segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Review – Criminal Minds – 9x03 – Final Shot



Por Débora Gutierrez Ratto Clemente

Contém spoilers


Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma, segundo o "Pai da Química" Antoine Lavoisier, ou se copia,segundo o mercado publicitário. E quer saber? Em Criminal Minds, nove temporadas depois, isto ainda funciona muito bem. É bem provável que por isto o show se mantenha na casa dos quase onze milhões de espectadores, quando séries novas minguam , lutando para não serem canceladas antes dos fatídicos  oito episódios de aprovação. Com um pouco de tudo aquilo que os fãs amam ver, Final Shot consegue construir uma estória inteligente, utilizando-se de recursos que nos remetem a vários outros episódios.

Se para nós brasileiros a cena inicial é muito aflitiva, imagino o quão brutal deva ser para os americanos , ver na tv cenas que lembram  uma dolorosa e cruel rotina  que vem se estabelecendo nos EUA, as mortes aleatórias cometidas por desajustados sociais que saem atirando para matar quem estiver pela sua frente ( a equipe menciona o ataque na Maratona de Boston, mas sabemos que existem vários casos deste tipo, como o rapaz que atirou em uma escola, matando vários alunos, inclusive sua mãe, uma professora, antes de se matar ou o fuzileiro naval  que matou oito inocentes antes de atirar contra a própria cabeça,entre outros).

Gosto desta iniciativa dos roteiristas de voltar a explorar a utilização do perfil detalhado, que, como disse na última review, em última análise, é o objetivo primeiro da série. Prefiro, ao contrário de muitos, abrir mão da ação em detrimento dos aspectos psicológicos que são abordados para que os profissionais cheguem ao criminoso.

Quando Hotch e Rossi chegam à delegacia, a preocupação primeira é explorar a hipótese do terrorismo doméstico (ou não doméstico, os EUA nunca se recuperaram do episódio do Onze de Setembro). Ver Eve LaRue no papel de uma investigadora em Criminal Minds é muito estranho para quem a acompanhou por tantos anos em CSI Miami e isto apenas reforça o quão alguns atores ficam marcados por seus personagens de longa data ( fiquei esperando quando ela iria abrir a maleta de CSI e colher digitais, rs). Os comentários de Rossi sobre o orçamento do FBI ( em um momento em que os EUA atravessam uma crise financeira e de credibilidade) e da Garcia sobre existir um segundo atirador no caso Kennedy ( sim, também comungo desta opinião conspiratória), são um bônus para fãs atentos à fatos reais e conferem  veracidade à trama. Outro fator interessante, são os depoimentos que levam a falsas pistas - a garota no hospital dizendo que viu um homem careca atirando ou a possivel ligação do caso com um membro de uma comunidade ariana que luta pela supremacia branca. Esta última informação não nos leva ao assassino, mas rende uma cena sensacional. A interação de JJ e Morgan funciona perfeitamente como provocação e o momento em que nosso agente negro toca nas mãos do prisioneiro é brilhante em mostrar o racismo latente naquele homem branco, crente de sua superioridade racial.  Uma triste realidade infelizmente não apenas americana, mas repugnantemente mundial.




Quando acontece o segundo ataque, a equipe passa a ver o caso com outros olhos, sempre focando em informações que tracem um perfil mais aproximado do atirador ( é interessante ver que informações como a posição do assassino e o trânsito local possam levar a uma conclusão que defina a pessoa que eles estão procurando). Em contrapartida, vemos em mais de um momento, cenas da vítima, sendo protegida por um homem por quem, a partir da construção dos diálogos nos afeiçoamos, nos sensibilizamos com  sua estória de vida, com sua compaixão em ajudar quem precisa. Estas cenas são cruciais para que o impacto desejado ao final do episódio seja atingido com perfeição. Não restam dúvidas de que estamos assistindo a estas cenas em tempo real, e a cada instante, sentimos o atirador mais próximo de seu alvo. A opção por levar Reid de volta à cena do crime como recurso visual sempre foi uma marca nos episódios iniciais da série e volta a ser utilizado com eficiência (bem como as cenas de flashback com fotografia e iluminação diferenciadas e mesmo a utilização do tema, pois temos atiradores aleatórios em pelo menos dois momentos da série : LDSK – 1x06 e Pay It Forward – 8x19).

