domingo, 15 de março de 2020

O Último Episódio De Criminal Minds






    Sobre Como Foi, Como Deveria Ter Sido, Como Sempre
                                                                                                                        Será Em Meu Coração



Eu escrevo sobre Criminal Minds há muito tempo. Comecei fazendo reviews de episódios para blogs de séries, depois passei a postá-las em meu próprio blog, escrevi fics (nos bons tempos do orkut) onde eu enlouquecia a galera com atualizações que custavam a chegar por conta a correria da vida, mas que quando chegavam faziam a alegria de quem lia (ao menos de quem comentava). Fui da época em que os atores, atrizes e diretores respondiam nossas perguntas via twitter logo após um episódio e isso é inesquecível (assim como a Era Ed Bernero).


Depois passei a participar de podcasts semanais do CriminalMinds BR, onde através da nossa dedicada e persistente equipe conseguimos fazer contato com pessoas que nos levaram a entrevistar um consultor da série que foi do FBI, e a outro que nos explicou como era construção de cenários, cenas de crime e memoramobilia, entre outras coisas. Também entrevistamos a responsável pelos figurinos. Além, claro, de nos divertirmos toda semana com os comentários mais inusitados que eram feitos sobre uma cena ou o destino de um personagem.


Com tudo isto, Criminal Minds acabou virando por muitos anos uma extensão da minha vida. Já fiz artigo sobre a longa vida da série e suas inúmeras reviravoltas e como ela sobreviveu a tudo e se reinventou. Já fiz artigo bravo sobre como a série estava sofrendo com a opção de mudar o público-alvo. Já fiz artigo dizendo que não reconhecia mais a série que eu tinha começado a assistir com um Thomas Gibson recém saído de Dharma e Greg e um jovem descabelado que parecia ter futuro. Já fiz artigo dizendo que fazia fic Hotch/Prentiss só pra agradar a meninada, porque na real nunca tinha visto nada do que elas viam na série e achava que tudo estava no plano da imaginação mesmo.


Mas, nunca pensei em como seria escrever sobre o final de Criminal Minds. Talvez porque a série para mim tenha terminado há muito tempo. Aquela série pela qual me apaixonei de verdade deixou de existir há uns 3 ou 4 anos e eu apenas aceitei isso. Mas, somente assistindo ao último episódio pude entender o que de fato se passou comigo e que tão pouca gente entendeu.


Com raríssimas exceções, todos os últimos episódios da última temporada foram ruins. O que não chegou a ser novidade para mim, visto que não gostei da décima quarta temporada também. Os roteiros passaram a dar prioridade à vida dos nossos agentes de forma muito exagerada e alguns unsubs, com potencial para boas histórias nas mãos de roteiristas menos afetos a momentos fofos poderiam ter rendido histórias memoráveis, como a de Shelby Matesson (15x03 – Spectator Slowing) que matava porque não conseguia entender a odiosa parte da natureza humana que segue se alimentando da miséria humana (um tema interessantíssimo, por sinal) ou Kyle, o pai de Ethan Peters ( 15 x 07 - Rusty) que não pode aceitar a morte do filho decapitado em um acidente que ele próprio causou e começa então a matar em episódios de alucinação.


No entanto, a preocupação em explorar a vida pessoal dos personagens (o que foi aquele episódio com mais da metade do tempo focando entre a construção de um berço e a parceria de Rossi e Matt Simmons em um livro ou o vizinho paranóico da Emily querendo processá-la?) que, segundo a produtora Erica Messer tinha por objetivo homenagear os fãs que seguiram a série por longos quinze anos, transformou-se em quase um insulto, trazendo novamente Cat Adams para novamente atormentar Reid com uma fórmula requentada, acalentando falsas esperanças para os fãs de Emily de que ela seria promovida e assim, JJ ficaria com seu lugar e com referências aos personagens que deixaram a série apenas nos lembrando que eles fizeram tanta falta que o final só poderia ser muito amargo.


Para quem esperava um unsub memorável marcando o encerramento, sobrou mesmo Everett Linch, o já muito fraco personagem explorado na temporada anterior. Sem carisma, sem um grande motivo para tornar-se inesquecível, tornou-se ainda mais pífio quando nos quadros iniciais dos delírios de Spencer vemos George Foyet, talvez, se não o melhor, o mais marcante de todos os unsubs da série. A decisão de trazer de volta o ator C. Thomas Howell para ilustrar o lado negro dos pesadelos de Spencer Reid enquanto ele “decide” se vive ou morre apenas tornou mais evidente o quão fraca esta temporada foi e, escolhê-lo para homenagear os unsubs vividos em quinze anos só não foi perfeito por conta do vínculo utilizado, visto que a relação de Foyet nunca foi com nosso gênio e sim com Hotch.


