Sobre
Como Foi, Como Deveria Ter Sido, Como Sempre
Será Em Meu Coração
Eu
escrevo sobre Criminal Minds há muito tempo. Comecei fazendo reviews
de episódios para blogs de séries, depois passei a postá-las em
meu próprio blog, escrevi fics (nos bons tempos do orkut) onde eu
enlouquecia a galera com atualizações que custavam a chegar por
conta a correria da vida, mas que quando chegavam faziam a alegria de
quem lia (ao menos de quem comentava). Fui da época em que os
atores, atrizes e diretores respondiam nossas perguntas via twitter
logo após um episódio e isso é inesquecível (assim como a Era Ed
Bernero).
Depois
passei a participar de podcasts semanais do CriminalMinds BR, onde
através da nossa dedicada e persistente equipe conseguimos fazer
contato com pessoas que nos levaram a entrevistar um consultor da
série que foi do FBI, e a outro que nos explicou como era
construção de cenários, cenas de crime e memoramobilia, entre
outras coisas. Também entrevistamos a responsável pelos figurinos.
Além, claro, de nos divertirmos toda semana com os comentários mais
inusitados que eram feitos sobre uma cena ou o destino de um
personagem.
Com
tudo isto, Criminal Minds acabou virando por muitos anos uma extensão
da minha vida. Já fiz artigo sobre a longa vida da série e suas
inúmeras reviravoltas e como ela sobreviveu a tudo e se reinventou.
Já fiz artigo bravo sobre como a série estava sofrendo com a opção
de mudar o público-alvo. Já fiz artigo dizendo que não reconhecia
mais a série que eu tinha começado a assistir com um Thomas Gibson
recém saído de Dharma e Greg e um jovem descabelado que parecia ter
futuro. Já fiz artigo dizendo que fazia fic Hotch/Prentiss só pra
agradar a meninada, porque na real nunca tinha visto nada do que elas
viam na série e achava que tudo estava no plano da imaginação
mesmo.
Mas,
nunca pensei em como seria escrever sobre o final de Criminal Minds.
Talvez porque a série para mim tenha terminado há muito tempo.
Aquela série pela qual me apaixonei de verdade deixou de existir há
uns 3 ou 4 anos e eu apenas aceitei isso. Mas, somente assistindo ao
último episódio pude entender o que de fato se passou comigo e que
tão pouca gente entendeu.
Com
raríssimas exceções, todos os últimos episódios da última
temporada foram ruins. O que não chegou a ser novidade para mim,
visto que não gostei da décima quarta temporada também. Os
roteiros passaram a dar prioridade à vida dos nossos agentes de
forma muito exagerada e alguns unsubs, com potencial para boas
histórias nas mãos de roteiristas menos afetos a momentos fofos
poderiam ter rendido histórias memoráveis, como a de Shelby
Matesson (15x03 – Spectator Slowing) que matava porque não
conseguia entender a odiosa parte da natureza humana que segue se
alimentando da miséria humana (um tema interessantíssimo, por
sinal) ou Kyle, o pai de Ethan Peters ( 15 x 07 - Rusty) que não
pode aceitar a morte do filho decapitado em um acidente que ele
próprio causou e começa então a matar em episódios de alucinação.
No
entanto, a preocupação em explorar a vida pessoal dos personagens
(o que foi aquele episódio com mais da metade do tempo focando entre
a construção de um berço e a parceria de Rossi e Matt Simmons em
um livro ou o vizinho paranóico da Emily querendo processá-la?)
que, segundo a produtora Erica Messer tinha por objetivo homenagear
os fãs que seguiram a série por longos quinze anos, transformou-se
em quase um insulto, trazendo novamente Cat Adams para novamente
atormentar Reid com uma fórmula requentada, acalentando falsas
esperanças para os fãs de Emily de que ela seria promovida e assim,
JJ ficaria com seu lugar e com referências aos personagens que
deixaram a série apenas nos lembrando que eles fizeram tanta falta
que o final só poderia ser muito amargo.
Para
quem esperava um unsub memorável marcando o encerramento, sobrou
mesmo Everett Linch, o já muito fraco personagem explorado na
temporada anterior. Sem carisma, sem um grande motivo para tornar-se
inesquecível, tornou-se ainda mais pífio quando nos quadros
iniciais dos delírios de Spencer vemos George Foyet, talvez, se não
o melhor, o mais marcante de todos os unsubs da série. A decisão de
trazer de volta o ator C. Thomas Howell para ilustrar o lado negro
dos pesadelos de Spencer Reid enquanto ele “decide” se vive ou
morre apenas tornou mais evidente o quão fraca esta temporada foi e,
escolhê-lo para homenagear os unsubs vividos em quinze anos só não
foi perfeito por conta do vínculo utilizado, visto que a relação
de Foyet nunca foi com nosso gênio e sim com Hotch.
Obviamente
que, por qualquer que tenha sido o motivo da decisão de não trazer
Thomas Gibson ao encerramento da série, George Foyet foi um dos
instrumentos para reintroduzi-lo e relembrá-lo em um de seus
momentos mais marcantes, a luta de punhos na morte da ex mulher.
