sexta-feira, 17 de julho de 2015

Aquarius 01x03: Never Say Never To Always


“Never Say Never To Always”  é muito bom. Talvez tão bom que lamentemos que cada cena tenha tão pouco tempo para ter sido melhor desenvolvida, em face da quantidade de informações derramadas sobre o telespectador. Cada novo fato é carregado de camadas de emoções reprimidas, de informações contrapostas e um medo que beira a loucura, pintando corretamente o retrato de uma época controversa, onde tudo parecia mais cinza do que preto no branco.


O medo de Ken de ter exposta sua homossexualidade é tão aflitivo quanto o medo de Grace de sua filha não precisar mais dela e de tudo o que ela e sua família representam. Shafe teme que Charmain tenha cruzado uma linha de onde nunca poderá voltar ( e de quebra, por sua culpa) e Sam não consegue admitir que seu filho não seja o herói que pensa ter sido, sua imagem e semelhança, uma total decepção. Emma submetesse a todas as perversões de Manson, mesmo não estando convencida de que está fazendo a coisa certa, apenas porque tem medo de decepcioná-lo, o que de certa forma, seria dizer que seus pais estavam certos em toda a sua convencionalidade  e moralidade insipientes. No fundo, os tempos de paz e amor perpassam mais por um pedido de socorro, porque se perdeu em guerras, decepções e regras que já não bastam a si. 



A pseudo inocência na cena da gravação da demo, ou Sadie contando que morava na mesma rua de Janis Joplin contrapõem-se à constatação de que aquelas meninas estavam naquela casa por opção, de que aquele poderia ser de alguma forma uma maneira de se viver, de sua filha querer viver. Então, da mesma forma que Charmain se liberta das humilhações de Cut, depois de praticar sexo para a sobrevivência de uma investigação, Grace liberta-se da humilhação de não saber mais quem é sua família, as atitudes estranhas do marido, a opção incompreensível de Emma e entrega-se para Hodiak. Ambos atos libertários no momento em que os Estados Unidos deixavam, às vistas do povo, de serem os bonzinhos para serem os vilões no contexto da Guerra do Vietnã. Algo quase como um grito de paz e amor nas ruas de Sunset Street.
A profusão de cenas em close colabora para tornar-nos mais íntimos de cada personagem, aumentando sua carga emocional, em uma tentativa de nos causar compaixão por cada personagem. De Hodiak, que descobrirmos ter sido um marido embriagado e abusivo a Ken, um acovardado  homossexual que paga qualquer preço para esconder sua natureza dos outros e de si mesmo, não há inocentes de quem se compadecer. Cada cena é pensada para contradizer a seguinte ou para nos chocar com algo provável. Quem esperava um discurso raivoso de Charmain para Shafe por ele tê-la jogado aos leões, ou esperou ver Emma negar-se a ser utilizada como moeda de troca de Manson errou feio.
É esperar para ver se a série consegue manter-se tão interessante como tem-se demonstrado nos episódios iniciais, sem cair nos clichês óbvios demais. Também ainda não tenho certeza se o caso de drogas que culminou com o assassinato de Art ainda terá outros desmembramentos.
Até a próxima!


Todo o fanatismo é nocivo. Mas este que defende "direita" ou "esquerda" já está ficando doentio por grande parte das pessoas dos dois lados. Li algumas matérias quase inacreditáveis ( nem vou colar links aqui, quem quiser saber que me pergunte ou passeie pelos jornais e revistas on line) só faltando falar que o Papa devia ter urinado sobre a peça que recebeu do Evo Morales.

No meu entender ele teria aceitado de maneira protocolar qualquer presente das mãos de um mandatário, cujo país o está recebendo como visitante. Mesmo que contrariado ( o que não me parece ser o caso, já que a tal cruz polêmica foi entalhada por um jesuíta assassinado por motivos políticos - o jesuíta seguia a Teoria da Libertação e o Papa demonstra claro viés favorável ao assunto), qualquer desfeita teria certamente criado um incidente diplomático, para não dizer mais do que isto ( educação na casa dos outros - ninguém mais lembra disto...) Além disto, os organizadores das viagens tem por obrigação conhecer a doutrina, costumes e anseios de cada país, sabendo que atos assim são plausíveis e previsíveis.

Assim, lembrando que a visita do Papa em qualquer país visa levar a PAZ, através da palavra de Deus entre outras coisas, ( PAZ, será que as pessoas ainda se lembram qual o real significado desta palavra?) era de se esperar que as pessoas entendessem que ele não deveria recusar o presente. Ao contrário disto, bem ao contrário, só vejo gente xingando o dito cujo ou elogiando-o por ter-se tornado comunista.

Acho que estou me cansando de viver..... Quanta falta de bom senso por causa de um pedaço de madeira.... ( nada contra a possível arte embutida em si na peça, ok?)

Abraços......

Links Para Podcasts de Criminal Minds


Algumas pessoas que me acompanham sabem que estou gravando semanalmente Podcasts para a página do Criminal Minds Brasil, atendendo ao convite da querida Patrícia Angélica. Em período de temporada ativa, gravamos a respeito do episódio semanal, das expectativas para o episódio seguinte e as notícias sobre a série e seu elenco.

No período de férias do show ( o chamado Hiatus ), organizamos uma série de assuntos pertinentes, para que não deixássemos nosso púbico na mão. Assim sendo, estão sendo gravados podcasts com uma análise sobre todos os seasons finales e outros, com assuntos que vão de episódios dirigidos por atores até outros falando sobre o quanto são críveis os unsubs da série.

Estou colando abaixo alguns links que remetem à estes podcasts, hospedados na página criminalmindsbr.wordpress.com. No Criminal Minds Brasil vocês irão encontrar todo o tipo de máteria e informação sobre a série. A página é muito completa e a equipe super responsável. Os fãs do show com certeza irão amar.

Não participo em 100% das gravações, mas além da minha participação e da participação da Patrícia, vocês irão ouvir gente muito legal como a Dayana, a Tatyana ( também do regular cast) e outros convidados bem informados como a Brenda, o Caio, a Silvinha, a Vanessa, a Evelyn e vários outros.