Quando pensamos que a crueldade maior do unsub é matar pessoas aleatórias, eles tomam folego e nos impactam com outra realidade mundial dura de engolir: a violência doméstica que arruína a vida de centenas de milhares de mulheres no mundo todo. Desta forma o caso ganha nova reviravolta, e passamos a saber mais sobre a rotina e procedimento de abrigos que ajudam estas mulheres a escapar de tamanha crueldade. Bem quando eu já ia reclamar sobre a vítima aprender tão rápido sobre como memorizar objetos eles  engrenam na busca por aquele que seria o marido buscando vingança da mulher que ousou desafiá-lo e abandonar a vida de maus tratos. Me soou meio bobo o homem fugir da polícia, já que facilmente ele teria infinitos recursos financeiros para se defender da acusação, mas a morte dele caminha para encerrar o episódio com ação e mais uma surpresa.  A desconstrução do ambiente  nos choca quando descobrimos que o homem que a protege é o mesmo que a persegue. O recurso de imagem que leva a sobrepor  realidade à fantasia também não é novo ( foi utilizado no 4x06 – The Instincts), mas é muito eficiente. Até quase o final do episódios somos levados a crer na fantasia do atirador e o abraço que Rebecca dá nele ao final chega a ser comovente. Ao mesmo tempo em que vamos nos acostumando com a reviravolta, Hotch nos explica o que é “fantasy integration” (integração fantasiosa em uma tradução ao pé da língua, na falta de conhecer o termo técnico específico usado aqui no Brasil para estes casos), um exercício mental a que atiradores de elite se submetem para manter-se acordado por até tres dias, mantendo-se totalmente focados em suas vítimas. E, por fim, para agradarem os fãs que não abrem mão de um pouco de ação, Hotch alvejando o assassino da mesma forma que o proprio atingia suas vítimas, com um tiro certeiro à longa distância, deixando extasiados os fãs do personagem. Um final sob medida para os fãs que vivem reclamando da revelação da identidade do unsub logo no início do episódio.

Não se pode negar o esforço dos roteiristas desde a temporada anterior em voltar às origens da série, resgatando os perfis detalhados, a sobreposição de imagens dos agentes nas cenas de crimes, os enquadramentos diferenciados e ainda alguma ação, ainda que este último ítem nunca tenho sido princípio básico da série. E o resultado não poderia ser melhor: mais do mesmo, reescrito com cuidado e atenção para parecer diferente e esperarmos ansiosos pelo episódio da próxima semana. Tá de bom tamanho para você? Deixe sua opinião!

Observações finais:

·          *  Desde já, em pequena cena ao telefone, e em seguida em diálogo com Reid,eles já começam a plantar a idéia de um problema com JJ. Em minha opinião, eles jamais colocariam a agente para trair seu marido.Tenho para mim que eles vão vasculhar o passado da moça ( ela tem um caso de suicídio na família - a irmã) e acho que eles podem explorar um pai abusivo ou omisso ou um namoro que deu errado e o novo chefe do departamento a teria apoiado firmente nesta situação, formando assim um laço forte entre eles. Não esperem por adultério, por favor!  
·       
             *  A mesa da Garcia parece o quarto do meu filho quando tinha dez anos de idade. Está um pouco exagerado, eles podiam maneirar no look.

·         *  Por sinal, a Kristen emagreceu horrores desde o início da série. A cena dela em pé na porta do elevador  mostrou a gritante diferença.

