Poucas coisas me irritam mais em um roteiro do que ver que ele pegou carona em um tema de moda, do tipo que todo mundo está comentando no momento. E sim, Criminal Minds esta semana fez exatamente isto.
Em um episódio com uma boa premissa, que não tinha a necessidade de apelar para a moda dos 50 Tons de Cinza, a idéia de vítimas mulheres denotando conotação de fantasia sexual poderia caber em diversas situações que não apenas a do livro, aqui com o nome de Bare Reflections.O livro é o gatilho para nosso unsub. Ele busca vítimas que tenham lido o livro e embarquem livremente nas fantasias propostas na escrita, solteiras ou casadas, mulheres que queiram simular experiências de dominação/submissão ou, como queiram, BDSM. O interessante é que, quando Rossi e Kate procuram uma mulher que organiza tais eventos, descobre que o livro não representa a realidade de quem segue a doutrina do BDSM. O livro infantiliza e mistifica uma relação que exige mais respeito, cumplicidade e compreensão do que o livro simboliza.
Em uma conversa informal nosso unsub descobre que a babá de suas filhas já leu o tal livro e isso o deixa pronto para um novo ataque, que não se realiza porque a moça está aguardando um namorado. Mas é neste ponto que sua filha mais velha encontra seu carro parado à porta de sua babá e passa a desconfiar de algo errado.
Em paralelo, Garcia descobre novos casos semelhantes em locais próximos e pelas datas nossos agentes deduzem tratar-se de períodos em que a esposa do unsub teria engravidado ( logo, pouco disponível para sexo).
Enquanto isso a filha mais velha questiona sua mãe sobre onde estaria seu pai e a mãe, que toma conta da casa, de três filhas e trabalha fora mostra pouca disposição para ouvir os lamentos da filha.
Neste ponto sou obrigada a fazer uma observação. É que muito do que a Garcia descobre pelo computador tem uma conotação exagerada, mas muita coisa é passada em branco em nome da mobilidade do episódio. Desta vez, no entanto, eles exageraram. Ela conseguiu pela internet saber até se a esposa era adepta do BDSM. Dados muito exagerados e conclusões muito amplas de nossos agentes. Enfim, eles chegam a conclusão que o que o move no momento é o livro, que meio que o exime da culpa pelo interesse sexual feminino no assunto.
Cabe à filha mais velha pegar seu pai no pulo, enquanto tentava estuprar a babá. Nem posso imaginar o que isto fará com a menina no futuro, tendo pego seu pai, tentando assassinar Charlote. Ele ainda tem tempo de abraçar a filha em uma espécie de Mea Culpa, mas, para meu regozijo, ele não é morto pelos agentes, é preso e irá, não apenas pagar por seus crimes, mas ter que justificá-los para sua esposa e suas filhas. Por um momento, antes de entrar no carro de polícia, ao cruzarem os olhos pai e filha, tenho a impressão de que para o assassino foi maior o peso de encarar a menina do que os anos que cumprirá na penitenciária.
Como adicional, tivemos a revelação da à equipe e a crise de carência de Meg, a sobrinha criada como filha por Kate. No início do episódio vemos Meg sendo atendida por Savanah, que a socorre por conta de um piercing no umbigo aplicado pela própria menina e, por isso mesmo, infeccionado. Savannah, namorada de Morgan, logo parece entender a necessidade da menina em conversar com alguém e coloca-se à disposição. Meg, como toda adolescente mimada e foco de todas as atenções sente-se enciumada com a chegada de um novo bebê para colocar em risco seu posto de número um. Embora Kate tente explicar para a menina que ela nunca deixará de ser amada porque virá uma nova criança, a menina adota a posição rebelde sem causa até o final do episódio, dando a mim ( logo eu, que sou psicóloga) vontade de dar um bom “acorda menina” na garota!
Em minha opinião o episódio deixou muito a desejar. Faltou uma motivação mais consistente, uma atuação mais convincente do ator que representou o unsub, sem contar que o episódio foi bem básico em termos de tomadas, edição e iluminação. Um episódio totalmente “cumpre tabela”.
Esperando pelo próximo! Até a semana!
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