quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Quando Vi o Super Homem Voar.....


Rua Afonso Celso. Bem próximo à Domingos de Morais. Longe do bairro da Móoca, mais ainda do Hospital Psiquiátrico Eldorado, em Diadema, onde supostamente meu estágio iria até as 18:00 horas aos sábados, quando na verdade eu estava liberada ao meio dia. Ainda mais distante da Faculdade Metodista, no bairro de Rugde Ramos, onde a saída para a Via Anchieta tornava ainda maior o percurso de quem fazia aulas de segundas às sextas feiras à noite e, nos quatro primeiros semestres, aos sábados pela manhã. Já em períodos mais adiantados, as visitas ao Hospital Psiquiátrico eram muito mais interessantes dos que as aulas obrigatórias de Educação Física aos sábados.  Eu sempre odiei Educação Física. Minha única paixão no departamento era pelo Voleibol, mas as aulas na faculdade não incluíam jogos coletivos. Sempre penso no absurdo que foi quase não me formar por bombar em faltas em Educação Física em um curso superior de Psicologia.

Mas este post não é sobre isto. É sobre a Rua Afonso Celso. É sobre o Museu Lasar Segall. Ou, mais exatamente, naquela época, o Cineclube Lasar Segall, onde assisti pela primeira vez Casablanca, em um sábado à tarde, após o meu estágio no Eldorado. Não sinto orgulho algum em afirmar que cansei de mentir para meu pai para fazer as coisas que amava fazer. Mas, tão pouco me arrependo. Óbvio, os tempos eram outros, meu pai foi uma pessoa muito difícil de lidar e provavelmente esta experiência foi o que me tornou uma boa mãe (modéstia à parte), cujo mantra sempre foi um diálogo aberto com seu filho, fosse qual fosse o assunto, fosse qual fosse a dificuldade, para evitar que ele tivesse que viver as angústias que eu vivi. Mas isto também não vem ao caso agora.

Naquela época, 1979 ou 1980 , o Cineclube Lasar Segall tinha um jardim de inverno logo em sua entrada. Acolhedor, convidativo. A sala de projeção, pequena, não sei se resistiu ao tempo. Tomei conhecimento dela através de outra amiga cinéfila, a Sandra. Tinha pouco mais que cinquenta lugares, se tanto. Era pequena, intimista e bem frequentada. Na maioria, senhoras buscando alguma diversão nas tardes de sábado, às vezes, nas noites de sexta feira. Mas seu público alvo estava longe de ser o de jovens com 17 anos como eu.

                           Cineclube Lasar Segall - hoje Museu 


Não era obviamente, meu primeiro contato com a magia da Sétima Arte. Desde muito pequena me lembro de me encantar com a tela grande na sala escura. Minha primeira lembrança de um cinema é, por incrível que pareça, com minha avó paterna, vó Olga, com quem tive pouco contato, pois ela morreu quando eu tinha apenas oito anos. Lembro-me de ela me levar, lá pelos meus seis anos para assistir Branca de Neve no cinema e morro de rir ao lembrar que chorei rios de lágrimas quando o raio atingiu o penhasco e a bruxa enfim, acabou de forma dramática caindo em um precipício, direto para seu castigo fatal. Desde aquela época eu já devia ter uma queda por vilões interessantes. Não por acaso sou fã de Darth Vader. Isto é um fato.

Depois desta experiência, lembro-me de outras marcantes, como assistir com minha mãe em Santos ( e andar quilômetros a pé para voltar para o apartamento) Golpe de Mestre e Inferno na Torre, ambos com meu inesquecível Paul Newman, mesmo sem ter idade para isto ( eu nunca tinha idade para assistir o que queria,mas eu sempre dava um jeito!)

                                  Golpe de Mestre - 1973


Recordo-me de uma experiência amarga com minha avó Carmen, no extinto Cine Amazonas, junto ao meu irmão Mauro e meu primo Antonio Carlos, um pulgueiro horroroso onde eu tive o  "desprazer" de assistir Orca, A Baleia Assassina - não, não me perguntem, foi a época do cinema catástrofe em seu auge. Ou quando, em Santos, só Deus para explicar, eu assisti junto com meu avô João, pai de meu pai, King Kong, hoje sabendo que enquanto Jessica Lange balançava-se em desespero para livrar-se de suas amarras, meu avô devia estar pagando todos os seus pecados terrenos para satisfazer os netos. 

                                       King Kong - 1976

Mas, antes de aventurar-me sozinha nas salas escuras, foi sempre com a cumplicidade de minha mãe, também cinéfila de carteirinha, que presenciei o melhor do cinema : esperava ansiosa pelas férias em Santos, sempre na esperança de escapar com ela, já que em São Paulo isto era mais difícil acontecer e, em sua companhia, desfrutei de Kramer x Kramer, Gente Como A Gente, Aeroporto 77, entre outras delícias.
                               Gente como a Gente - 1980


No último ano do colegial, lembro-me de matar aulas na sextas à tarde com outros colegas para subornar o bilheteiro pagando inteira ao invés de meia, pois não tínhamos idade suficiente para a classificação dos filmes e assistir A Profecia ( com direito a duas colegas saindo da sala aos vômitos na cena da decapitação). No antigo Cine Ouro Verde, na maioria das vezes sozinha, sonhei com Os Embalos de Sábado à Noite, Grease, O Show Deve Continuar (All That Jazz), o lindinho Bernardo e Bianca ou me engajei com os rebeldes Norma Rae e o duríssimo O Expresso da Meia Noite. Inesquecível também foi meu primeiro Star Wars ( que na verdade, hoje é conhecido como o número quatro da saga). 

