sexta-feira, 11 de julho de 2014

George Clooney... Tem Um Sobrando Por Aí?......






E o que dizer a respeito.... O cara consegue ser politicamente correto até a raiz dos cabelos.... Não dá para não ser apaixonada por ele.... Mesmo que ele seja apenas um mito feito para nos apaixonarmos..... Em um momento delicado, onde a religião hoje em dia serve de frente de luta para israelenses e palestinos, onde tantos morrem em nome de uma crença, George Clooney dá uma enquadrada na imprensa, que tenta fazer de seu relacionamento com uma mulher de religião diferente da sua um espetáculo e um motivo  para especular diferenças e dificuldades. Ele não tem medo de chamar para si a responsabilidade de conviver com alguém com pensamento diferente do seu. E supor que dará MUITO certo. Adoro celebridade que usa o nome e a fama para acrescer algo de bom à sociedade.


http://mudamais.com/ruas-e-redes/george-clooney-da-uma-situada-na-imprensa-sensacionalista

George Clooney dá uma situada na imprensa sensacionalista...

Tudo começou quando a gente descobriu que o George Clooney ia se casar. Luto superado, fomos ver quem era a sirigaita noiva do moço. Aí o nosso despeito e inveja foram vencidos pelo perfil da moça. Amal Alamuddin nasceu no Líbano e vive na Inglaterra. É advogada especialista em direito internacional, direitos humanos, extradição e direito penal para Doughty Street, em Londres, na Inglaterra. Das mais famosas e competentes do mundo. (E ainda por cima é linda, a moça!). Um dos clientes de Amal é Julian Assange, fundador do Wikileaks. A noiva de Clooney o defende contra a extradição da Suécia.



Ficamos passados ao ver ontem a notícia de que  a sogra de George Clooney acha que a filha é boa demais (link is external) para o astro de Hollwood. Ademais, Clooney é católico e não um druso (link is external), como a família da moça. Por isso, ao se casar com George, Amal iria se tornar uma pária entre os seus e George corria até o risco de ser capado pelos parentes homens de Amal e... A notícia estava ficando tão estranha e sincrética, pra dizer o mínimo, que fomos estourar umas pipocas pra acompanhar a novela. Até porque a gente acha mesmo é que Amal Alamuddin é boa demais até mesmo pra George Clooney,


Sete gols da Alemanha depois Hoje descobrimos na CNN que Clooney chamou às falas o tabloide que publicou essa notícia (que é falsa) (link is external). O ator, que normalmente não liga pra notícias que os tabloides publicam dele, desta vez ficou muito indignado: A irresponsabilidade, hoje em dia, de explorar diferenças religiosas onde elas não existem é no mínimo negligente e, mais apropriadamente, perigosa. Temos familiares em todas as partes do mundo, e a ideia de que alguém poderia insuflar qualquer parte do mundo simplesmente para vender jornais deve ser criminosa. Ele chegou a sugerir que o tabloide estava incitando a violência.


(EM tempo: preconceito religioso é uó tanto pra George Clooney quanto pra gente do Muda Mais, tá? Tanto lá quanto cá temos que enfrentar boatos que se valem de preconceito religioso e racial...)


O mais curioso é que, lá na Inglaterra, ninguém acusou Clooney ou sua noiva de censura à imprensa ou de tentar ocultar a verdade. Pelo contrário: o Daily Mail, responsável por publicar a notícia, deletou o post de seu site e pediu desculpas a George e Amal. Reconheceu que o jornalista que escreveu a matéria o fez depois de ouvir pessoas que teriam dito que outros estavam dizendo (a popular fofoca).


Imagina se isso acontece aqui no Brasil?

A Copa E Como Dói Perder......




Neste momento, enquanto sento em frente ao notebook para escrever sobre o jogo Brasil x Alemanha, Felipão está dando uma entrevista coletiva. Na tela da televisão vejo o técnico tentar com educação e paciência ( ou nem tanto, já que classe e paciência não são exatamente virtudes suas) responder às perguntas quase ofensivas dos jornalistas sanguessugas, que tentam arrancar no tapa uma declaração trágica, talvez um comunicado de suicídio para depois do inquérito. 



