sábado, 23 de fevereiro de 2013

Criminal Minds - 8x15 - Broken - Meus Comentários




É sempre muito difícil escrever sobre Criminal Minds sem parecer apenas uma fã incondicional. Mas, mesmo para aqueles que acompanham a série sem o fervor habitual dos apaixonados, como não dizer que Broken foi perfeito?

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A estrutura do episódio nos remete de cara aos primórdios da série, onde o perfil do unsub importava sempre mais que a ação, que garimpar pistas ou de nos envolvermos com a vida pessoal dos nossos queridos agentes. Desde a escolha do tema, diga-se de passagem, atual e recorrente, até o desenvolvimento da ação final, vemos um passo a passo do processo da realização de perfis. Muito mais do que apoiar o livre arbítrio, o episódio escancara as dificuldades ( mesmo para quem não sofreu pressão de família e sociedade) de se assumir diferente, para o outro e para si mesmo. De uma forma honesta, em última análise, coloca em cheque nossos conceitos e preconceitos, traçando paralelos com qualquer outro padrão de comportamento que fuja do habitual, que em escalas diferentes, podem ir do racismo aos inalcançáveis padrões de beleza.

Pouco a pouco, vemos a construção de um desastre eminente, onde não se sabe o que mais aterroriza: os crimes brutais, o ódio e o remorso que permeiam o jovem assassino, existir uma instituição destinada a torturar jovens para que eles se enquadrem naquilo que a sociedade costuma chamar de aceitável ou, finalmente, um pai, não só incentivar, mas participar ativamente de tal nível de desqualificação do próprio filho. Um show de horror, desenvolvido brilhantemente para chocar não com imagens, mas com fatos e reflexões. A forma sincera como se desenvolve a conversa entre os dois amigos, que experimentaram situações semelhantes e, ainda assim, reagem de forma diferente, deixa claro que, ser vitimado por injustiças causa dores iguais, mas reações diversas, uma vez que o amigo havia buscado ajuda profissional e sentia-se mais preparado para deixar o passado para trás e assumir sua homossexualidade. 

A inclusão dos relógios no perfil, cujo objetivo no acampamento, claramente era o de esconder as marcas das agulhas no braço dos rapazes, acaba tomando para si, no ato do assassino, o de incluir a religião como cúmplice fiel deste tipo de preconceito, mostrando o quanto as pessoas distorcem a fé para justificar o que querem provar ou pregar, e ninguém melhor que Rossi para, do alto de sua experiência, além do fato de ser um homem católico, como ele mesmo se descreve em várias passagens da série, sacar que os números poderiam ser citações bíblicas.



Outro ponto alto foi o embate entre Hotch e a prostituta durante seu interrogatório. O personagem é talhado para este tipo de cena e Thomas Gibson sabe bem como valorizá-la, através da voz acentuada e da face dura e fria, carregando a mão na intolerância com seu comportamento ( fica evidente que ela também era uma psicopata, que sentia prazer no que fazia e no controle que tinha da situação). Brilhante a expressão da detenta ao ver que ela entregou o jogo sem perceber e que não levaria vantagem alguma com aquela situação.

A fotografia e a edição de imagens foram impecáveis, captando cenas de forma pouco habitual, como, por exemplo, a tomada por cima da invasão da JJ chutando a porta ou a SUV do Rossi chegando ao local de desova do segundo corpo. Somam-se a isso, a contribuição solida dos atores convidados, todos muito bem escolhidos para seus papéis ( a participação da atriz que faz a prostituta é curtíssima, no entanto fundamental para a cena, mesmo com texto sucinto ela consegue passar toda a indiferença da personagem). Menção também para a cena inicial da Blake ministrando aula, tentando mostrar um pouco da personagem sob outro ângulo. E claro, uma pitada do nosso “monstro” da temporada, nos fazendo lembrar de forma inquietante que ele irá transtornar em breve a vida dos nossos queridos agentes.

Com episódios desta qualidade, a oitava temporada tem se firmado, em minha opinião, como uma das mais estáveis, sobrevivendo de forma digna ao desgaste provocado pelo tempo de exibição ( afinal são oito temporadas ) e às substituições de atores e atrizes, além das mazelas provocadas pela CBS. Não me surpreende, visto que roteiristas e equipe de forma geral já mostraram diversas vezes que são especialistas em tirar água de pedra e manter o nível da série com temas atuais, casos interessantes e polêmicos.

Que venham os próximos, e que eles consigam manter o padrão estabelecido pela última temporada!

Um abraço!