·         *Finalmente deram um jeito no cabelo do Thomas!

·         *  E sobre o Hotch vestindo aquela camisa branca e colete, bem, eu, ah!, eu...deixa para lá, quem me acompanha sabe bem o que eu quero dizer, rs...


      Esperando ansiosa pelo próximo episódio. Até lá!

Review - Criminal Minds - 9x02 - The Inspired




Por Débora Gutierrez Ratto Clemente

Contém spoilers!



O grande problema dos episódios divididos em duas partes é que normalmente as nossas teorias sempre nos soam mais convincentes. Na verdade, The Inspired  tem uma conclusão menos convencional do que eu esperava, mas nem por isso menos interessante.


O episódio parte do princípio básico de um erro de equipe (embora seja fácil culpar a Garcia pela falta da informação essencial de que a mãe do suspeito teria tido gêmeos, lembremos que ela é levada a buscar informações, guiada pelas orientações do grupo como um todo, são os profilers que dão a diretriz básica para a busca de informações via computador e não o contrário). A cena onde Rossi assiste ao discurso do advogado do gêmeo preso erroneamente pelo tablete abriu uma porta que poderia ter sido usada mais amplamente, ou ao menos deixada para ser explorada em futuro próximo. No entanto, como descobrimos ao final do episódio, aquilo que poderia ter sido uma discussão ampla sobre o papel dos profilers e sua suscetibilidade a erros, acaba por servir apenas para ilustrar o descarte meio forçado de Hotch como chefe. Uma pena, pois o ataque do advogado era uma cena forte que poderia ter rendido momentos melhores do  que apenas o confronto pessoal de Hotch discutindo a sua postura, já que, como Blake lembra no início do episódio, este tipo de erro pode acabar com carreiras. Enfim, acho que a solução para que Hotch não aceitasse o novo cargo poderia ter partido dele e não de um erro da equipe, que lhe custasse o cargo. Mesmo que assumir a função não lhe interessasse, não havia necessidade de “sujar” seu histórico profissional (e por consequência o da equipe) para que o novo personagem fosse inserido na trama ( mais sem sentido ainda foi ele ficar aliviado ao final do episódio. O perfil do personagem que não tolera erros seus ou dos outros foi para o espaço neste momento.)


Quanto à trama propriamente dita, novamente uma família totalmente disfuncional é a base de tudo. A mãe passa então a ser o elo mais importante para a estória ( como eu disse na review anterior, era óbvio que não desperdiçariam uma atriz como Camryn Manheim  apenas como mera coadjuvante). Bem construído, o enredo constituído de uma mãe egocêntrica e manipuladora, que cria um filho psicopata sob a sua sombra explica, entre outras coisas, a metáfora do louva deus de forma muito coerente. Sensacional a cena do interrogatório de Hotch  com Carla, onde até para leigos fica claro o comportamento da mãe, tentando fazer-se de vítima das circunstâncias ( ótimo o paralelo com o Hotch, já que ele é pai solteiro). 


Quanto ao gêmeo Jesse, lamento que os quarenta e cinco minutos do episódio tenham obrigado o roteirista a acelerar a evolução do personagem. Mesmo sabendo de um contato pregresso do mesmo com sua mãe, fica meio exagerado ele progredir sua psicopatia de forma assim tão radical. Ainda assim, fica muito claro que sua vingança latente desencadeie o desejo de matar da mesma forma que o irmão. Ao final do episódio, a gente quase acaba sentindo pena de Wallace, pois com pais daqueles, ele não tinham qualquer chance.