Nossa imprensa é vergonhosa. Mais do que a própria derrota da seleção. Referem-se ao jogo como um vexame, o maior vexame da história, uma humilhação da qual jamais irão se recuperar,  quase como se os jogadores e técnico merecessem ser punidos em praça pública. Foi feio? Claro! Mas perguntar dez vezes como o cara se sente é quase como esperar que ele se enforque em frente às câmeras.


Isso acontece quando as pessoas confundem as coisas. Estou triste? Óbvio, adoro meu país, adoro futebol, torci orgulhosamente em todos os jogos, porque não teria me entristecido? Vou mergulhar em depressão e passar a dizer que nada neste país presta, que aqui é tudo assim, que ninguém faz nada por nós, que meu país é uma vergonha? Claro que não! É um jogo. “O Jogo”. Mas um jogo. Jogos têm algumas regras fundamentais. A primeira delas: de dois times, um ganha e outro perde. Nós perdemos. Ganhamos quatro e empatamos um jogo anteriormente, mas este, que nos permitiria disputar a taça de campeões mundiais, nós perdemos. 


Aqui na tv, continuam as tentativas de obter respostas a fórceps dos jogadores, na esperança de que eles se humilhem ainda mais, declarando-se incompetentes, péssimos jogadores, deixando a certeza de que perderam porque nem faziam questão de ganhar. Haja massacre.


Não cabe aqui nenhuma defesa ao ocorrido. A seleção não começou a jogar mal contra a Alemanha. A seleção está jogando mal desde que a Copa começou. E antes. E pegou adversários mais fracos ou menos eficazes do que ela, o que facilitou algumas coisas. Mas nem nos meus sonhos mais perturbadores eu consigo imaginar qualquer um destes jogadores  entrando  naquele dia em campo dizendo: “- Ah, dane-se, hoje se perder, perdeu.”
Aquilo que o Gerard twittou, sobre Portugal ter o CR, Argentina ter o Messi, Brasil ter Neymar e Alemanha ter uma seleção, me perdoem a pretensão, mas venho falando há um ano. Não porque entendo muito de futebol. Mas porque entendo o mínimo. Falei  (e tenho testemunhas) que Cristiano Ronaldo provavelmente dava um trem para não participar da Copa porque passaria vergonha, porque um homem só não faz milagres. Dito e feito.


Portanto, nada disto foi novidade para mim. Só ficava rindo do povo nas entrevistas nos noticiários  dizendo... três a zero, quatro a um, cinco a um e tal. Falava para o maridão: “- Será que só nós dois temos juízo? Se ganhar de um a zero é lucro, muito lucro.....” 


E a entrevista na tela da tv continua. Um ser, cuja mãe deve estar acostumada a diversos elogios, faz a David Luiz a pergunta de um milhão de dólares: “ David, como você está se sentindo?” Sério, o que ele achou que o cara iria responder? “- Bem, sabe, hoje fez sol, o dia foi legal, estou super feliz, ah, e por acaso perdemos...”


Os caras da imprensa sabem ser cruéis. E adoram tirar um choro ao vivo. É o circo da imprensa. Quanto mais lágrimas, mais audiência....
E assim, com o aval do nosso jornalismo, o brasileiro vai descarregando seu ódio pelo país, misturando alhos com bugalhos e buscando culpados que nem entraram em campo. Misturam os assuntos e já não falam mal apenas do time, do técnico ou dos jogadores. Agora falam mal do gramado, dos estádios, do governo, dos prefeitos, governadores, da presidente, como se, enquanto o resultado fosse positivo, nada disto fizesse diferença.


Quando o mesmo sujeito que canta o hino à capela no que o time só está vencendo é o mesmo que queima bandeiras e sai do estádio no meio do jogo pode apostar, este não é um sujeito que ama seu país. Ele ama vencer, ama estar ao lado de vencedores. Sob qualquer circunstância. E você, leitor, me pergunta: “-Mas você não gosta de vencer?”


