quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Criminal Minds – 11x01: The Job – Review




E aí, após quarto meses de espera, finalmente, para regozijo do seu fiel público, Criminal Minds retorna em grande estilo. Com uma audiência que chegou a 10.075, tudo indica que o primeiro episódio tenha tido grande aceitação de boa parte do público, empolgado com a possibilidade de um arco à altura do show. Roteiro legal, personagem nova muito simpática, cena fofinha da JJ com seu novo filhote, Hotch sorrindo mais que o normal. Teve até explosão! E um final de arrepiar...

Mas, e aí, por que eu fiquei tão descontente? Fácil. Este é um assunto sobre o qual já falei muito por aqui. Roteiros e opção dos roteiristas pelo caminho mais fácil, por ter certeza de que não serão questionadas a credibilidade das informações, nem a verossimilhança das situações. Séries que estão iniciando agora sua empreitada podem até serem perdoadas por ainda estarem “sentindo onde devem pisar”. Mas uma série em sua décima primeira temporada, principalmente depois de apresentar roteiros caprichados como os de Lockdown, Nelson Sparrow, A Place At The Table e Boxed In em sua temporada anterior não pode se dar o luxo de cometer tantas barbaridades em uma única estória. 
 
Foi um episódio muito ruim? Não, basta você assisti-lo como um passatempo sem levar em consideração a coerência e vai ficar tudo bem. Mas é só parar um pouco para pensar e começamos a ficar incomodados com algumas coisas aqui e ali. Vamos lá:

·                * A equipe está reduzida, com um membro em licença maternidade e outro que pediu demissão. Aí eles, que trabalham com informações mega confidenciais, para terem alguma ajuda externa, passam o perfil de um serial killer ativo abertamente para aspirantes a uma vaga para que sequer foram entrevistados. Ou seja, mesmo sendo membros do FBI em posições inferiores ( como por exemplo a própria Dr. Tara, que é uma psicóloga forense), ninguém ali sabe se são pessoas confiáveis para poderem ter este nível de informação - no momento em que eles percebem que há um traidor  passando informações, o próprio Rossi levanta a possibilidade de ser um dos candidatos, dizendo: “ estamos com muitas caras novas circulando aqui dentro!”. Bingo!! O informante era um policial, mas nada impediria que fosse mesmo qualquer agente candidato.

    

·               * Em sã consciência, alguém imagina o Hotch, o chefe mais caxias e certinho de todo o FBI ( que nunca arrisca nada fora do padrão, isto quem faz é o Rossi)  pedindo a uma criatura que conversou com ele por apenas dois minutos, para assumir uma ligação telefônica monitorada pelo unsub pelo viva voz, dando     dicas sobre o   que o policial deveria   fazer ( abaixar a cabeça, supondo que assim o atirador conseguiria atingir o criminosos sem matar seu refém)?

·              * Morgan, com toda a sua experiência , ir até o hospital confrontar o unsub porque ele tentou matá-lo então foi o fim ( se queriam que o unsub insinuasse que o pesadelo ainda não acabou, poderiam ter feito isso na delegacia ou no próprio local onde eles lutaram). Não fez o menor sentido, embora tenha sido para muitos assustador, a forma como o criminoso manipula Morgan e depois a enfermeira.

·                * Outra coisa sem sentido para mim foi um assassino de aluguel, por vingança, ao matar, perder tempo pintando os rostos das vítimas. Assassinos profissionais são proficientes nesta atividade: avaliam os riscos, as possibilidades, matam  e fogem sem demora e sem deixar pistas. A eficácia é o que os tornam tão bons nisto. Não vejo motivo para o cara, que aparentemente não tinha nenhuma outra doença mental, perder tempo precioso em pintar as vítimas enquanto as via morrer. Também não sei se o recado, para seus outros clientes estaria sendo dado de forma a se perceber, pois poucas pessoas pensariam em um policinello com a pintura invertida como um recado para todos os que o haviam traído.

     

Mas, e aí, o episódio só teve coisas ruins? Não, claro que não. Apesar das falhas grotescas, tivemos o privilégio de rever ótimas técnicas outrora bastante utilizadas, como a cena onde Morgan coloca-se no papel do unsub para nos contar, sob sua ótica, o que deveria ter acontecido. Outra coisa muito interessante foi a volta de um perfil passo a passo. Embora não muito complexo em termos de informações, ele nos dá a uma visão clara do quanto é importante a atividade destes agentes, como é necessário entender a psicologia, o que move a mente destes criminosos.

