Nem sei bem por onde começar esta review.
Provavelmente porque The Persuasion foi exibido logo depois de Gabby, ele me
pareceu ainda mais fraco do que realmente pudesse ser.
Com um enredo meio mirabolante para contar a estória
de um sociopata que tem o ego para lá de inflado, se achando superior, e que,
por não conseguir se destacar em nada por méritos, manipula sem tetos e pessoas
menos favorecidas intelectualmente para que estas roubem e matem por e para
ele.
Logo de cara vemos Dr. Marvin Caul aliciando Finn
Bailey, rapaz que aparece dentro de uma lanchonete em busca de emprego, mas que
o experiente Marvin vê como possibilidade de alguém com jeito para atender suas
expectativas. Finn na verdade veio em busca da irmã que foi para Las Vegas e
deixou de dar notícias. Marvin conta ao rapaz que sua maior realização será
quando fizer um show de ilusionismo no Rio de Janeiro, e que, por isto mora nos
tuneis de alagamento da cidade, para economizar o máximo de dinheiro possível.
Quando vai apresentar seu novo lar ao rapaz, descobrimos que, na realidade, um
tal Doutor comanda o lugar, obrigando a todos os indigentes e outros moradores
do túnel a pagar um imposto para continuarem ali ( uma parcela generosa de tudo
o que conseguiram roubar ). Conhecemos também César, um subserviente faz tudo
que responde diretamente ao Doutor. Simultaneamente, acompanhamos os cadáveres
de duas mulheres encontradas afogadas no meio do deserto.
Não sei dizer ao certo o que me incomodou no
episódio. Mas algumas coisas foram estranhas, pelo menos para mim:
- Marvin
e Finn aparecem impecavelmente vestidos, Marvin de smoking, banho tomado, cabelos
e unhas em ordem, em uma festa luxuosa. Quão limpo pode ser um túnel subterrâneo
de controle de enchentes?
- Se as
moças foram afogadas no túnel quando chovia, onde toda aquela gente se enfia
com todas as suas coisas ( inclusive o smoking impecável de Marvin) durante os
alagamentos?
- Era uma festa particular e luxuosa, eles
se infiltraram tão fácil assim?
- O
assassino mata duas jovens afogadas nos túneis e depois as leva para o deserto de
que forma? Um carro, uma van, um táxi?
- Seiscentos
e sessenta e cinco quilômetros de túneis e só com a referência do celular
jogado no lixo eles encontraram de bate pronto o local onde estava Cesar e
companhia?
- Marvin
tinha conhecimento suficiente para saber, que ao contrário das pessoas
influenciáveis que ele manipulava no túnel para roubar e matar para ele, Finn era
um rapaz com personalidade bem diferente dos demais, logo, me pareceu ilógico
que ele achasse que Finn fosse atirar em Sarah apenas porque ele disse que era
o melhor a fazer. Mais provável neste caso seria Marvin ter matado os dois
dentro do túnel. Além do mais, Finn havia conversado com a irmã, falado sobre
Romeu, sobre um homem que havia lhe apresentado os túneis e fazia refeições no
mesmo restaurante onde ambos se encontraram. Pareceu meio forçado Finn dizer
todas aquelas coisas apenas no final. Seria melhor que ele não tivesse tido
estas informações da irmã. Afinal, desde o começo ele se apresenta como alguém
com relativa experiência e vivência, para não ter percebido antes que Marvin
era este cara.
Quanto o
aparecimento de Sarah, o próprio César endossa meu comentário: como diabos uma
profissional tenta se infiltrar em um grupo de sem tetos, vestida daquele
jeito, cabelo bem tratado, entre outras coisas que compunham seu visual? Para
mim não colou. Desnecessário para mim, também foi a inclusão do código dos
mendigos na depressão e os números pintados nos locais dos crimes. Excesso de
informação que não acrescentou muito ao perfil.
O episódio
foi interessante na medida em que dissertou sobre o uso da neurolinguística,
sobre o uso de truques de ilusão, mostrando um pouco de como funciona ( quebras
de padrão) e acima de tudo como pessoas influenciáveis e facilmente sugestionáveis
são alvo fácil deste tipo de trapaça, que é muito divertida no palco, mas que
também faz muitas vítimas quando usadas para a malandragem e o crime.
As melhores cenas de The Persuasion foram protagonizadas por Reid, primeiro com César,
depois com Marvin ao final do episódio,
onde ele mostra que também sabe usar os mesmos truques que o mágico. Embora
eles tenham mencionado a neurolinguística, fica claro o uso que Reid faz da
natureza sugestionável de César para tirar dele todas as informações que
precisava. Da mesma forma, nosso agente usa e abusa da exploração do ego
inflado de Marvin para fazê-lo falar e assim, incriminar-se. E, claro, é ótimo
vê-lo dizer ao mágico que nem havia nascido em 1977, época do show que havia
mencionado.
Por fim, devo dizer que, por pressão dos fãs, ávidos
de saberem cada vez mais sobre a vida privada de nossos agentes, os roteiristas
acabam se vendo meio pressionados a mostrar algo pessoal a cada episódio, e
desta vez acho que pegaram meio pesado. Embora tenham sido cenas muito
interessantes, principalmente quando Reid fala de saber agora como os pais se sentem
quando os filhos crescem, não consigo imaginar uma pessoa no estágio de
esquizofrenia em que ela já apareceu em outros episódios, onde ele mesmo diz em
The Fisher King ( 2x01), que sua mãe só se alimentava porque outras pessoas a lembravam
disto, fazendo passeios assim tão aventureiros, mesmo com supervisão. E se ela tiver uma crise na beira do penhasco?
No mínimo, ele como responsável pela mãe deveria ter sido comunicado pela
clínica a respeito. Apesar da evolução da medicina e do momento gracinha em que
Reid faz piada com Hotch em uma praia, para mim ficou meio incoerente.
É normal existirem situações em geral que deixam
pequenos buracos na estória, e que, normalmente não prejudicam o andamento do
episódio. No caso de The Persuasion, por algum motivo que não sei bem explicar
porque, não funcionou. A culpa disto é nada menos que os próprios ótimos
roteiros que vêm sendo exibidos nesta temporada e que nos deixam muito mal
acostumados, esperando sempre o melhor.
Até o próximo episódio, pessoal!
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