Ah, santa inocência... Claro que gosto de vencer. Sempre. Mas gosto mais da razão. Gosto mais da coerência. Gosto da sinceridade e de amar meu país, mesmo que ele não me traga o título de campeão do mundo no futebol. Prefiro que ele seja campeão da simpatia, da educação, da saúde e da forma como trata as crianças. Prefiro saber  que ensinamos nossas crianças que quando jogamos um jogo podemos ganhar ou perder, mesmo que tenhamos feito o possível para ganhar. Hoje meu filho é cobra criada, mas se tivesse filho pequeno ou neto, ou sobrinho por perto, diria: “ – nosso time hoje jogou mal e perdeu. Faz parte do jogo, quem joga melhor ganha ( quase sempre). Mas veja, nós chegamos até aqui. Disputaremos o terceiro ou quarto lugar e tenho certeza que os jogadores fizeram o que foi possível a eles fazer. Mas nosso país é lindo, recebeu pessoas do mundo inteiro com educação e respeito e vai continuar lutando para futuramente ser o melhor do mundo, também no futebol!”


É um discurso conformista? Pode ser. Mas o que de melhor pode fazer aquele que sai apedrejando o país como um todo como se ele merecesse ser escorraçado, como se pelo futebol julgássemos todas as suas ações, como se fossemos pequeninos e tivéssemos a honra de um pires?


Prefiro acreditar que meu país é maior e melhor do que isto. É um país em crescimento, que luta por uma educação digna, que tem pessoas empenhadas em trazer mais do que um título de campeão de futebol para casa. Todo dia quando escrevo, quando a professora dá sua aula, quando o médico dá seu diagnóstico, o juiz dá seu veredito ou o quando a criança desenha um mundo melhor no seu caderno o país cresce e amadurece. Não pelas vias da corrupção, que combateremos até não haverem mais forças, não pela facilidade da troca de favores, que preferimos ignorar ao honrar cada compromisso, não pela facilidade de vencer apenas para ostentar um título, mas pelo verdadeiro significado da vitória, não porque é moda vestir a camisa e cantar o hino, mas porque cada palavra deste  hino tem um verdadeiro sentido para mim, porque o verde e o amarelo são as cores do meu orgulho, a minha palavra de fé, verdadeiramente todas as coisas em que acredito. 


Mas, que bobagem, afinal eu canto o hino em todos os jogos que ele toca durante as competições estaduais, eu o canto orgulhosamente quando ele dá o ar da graça no vôlei e quando o Cielo está no pódio. Canto, quando um judoca ganha um novo título, quando um novo presidente sobe a rampa. Eu sou uma romântica. E uma crente. 


Eu creio na nova geração. Aquela que ajudei a criar. Creio no amor que aqueles que eduquei terão pelo seu hino, sua bandeira, o nome de seu país. Fico puta quando um repórter qualquer achincalha com o sagrado nome Brasil, mesmo que hoje, vez ou outra ele nem mereça a honra da menção. E vamos lutando, dia a dia, para que este nome mereça tal honra. Tanto quanto o futebol. 


Que fique a lição de uma renovação. Que se prove necessário não avacalhar com o jogador em entrevista, porque isto não ganha jogo, mas que venha um novo modo de ver o esporte, de se fazer valer a camisa sagrada verde e amarela.


Que não seja prioridade arrancar aos trancos um mea culpa do atleta, que faz não somente representar nosso país e por certo, sente vergonha por não estar hoje à altura, mas que entende que o nome que se junta à tradição das cinco estrelas tem seu peso e deve ser respeitado. Que ele saiba que Brasil vai além de um nome entre tantos outros da América do Sul, quiçá da América Latina.
Há de se fazer necessária a verdadeira faxina na CBF, há de se fazer obrigatória sua desvinculação dos órgãos de comunicação, sobretudo à Globo, que só falta escalar o time para o técnico. Há de se crer que a audiência virá pelo mérito, não pela obrigação e que, os números serão favoráveis àqueles que prestarem o melhor e mais fiel serviço. É por tudo isto que eu luto.