                                     All That Jazz - 1979


Algumas experiências foram tão impactantes que me lembro como se estivesse ainda sentada na sala escura, a exemplo da noite em que assisti M, O Vampiro de Dusseldorf, obra prima em branco e preto de 1931, do alemão Fritz Lang. A força da sua história e o impressionismo alemão em, provavelmente, minha primeira incursão no cinema criminal, me fez ficar dias impressionada, digerindo o tema e sua solução.

                             M - O Vampiro de Dusseldorf - 1931


Foram anos de paixão pelo cinema, entre Branca de Neve e Interestellar, minha última incursão na sala escura. Anos de embriagamento pelos clássicos de Hitchcock em salas de Circuito Cultural ou de simples deleite por um Indiana Jones cujo chapéu jamais caia de sua cabeça - pura diversão.

Não havia motivos que me impedissem de sempre escapar para ver um novo título na sala escura. Do grande e imponente Belas Artes ao simplório Cine Patriarca, na rua do Oratório, destino hoje de um estacionamento - triste fim para um local com tamanhas recordações, foram muitas as minhas incursões à magia da tela grande. Do mocinho de chapéu impecável e cigarro sempre no canto da boca, da moça indefesa de cabelos caprichosamente cacheados e olhos lacrimejantes, do vilão de olhos cheios de maldade que invariavelmente morria no final ou pagava seus pecados de alguma outra maneira. Haviam ainda os musicais. Ninguém nunca perguntava porque diabos havia uma orquestra escondida em algum ponto da rua, pronta para acompanhar Frank Sinatra ou Gene  Kelly ou Fred Asteire. Nós apenas sonhávamos. E como era bom viver aquela hora e meia onde a prostituta mais linda do mundo cantava Moon River da janela de seu apartamento e  encantava o michê mais encantador da história, na figura de um George Peppard romântico e apaixonado em Bonequinha de Luxo.

                   Audrey Hepburn - Bonequinha de Luxo - 1961


Foi então que descobri Hitchcock e seu Festim Diabólico e a sala da rua Afonso Celso passou a ser por mim mais frequentada do que nunca. Era raro encontrar companhia para aquelas sessões nos cineclubes, filmes em preto e branco, temas funestos, às vezes pesados, às vezes chorosos, a maioria de minhas amigas queria apenas dançar ao som de Grease ( que eu também amava, mas como na música, uma coisa nunca me fez anular a outra, sempre soube ser eclética como poucas pessoas são).

Mas eu tenho uma recordação de cinema inesquecível, entre tantas outras, esta não da sala do Cineclube Lasar Segall. Foi uma sessão vespertina na extinta Sala Ouro Verde ( quase todos os cinemas de rua se acabaram...), na rua da Mooca ( vocês podem não saber, mas meu melhor amigo na época dizia: Mooca é Mooca, o resto é pipoca...). Depois de gastar meus últimos centavos, certa de que voltaria a pé para casa por falta de grana para o ônibus, eu assisti, sentada nos degraus acarpetados da sala escura ( sim, já não haviam mais ingressos e eu paguei para assistir sentada no chão!) à primeira exibição de Superman.

 Cena do vôo da Superman e Lois Lane ( só achei do SBT - inacreditável!!!
 
Não dá para descrever em palavras pura e simplesmente o que foi ver Superman (Christopher  Reeve) sobrevoando os céus de Metrópolis com Lois Lane  (Margot Kidder)  nos braços, vestido esvoaçante e música inesquecível de John Williams.  Se um grampo caísse no chão naquele momento, certamente se ouviria. O silêncio era mágico. Não era como assistir todos estes efeitos especiais de hoje em dia, Avatar, 2012, ou qualquer coisa em 3D. Era mágico. Mesmo. Ninguém naquela sala havia experimentado ainda aquela sensação.As gerações seguintes não vão nunca saber o que é isto, porque sempre parece que já viram de tudo. Todo filme é apenas mais uma inovação. Hoje, as imagens devem parecer toscas, mas para a época eram uma coisa nunca vista! Nada ali havia sido visto antes. 

Não naquela sessão. Não naquele dia. Foi como ouvir um telefone tocar pela primeira vez, foi como ver a tv em cores ( sim, tenho idade para ter experimentado ambas as coisas quando eram novidade!). 

Lamentavelmente, nem o cinema é mais o mesmo hoje em dia.Lembro de filmes indicados ao Oscar há quarenta anos atrás ( Perdidos na Noite, Hello Dolly, Z, de Costa Gravas, meu preferido na época), mas não lembro qual filme ganhou o Oscar há dois anos atrás. Trilhas que marcaram minha vida, como a de Bonequinha de Luxo, Butch e Cassidy, Nunca aos  Domingos, Arthur o Milionário, Dirty Dancing, mas nem imagino qual música foi premiada no ano passado.