Então fica aqui o convite para que conheçam os podcasts de Criminal Minds, uma turma show de bola falando da série mais interessante da TV americana. Prestigiem!

Abraços!

Podcast CMBR 10.20 (A Place at the Table)

https://criminalmindsbr.wordpress.com/2015/04/25/podcast-cmbr-10-20-a-place-at-the-table/

Podcast CMBR 10.21 (Mr. Scratch)

https://criminalmindsbr.wordpress.com/2015/05/02/podcast-cmbr-10-21-mr-scratch/#comments




https://criminalmindsbr.wordpress.com/2015/05/25/podcast-cmbr-10-23-the-hunt/


https://criminalmindsbr.wordpress.com/2015/06/13/podcast-cmbr-hiatus-1-02-10-anos-no-ar/

Podcast CMBR Hiatus 1.03 (SF 1ª Temporada – ‘The Fisher King’)

https://criminalmindsbr.wordpress.com/2015/06/20/podcast-cmbr-hiatus-1-03-sf-1a-temporada-the-fisher-king/

https://criminalmindsbr.wordpress.com/2015/07/09/podcast-cmbr-hiatus-1-05-o-realismo-dos-unsubs-de-criminal-minds/

( existem vários outros podcasts anteirores, estes são os últimos, mas vocês encontrarão todos os demais na mesma página!!)



sexta-feira, 3 de julho de 2015

Aquarius 01×02: The Hunter Gets Captured By The Game


Não sei se a série conseguirá manter esse seu fôlego visto ainda no segundo episódio, mas se conseguir, certamente estará fadada a prêmios vários. Se em Everybody’s Been Burned somos apresentados aos personagens, sua época e a um conflito primário ( o desaparecimento de Emma), neste episódio o roteiro estende suas teias para problemas diversos, explorando o caso atual, sem deixar de mostrar um novo caso em aberto e a sua conclusão.

que era de se esperar que Hodiak tivesse outros casos a resolver e não se detivesse apenas ao pedido de sua grande amiga, no entanto o que surpreende é a forma como estes artifícios são utilizados. Enquanto aguarda algumas informações para continuar a investigação do desaparecimento de Emma e dispõem-se a ajudar Brian Shafe ( seu então parceiro neste caso) a abafar boatos espalhados pelo seu informante sobre ser policial, a dupla atende a um chamado de assassinato. O assassinato de uma mulher branca em uma vizinhança quase que exclusivamente formada por negros. O que poderia parecer pretensão demais, abrir várias portas em um único episódio, acaba sendo uma forma equilibrada e eficaz de descrever ainda melhor a personalidade de nosso detetive e seus relacionamentos com todos os outros elementos da delegacia. Fica claro, por exemplo, que ele não teme quebrar regras, tampouco importa-se com quem irá magoar, para quem irá mentir ou quem irá desrespeitar. Algumas cenas deixam isso bem claro como quando ele ensaia bater no informante de Shafe para obter a informação necessária, depois de uma tentativa frustrada de seu jovem parceiro. Ou quando soca o delator e ainda lhe escreve “dedo duro” na testa. Ou, a total falta de ética demonstrada quando leva um ativista negro preso apenas para dar a impressão ao acusado de que ele irá depor contra e, assim, derrubar seu álibi ( sim, quando do momento da investigação, chega ao bairro um ativista, um membro daquele que seria no futuro o movimento mais marcante dos negros nesta década: os Panteras Negras). Não sente qualquer remorso em trancar Shafe do lado de fora da sala e mandar Charmain enrolar o advogado de defesa, tendo assim, com habilidade, tempo para convencer seu suspeito a fazer uma confissão por escrita. Sam Hodiak poderia ter seguido os trâmites legais e permitido ao acusado uma defesa legal? Sim. Este mesmo acusado iria se safar de matar a mulher com todo um lero-lero de que estava às portas da morte, estando acometido por um câncer fatal? É provável, ou nem tanto, mas isto não faria diferença para Hodiak. Ele é um cara amargurado, meio de saco cheio de tudo o que o cerca, em especial o mundo da forma mesquinha como tem se apresentado. Ele não tem mais paciência para meios termos. Ter estado em uma guerra o tornou embrutecido e meio sem tempo para coisas desnecessárias.

No entanto este seu modo de pensar apressado o leva a péssimos julgamentos. Quando confronta seu parceiro sobre se teria tratado o acusado de forma diferente caso ele fosse negro, acaba por vivenciar algo que nunca imaginaria: Shafe pede uma carona e lhes apresenta sua esposa e filha, ambas negras. O velho Sam tenta uma brincadeira com o nome de Bernardette ( a filha ), mas rende-se ao fato de que errou e errou feio. Talvez seu único traço de humanidade até aqui.

Em paralelo, ainda tivemos no episódio uma tentativa frustrada de aproximação de Shafe e Charmain com o grupo de Manson, a iniciação de Emma no mundo do crime ( em um furto  que acaba não dando certo) e, ao final o chocante encontro de Ken Karn com Manson, onde fica claro que o pai de Emma esconde sua homossexualidade atrás dos reflexos de uma vida perfeita ao lado de sua esposa.
Mas, o episódio ainda nos reservou outra surpresa: Walt, o filho de Hodiak volta para casa dizendo que foi dispensado do combate no Vietnã. Desconfiado, busca informações e descobre que a única forma de obter dispensa seria provando que um dos pais estaria à beira da morte. Hodiak vai então confrontrar sua ex esposa Opal e descobre que ela teria mexido os pauzinhos para trazer o filho de volta. Enquanto ela acredita ter oferecido a liberdade a Walt, Sam afirma que o final de mãe e filho será a prisão, já que em teoria Walt estaria desertando.

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Lembram que lá no início eu disse ser pretenciosa a intenção de inserir vários assuntos em um único episódio? Pois bem, que tal agora eu dizer que The Hunter Gets Captured By The faz tudo isto usando uma montagem rápida para parecer lenta e ociosa? Tal qual a disposição de nosso suposto herói, a imagem  ( com filtro quase em sépia, em tons amarelados) tenta reproduzir a inércia de um final de tarde à beira da praia, preguiçoso e indolente, mesmo quando ele burla os direitos do acusado para pular etapas. Simplesmente genial.