As entrevistas na televisão estão por findar. Não há mais o que dizer. Não há mais lágrimas que comovam, nem desculpas que convençam. Nem a simpatia infantil de David Luiz, tampouco o arrependimento pela falta de Thiago Silva. Saturaram-se os argumentos de Hulk, Paulinho  ou Fernandinho. A imprensa transformou todos os nossos possíveis heróis em carrascos de si mesmos, em cruéis vilões de uma estória inacabada. Mas, infiéis por crença, não reconhecem sua culpa, junto aos jogadores, técnicos e companhia.


A mesma imprensa que não se importa de malhar para conquistar mais meio ponto. A tal, que meses atrás, condenou a possibilidade de deixar de escalar Fred, que não fez senão nada em campo. Penso o que teria sido do técnico sem escalar Fred. A chuva de impropérios de que teria sido vítima. Infeliz daquele sob a  tutela de duzentos milhões de técnicos meia boca a opinar e decidir aquilo para o que não fora treinado. 




Mas, agora pouco importa. Foi-se o título, foi-se o hexa em 2014. Ficam as muitas lições da humildade ao verdadeiro conhecimento tático e técnico, fica o desejo de que a seleção de 2018 seja o retrato de uma pátria redimida e confiante de acertar  em seus jogadores e seus governantes e seu desejo de ser uma pais honesto, tanto quanto exímio em futebol. Fica a sensação de que iremos chegar lá, pois somos experientes em torcer a favor, mesmo quando temos um turbilhão torcendo contra. Nossa marca é ir contra  a correnteza, é ganhar quando ninguém mais acredita, é sobreviver quando já não há oxigênio disponível. Nossa razão de existir é provar que todos os outros estão errados. 

Por isto eu sei que vamos chegar lá. Vai demorar mais quatro anos, mas não importa, porque eu sei que vamos chegar lá. Com mais dignidade do chegaríamos agora. Com a honra de quem não precisa de resultados arranjados. Nós vamos chegar lá e comemorar com honestidade na frente destes repórteres que hoje tentam arrancar de cada jogador seu mea culpa, sua vergonha por existir, como se tivessem matado alguém, como se seu crime fosse inafiançável.




Já troquei de canal. Já não ouço mais os intrépidos repórteres inquerirem cada jogador à beira das lágrimas, como se tivessem matado uma criança, como se fossem os drones que Israel mandou ao território palestino. Deixa para lá. Já estou ouvindo Chico ( Buarque ). Já me preocupam mais as crianças vitimadas pelos ataques criminosos que vitimam tanto palestinos quantos israelenses. Agora, sem artifícios nem desculpas, isto me está doendo mais e mais que qualquer título, qualquer copa.....


Haverão outras copas. Haverão outros jogo. Outro técnico, outra CBF. E, talvez, outro time....


E eu, haverei de rezar pelas crianças, pelos drones que atingem o vazio, pelas bombas que ninguém fere, pela sensatez da paz..... e, envergonhadamente, pedir para que nós vençamos no sábado para podermos ficar com o terceiro lugar....... o que fazer, eu continuo torcendo por eles, pela pátria que representam.... julguem-me se puderes.....

Ah.... Só para constar.... sábado estarei vestindo minha camisa da seleção e estarei torcendo pela vitória do Brasil sobre a Holanda.... nem preciso explicar o porque né?......

sábado, 5 de julho de 2014

Por Que Tanto Ódio?



Sério, não consigo acreditar.