Não sei exatamente qual o problema, se sou eu e meu saudosismo ou se as coisas tinham mais qualidade. Só tenho certeza de uma coisa: aquelas lembranças da sala escura, com o imenso mapa de Casablanca, com Ingrid Bergman dizendo "Play it, Sam, play As Time Goes By", ali na rua Afonso Celso ou quando vi o Superman Voar, estas coisas eu nunca esquecerei.

Casablanca  -  1942


Hoje, pouca coisa me arrasta para o cinema, onde as pessoas passam mais tempo checando seus celulares do que prestando atenção ao que se passa na tela grande. É muito barulho, muita conversa paralela, muita pipoca e pouca emoção. Assisti ao desespero de um marido traído pela esposa quase morta em os Descendentes com três adolescentes ao meu lado dizendo, entre goles de coca e mordidas em um Mc Chicken  que George Clooney estava mais gostoso em outro filme que elas não lembravam o nome.  Francamente, não mereço isto. Hoje prefiro a sala escura da minha própria casa onde posso me emocionar sem um toque inconveniente de celular, sem uma mocinha com hormônios a flor da pele, sem cheiro de frango frito. Minha rua Afonso Celso hoje é aqui, em minha residência, onde faço valer cada centavo de um DVD comprado ou visto na tv paga, onde posso não reviver as mesmas emoções da antiga sala Lasar Segall, mas com certeza faço valer minhas emoções, como se o tempo aqui não tivesse passado. Aqui revejo Golpe de Mestre, Bonequinha de Luxo, Laura, Sob o Signo de Capricórnio, aqui me divirto com Indiana Jones, com Star Wars, com All That Jazz ou Cantando na Chuva. Aqui encontro filmes recentes nem tão ruins assim, alguns até mágicos como Diário de Uma Paixão, Um Crime Perfeito ou Jogo da Imitação. Pouco importa. Aqui sou dona do que assisto e nem preciso comprar pela internet um ingresso duas semanas antes para pegar um "bom lugar", mesmo que seja ao lado de jovens esfomeados e sedentos por um par de seios à mostra. 

Hoje aqui eu tenho meu próprio Cineclube, sem jardim de inverno, sem o charme das tardes de sábado onde eu deveria estar dando plantão no Hospital Psiquiátrico, mas com certeza, mais cheia de prazer do que nas salas dos Cinemarks da vida...... 
                                
                                Cantando na Chuva - 1952

 
Algumas pessoas dirão que é saudosismo e posso garantir que é, com todas as letras. Saudades de um tempo onde a sala escura era um templo sagrado, fascinante e respeitado, onde nos entregávamos com respeito, na certeza de que os poucos trocados seriam a paga por momentos de uma magia inexistente em qualquer outra arte. Não nos importávamos em saber como a cena era feita ou porque tocava música no meio da rua. Ninguém lembrava que o ator principal era um bêbado inveterado ou que a atriz tivesse passado por quatro divórcios.Ninguém procurava por fios que sustentassem nosso herói no ar, tampouco importava saber se aquela era a versão do diretor ou do produtor. 

Eu vivi uma época de magia, onde sair de um cinema incluía uma experiência além de se alimentar com hambúrgueres ou pizzas após a sessão. Nós passávamos dias nos angustiando com o incêndio no Inferno na Torre  ou com a morte de Butch e Cassidy. Cantarolávamos Hello Dolly horas a fio, porque aquilo não se via na tv, não se via em lugar nenhum.

Sinto um pouco de pena destas gerações atuais. Eles estão tão investidos de tecnologia, sabem que as orquestras não tocam no meio da rua e tampouco que homem algum voa, a menos que hajam muitos efeitos especiais. Eles jamais irão sentir o que eu senti quando falei pela primeira vez em um telefone fixo, porque afinal falam ao telefone a todo instante. É como se isto sempre tivesse existido. 

Com o cinema é igual. É como se cada efeito fosse um upgrade, algo esperado a qualquer momento. Esta geração nunca irá prender a respiração quando Lois Lane estiver em pleno espaço, nos braços do Superman. Nunca verá Star Wars com meus olhos, nunca irá se apaixonar pelo michê quase inocente de George Peppard. Sim, sinto pena desta geração que já descobriu que cinema é uma forma de atores, diretores e outros profissionais ganharem a vida. Não, nós, em minha parca idade, nem desconfiávamos disto. Acreditávamos na história sem pensar no resto. Achávamos realmente que a tela de cinema era sagrada e que lá, tudo era possível.

Às vezes, a ignorância é uma benção................


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Criminal Minds - 7X17 - I Love You, Tommy Brown - Meus Comentários







Ok, não foi um episódio estupendo mas gostei muito.
Além do tema atual e procedente, a interpretação da Teri Polo deu medo. Ela levou ao extremo o conceito psicopata!

É outro daqueles episódios em que faz sentido para mim saber quem é o unsub desde o início. Pois está se contando uma estória do porque ela age assim. Fica difícil fazer isto sem mostrar o unsub. O pânico daquela mãe no carro, quando ela diz que o nome do menino não era John foi pavoroso.









Com unsubs ricos em detalhes fica difícil concentrar na equipe. Ainda mais se eles tem outra storyboard p desenvolver ( no caso a Garcia).