Tenho que dar um destaque para a cena entre Hotch e JJ ao telefone. Mais do que uma explicação para os fãs pegos de surpresa pela ausência da personagem no início da temporada, a cena, um diálogo carinhoso de um chefe que se mostra compreensivo com a funcionária que passa pela experiência de ser mãe pela segunda vez, é também uma forma de apontar a sempre presente culpa das mulheres que se ressentem em ter que se dividir entre serem ótimas mães e ótimas profissionais. É um problema quase sem solução, apenas mulheres muito bem resolvidas conseguem se equilibrar neste tênue fio sem sentirem que estão falhando em uma ou em ambas as coisas. E Hotch, como um homem que vive na pele a experiência de criar seu filho sem uma mãe ao seu lado, acerta o tom ao lembrar JJ de que ela é muito necessária para a equipe,mas que no momento, é mais necessária à sua família ( embora o recém nascido precise muito da mãe, o seu primeiro filho também carece de atenção ).

Preciso comentar aqui também a fotografia e algumas das rimas visuais utilizadas, como por exemplo, a cena onde Rossi menciona que são cinco cérebros contra um e, imediatamente a câmera os pega por cima sentando-se na mesa redonda, para logo em seguida transpor a imagem para uma mesa também redonda onde senta-se o unsub preparando sua arma. Genial! Outra tomada interessante é a da esposa do policial pedindo a Deus por ajuda, imagem esta transposta de imediato para a tomada do unsub abrindo uma maleta cheia de granadas. Embora a iluminação continue com problemas ( em algumas cenas do galpão mal se consegue enxergar  o que está acontecendo ), de forma geral, está melhor do que em episódios passados.  Eles precisam trabalhar melhor nestas cenas noturnas, onde a iluminação está cada vez mais mal direcionada.





A que se mencionar também o departamento de maquiagem, pois a cicatriz do unsub foi muito bem feita, alcançando o objetivo de impressionar e causar asco ao mesmo tempo. 

 Outra coisa que me chama a atenção é que eles fazem uma referência aos The Dirty Dozen, que em tradução literal seria Os Doze Sujos ( “uma dúzia”, na verdade), mas que também se refere a um clássico do cinema americano, aqui traduzido como Os Doze Condenados. Este filme de 1967, dirigido por Robert Aldrich, com Lee Marvin, Ernest Borgnine e George Kennedy entre outras estrelas, conta a estória de doze condenados à morte que são rigidamente treinados para lutarem em uma missão quase suicida contra os nazistas. Aqueles que sobreviverem terão seus crimes perdoados. O legal é que todos os personagens são totalmente desajustados. Pode ser muito interessante se eles resolverem usar como metáfora aos unsubs do arco desta temporada o mote do filme. É esperar para conferir.

De forma geral, a maioria das pessoas deverá achar que exagerei em minhas críticas ao episódio, mas depois de tantos anos acompanhando Criminal Minds não consigo ser complacente com alguns absurdos, então me perdoem pelo meu grau de exigência.

Agora é só aguardar o próximo episódio e ver de que forma eles vão encaixar a Dra. Tara na equipe. Os bastidores indicam que ela só atuará até o retorno da atriz AJCook ao set, então, mais do que ver como ela vai se encaixar, quero ver como eles vão afastá-la de lá. Além disto quero ver como eles irão conectar um crime de cunho pessoal por vingança ( como foi o caso de Gioseppe Montollo ) com os demais criminosos da extinta Silk Road.



Comentários finais:

·              * Reid meu querido, já passou da hora de dar um jeito neste cabelo. Da forma como está, não está longe o dia em que você será confundido com um maluco de plantão. Não precisa nem cortar, é só usar um pente de vez em quando.

·              * Garcia precisa aprender a correr de salto alto. Dá uma aflição enorme vê-la aos tranquinhos percorrendo aqueles corredores. Além do mais, embora a personagem tenha comentado ao final “isto nunca perde seu charme!”, esses pitis com o Morgan para mim estão perdendo o charme sim! Pode-se de inúmeras formas criar momentos fofos com o “trovão de chocolate”  sem precisar fazer da Garcia uma personagem que nunca amadurece.

·             *  Hotch meu filho, conte-me com quem você anda transando! Você anda feliz demais para quem está em uma seca danada, ehehehehe!

·              * Por fim, o bebê da AJ é uma coisa muuuito fofa!

Deixem seus comentários, eles me ajudam a escrever para você leitor! Até a próxima semana!