domingo, 13 de setembro de 2015

Podcast de Brothers Hotchner & The Replicator

Podcast editado e publicado de uma forma que eu nunca tinha sonhado: apenas eu e Patricia ( nossa convidada teve problemas técnicos de última hora) em um bate bola sobre o final da oitava temporada de CM. Resultado: falei prá caramba e me diverti muito com a Paty. Ouçam e divirtam-se vocês também! Estamos chegando próximos à estreia da 11ª temporada americana e nossos podcasts de hiatus estão terminando. Após 30 de setembro estaremos publicando podcasts sobre a estreia. Não percam! Deixem seus comentários! Bjo!!!!!!

 https://soundcloud.com/criminalmindsbr/podcast-cmbr-hiatus-112-sf-8-temporada-brothers-hotchnerthe-replicator

Podcast da SF da sétima temporada - Hit & Run

Para vocês ouvirem e deixarem comentários, aqui ou na página do Criminal Minds Brasil

Podcast de um dos episódios mais marcantes da história de Criminal Minds: o “filme” de 83 minutos que encerrou a 7ª temporada, com direito às melhores e mais bem escritas e realizadas cenas de tiro, porrada e bomba da história da série, saída da Emily, casamento da JJ e tudo o mais que temos direito… um episódio atípico e maravilhoso!
Ainda tivemos a volta da Débora às gravações… ou seja: poderia ser mais perfeito?
Baixem (http://bit.ly/1imKrQW), ouçam, comentem, compartilhem e venham participar das nossas loucuras semanais!

 https://criminalmindsbr.wordpress.com/2015/09/08/podcast-cmbr-hiatus-1-11-sf-7a-temporada-hitrun/comment-page-1/#comment-1492

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O Garoto da Praia ( ou como fazer para o mundo acordar para um grande problema...)




Eu venho falando sobre o problema dos refugiados que buscam abrigo e um recomeço em terras da Europa há muito tempo. Não fazem dez, nem trinta dias que eu venho cantando a bola aqui em casa sobre o assunto, mais tempo do que eu na realidade gostaria. Mas a coisa, como a maioria dos problemas que nos cercam, só tomou forma hoje, com o corpo morto de um menino sírio afogado ao lado de seu irmão.

Não sei vocês, mas o meu dia acabou aí, quando li a manchete, a notícia. Muita gente escreveu sobre isso nas redes sociais e muitos amigos repudiaram o fato de eu ter compartilhado a imagem e escrito sobre ela. Bem, para ser sincera, nem falei sobre a imagem em si, mas sobre o desolador fato de saber que só irá se falar disto até amanhã, depois talvez, e virão novamente as manchetes que vendem jornal, aquelas que esmiúçam e detalham tudo o que se passa na Lava Jato, com detalhes dos depoimentos e tudo o que vem junto com isto.

Estou até as tampas com a Lava Jato. Como sempre estou até a tampa desta mídia que fala muito sobre o que vende muito. E só. Poucas pessoas sabem, mas eu hoje poderia ser jornalista. Quando prestei vestibular passei em Psicologia ( curso no qual me formei), Direito (cujas aulas fiz por um semestre todo no Mackenzie  e tranquei) e Jornalismo. Agradeço a Deus, ou à minha sapiência por ter me tornado psicóloga, mesmo não atuando há muito tempo. Seria uma destas jornalistas desempregadas e cujo curriculum seria non grato. Enfim... Sempre achei que crimes políticos devessem ser julgados como qualquer outro crime, sem primazias, sem deferências, um crime como assaltar ou matar. Para minha infelicidade, em minha pátria amada se permite que hajam as CPIs, ou, em outras palavras, políticos julgando políticos ( o roto julgando o rasgado...). Nunca entendi tal procedimento. Se eu roubo, vem a polícia e me investiga, me processa e, com provas, um júri me condena. Mas na política é tudo diferente. Aqui, político, mesmo sujo e claramente comprometido julga outro político, existem os conluios e nada parece realmente ser transparente. As CPIs para os jornais são um show, aproxima-se talvez a um reality show, algo que as pessoas acompanham não exatamente para haver justiça, mas para baterem no peito e dizerem que estavam certas. Ou não.

Para mim, toda esta investigação deveria estar sendo tratada pelos órgãos de justiça e não por CPIs. Mas, minha opinião não importa. Hoje, apenas hoje, importa aquele menino morto na foto, que muitos nem souberam interpretar.... Que muitos irão comentar indignados por dois ou três dias e depois darão razão à Angela Merkel e dirão que é um absurdo a Alemanha arcar com tantos imigrantes..... Eles não podem absorver tanta gente....