Por falar em Garcia, meu problema não é ela, e sim o Morgan. Embora eu tenha achado que
tudo fez muito sentido para mim, ando meio cheia dele dos chiliques dele. Entendo que ele não
queria se envolver diretamente, mas não precisava ter sido tão grosso com Kevin. De resto, tudo fez
sentido. Acho que eles estão tocando num ponto de difícil discussão. Até que ponto você pode ter um melhor amigo homem sem deixar teu futuro esposo furioso? Até que ponto a mulher está disposta a abrir mão disto? Até que ponto as pessoas em volta de você absorvem as coisas da mesma forma que você? Acho que foi isto que eles quiseram abordar. Eu sou casada há muitos anos e sei que as mais novas dizem que as coisas mudaram. Mas não sei se mudaram tanto assim. Acho que o homem precisa ser um santo para não se importar que a esposa ache o seu melhor amigo um "Deus esculpido em chocolate", e que ainda trabalhe com ele, mesmo departamento, cheio de intimidade. Abrir mão deste tipo de intimidade é difícil. Mais ainda se seu futuro marido for um "fofo" que faz de tudo para tornar sua vida um paraíso ( tipo a cena da comida).


Claro que acho que tudo acabará bem e ela vai optar mesmo por casar com Kevin. Mas acho legal este tipo de avaliação. Acho legal eles terem levantado este ponto. Embora nunca tenha havido nada M/G, eles sempre viveram algo meio platônico, que se torna muito "real" quando ela tem que tomar uma decisão que vai mudar sua vida.






Gostei da forma como eles iniciaram o epi, é a segunda vez nestes últimos episódios que eles variam o início, não com a morte, mas com a descoberta por um terceiro. Com sete anos de estrada, fica difícil descobrir variações. A edição de imagens, principalmente das cenas finais foi muito bem feita, principalmente a passagem para o tiro do Hotch.

E sim, acho claramente que os episódios centrados no Morgan tem a ver com o fato de
agradar o público feminino ( ele faz o cara sexy da série - não faz meu gênero, mas tem lógica).


Não vi o chat, mas vi a audiência. Era de esperar uma evasão do público que está descontente com a saída da Emily e com o affair do Hotch.

Uma coisa é certa e fato consumado: as novas séries não têm emplacado. Segundo pesquisas 65% geraram cancelamento logo na primeira temporada. Pan An está por um fio. Luck, que era uma aposta certa ( Dustin Hoffman- oscarizado e prestigiado ator, como protagonista e produtor), com produção milionária da HBO, foi cancelada no final da primeira temporada sob a desculpa da morte de tres cavalos, mas segundo várias fontes ( Ana Maria Bahiana uma delas), nos bastidores, a coisa não era bem assim. A audiência era baixa e a guerra de egos alta. Terra Nova, outra grande aposta, foi
cancelada,sem dó. Os estúdios estão preferindo investir em séries de longo prazo, que se arrastam nos números, mas que mantém um público fiel( caso de L&O - SVU - que com a saída do Elliot - Cris Melloni - todo mundo apostava em seu fim, e acabou se segurando com os números muito
pouco abaixo do anterior à saída do ator principal), e a atriz principal, que dizia que só ia fazer 13 episódios, agora já fala em cumprir a temporada toda. Apesar da queda, que aliás foi de todos os
programas ( exceção de CSI, que subiu 1ponto), os números ainda são excelentes e está muito longe de preocupar os produtores da série.


Não acho que só o que segure CM seja o carisma dos atores da  série. Nós, pessoas que frequentam os fóruns da série somos uma audiência atipica. Nós entramos em fóruns, lemos spoillers, acompanhamos passo a passo tudo o que acontece na série. Me encontrei com um grupo de pessoas neste fim de semana, que sequer  imagina o que está acontecendo em CM, está acompahando pela AXN e sequer sabem o nome da  atriz que faz a Emily ou o ator que faz o Hotch. São pessoas que se
divertem vendo o show pelo contexto geral e tiram  meu sarro descaradamente porque escrevo sobre H/P, quando elas não vêem nada entre eles.

Acho que esta seja a audiência típica de CM. Diferente de mim, que sentirei a falta da Emily, acho que a maioria absorverá tranquilamente pois não vê CM porque eles tem Emily, Hotch ou Morgan ou Reid. Eles vêm um conjunto, onde vai faltar uma peça e só.


De qualquer forma, achei o episódio bom, vamos ver o que vem a seguir!!!! Apesar da saída da Paget, ainda torço pela contiuidade da série!!


Bjo!

Criminal Minds - 7x16 - A Family Affair - Meus Comentários










   
Um dos grandes méritos da minha série favorita é estabelecer sempre um gancho claro entre o caso que acontece na semana e sua aplicação ( ou não ) nas vidas dos agentes da série. Este episódio foi um exemplo claro e gratificante disto. Para além do absurdo de se descobrir a  disfuncionalidade de uma famíla " padrão" - pai, mãe, filho e laços de sangue, eles nos brindam em contrapartida com a funcionalidade de uma família " não padrão ", formada por amigos ( amigos são a família que a gente escolhe, aqueles à quem os laços sanguíneos nos unem nem sempre são nossos melhores amigos!!).