Você acorda e não precisa de mais que dez minutos para saber que a mulher morreu espancada porque algum irresponsável na internet disse que ela matava crianças. Depois descobre um pai, médico por formação, envolvido de alguma forma no assassinato de seu filho, executado por sua madrasta e uma amiga. Não bastasse isso, temos ainda a mulher que abandonou seu carro em uma avenida aqui de Vitória e foi arrastada por metros depois de se enfiar  pela janela, dentro do carro do cara que havia lhe dado uma fechada metros atrás. Tem também o caso daquela mulher que foi ao baile funk e achou que o seu bebê de onze meses poderia ficar ali dentro sem respirar, que tudo bem. Claro, depois de cinco horas o bebê morreu asfixiado. Tem o rapaz, formado em direito que achou que podia beber e dirigir, que naquela noite ele não mataria ninguém. Matou. Atropelou e matou. Um jovem de dezesseis anos. Cheio de estórias e esperanças. Faltou também falar daquele religioso, na casa dos sessenta, que estuprava menores dentro da própria igreja. Têm também as moças, aquelas moças naquele país distante, cujas vidas e privacidade estão sendo violados, pública e descaradamente.  E, claro, faltou falar de tantos outros casos, tantos outros medonhos casos. Sempre haverão outros casos. Sempre.  Daria uma novela. Um livro de mil páginas com todas as coisas escabrosas que têm feito parte do noticiário nacional e que, custamos a acreditar, serem  fruto de ações de seres humanos. Humanos. Será?


Obviamente tem as coisas “menores”, aquelas que acontecem no universo das cidades e não ganham as páginas primeiras das publicações: o rapaz que tomou um tiro do assaltante tentando defender a namorada, a moça que foi abandonada nua na rodovia depois de sequestro relâmpago, o professor que teve seu carro depredado porque se recusou a dar nota alta a aluno que não merecia, tantas outras coisas menores e tão maiores.....


Mas às vezes há algo ainda pior do que estas notícias agressivas, criminosas, que merecem punição. É o ódio embutido no ser humano dos tempos atuais, sem um motivo específico. Basta ler alguns comentários em artigos disponíveis na internet para descobrir que estamos vivendo a geração do ódio explícito. Odiar é a palavra do momento. Você encontra pessoas odiando o trânsito, as bicicletas, os guardas que elas supõem que nada fazem para ajudar, os caras que compram carros e deveriam andar de ônibus ( sim, tem esta categoria também, mas nunca atinge a classe daquele que escreve) e por fim o governo. Não precisa explicitar qual governo, municipal, estadual ou federal. Qualquer um serve. 


Tem aquele que odeia os cãezinhos na rua passeando com seus donos e donos que odeiam os pedestres que odeiam seus cãezinhos. Tem o cara que odeia as gordas nas ruas enfeando tudo e tem as magras lindas de morrer odiadas pelas gordas por não terem corpo igual. Não podemos esquecer os que ficam indignados porque “tem umas mães na pracinha que oferecem aos seus filhos um monte de comida cheia de corante e glúten” e umas mães que odeiam que lhe ensinem a serem  mães. Tem os que odeiam a Copa do Mundo no Brasil, tem gente que odeia quem odeia a Copa realizada nestas terras. E, de fato, tem o sujeito que odeia o que você faz, e você nem sabe disto.


Tem ódio para tudo. Para aquele que odeia e segue a cartilha e para aquele que apoia a reciclagem, mas joga o papel do Mc Donalds pela janela minutos antes de entrar na garagem. Os que odeiam a praia porque está muito suja, mas não pisam na areia há décadas. Os que acham os lanches muito caros, mas não experimentam levar o lanche de casa porque “dá muito trabalho”. Há, me esqueci, tem os que apoiam as cesarianas e acham que partos normais são coisas dos tempos antigos, mas nunca tiveram e provavelmente nunca terão filhos ( acho que porque odeiam bebes sujos de cocô).


O ódio está na moda. Odiar faz parte do repertório do ser humano moderno. O ser humano descobriu que odiar faz bem à sua saúde, mesmo que acabe com a saúde alheia. Vejam, não estou falando do sujeito que acorda e dá de cara com tantas notícias ruins ao mesmo tempo no jornal, como as citadas acima. Estou falando do cara que odeia indiscriminadamente tudo o que lhe incomoda, só porque lhe incomoda.