Talvez tenha sido único personagem que tenha sido lembrado com sua
melhor cena na série. Quanto as demais recordações, apesar da cena
de The Fisher King 1 relembrar Morgan, Gideon (ambos mereciam uma
homenagem melhor e à altura de sua importância), Elle e Hotch, da
aparição muito estranha da Chefe Strauss ( ou ela fez uma aparição
pró bono ou pegaram ela no intervalo de alguma gravação, porque
poucas vezes me lembro de ter visto a personagem tão desarrumada..)
as homenagens restringiram-se à aparição de uma Maeve loira quase
irreconhecível ( a produção estava sem grana até para bancar
perucas?, porque assim, a gente sempre se lembra com carinho de
pessoas do jeito que as conheceu, não do jeito que elas estariam
hoje – o mesmo vale para Foyet e Strauss, menos descaracterizados,
apenas mais velhos ) para confundir ainda mais quem primeiro achou
que nosso garoto estava apaixonado eternamente por Jennifer Jareau e
depois por uma simpática Max, que do nada surgiu e para o nada se
foi…
Não
vou entrar em detalhes na volta de Diana Reid. Nunca vi uma
personagem com Alzheimer regredir tanto fisicamente para depois
voltar triunfante com uma pele, postura e disposição melhor que a
minha.. e Garcia ainda pedindo para ela decidir qual medida médica
tomar em caso extremo.. Aliás o caso extremo do Spencer durou apenas
o suficiente para suas memórias, porque ele morrendo acordou do nada
e a médica achou normal, então está bom….
Para
podermos ter vários minutos de festa, com todos os atores se
despedindo e dançando Heroes de David Bowie (esta sim, uma tremenda
referência), o vilão raptou a atual Sra. Rossi, tivemos uma cena de
troca meio boba em um aeroporto onde ninguém consegue atirar em
Everetty Linch, apenas para termos uma cena de Duro de Matar com um
resíduo de gasolina explodindo o avião nos ares!
Talvez
o problema do episódio final (inclusive de toda esta temporada)
tenha sido querer fazer o dr. Reid sofrer até os últimos instantes,
porque isto sempre agrada os fãs do rapaz. Talvez tenha sido a falta
de uma base sólida com um bom unsub para sustentar um final
inesquecível. Talvez tenha sido porque já vimos festas demais no
bom e velho jardim da casa do agente sênior. Talvez porque tenhamos
nós todos dado nossos finais a velhos conhecidos.
Foi
por isto que eu, apesar de tanta frustração e desapontamento chorei
nos momentos finais do episódio. Caiu para mim a ficha de que cada
personagem já tinha um destino, aquele que eu gostaria de ter dado,
de ter escrito, e que talvez só tivesse sentido para mim. Caiu a
ficha do fim de uma história de amor de quinze anos, que foi o
motivo de ter conhecido tanta gente bacana, ter feito amizades que
transcenderam o universo das séries, ter falado de Jennifer, Aaron
ou Morgan com quem os conhece, como se eles fossem nossos amigos
também. De ter aprendido a escrever reviews, de ter entendido para
que serve e como se faz um podcast, de ter me apaixonado por um
submundo que hoje é meio modinha mas, que quando começou para mim
lá com Arquivo X era coisa de gente esquisita, ver série americana,
falar dela, escrever sobre ela).
Não,
não foi um final de série decente. Mas, eu meio que não esperava
um final decente para a série. Em algum momento nestes últimos anos
eu achei que a série que eu amava tinha terminado e tudo o que
viesse seria apenas um conforto para estar sempre falando dela com os
amigos que eu fiz, com quem passou a fazer parte da minha vida por
causa de Criminal Minds e ficou por vários outros motivos.
Então
sim, eu chorei quando lembrei que aquela seria a última festa na
casa do Rossi. Com as memórias deles que se confundiram com as
minhas. Com o final de alguma coisa que, como tantas outras nesta
vida, não têm saído como eu imaginava.. Mesmo que não tenha sido
o episódio que eu gostaria que fosse, eu chorei por me emocionar com
tudo o que Criminal e aqueles atores e aquela equipe trouxe de bom
para a minha vida. Eu sinceramente acredito que, apesar de todas as
burradas feitas ao longo desta temporada eles realmente tentaram
agradar aos fãs, ainda que não tenham conseguido. Acho que o
desgaste de tantas saídas foi grande demais para não se refletir
com o tempo e a vontade de “ouvir” o público pagou seu preço.
Então, não consegui sentir toda esta raiva que era esperada por ter
sido uma season finale ruim. Talvez porque eu esteja em uma fase de
agradecer o que há de bom, porque francamente a vida anda dura
demais para que eu fique brava com a Penélope….
Que
fique o que houve de melhor de Criminal Minds em nossas vidas e,
principalmente quem veio de melhor para nós por causa dela! Os
amigos!
Beijos
especiais cheios de carinho à equipe da página CriminalMindsBrasil
e ao pessoal do podcast! Vocês sabem quem são!!!
E
Beijos para quem ainda lê o que eu ainda escrevo! Vocês são
demais!!!