Interessante como se desenvolve a fantasia na cabeça de Carla, sendo que o surgimento de Jesse passa a ser o gatilho para criar a esperança de uma redenção: com o filho adotado voltando à cena, Carla vislumbra, em seu egoísmo delirante, poder ter a família ideal novamente, incluindo aí, o pai de seus filhos. Para ela, descartar o filho problemático e substituí-lo por um perfeito é fundamental para que, em sua mente doentia, ela recupere o que, em que sua opinião lhe é de direito: o título de mãe perfeita. O uso do advogado e sua empresa são fundamentais para que ela possa realizar seu desejo, e é pelo próprio advogado que surgem as respostas necessárias para a equipe chegar a algumas conclusões fundamentais para a resolução do caso.

As melhores cenas sem dúvida foram as do interrogatório de Carla feito pelo Hotch e aquelas em que o mesmo Hotch aperta o advogado, em uma espécie de virada do jogo, já que havia sido feito de bobo no início do episódio por ele. Obviamente que o desempenho dos dois atores coadjuvantes, junto ao de Thomas Gibson, é fundamental para o sucesso absoluto das cenas.
Por fim, o manjado recurso dos gêmeos colocados frente à frente e tentarem se passar um pelo outro na cena não compromete do desfecho, onde brilham o desespero de Wallace buscando o apoio de uma mãe omissa ( a verdadeira louva deus fêmea da estória) aos seus apelos e a quase inocência de um pai perdido em um mundo próprio e sem maldade. Destaque para a sacada da igreja, traçando um paralelo entre a Virgem Maria e Carla, paralelo este que só pode surgir em uma mente doentia perdida em uma superioridade que nunca existiu.




Em minha opinião, excelente episódio, com ótimas interpretações dos atores coadjuvantes e um texto afiado, exceto pela observação feita no início da review ( perderam, novamente, em minha humilde opinião, um tema que poderia ser melhor explorado em outro momento  - um grave erro de perfil) e deram ao Hotch uma satisfação que não condiz com a estória e o comportamento de seu personagem ao longo dos anos.


Com isso, abre-se a temporada de forma bastante interessante e fica a expectativa para que os demais episódios mantenham o mesmo ótimo nível desta Première dupla. 


Deixem seus comentários: você gostou deste início de temporada?

Até a próxima

Review - Criminal Minds - 9x01 - The Inspiration


Por Débora Gutierrez Ratto Clemente 


Atenção! Contém Spoleirs


Poucos shows da tv americana tem arrancado dos meus lábios um sorriso de franco prazer ao final de cada exibição. Bom saber que Criminal Minds continua sendo um deles.Impressiona o modo como a série escapa da zona de acomodação mesmo após nove anos de exibição contínua, encontrando ano após ano um meio de surpreender sem render-se ao óbvio. Curioso é que tenho tido oportunidade de rever a primeira temporada pelo canal AXN e isso só deixa mais claro para mim o quanto a série, em meio a tantas turbulências, virou gente grande, cresceu e conseguiu encontrar um meio termo entre a prioridade absoluta aos casos e perfis dos quatro primeiros anos do show e o quase melodrama da sexta temporada.


 Como em uma dança bem cadenciada temos tido, da sétima temporada para cá, casos muito interessantes, resolvidos de forma bastante satisfatória, entremeadas de forma natural e convincente ao dia a dia dos membros da equipe. Funciona muito bem para o show, aquelas conversas e observações em meio ao caso, onde a química dos atores e atrizes e o texto menos carregado, mais solto e com algum humor, acrescentam à estória maior naturalidade ( como por exemplo, em um curto e bem humorado comentário, ouvimos o Morgan mencionar uma namorada, ou seja, a vida pessoal passa a ser explorada sem informações em excesso, sabemos que são humanos, mas não precisamos de um plot só para isto). Desta forma a série ganha credibilidade sem tornar-se uma novela. 

The Inspiration honra de forma eficaz o compromisso de uma Season Premiere. O episódio trouxe um pouco de tudo.  Ação, suspense, um caso interessante, muito perfil (parece que voltou para ficar o padrão que vinha aparecendo aqui e ali, na temporada anterior, um ping pong mais bem elaborado entre os agentes para explicar o perfil do unsub, o que afinal de contas, sempre foi o carro chefe da série).