Até o próximo episódio pessoal!

Nota:
  • Há que se destacar a brilhante participação ( que deverá ser recorrente) de Gaius Charles ( Greys Anathomy) no papel do ativista negro Bunchy Carter. Bunchy não apenas é um personagem real, como também ficou conhecido como o fundador do Movimento Panteras Negras, movimento este que inicialmente pregava que negros só seriam julgados por negros, só se reportariam a outros negros, só se serviriam dos serviços de médicos, advogados, engenheiros, etc… negros. O Movimento era ultra radical e depois foi amaciado para obter a simpatia popular. Bunchy foi baleado em 1969 por um grupo rival e tornou-se uma espécie de mártir de sua causa ( movimento Black Power, ou movimento Negro.
  • Muito legal a forma como demonstram a introdução da leitura dos direitos de um acusado ao ser       preso ( aquele famoso… você tem o direito de se calar…..). No ano de 1966 entrava em uso a Lei dos Direitos de Miranda ( ou Miranda Rigths), que leva este nome pois refere-se a um julgamento onde fez-se a necessidade da criação de tal lei. Sam precisa na cena limpar seus óculos para ler a frase ao preso, já que, por ser relativamente recente, ainda não estava incorporada totalmente aos hábitos policiais.
  • Vai ser interessante ver Duchovny voltar a viver Mulder quase que imediatamente após viver Hodiak, poius vai ser divertido ressaltar as diferenças.
Até o próximo episódio!

Aquarius 1×01: Everybody’s Been Burned


Não se deveria assistir ao piloto de Aquarius sem se ter uma boa noção dos acontecimentos mais importantes dos anos 60, principalmente nos Estados Unidos. Em 1967 Lyndon B. Johnson, que como vice assumira logo após a morte de Kennedy em 1963, estava em seu sexto ano de mandato. A década de 60 de forma geral foi rica em movimentos, advindos daquilo que a mídia americana e, posteriormente a europeia passou a chamar de contracultura. Com o final da segunda guerra mundial, jovens descontentes, com ideias libertárias, oposicionistas da guerra fria ( e, posteriormente, à Guerra do Vietnã), do militarismo, do autoritarismo e do consumismo em excesso, pela primeira vez pregavam a não violência, e mesmo que houvesse a fome e a miséria, seu lema era o da Paz e do Amor. Surgiam as primeiras comunidades hippies, o desejo de se amar ao próximo e de lutar incondicionalmente pelos direitos das minorias, em geral, mulheres, negros e homossexuais.

Estes movimentos tiveram início em várias cidades dos EUA como San Francisco, Chicago, Nova York e em Los Angeles, especificamente na Sunset Boulevard, onde a estória de Aquarius tem seu início. E se você não conhece nada disto não tem importância, a direção de arte de Adam Davis, a direção de fotografia de Lukas Etllin e o próprio criador e produtor John Mc Namara (In Plain Sight e Fastlane entre outros) não vão deixar você na mão.

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Sam Hodiak (David DuchovnyThe X Files, Californication) é um veterano da segunda guerra que hoje é detetive de polícia em Los Angeles, especificamente na área da Sunset Boulevard, local onde florescem os movimentos libertários, onde cabeludos e desocupados pedem por paz e amor. Em resumo, um grande mundo de moças avançadas  e músicos cabeludos e sem asseio que ele não consegue entender. Isto faz dele um homem um tanto entediado e sem muita paciência.

Ele atende ao chamado de uma mulher do seu passado, Grace Karn (Michaela Mc Manus - One Tree Hill, Law & Order: SVU), que claramente representa o “melhor” da sociedade, com status, dinheiro e relações de uma família tradicional e influente. Sua filha Emma (Emma Dumond ) está desaparecida há quatro dias, no entanto ela deixa que existe a necessidade de discrição na investigação, pois rumores poderiam atrapalhar os planos políticos do chefe de família, Ken Karn, interpretado por Brian F. O’Byrne.
Sam sabe que é para ele impossível perpetrar um universo tão diferente dele quanto possível e para isso escolhe como parceiro o jovem e um tanto rebelde Brian Shafe (Grey Damon de Friday Night Lights).
É quando eles saem atrás de uma possível pista que começamos a entender o mundo em que Sam, Brian e Emma vivem. O filtro amarelado, por vezes quase sépia usado nas câmeras retrata uma Los Angeles bucólica, um tanto entregue à sorte, quase tanto quanto os jovens que buscam através de seus movimentos uma mudança difícil de acontecer.

Sam e seu parceiro caminham por entre toda a sorte de transgressões, do consumo excessivo de drogas pesadas ao sexo livre, entre jovens cuja a idade é muito difícil prever. Nesta caminhada não demora muito para  conhecermos Charles Manson (Gethin Antony, de Game of Thrones), jovem que já havia cumprido pena, entre períodos de internação juvenil e mais nove anos de prisão.

Manson deve ter aqui por volta de trinta anos e já inicia seu aliciamento de jovens de classe abastada, cujo relacionamento familiar fosse problemático (caso de Emma), com o absurdo delírio de tornar-se um ídolo musical, uma espécie de rei do rock, compondo e interpretando suas próprias músicas. Em suas poucas cenas já se consegue ter uma noção da sandice do rapaz: usando seu carisma intrínseco enamora as jovens que o seguem (com uma lábia impressionante) com a mesma veemência que torna-se frio e cruel (como na cena do quase estupro do pai de Emma).

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Em uma tentativa de acesso ao grupo formado por Manson, Sam e Brian recrutam Charmain Tully (Claire Holt) para se passar por uma das seguidoras, mas ela esbarra no fiel segurança de Manson, que precisa “testar” cada moça que queira conhecê-lo. Apavorada com a possibilidade de ter que transar com o cara, ela e Brian conseguem escapar da situação de um jeito bastante improvisado.
Ao contrário de muitos eu não pretendo assistir à série em uma tacada só, uma vez que a NBC liberou os treze primeiros episódios on-line para quem quiser maratonar a série. De minha parte pretendo absorver e apreciar calmamente este espectro de referências e sensações que Aquarius desperta. Portanto, se alguém for assistir tudo de uma única vez não poderá contar com minhas reviews na mesma proporção.