Sei que teria sido divertido ver as meninas em "ação" ( quem sabe em outro episódio!), mas este em especial tratava sobre outra coisa: sobre Rossi despencar da cama às 4 da manhã em um domingo pelo seu grande amigo para pegar seu filho e levá-lo onde ele precisaria estar, sobre Reid bancar a babá para salvar a noite de suas melhores amigas e, sobretudo, sobre as tres meninas, à despeito do mau humor, das poucas horas dormidas e da ressaca, pelo bem ou pelo mal, estarem todas juntas, para apoiar o chefe ( que ninguém diz abertamente, mas que também, claro, todos já consideram da família). Família é isto. Nem sempre é o grau de parentesco, mas os sacrifícios que você faz em nome de gostar e apoiar alguém. E se sentir bem com isto!!!



 Promo Oficial 7x16


Em paralelo eles mostram uma relação possessiva, psicótica e destrutiva, de pessoas que em algum momento  da vida, viveram a "normalidade" de um relacionamento. Um mãe dominadora, um
pai fraco e submisso e um filho abusivo e psicopata - como a mãe ( a forma como ela diz na mesa que não havia espaço para amar outro filho é doença, não é amor!). Todos no limite. No dia a dia, não é difícil ver uma relação exatamente igual à mostrada, sem os crimes, é claro. Pessoas que em nome de uma suposta relação familiar, sugam a personalidade do parceiro e o transforma em um ser submisso e infeliz, sem qualquer chance de reagir à relação. Isto é mais comum
do que se imagina. E antes de se achar que isto seria improvável de
acontecer, vamos refletir que entre 4 paredes ninguém, ninguém mesmo, sabe o que de fato acontece dentro de uma família, exceto quem vive nela. Quando penso naquele caso em que o pai manteve a filha em cativeiro por 20 anos e teve até filhos com ela, penso em quantas vezes ela teve a chance de fugir e não acreditou que conseguiria de fato. 





Quanto ao episódio, teve tudo o que eu gosto: a recomposição da cena da van em tempo passado, o erro no perfil ( não gosto quando acertam de primeira), as considerações para chegar ao perfil ( claro que ainda mais agora, a JJ tinha que acertar na mosca, ela vai "herdar" o lugar da Emily!).
Kathy Baker (adoro ela!!, faz vilãs como niguém!) deu um show e o rapaz fazendo o psicopata que pouco se importa e nada sente, também não deixou a desejar! O pai submisso me cortou o coração!!! Quando a mulher diz a ele que estava na hora, achei que ele ia meter uma bala na cabeça, mas o suicídio no carro fez mesmo mais sentido!






Em casos assim, fica difícil você esconder o unsub do público, porque eles precisam explorar a relação entre eles. Por isto não me
importo com a falta deste tipo de suspense. 

Por fim, quanto ao Hotch, tudo ao meu ver teve seus méritos (lembrando meu discurso anterior, preferia a Emily, mas já que não é com ela....,vamos seguir em frente!).


A estória dele teve começo, meio e fim ( o primeiro contato, os encontros recorrentes no parque, o primeiro encontro formal e a apresentação ao filho e à seus amigos, que em síntese, são sua família). Está  tudo aí, e agora ele é um homem em uma relação
e tão cedo não precisarão mais falar sobre isto. Antes que alguém me
diga, em série você não precisa  mostrar muito. Quando eles mostram a cara de surpresa do time quando ele vai ao encontro de Beth e só Rossi sorri, eles deixam implícito que de fato só o Rossi esperava a evolução da coisa  (no avião: - você está nervoso? , ainda dá para desistir, e,  ele: estou pronto, talvez! , refere-se à apresentar Beth ao filho e amigos, é claro, não à competir). E quando ele diz que iriam comer alguma coisa, óbvio que esta seria a oportunidade ouro para apresentá-la aos amigos - nada mais família! Tudo super bem amarrado, sem brechas para dúvidas no futuro.







Destaque para Reid dizendo: o que pode acontecer por duas horas?  E depois cobrando às meninas por terem chegado de manhã!

Ponto por terem dado uma desculpa para a ausência do Will ( meu marido iria odiar saber que saí para a farra e deixei meu filho pequeno com um amigo durante uma viagem dele de trabalho, mas , claro, sou de uma geração diferente da maioria de vocês!).

Ponto por terem levantado a possibilidade do Hotch estar ausente durante a corrida - mesmo sabendo que ele estaria lá - senão não teria o episódio, sempre tem alguém dizendo que ele  nunca tinha tempo!( levantaram também esta possibilidade).

Por fim, os roteiristas têm lido fics demais. Tudo o que a gente escreve ou lê estava lá: o Jack chamando o Rossi de " tio", as meninas saindo para se acabar na noite, o Reid de babá, o Jack lindo e fofo contando como fez o cartaz, os encontros casuais da equipe nos fins de semana, o Hotch de shorts de lycra - bem aqui preciso confessar, pensei que isto SÓ VERIA em fics mesmo!, ehehe, não é
que eles arrumaram um jeito?, o Hotch educado tomando café... ( bem, nas que eu leio/ escrevo, o café é com a Emily, mas tá valendo!), enfim, exceto pelo fato de que a relação não era H/P, de resto, eles fizeram a lição de casa. Bem até demais! Me senti numa fic da Greengirl82 ( as minhas são sombrias demais para este
tipo de cena! kkk). Por isto sempre digo : cuidado com  o que se deseja!