Os protestos então são ótimos. Tinha cerca de duzentas e trinta pessoas em um protesto fechando a Avenida Paulista na semana passada. A imprensa disse que estavam protestando contra a Copa, mas dava para ver, pelas fotos, cartazes contra o comunismo ( ? ), contra os salários baixos e contra o Mais Médicos. Ok. Eu respeito. Mas, duzentas e trinta pessoas fecharem a Avenida Paulista para um protesto com diversas pautas e nenhuma me parecer justa com quem dirige, inclusive com o sujeito que está na ambulância e precisa de socorro urgente    ( eu já passei por esta situação, creiam-me você quer pegar teu ente querido e carregá-lo nas costas até o hospital), me parece meio exagero. Mas, pode ficar tranquilo, também tem aquele que odiou o protesto porque chegou muito atrasado para a reunião das quatorze horas. 


E, claro, o ódio está na moda. De preferência, aquele que eu posso disseminar através de uma rede social, só para não perder o bonde da história. Afinal, odiar é fashion, é up, é tudo de bom.


Sempre existiu o ódio. Claro, a humanidade não mudou o seu modo de reagir a coisas que não dizem respeito a seus interesses. O ódio é um sentimento como outro qualquer, como o amor, a simpatia, a bondade, a afeição, o repúdio e a indignação. O ódio é o mesmo de sempre. Será? Ou terá mudado apenas a sua mais nova forma de disseminação – a internet?


Parece-me, do alto dos meus vários anos vividos ( não são poucos) que a internet vem alimentando uma nova espécie de cultura: a cultura do ódio de sofá. Não quero com isto dizer que as razões deste ou daquele ser que escreve na internet são ou não justificadas. Algumas são. Outras fazem parte de um rosário desfiado por “Marias Vão Com As Outras”, que seguem a moda do momento e nem entendem sobre o que estão discutindo. Nem vou dizer o que penso de jovens de quinze, dezesseis, dezoito anos, defendendo a ditadura sem sequer conhecer direito seus dados históricos. Aliás, hoje eles só podem expor sua opinião porque não vivemos uma ditadura. Se vivêssemos, eles poderiam ser presos só por tentar opinar. 


E assim como vejo as coisas, respeito quem concorda com o rodízio de placas, quem acha que tem que ter feriado em dia de jogo do Brasil, quem é homossexual, quem acha que o país está afundando nas mãos da nossa presidenta, quem usa tatuagens, aquele que quer que todos larguem seus carros para andar de metrô ou quem adora novelas da Globo.  Parece incrível, mas respeito todos estes seres, ainda que não concorde com boa parte deles. Mas eu não consigo respeitar o ódio disseminado pelo manifestante de sofá. Aquele que segue in, que reclama do alto do conforto do seu canapé confortável revestido de seda, que fala sem sentir na pele as consequências de seu manifesto. 


Querem saber o que eu odeio? Odeio o cara que posta no Facebook por um planeta mais limpo e joga seu copo de refrigerante pela janela do carro, o sujeito que diz que reciclar é necessário, mas nunca lavou uma embalagem de leite na vida para jogar na lixeira que fica a duas quadras de sua casa ( eu ou meu marido levamos nosso lixo reciclável a uma lixeira da prefeitura duas vezes por semana), o sujeito que reclama da saúde no seu município mas, usa seu plano caríssimo para ser atendido.  Não entendo o cara que reclama do pedágio se ele tem passe livre de estudante, ou nem se preocupa em saber que, sem o pedágio aquela ponte ou rodovia irá minguar como tantas outras obras sem cuidado por aí. 


Meu protesto vai para o cara que ama odiar. Por coincidência, esta semana tivemos dois casos assim, tipo “odeio a copa do mundo”. Primeiro a imprensa odiou o capitão da equipe chorando. Depois, uma sujeita escreveu em um twitter que o jogador que tirou nosso principal artilheiro da copa do mundo deve ser morto antes mesmo de deixar o pais. O que dizer diante de tal declaração? Não basta, a seguir os padrões do campeonato, o artilheiro “pé de cabra” receber uma punição de “n” disputas sem jogar, o sujeito tem que ser morto!!!!! Assassinato do ser por outro sentado em um sofá!


