quarta-feira, 18 de março de 2015

Vago





Quisera saber qual seu último pensamento lúcido. Muito antes de morrer, já não tinha pensamentos lúcidos, visto que as alucinações eram freqüentes. Certa vez o vi sentado por horas a fio, sem aceitar qualquer tipo de ajuda para voltar à sua cama, delirando, falando coisas sem nexo, coisas que sabia, não eram realidade.

Não há tristeza maior neste mundo do que ver alguém que você ama chegar a este ponto na vida. Por maiores que sejam os pecados, as dores e incompreensões, dói demais aquele ser conhecido, já não ser reconhecido por nós. Nem nós por ele. Tudo o que há de certo na vida se desfaz e a pessoa atingida parece liquefeita, desmanchada em vida como se morrido tivesse antes da hora.

Quando a pessoa em questão fosse altiva, dominante, espera-se um mundo de opiniões, de críticas e recriminações em um olhar que olha para o vazio e que parece lá viver para sempre. Vez por outra um lampejo, uma frase incompleta que nos faz reconhecer aquele vazio como alguém que tinha um nome, uma vida e respeito.

Dói, até hoje dói. Com uma personalidade forte e um jeito de me fazer estremecer ao som de sua voz, em seu fim, não o reconheci. Tive medo de enfrentar a todos e contrariar quem dissera que ele não podia comer o que me pedira. Vou morrer ouvindo-o me pedir por um bolo, com muito creme, do tipo que mata quem sofre de diabetes. Ouvi a todos, provavelmente os que menos se importavam. Levarei esta culpa comigo para todo o sempre. Mas não posso recriminá-los. Talvez pensassem com a lógica de quem nunca pensou com o coração.

Sempre sofri por pensar com meu coração. Desde pequena, quando era um recurso bater na parede fina que nos separava para salvar alguém enquanto eu devia estar dormindo. Era meu trunfo, bater na parede me fazia pará-lo de fazer qualquer mal que pudesse estar fazendo. Eu batia e o milagre acontecia. Minha mãe vinha em meu conforto e eu a salvava. Não sei bem de que. Nunca soube. Ou talvez soubesse e não quisesse enxergar. Só havia um quarto, só havia uma parede, e eu era a salvadora. E depois o nada em seus olhos...

Sempre me perguntei porque me doía ele não conseguir dizer “eu te amo”. Para a mulher, para os filhos, para o neto... Afinal, o dolo era dele, mas ainda assim, sentia a sua dor. Nunca pude entendê-lo, nunca pude deixar de amá-lo. Ao contrário, tive que lidar com as críticas de quem nunca pôde entender porque eu ainda o amava. Também nunca pude explicar.

Na última vez que o vi com vida ele disse que eu era uma farsa. Que não o amava, que estava ao lado daqueles que desejavam seu fim. Depois disso, só seu silêncio, tomado por aparelhos, em uma cama de hospital. Só eu falei, ele nada disse. Também não sei se me escutou. Conversei pedindo que me entendesse, que soubesse que dele só tinha pena, nada além disso. Sem mágoas, sem rancor. Ele muito provavelmente nunca soube quem eu era quando estivera lhe dizendo tudo aquilo.

Eu ouvi dele muitas palavras duras, durante toda a minha vida. Ouvi que não era capaz, que não era fiel, que não era amiga, que não lhe amava, que gostava mais do outro do que dele próprio, que não precisava velar seu corpo quando morresse. Que podia lhe esquecer, que era uma decepção, que ele não me reconhecia. Eu lhe dizia eu te amo tantas vezes e ele fazia questão de não retribuir. Não dizia “eu também”, tampouco  “eu amo você”. Sempre balbuciava algo pouco pessoal e me fazia sentir remorso pelas minhas decisões ao telefone.

Um fantasma. Ele sempre foi em minha vida uma espécie de fantasma, assombrando minhas noites, incomodando meus dias. Decidindo por mim sem que eu soubesse, me fazendo sentir uma culpa que não devia ser minha. Não sei se fui fraca ou se ele foi forte demais. Não sei se perdi o sono porque me impressionei ou se ele me manteve acordada dia após dia, noite após noite porque ainda estava a me julgar.

Curiosamente não consigo odiá-lo. Não consigo culpá-lo por nada, ainda que queira ser solidária com todos os que sofreram por ele, com ele. Tenho sim, mágoas pontuais, algumas coisas das quais nunca esqueço, mas só isso. Gostaria de não ter sido hostilizada na escola porque a noiva do casamento caipira nunca apareceu para dançar a quadrilha, afinal ele e seu irmão estavam bêbados e eu, que culpa nenhuma tinha, paguei o preço. Queria ter tido um aniversário de quinze anos diferente, que não me fizesse parecer uma estranha no dia seguinte na escola, para meus colegas. Queria esquecer a estória do carpete. Queria que meu irmão tivesse melhores lembranças dos seus quinze anos. Quisera ter feito tantas coisas de outra forma... E ainda assim, não o culpo. Não consigo sentir nada senão pena. Pena do que ele perdeu. Pena por não ter dito ao seu neto o quanto o amava. Por não ter aproveitado ao lado de seu genro os melhores momentos do churrasco de fim de ano, por não ter entendido que ele podia ser amado, ao invés de ser temido.