Posso ser a voz destoante, mas ainda acho que a sétima temporada está
arrasando! O meu medo de a série desandar é mais pela queda da audiência pela saída da Emily ( por gente descontente com a saída dela) do que pela dinâmica da equipe, por assim dizer.




O que seria lamentável, porque ao meu ver, CM ainda tem muita lenha para queimar!!!! Espero que eles consigam se reinventar mais uma vez e aceitem que não tem que substituir a Emily. Deixem a equipe com uma profiler a menos e tudo vai se encaixar.


Só mais uma coisa: ponto por terem colocado o Thomas totalmente sem folego no final da corrida ( e encharcado) e não como quando ele encontra a Beth na primeira vez, seco e



 

como se tivesse corrido 15 metros ( que é o que o ator deve ter corrido, eheh!). Estas coisas parecem pequenas, mas no conjunto, acabam valorizando detalhes que nós, fãs mais atentos, cobramos. Não basta borrifar água no ator para parecer suado. Isto qualquer um faz.  E legal ele não ter abraçado o filho molhado daquele jeito. Eu totalmente me atiraria molhada de suor em um momento de felicidade nos braços do meu marido, nunca do meu filho, ehehe! ( a roteirista deve ser mãe!, ahaha!).

Enfim, espero ganhar de aniversário outro ótimo episódio ( vai ser difícil bater o do ano passado, foi o episódio da morte fake da Emily - que apesar da saída dela - e eu tinha CERTEZA que ela voltava, foi um episódio daqueles que eu chamo de memoráveis).

Esperando o próximo, pessoal!
Bjos!

PS.: onde escrevi café lá em cima, leia-se chá! É que com a Emily q ele só toma café, LOL!!!!


terça-feira, 4 de setembro de 2012

SER FELIZ JÁ FOI MAIS FÁCIL !!


É interessante observar as pessoas hoje em dia. Parece que todo mundo tem um drama preparado, pronto para ser apresentado ao mundo. Os jovens, principalmente. Tudo é tragédia ou tédio. Tudo é motivo para se descabelar. O sujeito compra o Iphone 2, já contando os dias para comprar um  Iphone 3, compra um DVD e já sabe que o terá que substituir por um Blu Ray, de preferência 3D, muito em breve. Não basta vestir-se bem, tem que vestir-se com as grifes do momento, e, claro, postar uma foto no Facebook atestando sua compra. Tudo parece hoje ser descartável. As músicas, os filmes, os eletrônicos, os empregos, os namorados, as amizades. O que me dá a impressão ( senão a certeza ) de que as pessoas hoje têm coisas demais e as aproveitam de menos.

Não sou a dona da verdade. Longe disto. Mas acompanho estarrecida a derrocada dos princípios básicos, das coisas que eram importantes de verdade.

Em minha época de menina ( vão-se vários anos então), tudo era fascínio. Nós esperávamos que o Coelho da Páscoa nos trouxesse um único ovo de chocolate para os três irmãos, mesmo que pequeno, porque ele teria se lembrado de nós. Não escolhíamos pela tv o ovo que queríamos ganhar porque ele tinha um relógio do Ben10 que mexe os ponteiros de verdade, tampouco o anel mágico da Barbie. No Natal, esperar pelo Papai Noel era um encanto. Mesmo que ele nos trouxesse um brinquedo qualquer, na verdade, às vezes o único que ganharíamos o ano inteiro. 

Verdade seja dita: meu pai trabalhava na Ford – Willys e a empresa dava aos funcionários um vale brinquedo de acordo com a faixa etária de seus filhos, e  era o dito cujo que iria nos distrair por, no mínimo, 365 dias( me lembro muito bem de uma mini maquininha de costura, de madeira, fiz muito vestido de boneca lá com a ajuda da mamãe!). Em nosso aniversário, sabíamos que iríamos ganhar presentes do vovô materno, paterno e do titio. Claro que todos eles iriam perguntar a nossas mães o que estávamos precisando, e mamãe diria a todos eles: meias três quartos para a escola, um pijama, uma conga ( espécie de tênis da minha época). Brinquedos, nem pensar ( no Natal, papai comprava um vale do antigo Mappin – já falida, mas era como uma lojas Riachuelo da vida, bem menos estilosa), o equivalente a cem reais para cada irmão e nos cabia escolher uma calça, blusa e sapato, além de roupa íntima dentro deste orçamento. Uma verdadeira missão impossível, porque era basicamente, o que você iria vestir durante o ano!


 Loja do Mappin na Pça Ramos de Azevedo em Sampa, já não existe mais!

Não me lembro de ter sido infeliz por causa de nada disto. Ao contrário. Uma conga nova para ir à escola era uma festa. Era sinônimo de aposentar a velha e batida conga azul e branca, já com um ano de uso, com aquele furinho pequeno do lado esquerdo ao lado do dedo mindinho do pé. Ou as meias escolares, que de tanto usar já não prendiam abaixo do joelho por mais que dez minutos antes de escorregar nos tornozelos.