O problema do ódio de hoje em dia é que ele perdeu a razão de existir. Do meu ponto de vista, confortável em um sofá de três lugares, posso odiar tudo o que não me agrada sem contribuir em nada para que tal situação se corrija. Do meu aconchegante  acento odeio tudo o que merece meu mau humor e, dane-se minha contribuição, já faço muito em odiar, consertar fica para outro otário qualquer. Vivemos o momento do “copia e cola”, da falta de reflexão, do “alguém tem que pagar por isto!”, nem bem me interessa quem.

Acho que estou velha demais para acender vela para mau defunto. A geração da informação instantânea, do face, do whatsap, via de regra, paga para não refletir, pensar já é querer demais. O compartilhamento imediato lesa o raciocínio, rouba do sujeito a experiência do “sentir na própria pele”, fala por todos e por ninguém. Principalmente por ninguém. Porque afinal, falar por ninguém não requer responsabilidade, e sabe, talvez aquele cara tenha razão, mas não vou ter tempo para ler seus argumentos. As redes sociais estão aí para isto, para julgar, eles julgaram, nem tenho porque questionar. É a geração da reação de sofá, ou melhor, da indignação de sofá. 


Fico buscando argumentos, mas percebo ser em vão, afinal, está tudo implícito, basta odiar a geração que tudo odeia e está tudo certo. Mas, em tempo, descubro que não me encaixo a tal definição. Ansiosa por explicações, justificativas e razões de ser, percebo-me arcaica na tentativa de argumentar. E, se não odeio, ao contrário, admiro ou refuto, sinto-me incomodada com a sensação de gato fora do balaio. 


Tenho medo do que estas pessoas pensam, afinal, nem sei se elas pensam. Cada quadradinho colorido com uma nova frase de efeito ganha contornos de razão e não custa a definir o próximo modismo, o próximo pretexto. Chego a pensar que nasci na época errada, afinal, quanto tempo eu teria economizado se não estivesse lendo, me informando, acumulando experiência, e, por fim, formando opinião. Na época da informação pronta para viagem e da opinião a granel, talvez me tivesse sobrado tempo para tantas outras coisas, como criar mais opiniões, todas cegas e sem propósito, afinal, se cem pessoas pensam assim, melhor compartilhar porque a maioria sempre tem razão. Nem vou perder tempo analisando, todos estão compartilhando, devem estar cheios de motivos para isto.


Sabem todas aquelas horas que perdemos, meu marido, meu filho e eu, na janta, à noite, entre um prato e outro, discutindo assunto nem tão relevante, talvez política, quiçá economia, ou mesmo as mudanças climáticas, a existência de um Deus ou porque os filmes do Wolverine são tão inferiores em relação aos filmes da saga XMan? Pura perda de tempo. Talvez melhor fosse se entre uma garfada e outra checássemos obsessivamente nossos telefones em busca da notícia mais fresca, do vídeo que está bombando, aquele do cachorrinho correndo atrás do próprio rabo. Calados, em nossos próprios cegos mundos, em busca do que há de mais fresco, da fácil condenação do otário do momento, do riso frouxo e do repugnante hábito de julgar a caminhada alheia sem calçar seus rotos sapatos.


Desculpem, não consigo viver esta realidade. Me perdoem se pareço cheia de ódio. Mas todos hão de entender. Afinal, odiar sentado à frente do computador está na moda. E não me poupo de estar na moda também...... Me odeiem, tanto faz, não se poupem de me odiar se estas tolas linhas ganharem o ódio gratuito de alguém....

Para Maria Eduarda, aos quinze, trinta e cinco, sessenta ou setenta anos.....




Minha querida sobrinha e afilhada,

Fazer quinze anos é um marco na vida de toda menina, de toda mulher. É aquele momento em que você começa descobrir todas as possibilidades da vida, você descobre que sonhos podem sim, virar realidade. Você absorve como uma esponja todas as experiências à sua volta e passa a acreditar que pode fazer diferença, pode ser tudo aquilo que você sempre sonhou. Também gera receio, porque você descobre que nem tudo será do jeito que você quer. É neste momento que você irá crescer como pessoa, encontrando o equilíbrio entre o desejar e o realizar.