Assistir aos primeiros quarenta e três minutos de Aquarius trouxe-me mais do que a curiosidade de ver retratada a história de Charles Manson, ainda que em um crime meramente ficcional. Trouxe-me a vontade de revisitar os anos 60 sob a ótica de um detetive que tem aproximadamente a minha idade, e ainda que em épocas diferentes, o mundo mudou tanto quanto surpreendente possa ter sido este período.
Recomendo que a série seja apreciada como um todo e que a expectativa não gire apenas em torno da mente doentia de Charles Manson. Se mantiver o padrão, cada episódio poderá nos brindar com uma aula de história, com referências que pautam hoje nosso mundo e são o motivo de vivermos como vivemos hoje em dia.

Nota:
  • Embora para os brasileiros não tenha o mesmo peso, creio que a trilha sonora do episódio tenha uma importância fundamental para americanos e não americanos que curtem e acompanham a história musical. São composições que carregam o momento vivido, com letras que retratam toda a carga dramática daqueles anos. Não sou grande conhecedora do tipo de música desta época, mas ela faz, sem dúvida, parte da história dos movimentos da contracultura, tanto quanto significou o movimento Tropicalista no .
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  • David Duchovny consegue ir além de Mulder com seu terno e gravata retratando Sam Hodiak. Claro que em um primeiro momento a associação é inevitável, mas bastam alguns poucos minutos para sabermos que David não é Mulder ali, é Sam, Para quem como eu acompanhou Californication então,  mudança é radical.
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  • Para quem gosta de analisar uma série sob outros aspectos, fica a dica: a fotografia é sensacional. Através dela podemos desconstruir o sentimento da cena e toda a carga emocional que ela retrata. Além do que, diversas tomadas fazem uso do steadicam, tornando as cenas altamente pessoais e trazendo uma agilidade que contrasta com a preguiçosa melancolia da fotografia. Simplesmente primoroso.
Até a próxima semana!!

Criminal Minds – Primeira Temporada: O Gênesis



Dramas criminais nunca foram exatamente novidade para o público que em 22 de setembro de 2005 acompanhou a estreia de Criminal Minds, exibido e produzido pela rede americana de televisão aberta CBS em co- produção com a ABC Studios. Muitos destes shows de TV destacavam-se por se desenvolverem em determinado ambiente (como por exemplo, NCIS, cujo herança de ser spin off de JAG determinou que sua ação ocorresse na Marinha Americana). Outras, preocupavam-se em enfatizar o método de investigação criminal, como CSI e seus spin offs que visavam priorizar a investigação através do ponto de vista de evidências materiais. Muitas focavam-se no dia a dia de delegacias (como Without a Trace), paramédicos e bombeiros (Third Watch), ou ainda no desenvolver do crime sob a aspecto do tribunal (por exemplo, Law & Order e suas franquias). A inovadora The Ex Files (Arquivo X) caminhava de braços dados com teorias conspiratórias e fatos inexplicáveis e a saudosa Moonlighting (no Brasil, exibida como A Gata E O Rato) foi para a época o que hoje é Castle para seus fãs: um criminal que investe firmemente no romance e na comédia.

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Criminal Minds prometia mais do que qualquer destes aspectos, prometia invadir a mente de um criminoso em série para assim poder prever seus futuros passos e impedir novos crimes. Nesta noite a série idealizada por Mark Gordon e Jeff Davis superou como melhor estreia a série Lost, que um ano antes estreava na casa dos 18 e meio milhões de telespectadores, que por sua vez, superou a última melhor estreia do gênero, que fora em 1995, com Murder One. Com 19.57 milhões de telespectadores, a série não conseguiu convencer, apresentando um episódio com mais promessas do que conteúdo. O roteiro de Extreme Agressor até que mostrou-se ousado e tentou levar a sério sua premissa, no entanto, com a difícil tarefa de inovar misturando-se à necessidade de apresentar e contextualizar muitos personagens regulares ( eram na verdade seis agentes, JJ aparece apenas a partir do segundo episódio da série), deixou muita coisa a desejar. O resultado de um episódio apenas regular foi a queda vertiginosa de sua audiência nos episódios seguintes (de 01×02 a 05, pela ordem Compulsion, Won’t Get Fooled Again, Plain Sight e Broken Mirror), com números girando entre 10 e meio e 12 e meio milhões de telespectadores. Embora contasse com o aval de exibição do canal, os produtores ainda lidavam com outro grande problema: americanos levam muito a sério a classificação etária dos seus shows e a proposta era mostrar crimes cruéis, criminosos sádicos, mentes deturpadas, muito diferentes dos assaltos a mão armada habitué de outras séries.


Season 1 (14)

Entre roteiros brilhantes, tomadas de câmera pouco comuns e montagens interessantes, a primeira temporada oscilou bastante em qualidade e audiência. Alguns episódios excelentes como o 01×06 – The Fox, 01×14 – Riding The Lightning, 01×17 – A Real Rain e 01×19 – Machismo foram aos poucos consolidando uma audiência que, se não trazia o resultado esperado em números na amostragem que interessa ao patrocinador, certamente se consolidava em números absolutos, voltando a bater entre 14 e meio e 15 e meio milhões de telespectadores em diversos episódios. Importante também foi descrição de casos reais semelhantes aos ficcionais, mencionados semanalmente, acrescentando credibilidade a um assunto pouco conhecido. Quem assistia às variadas barbaridades na tela, sentia-se mais confortável (ou não!! que mundo é este!!!) ao saber que tais casos tinham um fundamento, que coisas esdrúxulas não eram apenas tiradas da cartola sem veracidade. Uma Season Finale extremamente criativa (01×22 – The Fisher King – part 1) garantiu não apenas a renovação para nova temporada, mas um aumento surpreendente nos números.