Observo as crianças de hoje em dia e acho que éramos mais felizes. No nosso aniversário, na cozinha da casa simples onde morávamos, nossa mãe recebia nossos avós e tios com um bolo feito em casa e lanches feitos de carne louca ( uma espécie de lagarto cozido e refogado com muita cebola e temperos variados ou carne moída ), dentro do pão francês cortado cuidadosamente em diagonal, o que indicava que aqueles lanches eram muito especiais. Ah, e claro, haveria tubaína, o refrigerante da época. Tubaína na mesa era claramente sinônimo de festa. Só se tomava tubaína em casa nos aniversários, na Páscoa e no Natal. Nos outros dias do ano rolava a famosa limonada ( não a suíça, objeto do desejo nosso hoje em dia nas “padocas” da moda, mas aqueles três limões espremidos na água potável) ou o imbatível K-Suco, cujas cores produzidas por uma inimaginável quantidade de corante enchia nossos olhos mais do que agradava ao nosso paladar.

Anos depois, por vários motivos fui trabalhar com festas infantis. Há dezesseis anos, quando comecei, via ainda as crianças pasmas com um Mickey de quarenta centímetros em cima da mesa, ou apaixonadas pelo castelo imponente da Cinderela, cheio de luz, esbanjando fantasia por todos os lados, sem conseguir piscar, tamanho encanto. Eram bons tempos. Hoje, se o Mickey aparecer pessoalmente ou mesmo se a criança puder entrar dentro do castelo da Cinderela, ainda assim ela não se surpreenderá demais. Não é mais a mesma coisa. Vejo em meu trabalho mães se descabelando porque a Branca de Neve está virada mais para a direita do que para a esquerda, porque o salão do seu filho tem que ter mais balões do que o salão de festas do aniversário do filho da melhor amiga e crianças que na hora da festa, chegam à beira da mesa, observam tudo o que foi montado, dizem: - que maneiro! e viram as costas para sair correndo atrás do amiguinho, socando ele com algum balão linguiça em forma de espada.



 Mesa de festa em escola

 Simples assim. Porque estas crianças vão a pelo menos um aniversário por semana. São os amiguinhos da escola, do judô, do balé, da aula de música, os filhos dos amigos do futebol do papai, das amigas da yoga da mamãe, dos primos de segundo grau, dos meninos que moram no mesmo prédio e a mamãe convida, mesmo que não saiba nem o nome, porque vai ficar chato usar o salão de festas do prédio e não convidar. Tudo ficou muito complicado. E, ao mesmo tempo, muito comum. A menina que convidar 30 amiguinhas provavelmente irá ganhar 30 Barbies e não irá passar mais que três horas com cada uma delas antes que ela ganhe outra boneca do papai porque ele a levou ao shopping e, claro, ele não vai resistir comprar aquela nova, que ela vai pedir por duas horas chorando e vai deixar esquecida no armário para todo o sempre depois que a novidade passar. É muito, demais, de tudo. Até para quem não tem renda para isto. Mesmo que a Barbie seja de camelô e custe dois reais e noventa e nove centavos.



Por isto parece que nada tem mais o mesmo impacto de antes. Tive meu primeiro telefone fixo residencial com 16 anos. Conto isto para meu filho e ele faz uma cara de “como você sobreviveu sem telefone?”. Pois é, sobrevivi. Quando era urgente, haviam os orelhões. Quando era urgência urgentíssima tinha o telefone da vizinha rica da rua, que a gente pedia, constrangida, para avisar caso houvesse um recado. Para todo o resto, havia o taxi-sola. Sabe aquela coisa de bater a pé vários quilômetros para dar um recado a alguém? Pois é. Era assim. E o mundo tinha que estar acabando para o pai ou a mãe deixar a gente ir até a  algum lugar dar um recado para alguém. 



A festa na escola com abraço e lanche coletivo


Os tempos mudaram. Não acho que tenham sido para melhor. Vejo tanta gente descontente, reclamando, achando que a vida está sendo cruelmente injusta com elas. Vejo crianças em festas apalpando o pacote para saber se vão ganhar brinquedos com os quais nunca brincarão mais que três horas ou outras que vão à festa sem saber direito porque estão lá. Quando começo uma festa em escola tenho um mantra. Faço toda uma preleção, faço questão que aquelas crianças entendam o que estão fazendo ali, que além do presente tão esperado é importante que eles se abracem, que desejem  que seu amigo aniversariante tenha um ano com muita saúde e felicidade. Foi assim que surgiu a Hora do Abraço em minhas festas. É pouco, mas é legal quando você faz festa várias vezes na mesma sala de aula, da mesma escola e percebe que plantou uma semente que vingou. É muito bom quando você pergunta o que eles estão fazendo lá naquele momento e eles te dizem que estão lá porque é dia de dar um abraço no amigo aniversariante. Não é sempre mas, às vezes, eles se lembram que não é dia apenas de comer brigadeiro e ganhar lembrancinha (  cada vez mais sofisticada e longe de agradar às crianças – está mais para agradar à mãe das mesmas, onde o importante é que se dê algo caro e de preferência que supere a lembrancinha dos aniversários de todos os outros amiguinhos – afinal status é o que conta, dane-se se a criança vai aproveitar ou não – então, alguém pode me responder o que uma criança vai fazer com 10 garrafas squeeze, todas com fotos de amiguinhos de classe ao final do ano?)



Vamos brincar?