Sua tia e madrinha não conseguiu estar próxima de você tanto quanto desejava, a distância é um empecilho cruel. Mas sei que você teve uma formação íntegra e que tem pais carinhosos e dedicados que torcem por você tanto quanto eu.

Se eu pudesse lhe embrulhar para presente todos os desencantos e decepções que você irá encontrar pelo caminho e despachar para bem longe de você eu o faria, mas na vida as coisas não funcionam assim, porque são os desencantos e decepções que a farão crescer e farão de ti uma pessoa cada vez mais feliz e certa do que deseja para sua vida.

Nunca se esqueça que você colhe o que você planta, sempre. Se for gentil, será tratada com gentileza, se for amorosa, amor nunca lhe faltará, se for determinada, a vida lhe oferecerá as maiores oportunidades. Faça de cada sonho um caminho a seguir, brigue pelas coisas que você acha que valem a pena e só dedique seu amor a quem merece ser amado por você. Tenha amigos ou amigas, poucos, mas bons de verdade, não é a quantidade que conta, é a qualidade. Valorize a família, são eles que estarão te esperando para te ajudar, se algo der errado. Leia, muito. A leitura é a porta para tudo o que você quiser fazer do seu futuro. Divirta-se, a vida sem diversão é muito chata. Seja curiosa, a curiosidade torna a vida mais interessante. Seja feliz, do seu jeito, não importa qual seja este jeito se ele te agrada. Não faz mal se te acham estranha, se você não for tão popular, se você prefere seu quarto à agitação das festinhas. É só você que vai poder descobrir o que te faz feliz, por mais absurdo que isto possa parecer para qualquer outra pessoa. Ame animais, plantas, livros, músicas, filmes e tudo mais que te agrade. Confie em você. O instinto é uma benção e você vai aprender a confiar nele. Seja diferente, pense diferente, você não é “todo mundo”, não é igual a mais ninguém. Dinheiro é bom, mas não é tudo. As coisas mais importantes de sua vida acredite, você não comprará nem com todo o dinheiro do mundo. Coma coisas gostosas agora, um dia você não poderá mais comer e vai sentir falta. Tenha sempre um espacinho dentro de você para abrigar uma eterna criança, não deixe esta criança dentro de você morrer jamais. E nunca, nunca mesmo, deixe de sonhar. Sonhar é o combustível que nos mantêm vivos, mesmo que os nossos sonhos sejam mais ambiciosos do que a realidade.

Eu te amo e estarei sempre torcendo por sua felicidade. Você pode não entender agora, mas somos mais parecidas do que você pode imaginar. Sua vida será linda, acredite nisto. Gente torcendo a favor não falta. Eu, inclusive. E teu tio Afonso e teu primo Bruno. E seus pais, sua irmã, suas avós, tias, pessoas que te amam.

Guarde isto que te escrevo. É provável que por enquanto você ache que tem uma tia chata e meio babaca , que se meteu a besta de te escrever uma mensagem no teu mural do Facebook, e isto é um saco. Mas guarde. Num dia nem tão distante assim, você vai reler isto tudo e vai pensar, a tia mala tinha razão em algumas coisas. Confie em mim, você vai querer guardar isto. 


Te amo mais do que você possa mensurar, estarei sempre aqui da galeria torcendo por você, e, se um dia você quiser, vou continuar aqui para um papo, um conselho bobo, uma palavra de apoio, ou qualquer coisa assim. Eu sempre estarei por perto, mesmo tão distante.

Te amo demais garota e ponho a maior fé em você! Vá em frente, aproveite seus quinze anos e toda a sua vida, você está só começando e estarei aqui sempre torcendo e sonhando com você!

Parabéns meu anjo! Seja muito feliz!

( droga, eu sabia que ia acabar chorando, mas não faz mal, por você vale a pena!!!!!!)

Te amamos!

Débora, Afonso e Bruno
Ah!.... FELIZ ANIVERSÁRIO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!