Obviamente que, por qualquer que tenha sido o motivo da decisão de não trazer Thomas Gibson ao encerramento da série, George Foyet foi um dos instrumentos para reintroduzi-lo e relembrá-lo em um de seus momentos mais marcantes, a luta de punhos na morte da ex mulher. Talvez tenha sido único personagem que tenha sido lembrado com sua melhor cena na série. Quanto as demais recordações, apesar da cena de The Fisher King 1 relembrar Morgan, Gideon (ambos mereciam uma homenagem melhor e à altura de sua importância), Elle e Hotch, da aparição muito estranha da Chefe Strauss ( ou ela fez uma aparição pró bono ou pegaram ela no intervalo de alguma gravação, porque poucas vezes me lembro de ter visto a personagem tão desarrumada..) as homenagens restringiram-se à aparição de uma Maeve loira quase irreconhecível ( a produção estava sem grana até para bancar perucas?, porque assim, a gente sempre se lembra com carinho de pessoas do jeito que as conheceu, não do jeito que elas estariam hoje – o mesmo vale para Foyet e Strauss, menos descaracterizados, apenas mais velhos ) para confundir ainda mais quem primeiro achou que nosso garoto estava apaixonado eternamente por Jennifer Jareau e depois por uma simpática Max, que do nada surgiu e para o nada se foi…


Não vou entrar em detalhes na volta de Diana Reid. Nunca vi uma personagem com Alzheimer regredir tanto fisicamente para depois voltar triunfante com uma pele, postura e disposição melhor que a minha.. e Garcia ainda pedindo para ela decidir qual medida médica tomar em caso extremo.. Aliás o caso extremo do Spencer durou apenas o suficiente para suas memórias, porque ele morrendo acordou do nada e a médica achou normal, então está bom….


Para podermos ter vários minutos de festa, com todos os atores se despedindo e dançando Heroes de David Bowie (esta sim, uma tremenda referência), o vilão raptou a atual Sra. Rossi, tivemos uma cena de troca meio boba em um aeroporto onde ninguém consegue atirar em Everetty Linch, apenas para termos uma cena de Duro de Matar com um resíduo de gasolina explodindo o avião nos ares!


Talvez o problema do episódio final (inclusive de toda esta temporada) tenha sido querer fazer o dr. Reid sofrer até os últimos instantes, porque isto sempre agrada os fãs do rapaz. Talvez tenha sido a falta de uma base sólida com um bom unsub para sustentar um final inesquecível. Talvez tenha sido porque já vimos festas demais no bom e velho jardim da casa do agente sênior. Talvez porque tenhamos nós todos dado nossos finais a velhos conhecidos.


Foi por isto que eu, apesar de tanta frustração e desapontamento chorei nos momentos finais do episódio. Caiu para mim a ficha de que cada personagem já tinha um destino, aquele que eu gostaria de ter dado, de ter escrito, e que talvez só tivesse sentido para mim. Caiu a ficha do fim de uma história de amor de quinze anos, que foi o motivo de ter conhecido tanta gente bacana, ter feito amizades que transcenderam o universo das séries, ter falado de Jennifer, Aaron ou Morgan com quem os conhece, como se eles fossem nossos amigos também. De ter aprendido a escrever reviews, de ter entendido para que serve e como se faz um podcast, de ter me apaixonado por um submundo que hoje é meio modinha mas, que quando começou para mim lá com Arquivo X era coisa de gente esquisita, ver série americana, falar dela, escrever sobre ela).


Não, não foi um final de série decente. Mas, eu meio que não esperava um final decente para a série. Em algum momento nestes últimos anos eu achei que a série que eu amava tinha terminado e tudo o que viesse seria apenas um conforto para estar sempre falando dela com os amigos que eu fiz, com quem passou a fazer parte da minha vida por causa de Criminal Minds e ficou por vários outros motivos.


Então sim, eu chorei quando lembrei que aquela seria a última festa na casa do Rossi. Com as memórias deles que se confundiram com as minhas. Com o final de alguma coisa que, como tantas outras nesta vida, não têm saído como eu imaginava.. Mesmo que não tenha sido o episódio que eu gostaria que fosse, eu chorei por me emocionar com tudo o que Criminal e aqueles atores e aquela equipe trouxe de bom para a minha vida. Eu sinceramente acredito que, apesar de todas as burradas feitas ao longo desta temporada eles realmente tentaram agradar aos fãs, ainda que não tenham conseguido. Acho que o desgaste de tantas saídas foi grande demais para não se refletir com o tempo e a vontade de “ouvir” o público pagou seu preço. Então, não consegui sentir toda esta raiva que era esperada por ter sido uma season finale ruim. Talvez porque eu esteja em uma fase de agradecer o que há de bom, porque francamente a vida anda dura demais para que eu fique brava com a Penélope….


Que fique o que houve de melhor de Criminal Minds em nossas vidas e, principalmente quem veio de melhor para nós por causa dela! Os amigos!


Beijos especiais cheios de carinho à equipe da página CriminalMindsBrasil e ao pessoal do podcast! Vocês sabem quem são!!!


E Beijos para quem ainda lê o que eu ainda escrevo! Vocês são demais!!!