Eu tenho certeza que pareço amarga em meu texto, talvez porque ande mesmo amarga. Acho uma pena tantos recursos empregados para tão pouco aproveitamento. Acho triste a mãe que me contrata mais preocupada com a aparência do bolo do que com seu sabor, mais atenta ao formato do kibe do que com o que uso para produzi-lo, mais interessada no impacto do convite do que com a equipe que irá brincar com seus filhos por quatro horas. Não que eu não me preocupe em atender a todos os requisitos. O problema não é o que ofereço, que eu sei ser da melhor qualidade. O problema é perceber que hoje não sou competitiva se fizer festa apenas para a criança ser feliz. Isto parece ser o que menos importa. Menos que a aparência, menos que o status. Preciso vender ao meu cliente uma festa que encha os olhos dos adultos. E a criança que se dane. Aliás, ela acaba crescendo com seus valores invertidos, achando mesmo que o que conta é ter a festa mais memorável, mesmo que isto implique que ela não possa sentar no chão para brincar porque vai sujar o vestido, ou porque vai ficar horas tirando milhares de fotos em todos os recintos, com todas as poses, ao lado de todos os convidados, para o fotógrafo poder vender ao papai “aquele” álbum bem completo de duzentas e trinta fotos dos dois anos de sua primogênita.

Toda a vez que saio para trabalhar ultimamente, saio desmotivada. Sei que poucas serão as vezes que poderei testemunhar aquele brilho real nos olhinhos deles, aquele encanto verdadeiro, que eu via com mais frequência tempos atrás. Não raro ouço algum deles dizendo ao outro: minha mãe disse que a minha festa vai ser melhor que a de todos os meus amigos! Sabe como é, estilo Facebook, tudo perfeito por fora.... Deixa para lá! 

Então me lembro daqueles aniversários em casa onde só estavam os nossos pais, avós, às vezes tios e a mamãe dizia: você pode convidar duas ou tres amiguinhas para vir aqui em casa. O que era um dilema do qual ela não tinha idéia, porque como convidar uma sem chamar a outra e na segunda feira todos olharem para você sabendo que a Connie ou a Ana Paula foram, mas a Márcia não? Pois era assim. Simples assim. Pão com carne louca, tubaína ( mais tarde veio a Gini, a Grapette), o famoso bolo de chocolate caseiro, presentes que não eram mágicos, mas que te faziam sorrir, um pouco de bagunça no quintal ( não muito, vocês não conheceram meu pai) e pronto. Sua festa já tinha terminado.

Estou apta a depor que nada destas coisas me tornaram inconformada com a vida, infeliz, desesperada para consumir hoje o que me privaram na infância. Ao contrário disto, aprendi a preservar, aquilo que antes era a roupa de domingo, hoje é a roupa de passeio e não tenho vergonha de dizer que uso roupa velha para cozinhar porque suja mesmo e estraga sem necessidade o que for novo, e que uso um sapato ou uma blusa até ela dar o que tem que dar, que uma camiseta começa como roupa de sair e termina como roupa de dormir. É assim comigo, meu marido e foi assim que criei meu filho.

Tenho pena desta nova geração. Nada lhes parece suficiente. Elas nunca sentirão a felicidade que eu senti quando compramos nosso apartamento, ou aquelas pequenas coisas, como uma churrasqueira de varanda. Elas nunca vibrarão com um up no computador da época dos dinossauros montado em peças, com muito sacrifício. Elas nunca saberão o gosto de trocar o sofá de vinte anos por um novo. Nunca como eu. Nunca como os da  minha geração. ( Aliás, quem disse que os  sofás – ou qualquer outro utensílio de hoje em dia – é feito para durar vinte anos?)

As crianças de hoje acham tudo descartável. E, que é obrigação da vida ( através dos pais, avós e outros), lhes ofertar o que há de melhor. E, por este motivo, entre outros, é que as coisas perdem um pouco a graça, é que a descoberta deixa de ser interessante, que nada lhes contenta, nada é bom o suficiente. Como a festa, que deve, segundo a mãe, ter mil e quinhentas bolas, porque a da melhor amiga teve mil. Ou o filme no cinema que não era nem tão original assim. E aqueles tênis, aquele que acendia luzinhas no solado no ano passado, nossa, quem disse que isso já foi moderno?

Certo, vou parar por aqui. Afinal, se em minhas festas eu puder lembrar por uns instantes que eles todos estão lá porque “ Hoje é dia de dar abraço!”, já voltarei feliz para casa. Se alguns lembrarem sozinhos, voltarei com certeza cantando, assobiando, super feliz.
Esta geração funciona assim: é fácil parecer feliz nos milissegundos que leva para se tirar uma foto, para o Facebook ou qualquer outra rede social. É ainda mais fácil acreditar na felicidade que aqueles milissegundos produziram. Difícil é equilibrar-se nas outras vinte e três horas, cinquenta e poucos minutos e alguns segundos que a foto não registra. Ninguém quer ser infeliz nas fotos. Ninguém quer ser infeliz no Orkut. Ou no Facebook. Ninguém quer parecer infeliz para os outros. 

Mas, acreditem, hoje em dia é muito mais difícil ser feliz para si mesmo!! Pena mesmo as pessoas complicarem tanto tudo!