 Atrelado ao caso da semana, vemos de cara as consequências da morte de Erin Strauss na temporada anterior, no que diz respeito ao Bureau. Um Hotch entulhado de trabalho burocrático, um evidente convite para assumir um cargo que em hipótese lhe permitiria passar mais tempo com seu filho e, de forma inversamente proporcional, lhe afastaria daquilo que ele sabe fazer de melhor: trabalho de campo. E assim, as preocupações de seu mentor (Rossi), os questionamentos de todos os seus subordinados, não apenas sobre como seu chefe lidaria com um trabalho meramente administrativo e político, mas obviamente com o rumo que a equipe pode ser obrigada a tomar e até mesmo, em um lapso genial, Dr. Reid deixando claro novamente o quanto tem ficado marcado pela série de abandonos a que vem se submetendo durante toda a sua vida e com os quais ainda não sabe bem como lidar ( o pai, Emily, Emily novamente, Maeve e agora, eventualmente Hotch) aparecem neste primeiro episódio da nona temporada. 

O episódio sabiamente começa com a iminência de um acidente de carro que envolve JJ e Morgan, onde, para sabermos seu desfecho, somos remetidos há flashbacks de dois dias atrás. Boa opção para injetar alguma adrenalina a um início um tanto cheio de explicações e perfis que virão a seguir. O caso para o qual são chamados, apesar de terem retornado a pouco tempo de outra tarefa, nem parece, em um primeiro olhar, tão estranho assim. Duas moças encontradas estupradas e mortas em parques de Glendale, Arizona, em posições que sugerem estarem orando. Em uma tentativa de fugir do lugar comum da primeira pessoa que aparece em cena ser morta pelo unsub da semana, nos surpreendemos ao descobrir que a vizinha impertinente tenha se safado de morrer logo de cara ( nem vem, o truque é esperto, eu sei que a maioria tinha certeza que a moça iria morrer, rs..). 

E aí surge o unsub, que se entrega em uma tomada de suas mãos com um dedo tremulando ao som de um sibilar, em uma referência clara a ofídios em geral. Não me importo, pessoalmente, com a apresentação do unsub logo de cara quando o episódio oferece entretenimento de qualidade. Reid em um comentário já explica o porquê das mortes serem uma à trás da outra – ritualistas, com delírios e tal, para que a gente não fique achando que eles estão acelerando só porque o episódio tem hora certa para acabar. Outro ponto que me chamou a atenção foi  terem também o bom senso de equilibrar a JJ, agente agora com capacidade para embates físicos, com a JJ de outrora, entrevistando de forma solidária e mais suave junto a Reid, o ex marido de uma vítima, recordando suas origens. 

Neste ponto do episódio a equipe já tem outra vítima, desta vez, casada, e é aí que os bate bolas  entre agentes começam a ficar interessantes. À medida em que as vítimas passam a apresentar variações, eles vão tendo mais material para chegar a uma conclusão. A autópsia acrescenta outro dado estranho, o fato do conteúdo estomacal de uma das vítima conter um dente de outra pessoa, o que leva à conclusão de um perfil sádico delirante pelo uso do canibalismo imposto. 

