enorme simpatia do elenco regular e de apoio, bem como dos
membros da equipe técnica. Gostando ou não, Erica Messer deu uma enorme
chacoalhada na estrutura inicial do show, atendendo a um contingente que
pedia uma atenção especial aos membros da equipe, trazendo a tona
estórias que preencheram de certa forma lacunas, mostrando que há vida
além do Bureau. Erica introduziu cenas que mostram a casa dos nossos
agentes, seus parentes ( pai, irmãos, filhos, marido) sem, de certa
forma, deixar de privilegiar os casos da equipe. Pessoalmente acredito
que ela encontrou uma forma de equilibrar as coisas.
Além disto, toda a equipe é super disponível,
atores, produtores, maquiadores, pessoal de fotografia e cenografia
entre outros, postam fotos com frequência para além do esperado entre
outras séries, abastecem os fãs com informações de bastidores, novidades
e curiosidades, cativando pela atenção pouco comum dada ao
telespectador.
Por estas e outras, Criminal Minds continua sendo
uma série à prova de mudanças e lambanças da CBS. Vamos aguardar a
décima temporada, com nova agente e cheia de novidades!
Até a próxima!
( texto originalmente publicado No Criminal Minds Brasil. Créditos de fotos à equipe de CM Brasil)
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