Season 1- 2 lote (1)

Com um começo meio morno e episódios irregulares, os menos atentos ou insistentes não puserem fé na longevidade da série. Inúmeros outros shows que começaram um ano antes ou um ano depois de Criminal Minds foram ficando pelo caminho, com apenas duas, no máximo três temporadas. Em sua maioria, os episódios do novo show ficavam muito mais no difícil caminho da construção de um perfil do criminoso do que propriamente contando um pouco mais da vida de cada um dos agentes. O maior privilegiado nesta primeira temporada foi o agente Aaron Hotchner, que no primeiro episódio temos a oportunidade de descobrir que está para virar pai de primeira viagem e onde, aos poucos iremos acompanhar suas dificuldades em conciliar uma atividade profissional tão peculiar e extenuante com a saudável vida em família.
Curiosidades:
  • Embora a atriz Kirsten Vangness apareça em todos os episódios da primeira temporada, ela passa a ser creditada como parte do elenco regular da série apenas na segunda temporada.
  • Como dito antes, a atriz AJCook aparece interpretando Jennifer Jareau apenas a partir do segundo episódio da série.
  • Logo no primeiro episódio conhecemos aquela que será a esposa de Hotch na série por três temporadas: Haley Hotchner aparece grávida e é interpretada pela atriz Meredith Monroe.
  • Fica um pouco confusa na primeira temporada a função de Jason Gideon. Embora ele seja um agente sênior não em posição de chefia (cargo de Hotch), ele durante diversos episódios toma decisões e assume responsabilidades que ao meu ver caberiam ao chefe da unidade, por maior que fosse sua experiência ( função que passa a fazer mais sentido a partir do momento que David Rossi assume no lugar de Gideon, na terceira temporada).
Quer saber como uma das séries mais duradouras da televisão sobreviveu a tantas turbulências e continua sendo uma das grandes apostas da CBS? Acompanhe conosco os comentários sobre as diversas temporadas de Criminal Minds.

Até a próxima!

Débora Gutierrez R Clemente

(texto originalmente publicado para a página Criminal Minds BR, em 06/15. Todas as fotos creditadas à  
Criminal Minds BR)

A Longevidade de Criminal Minds: Do Descrédito Ao Top 10!


A história de Criminal Minds é, a princípio, igual à de tantas outras séries americanas que passam nas mais diversas redes de televisão abertas do país. O que muda radicalmente sua trajetória tem o nome de determinação e respeito aos fãs.
Criminal Minds, nas palavras de Thomas Gibson em sua pré-estreia “ –Era para ser um piloto sem muitas expectativas. Ninguém realmente acreditava que a série vingaria”.
 
Thomas Gibson of

Criada por Mark Gordon e Ed Bernero, a série estreou nos EUA em 22 de Setembro de 2005, levantando polêmica acerca da sua área de atuação – o plot de Criminal Minds era trabalhar com uma equipe que traçasse perfis dos criminosos a fim de se adiantar em seus crimes e, talvez, evitar assim, mais mortes. Ed Bernero era então um policial aposentado, que tinha em seu currículo Third Watch , uma série que abordava o dia a dia de policiais, bombeiros e socorristas e que havia durado seis temporadas. 

Com produção conjunta da ABC e a rede CBS, Criminal Minds tinha como protagonista Jason Gideon ( cujo nome original seria Jason Donovan), um profiler chefe da Unidade de Análise Comportamental, cercado de especialistas, os personagens recorrentes, Hotch, Morgan, Reid, Elle, JJ e Penélope Garcia ( esta, embora participando de todos os episódios, foi listada no elenco fixo apenas a partir da segunda temporada). Aliás, o primeiro nome dado a Criminal Minds foi “Quântico”. Até pela sua experiência em campo, Ed Bernero sempre se esmerou em concentrar os temas de seus episódios muito mais nos UNSUBS – termo utilizado para determinar um criminoso não identificado – e seus crimes hediondos e seriais, do que propriamente nos membros de sua equipe. 


Cast (69)

Com o passar dos anos, o show passou por uma série de turbulências. A primeira baixa na série foi de Lola Glaudini ( Elle Greenway) que pediu para sair, uma vez que sua família não residia em Los Angeles. No início da segunda temporada a atriz sai ( 2×06), para assumir em seu lugar Paget Brewster encarnando Emily Prentiss ( 2×09). Embora a transição tenha corrido de forma tranquila, questionou-se se a série sobreviveria sem sua principal personagem feminina e como o público aceitaria a nova personagem.
 
Cast (26)

No início da terceira temporada de Criminal Minds, Mandy Patinkin (Jason Gideon) simplesmente não apareceu para a leitura inicial de texto (mais tarde ele alegou diferenças irreconciliáveis com a série, reclamando do excesso de violência da mesma) e a equipe ficou meio “sem saber exatamente o que fazer”. Tendo por opção editar alguns episódios anteriormente não aproveitados, uma última participação do ator sem a presença de qualquer companheiro de elenco e um comentário especialmente preparado por Thomas Gibson (ele já fôra colega de cena de Mandy em Chicago Hope, série que Mandy também abandonou, logo TG não pareceu particularmente surpreso com o fato) onde afirmava aos “colegas” de BAU que “eles – personagens e série” sobreviveriam sem Gideon/Mandy ( última participação no 3×02), a série seguiu corajosamente em frente sem seu ator âncora ( considerado aquele que puxa a audiência da série). O andamento da temporada sem seu ator principal moveu algumas peças no enredo e deu a Thomas Gibson definitivamente o cargo de “chefe”. A série que tinha então tudo para naufragar, foi cuidadosamente tratada para que a saída de seu âncora fosse superada com sucesso. No primeiro terço da terceira temporada (3×06) conhecemos David Rossi, personagem de Joe Mantegna, e a série parecia tomar novamente um rumo confortável . Já na quarta temporada tivemos a introdução de Jordan Todd ( Meta Golding ) por oito episódios para substituir AJCook durante sua gravidez. 