Entremeados ao caso, surgem os comentários da equipe sobre a situação de Hotch e do departamento e temos aí uma das cenas mais emblemáticas do CM Team: embaraçado com o fato de perceber o quanto a sua decisão deverá afetar o trabalho de seus colegas, Hotch em um momento meio desajeitado ( sim, ele não está acostumado a partilhar suas dúvidas com o resto da equipe) comunica o convite recebido para ocupar o cargo deixado pela Strauss. É aí que vemos a cara do time. JJ é a primeira a questionar o que acontecerá se ele aceitar ( a atriz o faz com a cumplicidade meio fraternal que a personagem adquiriu na parceria com o chefe em esconder do time a informação sobre a morte fake da Emily na sexta temporada). E Hotch responde de forma patriarcal, assumindo sua ideia de  responsabilidade que tem sobre o aspecto profissional, para não dizer pessoal de todo o restante do time. Sem se expor demais, mostra fidelidade aos amigos ao afirmar que, de certa forma, tenta fazer o melhor para ele e os demais. Morgan reage de forma inconformada, apenas através da expressão facial, revelando seu aspecto questionador e agitado, embora solidário. Rossi, por ser o melhor de Hotch não esboça reação, pois como melhor amigo, já está a par do assunto. Blake reage de forma apenas profissional, já que, por estar há pouco tempo no time, não tem vínculos profundos com seu chefe. E, de forma brilhante, apresenta-se em um take de poucos segundos ( sim, eu voltei a cena diversas vezes) a expressão de um Reid confuso e quase abandonado, em uma referência depois exposta no diálogo a seguir com JJ à sua fragilidade em relação a abandonos mencionados no início do texto. 




Duas coisas me incomodaram. A primeira foi o unsub andar com a cabeça de uma vítima para lá e para cá sem que a mesma exalasse qualquer odor repugnante ( juro, depois da cena da geladeira será difícil usar meu prato de bolo com tampa sem ter uma breve lembrança desagradável). A segunda, depois esclarecida ao final do episódio para mim, foi o porquê de usarem uma atriz como a Camryn Manheim para uma aparição meio apagada como mãe do unsub ( ela com certeza terá destaque na segunda parte do episódio).

Sobre o insight do Spencer a respeito do delírio do unsub, sinceramente achei meio confuso. Não vi necessidade ( à princípio, pode ser que de certa forma eles voltem no assunto no próximo episódio) de incluir a mitologia de Pheidippides na explicação apenas para ilustrar a determinação do suspeito. Somente quem conhece história grega ( ou fizer uso do Google) irá entender a referência. Reid conclui que o rapaz está obcecado pela figura do louva-deus. O dito bichinho é um inseto cuja fêmea costuma comer a cabeça do parceiro macho durante o ato sexual. Na opinião do jovem agente isto explica a posição em que os corpos das jovens são encontrados, o fato do conteúdo estomacal sempre indicar ingestão de apenas pedaços da cabeça da primeira vítima, o tiro no coração e indica também que ele está agindo ele próprio como o louva-deus, antes que as fêmeas que o cercam o façam. Acredito também que a relação do louva-deus e do fascínio por cobras fique esclarecida na segunda parte do episódio.

Com a informação obtida através do DNA da primeira vítima fica fácil para Garcia amarrar as pontas e chegar ao possível suspeito: um jovem inconformado com o rompimento do namoro entra em crise e é impedido através de ordem judicial solicitada pelos pais da moça de vê-la novamente. Anos depois ele descobre através de nota nas colunas sociais de um jornal que a tal jovem está de casamento marcado com outro rapaz. Este é o gatilho que desencadeia a morte da antiga namorada e demais vítimas que ele vê, de forma delirante, como possível ameaça.

