O verdadeiro crime de The Fallen aconteceu há cerca de cinquenta e poucos anos atrás e os americanos ainda não conseguiram enterrar seus mortos. E é bom que não consigam. A persistência de alguns poucos em resgatar a memória do povo para que nunca se esqueçam do erro que foi a Guerra do Vietnã - como aliás, toda guerra é - e a insistência em mostrar o que acontece com os veteranos quando ( e se ) retornam é louvável.
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O episódio foi sobre isto. Uma analogia clara entre a faxina
sócio-econômica e o esforço de uma pátria em descobrir o que fazer com
seus soldados quando eles retornam amputados no corpo e na alma, sem
emprego, sem compreensão familiar, muitas vezes, por conta da sua
situação, sem nenhum apoio para exorcizar os demônios trazidos da
guerra. Genial. Absolutamente genial. Os americanos posam de bons moços
hornando a bandeira e seu hino cheios de orgulho e deixam que seus
soldados morram de fome nas ruas (situação ilustrada brilhantemente
pela figura do heróico bombeiro e sua visão distorcida dos sem teto contaminados). Ou morram
de incompreensão em casa. Tanto faz. A maioria já está morta quando
volta, mesmo caminhando com seus próprios pés, pois não se vive uma
experiência assim sem se morrer um pouco de alguma forma. Os que
conseguem sobreviver honrosamente a tal agressão física e psicológica,
embrenham-se, então, em lutas pessoais ou têm parentes engajados, como o
caso do próprio ator Joe Mantegna, para tentar resgatar a dignidade
de quem não teve a mesma sorte.
A fotografia foi incrível, mesclando momentos passados e presentes, ajudando a dar dimensão ao passado do Rossi. E eles conseguiram encaixar a estória do personagem de forma tal a não contradizer suas
características principais, sua sabedoria, sua paciência e determinação,
tiveram uma origem que, para mim, foram muito coerentes.
Obviamente, o caso do bombeiro teve solução abreviada e nossos agentes viraram coadjuvantes para que todo o resto pudesse ser contado. Paciência. Só se pode contar uma estória de cada vez ( em 42 minutos, é claro ). E, mesmo assim, eles conseguiram um personagem que pudesse, através dos seus crimes, tornar-se um espelho para refletir a estória principal.
Entendo que talvez o impacto do episódio tenha sido maior lá do que em países como o nosso, onde nossas experiências com a guerra sejam infinitamente menores ( somos mais especializados em policiais honestos que ganham salários de miséria para nos proteger do crime e são mortos brutal e covardemente ou largam seus trabalhos e mudam-se de suas casas com suas famílias para tentar proteger-se (cada país arranja sua própria guerra do jeito que lhe convém), mas o episódio trás à luz a guerra em dois atos - a versão em cores, farsesca, dos governos que sobrevivem da indústria da bélica e necessitam da boa imagem que ela precisa produzir e a versão em preto e branco, de quem vai e vê o hediondo acontecer à sua volta e, quase sempre paga caro pela própria participação.
Obviamente, o caso do bombeiro teve solução abreviada e nossos agentes viraram coadjuvantes para que todo o resto pudesse ser contado. Paciência. Só se pode contar uma estória de cada vez ( em 42 minutos, é claro ). E, mesmo assim, eles conseguiram um personagem que pudesse, através dos seus crimes, tornar-se um espelho para refletir a estória principal.
Entendo que talvez o impacto do episódio tenha sido maior lá do que em países como o nosso, onde nossas experiências com a guerra sejam infinitamente menores ( somos mais especializados em policiais honestos que ganham salários de miséria para nos proteger do crime e são mortos brutal e covardemente ou largam seus trabalhos e mudam-se de suas casas com suas famílias para tentar proteger-se (cada país arranja sua própria guerra do jeito que lhe convém), mas o episódio trás à luz a guerra em dois atos - a versão em cores, farsesca, dos governos que sobrevivem da indústria da bélica e necessitam da boa imagem que ela precisa produzir e a versão em preto e branco, de quem vai e vê o hediondo acontecer à sua volta e, quase sempre paga caro pela própria participação.
Sei que falei de The Fallen de forma genérica, sem entrar nos detalhes
do caso em si, mas enquanto escrevo, imagens sobre o conflito entre
israelenses e palestinos desfilam pela tela da minha tv. Em uma semana
de violência física descontrolada em São Paulo, de violência impressa (
cortesia da Veja e seu artigo preconceituoso e discriminatório ) e na
iminência de mais e mais mortos na Faixa de Gaza e imediações eu me
pergunto porque o homem se preocupa tanto se a natureza irá se rebelar e
destruir a humanidade ou se existe vida lá fora que possa vir aqui
para nos exterminar. Nós não precisamos de nenhum outro inimigo. Somos
especialistas em nos destruir, das formas mais estúpidas possíveis.
Inteligente também, por parte dos roteiristas em dar uma variada no "cardápio", saíndo do tradicional, para nos contar a estória pregressa de um dos nossos personagens. Não pode virar rotina, mas não posso negar que foi muito, muito bom. Por fim, a dobradinha Joe Mantegna e Meshach Taylor foi primorosa. Ator convidado bem escolhido e Joe, bem, nem preciso dizer. Adoro ele e seu Rossi complacente, cheio de bagagem de vida.
Para todo mundo que lamentou o episódio não se parecer muito com um "original" CM fica a dica: depois de oito anos eles precisam destas chacoalhadas de poeira para não nos dar mais do mesmo semana após semana. E é muito bom saber que os americanos ainda sabem expor suas feridas. Mesmo que possa parecer panfletário, reflexão sempre é muito bom.
Bjos e que venha o proximo!
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