CRIMINAL MINDS

Criminal Minds sempre teve outra frente a combater. Os americanos mais conservadores sempre a viram como uma série excessivamente violenta, mesmo que subjetivamente e o show penou até conseguir um lugar de respeito na audiência. Seus produtores tiveram que brigar para fazer valer episódios com temas mais fortes e cenas sugestivas e, ainda assim, encontravam resistência para ampliar a audiência. Mas, em detrimento da dificuldade generalizada, Criminal Minds corria por fora formando um público cativo, que se não era lá tão grande em números, era ao menos constante e lhe valia sempre um lugar entre os quinze programas mais assistidos. 

Reza a lenda que, a fim de investir em um spin of ancorado por um conhecido nome do cinema americano ( no caso, Forest Whitaker), a CBS teria decidido reduzir o elenco da série original apostando no seu esgotamento e já preparando terreno para mantê-la viva através de sua nova cria. A rede optou por demitir via twitter a atriz A.J.Cook (último episódio: 6×02) e diminuir a participação de Paget Brewster para apenas dezoito episódios na temporada – último episódio :6×18). Isso causou a ira dos fãs mais fiéis que se manifestaram via petição, entre outros canais e conseguiram chamar a atenção da CBS. Ainda na sexta temporada a entrada da atriz Rachel Nichols como Ashley Seaver como uma estagiária – 6×10, gerou uma queda significativa na audiência, chegando a fomentar comentários de ódio nas redes sociais e desafiando novamente a manutenção dos números, dificultando a tarefa do show em manter-se rentável e interessante para o canal. Após o fracasso do spin-of, cancelado com apenas treze episódios, para tentar consertar a própria lambança a CBS demitiu Nichols (que encerrou sua participação no 6×24) e recontratou AJCook ( que havia feito participação especial no 6×18 e retornou definitivamente no 6×24) e convidou Paget Brewster a retornar no 7×01. Neste meio período também houve a saída de vários roteiristas e Ed Bernero largava definitivamente a produção de Criminal Minds, passando o bastão para a então produtora supervisora Erica Messer. 

CRIMINAL MINDS

Ainda assim, mais problemas surgiram na sétima temporada, quando Paget Brewster anunciou sua vontade em fazer comédia e tentar novos horizontes. Paget encerrou sua participação como personagem fixa do show no episódio 7×24. A atriz ainda fez uma participação especial no episódio “200” ( 9×14). Para seu lugar, foi contratada a atriz Jeanne Triplerhorn, como a agente Alex Blake que participou de Criminal Minds por duas temporadas ( 8×01 a 9×24). Para a décima temporada já foi anunciada uma nova contratação, a atriz Jennifer Love Hewitt ( do extinto show Ghost Whisperer) se juntará ao elenco regular e interpretará a agente Kate Callahan. 

Com todo este histórico definitivamente conturbado, há de se questionar como uma série com tantos problemas é, hoje em dia, o sétimo show mais assistido do país. 

 
Mas é! Em sua nona temporada o show alcançou, senão números tão elevados como em suas quarta e quinta temporada, audiência para mantê-la entre as melhores séries da tv aberta. E aqui cabem duas explicações. 

É sabido que atualmente as séries de maior duração são também aquelas que acabam tendo uma maior audiência, por conta da fidelização do público. É fácil explicar que, em não havendo nenhum descalabro em termos de roteiro, o público segue fiel aos personagens que por anos entram em suas casas, permeiam suas fantasias, ganham sua simpatia, e terminam por ilustrar estórias em fanfics e torcida dos shippers mais improváveis. Junte-se a isto à fraca qualidade das atuais estreias ( o número de cancelamentos antes do décimo terceiro episódio foi recorde nos dois últimos anos), com roteiros repetitivos e sem muita criatividade e já temos meio caminho andado para a manutenção do sucesso das séries veteranas.
E a outra metade do caminho? Simples assim, fica por conta da enorme simpatia do elenco regular e de apoio, bem como dos membros da equipe técnica. Gostando ou não, Erica Messer deu uma enorme chacoalhada na estrutura inicial do show, atendendo a um contingente que pedia uma atenção especial aos membros da equipe, trazendo a tona estórias que preencheram de certa forma lacunas, mostrando que há vida além do Bureau. Erica introduziu cenas que mostram a casa dos nossos agentes, seus parentes ( pai, irmãos, filhos, marido) sem, de certa forma, deixar de privilegiar os casos da equipe. Pessoalmente acredito que ela encontrou uma forma de equilibrar as coisas. 

Além disto, toda a equipe é super disponível, atores, produtores, maquiadores, pessoal de fotografia e cenografia entre outros, postam fotos com frequência para além do esperado entre outras séries, abastecem os fãs com informações de bastidores, novidades e curiosidades, cativando pela atenção pouco comum dada ao telespectador. 

Por estas e outras, Criminal Minds continua sendo uma série à prova de mudanças e lambanças da CBS. Vamos aguardar a décima temporada, com nova agente e cheia de novidades! 

Até a próxima! 

Débora G R Clemente.

( texto originalmente publicado No Criminal Minds Brasil. Créditos de fotos à equipe de CM Brasil)

Criminal Minds Além Das Telas


( texto originalmente escrito  em 28/07/12)



Quem disse que séries de tv começam e acabam na telinha de nossa televisão?

Eu já tinha muita experiência em encontros com fãs de séries. Depois de mais de dez anos organizando encontros com fãs de Arquivo X em maratonas anuais, não me furtei a incentivar um encontro entre fãs de Criminal Minds em São Paulo. Nós estávamos na quinta ou sexta temporada, o Orkut era a rede social do momento e eu me encontrava sedenta por conhecer novas caras, pessoas que, como eu, amavam a série. 

Preciso aqui fazer um parágrafo à parte. Foi através do computador e de redes sociais ( mais especificamente o Orkut, pois naquela época ainda não havíamos sido invadidos pelo Face) que conheci boa parte das pessoas que amo nesta vida. O grupo ESFILES sobreviveu porque pessoas curiosas trocavam mensagens sobre a série, falavam de seus personagens amados e, assim, quase do nada, passamos a receber em nossas casas, para dormir, comer e conviver, pessoas que não tinham rosto, que eram a Scully21, o Mulder1984, a sra. Duchovny ou algo parecido. Às vezes me pergunto, como isto foi acontecer. Mas aconteceu. Eu e amigas minhas passamos a oferecer guarida a outras cuja única referência era amar Arquivo X. Dito isto, não era totalmente descabido tentar um encontro com fãs de Criminal Minds.