Tenho de fazer referência aqui às cenas da alucinação. Utilizando-se dos recursos recorrentes em filmes de terror, em especial aos filmes japoneses, o efeito embora manjado, impressiona por ser inesperado na série. Lembro-me de episódios em temporadas anteriores que faziam referências a alucinações ( em especial Blood Hungry – 1x11, cujos efeitos são totalmente diferentes e causam muito menos impacto). A maquiagem da vítima e a edição de imagens frenética, com aproximação e distanciamento, causam o efeito esperado, fazer com que o espectador sinta a mesma angústia do unsub alucinando. A perseguição ao suspeito e sua fuga geram uma frustação momentânea, até que um guarda o reconhece através do retrato falado em um carro que passa por ele. A cena em câmera lenta não é por acaso. Os mais atentos já percebem que o sujeito que dirige o carro não está usando uniforme e está calmo demais, diferente de alguém que acaba de sair em fuga em uma shopping center. Uma vez dado o alerta, voltamos à cena do início do episódio para descobrirmos que o provável acidente de Morgan e JJ dentro do carro não passou de um susto. Detido, o suspeito passa pelo processo de fichamento e a equipe já aparece retornando à Virgínia dentro do jatinho. Neste momento o roteirista lança mão de outro recurso inesperado e ( para quem não lê spoilers), nos surpreendemos com o Hotch recebendo um telefonema ( as chamadas do meu celular vivem caindo mesmo quando falo com meu marido a seis quadras daqui, que inveja do Hotch que fala claramente em pleno ar!!!!!) afirmando que eles pegaram o suspeito errado, para logo em seguida vermos, aquele que para nós é o unsub, dentro de uma lanchonete, fazendo compras e vendo na tv ligada do estabelecimento a notícia da prisão daquele que através da frase final, saberemos ser seu irmão gêmeo. Sacada genial para um gancho para o próximo episódio!

O final do episódio abre um leque de possibilidades para as situações não explicadas do caso. Deixo aqui meu palpite e convido você leitor a fazer o mesmo: como a moça diz nas alucinações que o amava, acho ser possível que os gêmeos tivessem se revezado no relacionamento sem que ela soubesse ( dormindo ora com um, ora com o outro), causando revolta e o rompimento quando ela descobrisse a jogada dos irmãos. Da mesma forma acho que eles se revezaram também nos crimes, em uma espécie de alucinação conjugada. Só não fica claro para mim ainda, de que forma a mãe entra na jogada, já que ela não mencionou em nenhum momento o fato de ter tido filhos gêmeos (que ela pode sequer saber, ela pode ter dado o outro em adoção ou ter sido levada a crer que o segundo filho morreu no parto, por exemplo. Ou ainda, fazer parte desta alucinação coletiva).

Enfim, um início de première para chacoalhar a poeira das férias, cheia de inovações e sobressaltos que, espero, pontue todos os próximos episódios ao longo da nona temporada.

Observações que não consigo deixar de fazer:

* A ala jovem que me perdoe, mas alguém precisa apresentar Matthew Gray Gubler ao pente e à tesoura. Com urgência!
* Outro que precisa de tesoura no cabelo é Thomas Gibson. Mais um pouco e sua costeleta fará inveja a Elvis Presley!
* Um muito obrigada a roteiristas que prezam seus fãs e sabem amarrar as estórias com capricho. Refiro-me à menção de Rossi ao dizer a Hotch que Strauss trazia muito trabalho para sua casa, sugerindo que eles estavam em uma relação séria. Uma forma de dizer que Rossi não se esqueceu da mulher com quem estava em um relacionamento, só porque trocamos de temporada.
* Outro muito obrigada por Garcia achar suas informações de forma mais lógica (e às vezes não achar), não como se fosse uma vidente sentada em frente de um computador.


É isso. Que este ótimo episódio de estreia seja o prenúncio de uma ótima temporada, cheia de bons roteiros e as excelentes interpretações de sempre!

Que venha o 9x02!

Bjos!

Para Todos Aqueles Que Acompanham Este Blog!!

Amigos,


Eu sei que a vida não anda fácil para ninguém, mas para mim anda especialmente difícil. Tenho tido problemas de saúde que estão me impedindo de postar em meu blog constantemente, como sempre fiz, em especial com as continuações de fics e reviews de Criminal Minds. Peço desculpas, em especial a quem vinha aguardando atualizações de fics, e se tiverem paciência, elas ainda virão. Por enquanto, vou postar por aqui as reviews da nona temporada de Criminal Minds, único compromisso que jurei honrar durante este meu período tumultuado. Em breve espero poder voltar a atualizar meu blog normalmente. Um grande abraço a todos!

Débora