( texto originalmente escrito em 28/07/12)
Quem disse que séries de tv começam e acabam na
telinha de nossa televisão?
Eu já tinha muita experiência em encontros com fãs
de séries. Depois de mais de dez anos organizando encontros com fãs de Arquivo
X em maratonas anuais, não me furtei a incentivar um encontro entre fãs de
Criminal Minds em São Paulo. Nós estávamos na quinta ou sexta temporada, o
Orkut era a rede social do momento e eu me encontrava sedenta por conhecer
novas caras, pessoas que, como eu, amavam a série.
Preciso aqui fazer um parágrafo à parte. Foi através
do computador e de redes sociais ( mais especificamente o Orkut, pois naquela
época ainda não havíamos sido invadidos pelo Face) que conheci boa parte das
pessoas que amo nesta vida. O grupo ESFILES sobreviveu porque pessoas curiosas
trocavam mensagens sobre a série, falavam de seus personagens amados e, assim,
quase do nada, passamos a receber em nossas casas, para dormir, comer e
conviver, pessoas que não tinham rosto, que eram a Scully21, o Mulder1984, a
sra. Duchovny ou algo parecido. Às vezes me pergunto, como isto foi acontecer.
Mas aconteceu. Eu e amigas minhas passamos a oferecer guarida a outras cuja
única referência era amar Arquivo X. Dito isto, não era totalmente descabido
tentar um encontro com fãs de Criminal Minds.
E ele aconteceu. Sendo uma estrangeira em minha
própria terra, concordei com a indicação de uma amiga, Rosely Zenker, para que
o encontro acontecesse no Centro Cultural, às margens da Avenida Vinte e Tres de
Maio.
Paulista, morando há vinte e seis anos em Vitória –
Espírito Santo, minhas viagens à sagrada terrinha costumam resumir-se às
visitas aos parentes na época de Natal. Naquele ano, no entanto, programei-me
para poder estar presente em agosto, época estabelecida por todos, como
adequada para a reunião.
Muita gente on line jurava que estaria presente e eu
me animei. Vislumbrei ali uma possibilidade para criar um novo grupo, similar
ao ESFILES. Como era de meu hábito criar lembranças para sortear no grupo aqui
de Vitória, pintei alguns quadrinhos para que pudessem ser sorteados entre os
presentes, todos com personagens de Criminal Minds.
Vergonhosamente reconheço, fui a primeira a chegar.
Ansiedade é meu nome do meio. Um deles.
Logo chegaram Rosely, Larissa, Kátia, Cláudia ( com o marido), Fernando, Lívia,
Márcio, Rose, Aline, Bia e tantas outras pessoas, e o encontro tornou-se muito
divertido. Todas aquelas opiniões e comentários na rede foram ganhando rostos,
de Vitória, Brasília, Campinas, Minas Gerais e, claro, São Paulo e foram tantas
fotos, tantos risos, tantas boas lembranças, que não dá para descrever aqui. Só
quem passa por uma experiência assim pode falar a respeito. Amizades surgiram.
Consegui levar para o próximo encontro de Vitória, do ESFILES, três daquelas
pessoas no encontro de Criminal, a Rosely, a Kátia e a Larissa. Um ano depois,
consegui arrastar também Raquel e seu marido para o encontro de Vitória. E
várias outras amizades que nunca puseram seus pés em terras capixabas continuam
fazendo parte do meu grupo de amigos nas redes sociais.
Nos anos seguintes não obtivemos o mesmo sucesso
para o encontro de CM. Organizamos um “Unsub Secreto” no final do ano ( super
divertido, teve quem ganhou um kit assassinato, com veneno, corda p
enforcamento, entre outros mimos...) e outros encontros, mas nenhum deles teve
o mesmo número de participantes. Nada que nos desanime. Ano retrasado tivemos a
honra de conhecer em Sampa duas fãs de Cuiabá, a Silvinha e a Jackelyne.
Nunca perco a fé. Este ano, junto com a Rosely
estamos tentando repetir o sucesso do primeiro encontro. As meninas de Cuiabá
prometem estar presentes. O Fernando de Brasília também se interessou em ir. A
Carol, do Rio, que só conheço por rede social jura que vai. Eu, com certeza,
irei. Algumas pessoas me perguntam porque me entusiasmo tanto. Simples: algumas
das pessoas que mais amo nesta vida eu conheci por causa de Arquivo X. Outras
por causa de Criminal Minds. Jamais, em tempo algum, roteiristas, atores e
produtores poderão mensurar isto, mas de alguma forma, eles são, sim,
responsáveis por estes encontros, por estas amizades.
E querem saber
o que é melhor em tudo isto? É você não sentir-se estranha por amar uma
série tanto e tanto que passa a falar dos personagens como se eles fizessem
parte de sua vida. Porque os que estão junto de você fazem o mesmo. É você
fazer parte de um manicômio onde sente-se à vontade, pois você não é mais doido
do que seu parceiro de viagem. A quem pouco conhece pode parecer o cúmulo da
nerdice, mas com o passar dos anos, estas coisas vão parecendo para mim essenciais, necessárias
para que minha vida se torne completa. Meio como você dizer aquela frase e
alguém sacar um: episódio 03, quarta temporada! É você sentindo-se em casa!
Tenho cinquenta e dois anos e enfrento corajosamente
todas as resistências que surgem por minha idade, por ser casada, mãe,
profissional. Não me importo quando me dizem que já passei da idade de sonhar
com filmes, de vibrar com séries de tv ou de organizar acampamentos de fãs
nerds. Danem-se todos. Pago minhas contas, meus impostos, sou uma esposa
apaixonada e uma orgulhosa mãe de um nerd muito bem sucedido pessoal e
profissionalmente. Mas nada disto me impede de ser fã, de exercer minha
maluquice nos momentos certos, de falar de coisas nada a ver quando me dá
vontade. Julguem-me. Não ligo a mínima. Não vou mudar só porque o que eu amo
fazer parece esquisito.
E, se, por qualquer motivo você, leitor, sentiu
certa identificação lendo meu texto, seja autêntico, seja você mesmo. Continue
amando suas séries, seus personagens, sem por isto mesmo deixar de ser
competente naquilo que você sabe fazer de melhor. Não envergonhe-se disto. Se
eu, do alto dos meus cinquenta e poucos anos consigo aguentar, você também
aguenta. Só porque vale a pena!!!
Um beijo carinhoso,
Nenhum comentário:
Postar um comentário