E ele aconteceu. Sendo uma estrangeira em minha própria terra, concordei com a indicação de uma amiga, Rosely Zenker, para que o encontro acontecesse no Centro Cultural, às margens da Avenida Vinte e Tres de Maio. 



Paulista, morando há vinte e seis anos em Vitória – Espírito Santo, minhas viagens à sagrada terrinha costumam resumir-se às visitas aos parentes na época de Natal. Naquele ano, no entanto, programei-me para poder estar presente em agosto, época estabelecida por todos, como adequada para a reunião.

Muita gente on line jurava que estaria presente e eu me animei. Vislumbrei ali uma possibilidade para criar um novo grupo, similar ao ESFILES. Como era de meu hábito criar lembranças para sortear no grupo aqui de Vitória, pintei alguns quadrinhos para que pudessem ser sorteados entre os presentes, todos com personagens de Criminal Minds.

Vergonhosamente reconheço, fui a primeira a chegar. Ansiedade  é meu nome do meio. Um deles. Logo chegaram Rosely, Larissa, Kátia, Cláudia ( com o marido), Fernando, Lívia, Márcio, Rose, Aline, Bia e tantas outras pessoas, e o encontro tornou-se muito divertido. Todas aquelas opiniões e comentários na rede foram ganhando rostos, de Vitória, Brasília, Campinas, Minas Gerais e, claro, São Paulo e foram tantas fotos, tantos risos, tantas boas lembranças, que não dá para descrever aqui. Só quem passa por uma experiência assim pode falar a respeito. Amizades surgiram. Consegui levar para o próximo encontro de Vitória, do ESFILES, três daquelas pessoas no encontro de Criminal, a Rosely, a Kátia e a Larissa. Um ano depois, consegui arrastar também Raquel e seu marido para o encontro de Vitória. E várias outras amizades que nunca puseram seus pés em terras capixabas continuam fazendo parte do meu grupo de amigos nas redes sociais.

Nos anos seguintes não obtivemos o mesmo sucesso para o encontro de CM. Organizamos um “Unsub Secreto” no final do ano ( super divertido, teve quem ganhou um kit assassinato, com veneno, corda p enforcamento, entre outros mimos...) e outros encontros, mas nenhum deles teve o mesmo número de participantes. Nada que nos desanime. Ano retrasado tivemos a honra de conhecer em Sampa duas fãs de Cuiabá, a Silvinha e a Jackelyne.

Nunca perco a fé. Este ano, junto com a Rosely estamos tentando repetir o sucesso do primeiro encontro. As meninas de Cuiabá prometem estar presentes. O Fernando de Brasília também se interessou em ir. A Carol, do Rio, que só conheço por rede social jura que vai. Eu, com certeza, irei. Algumas pessoas me perguntam porque me entusiasmo tanto. Simples: algumas das pessoas que mais amo nesta vida eu conheci por causa de Arquivo X. Outras por causa de Criminal Minds. Jamais, em tempo algum, roteiristas, atores e produtores poderão mensurar isto, mas de alguma forma, eles são, sim, responsáveis por estes encontros, por estas amizades. 

E querem saber  o que é melhor em tudo isto? É você não sentir-se estranha por amar uma série tanto e tanto que passa a falar dos personagens como se eles fizessem parte de sua vida. Porque os que estão junto de você fazem o mesmo. É você fazer parte de um manicômio onde sente-se à vontade, pois você não é mais doido do que seu parceiro de viagem. A quem pouco conhece pode parecer o cúmulo da nerdice, mas com o passar dos anos, estas coisas vão  parecendo para mim essenciais, necessárias para que minha vida se torne completa. Meio como você dizer aquela frase e alguém sacar um: episódio 03, quarta temporada! É você sentindo-se em casa!
Tenho cinquenta e dois anos e enfrento corajosamente todas as resistências que surgem por minha idade, por ser casada, mãe, profissional. Não me importo quando me dizem que já passei da idade de sonhar com filmes, de vibrar com séries de tv ou de organizar acampamentos de fãs nerds. Danem-se todos. Pago minhas contas, meus impostos, sou uma esposa apaixonada e uma orgulhosa mãe de um nerd muito bem sucedido pessoal e profissionalmente. Mas nada disto me impede de ser fã, de exercer minha maluquice nos momentos certos, de falar de coisas nada a ver quando me dá vontade. Julguem-me. Não ligo a mínima. Não vou mudar só porque o que eu amo fazer parece esquisito. 

E, se, por qualquer motivo você, leitor, sentiu certa identificação lendo meu texto, seja autêntico, seja você mesmo. Continue amando suas séries, seus personagens, sem por isto mesmo deixar de ser competente naquilo que você sabe fazer de melhor. Não envergonhe-se disto. Se eu, do alto dos meus cinquenta e poucos anos consigo aguentar, você também aguenta. Só porque vale a pena!!!

Um beijo carinhoso,

Criminal Minds 10×23: The Hunt [Season Finale]


Eu não sei bem como expressar isto, mas às vezes leio certos comentários que me fazem acreditar que não estou acompanhando a mesma Criminal Minds do que outras pessoas. Não são poucas as vezes que odeio o fato de saber que a internet mudou o curso de algumas coisas nesta vida, dentre elas, a opinião imediata.
De uns poucos anos para cá aconteceu o evento de qualquer pessoa poder dizer pelas redes sociais o que deseja de sua série. Isto é uma benção e uma maldição. Fãs pediram e foram ocasionalmente atendidos em suas preces, para que houvesse alguma ação rolando  nos roteiros de Criminal Minds e, agora, muitos deles acreditam que seu desejo deve ser uma ordem atendida constantemente. Criminal Minds não é uma série de ação. Não deve ser rotineiro perseguições de carros pelas ruas, explosões a todo instante, personagens regulares colocarem suas vidas em risco. Uma vez ou outra é aceitável, porque isto pode ocorrer na vida real, também uma vez ou outra. O que não dá o direito aos fãs de esperarem que isto ocorra regularmente.