Em um rompante, enquanto assistíamos a um noticiário, meu marido exclamou: “ – Mas ninguém faz nada a respeito?” E, mais uma vez eu lhe disse que qualquer coisa a respeito acabaria em guerra. Aquela guerra que todos querem ignorar, o tal Estado Islâmico armado até os dentes pelos próprios americanos que não conseguem agora contê-los. Meio que a repetição da história da humanidade. Sem humanidade nenhuma.... Apenas com o menino morto... e seu irmão... e sua mãe... e um pai que vai voltar à Síria para enterrá-los, pois morrer para ele agora pouco importa.... ele já está morto, mais do que possamos imaginar.

Existe um mundo. Que nós amamos. Queremos viajar  e conhecer a Torre Eiffel, os Andes, o Coliseu, as Pirâmides. Viajar nos torna cidadãos do mundo, mas não queremos o lado ruim. Para a grande maioria o mundo é apenas beleza, a história que queremos conhecer e o que não for, se ignora. Até não dar mais. Até a foto do garoto morto estampar nosso Facebook  e tirar de nós a alegria de viver, deixar nosso dia mais triste e, impossibilitar a busca de algo maior que nos faça ignorar a tragédia que nos persegue, que nos incomoda.

Assim fica fácil viver. Fica fácil até ser um bom cidadão. É só se rebelar em prol da CPI da Lava Jato, nem precisa saber muitos nomes, Lula e Dilma já estão de bom tamanho. Tem um tal de Youssef alguma coisa fazendo denúncias, mas é só crucificar um nome ou dois e fiz minha lição de casa. E nem precisei ler para isto. Três ou quatro memes na minha rede social favorita já me deram a deixa. E sou um sujeito do bem. Antenado. E triste porque um garoto morreu afogado. Onde? Não sei direito, acho que na Europa talvez..... é o consenso que diz....

Deus, estou tão triste pelo que nos tornamos... Seres que lamentam as coisas que vemos na internet, como lamentamos aqueles que não conseguem passar o Natal em casa. Sentimos muito... Seria melhor se eles pudessem escolher... Sentimos porque hoje não dá para fazer piadas nas redes, pois não vão pegar bem, sentimos porque eu queria muito falar do último episódio daquela série e do meu time, que jogou ontem um bolão...Mas.... que droga, com a tal foto do menino hoje, não dá nem para zoar ninguém, vão achar que sou alienado..... que grande droga..... isso aconteceu onde mesmo?.......

Eu sei, podem me xingar à vontade. Podem achar que estou fazendo draminha, que quero atenção ou coisa parecida. Mas para mim isto é apenas uma tragédia anunciada, provável de acontecer a qualquer momento. Isto arranca lágrimas dos meus olhos? Sim, ainda arranca e sempre arrancará. Sempre vai me comover a miséria humana reduzida a manchetes que alavancam publicações. Mas, antes disto, me comove a miséria humana que existe nas entrelinhas, aquelas que não dizem o sobrenome do menino ou o que ele queria ser quando crescesse. Tampouco os sonhos de sua mãe para eles. Aquela miséria íntima que nós nunca conheceremos. Dos momentos de medo do pai, das incertezas que ele viveu ao tentar tirar de lá sua família. De como chegamos ao ponto deles precisarem fugir para sobreviver... Do porque das coisas chegarem a este ponto...Do Canadá não ter fornecido o visto... E fornecer agora parece tão sem sentido....

Me parece tão estúpido curtir um post no face hoje, destes que lamentam a morte do menino, cujo nome poucos sabem que é Aylan Kurdi. A maioria também não sabe que seu irmão chamava-se Galib e sua mãe Rihan. Não sabemos nada sobre seus sonhos, suas aspirações, seus desejos.

Eu só sei que hoje está difícil sorrir. Está difícil amar o próximo e perdoar. Porque não consigo perdoar tanta ignorância, tanta omissão, tanto leite derramado sempre em vão, até a próxima desgraça... Está difícil descobrir porque estamos aqui, se não podemos fazer nada por vocês, se não ajudamos, sequer sabíamos seus nomes horas atrás...

Aylan e Galib, se houver  como e onde descansar em paz, descansem. Se houver como ter uma segunda chance aproveitem e façam valer. Se houver como nos perdoar, nos perdoem. Porque eles não sabem o que fazem.... Como nunca souberam tempos atrás..... E provavelmente, nunca saberão....

Fiquem em paz......