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Tudo isto apenas para justificar tantos comentários maldosos acerca da Season Finale desta nossa série favorita. Criminal Minds, para quem não se lembra, é uma série que favorece traçar perfis que identifiquem um criminoso em série antes que ele mate novamente. Neste sentido, o último episódio da temporada foi brilhante. Desenvolvendo uma trama iniciada no primeiro episódio da temporada, The Hunt tem por objetivo fechar o arco estabelecido e revisitado em outros episódios ao longo da décima temporada, previsivelmente atingindo a filha ( é sobrinha, mas criada como filha) de uma agente da equipe, no caso Kate Callaghan.

De minha parte não esperava explosões, tiros, capotagens extraordinárias, salvamentos absurdos. Porque esta não é uma série de ação. Esperava exatamente o que assisti, um passo a passo na mente humana,a reação da filha de uma agente do FBI, o como chegar a um criminoso através da análise de seu comportamento. E, assim, neutralizá-lo. Pensando assim, não faltou nada ao episódio. O psicopata que se satisfaz, mas transfere a responsabilidade do descarte do corpo para outro criminoso. A vítima de Estocolmo, claramente refém de sua própria dependência, outro criminoso nascido desta relação que não entende bem sua função e paga o preço por seu envolvimento ( o filho), a existência da deep web ( a internet do submundo), disseminando o crime sem ter como ser neutralizada por órgãos oficiais. O episódio teve tudo isto, mas não teve grandes explosões, grandes perseguições, tiroteios, ação indiscriminada. E, por isto, só por isto, a maioria das pessoas achou fraco o episódio de final de temporada.

É triste saber que muita gente não gostou apenas porque não entendeu. Se tivessem entendido saberiam que o episódio trouxe de volta a essência dos perfis, do passo a passo para chegar ao criminoso. Nem sempre os crimes na BAU são resolvidos de forma glamorosa, às vezes, basta pura e simplesmente seguir o que o perfil diz.  Fez também muito sentido a sobrinha de Kate ter tanta determinação e orientação para sobreviver a um ataque deste tipo. Fosse minha filha, eu, na posição de Kate teria dado as mesmas orientações. Não duvido que, tendo profissão similar, teria orientado minha filha da mesma forma, visto os mesmos perigos, previsto qualquer situação.

Foi também acolhedor ter o chefe de Kate apoiando-a incondicionalmente ( Hotch sendo Hotch, como o esperado).É assim que equipes bem entrosadas trabalham, consideram-se uma família e defendem-se em bloco, como se fossem uma só estrutura.

Gostei da idéia de ter um camarada que alimenta o mercado de psicopatas. Além de criativo, a possibilidade é muito crível, neste mundo que hoje vivemos. , fica óbvio que a história criada para ser o arco de toda uma temporada pode ter sido levemente alterada com a realidade da de Jennifer Love Hewitt. Mas acho que a essência permaneceu. Talvez os recursos de salvamento tenham sido alterados, mas o fato é que Érica queria desde o início explorar como é ser mulher, agente e ter filhos. E conseguiu de forma brilhante.

Coisa que não pode fazer com Hotch ou JJ, pois seus filhos ainda são pequenos para isto. Ainda corre por fora, como azarão, a coisa de não ter como controlar filhos adolescentes, ainda que munidos de toda a informação existente. Aquela sensação de ser um sujeito que pode salvar o mundo e não saber o que acontece dentro de sua própria casa. Absolutamente real e condizente. E a culpa. Que se reflete na agente Callahan, por ter que ser mãe e, ao mesmo tempo gerar o sustento da família. Trabalhar. Produzir. É impossível dissociar a sensação de dever cumprido de Kate de seu alívio por ter salvo sua cria. Algo a se pensar… Na verdade, o assunto é muito atual, já que é muitíssimo difícil proteger nossos filhos dos perigos ocultos e escusos que a internet oferece. Meg e sua amiga são exemplos de alvos fáceis a que estão expostos os adolescentes que acham que sabem tudo na sua idade, mas são presas fáceis nas mãos de experientes pedófilos e criminosos em geral.

Outro ponto foi mostrar que tanto Kate como Hotch continuaram investigando o caso do primeiro episódio extra oficialmente, provando como é difícil para os agentes desvencilhar –se  de casos mal resolvidos ou resolvidos de forma duvidosa. Não raramente casos assim tornam-se a missão de uma vida para alguns policiais, como já vimos em outros episódios, inclusive com Rossi, que voltou à ativa para concluir um caso em aberto de anos atrás.

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Por fim, Reid descobre de forma carinhosa a nova gravidez de JJ, de maneira discreta, delicada e divertida, evitando o alvoroço que se formou em torno dela própria na primeira vez e de Kate, quando anunciaram suas respectivas gestações.

A comunicação da saída à Hotch foi como uma espécie de satisfação à audiência, já que os motivos pelos quais J.Love Hewitt irá se afastar da série são, na verdade, os mesmos pelos quais a agente Callaghan está se afastando, ou seja, a atriz quer passar o primeiro ano ao lado de seu novo filhote, sem trabalhar. É exatamente o que diz ao seu chefe, e, novamente se dirigindo à audiência, agora é Hotch quem diz à agente: “-Você sempre será bem vinda de volta!”, o mesmo que a produção quer deixar claro a todos.

Pessoalmente acho que em havendo uma décima segunda temporada Love Hewitt volta a interpretar seu papel ao lado da equipe, pois ela foi simplesmente sensacional como Kate e teve ótima aceitação.
A cereja do bolo ficou por conta do carinhoso abraço de despedida que o quase sempre sisudo agente Hotchner dá em Kate na hora da partida. Sinal que ele está evoluindo, pois este foi o tão esperado e nunca acontecido abraço que todos queriam que ele desse em JJ, na oportunidade de sua saída da unidade, na sexta temporada. Ou, se quiserem, o abraço que os fãs deixam para Jennifer Love Hewitt, com o agradecimento por sua participação na décima temporada e o desejo de felicidades no parto e de breve retorno.

Até Setembro pessoal!