Dizem que o tempo cura tudo e eu afirmo que não é verdade. Olho pela janela, a mesma que ele pôde olhar em minha casa e vejo o quanto de mágoa restou, o quanto de  coisas se perderam, quando ele perdeu a capacidade de entender, de compreender. Sinto uma dor imensa pelas coisas que ele não viveu, mesmo sabendo que nada poderia ter feito para mudar seu modo de pensar. E gostaria de reencontrá-lo hoje, com toda a minha maturidade para lhe dizer: “-Pai, podemos recomeçar!”.

Não sou do tipo que acredita em um reencontro, em uma nova chance. Nossas chances aparecem todos os dias, com aqueles que estão vivos e talvez eles ainda nos perdoem antes de partir. Aprendi que sofrer por algo que não me compete acrescenta ao meu rosto uma ruga que eu não preciso ter. Que viver as decisões dos outros me envelhece e tira dos que me amam a chance de me ter mais tempo por perto. Aprendi também que posso amar, perdoar e esquecer, mas isso não muda o que os outros sentem por mim. Não há nada que eu possa fazer sobre isso. Aprendi tantas coisas que já não posso usar....

Mas um dia eu resolvi escrever. Eu resolvi exorcizar meus fantasmas em uma espécie de “mea culpa” ultrapassada, em um ritual para expurgar meus demônios interiores, uma tentativa de fazer as pazes com o passado, mesmo que meu pai não esteja mais aqui para abençoar e me desculpar por uma culpa que sempre foi mais dele do que minha. Eu sei, eu sei, tenho uma formação em psicologia, não devia me sentir assim tão culpada, afinal, a culpa nunca foi minha.

Mas não culpem a psicologia. Não culpem os mestres, culpem os traumas. Alguns gritos são difíceis de calar, algumas sombras são difíceis de ignorar, alguns murros na parede sempre irão repercutir. E algumas vozes sempre serão ouvidas. Faz parte do nosso imaginário, faz parte da nossa infância, faz parte do que nós somos.....

Ouça pai, eu gostaria que tivesse sido diferente. Eu gostaria que você tivesse sido feliz e tivesse feito aqueles ao seu lado felizes também. Eu gostaria que tudo tivesse sido diferente e que eu tivesse trinta e cinco anos quando tinha quinze. E que você pudesse ter sido pai na idade em que foi avô. Não foi assim, nunca será. Mas em meu coração, ficará sempre mais forte a imagem do pai que você deveria ter sido do que a imagem do pai que você foi de verdade. Se eu não puder lhe perdoar, nunca poderei ser perdoada pelas coisas que deixei de fazer, por aquilo que quis ser e não fui.

Se eu acreditasse em uma vida após a morte, lhe desejaria que descansasse em paz. Desejaria que se sentisse perdoado e que  todos que sofreram com você fossem felizes então. Que você os abençoasse sabe Deus de onde e que o tempo pudesse sarar as feridas abertas que custam a fechar naqueles que não sentem o que eu sinto. Apenas que você pudesse se orgulhar em algum momento e saber que, apesar de tudo, tudo acabou dando certo, seus filhos são todos motivos de orgulho, seus netos seguirão pelo caminho da retidão, coisa que nunca lhe faltou. Sei que hoje você amaria amar meu filho e seus outros netos...... Se você estivesse em uma dimensão, perdida por aí,sentiria orgulho do que plantou na minha pessoa, na pessoa dos meus irmãos.....

E que, apesar de me assombrar nos meus sonhos, eu ainda te amo, sempre, sempre te amarei, ainda que fosse difícil te compreender......

segunda-feira, 9 de março de 2015

Criminal Minds 10x16: Lockdown


Um dos maiores méritos de Criminal Minds é sua criatividade e, em especial, sua atualidade nos roteiros. Se o tema é atual, a história é criativa e conta com bons desempenhos, principalmente dos atores convidados, o  êxito é certo, impossível de ser contestado.

Com o ótimo e muito bem amarrado roteiro de Virgil Williams, Lockdown coloca o dedo em uma ferida recente e perturbadora no momento atual americano: a  privatização  dos presídios. Com caráter de denúncia, a história narra um fato que tem incomodado há muito tempo os americanos e tem sido alvo de várias discussões no Congresso: o problema das penitenciárias privatizadas, que têm enriquecido assustadoramente às custas não apenas de péssimos serviços prestados, mas também de custos abusivos, alto encarceramento de imigrantes, fuga de detentos, violência no cumprimento da pena, reincidência dos criminosos e muita corrupção, sendo inclusive alvo de investigações sobre financiamento de campanhas políticas (para que as empresas conquistem os contratos estaduais ou federais).

O CCA ( Corrections Corporations of America) no ano de 2013 completou trinta anos de existência e nos últimos anos tem sido altamente contestado. Basicamente trata-se de transferir a obrigação de cuidar dos presos americanos do sistema público para o sistema privado.

O negócio das prisões privadas se mostrou lucrativo para todas as empresas do ramo: entre 1999 e 2010, o número de prisioneiros mantidos nas instituições particulares cresceu 80% no país, enquanto a população carcerária em geral cresceu apenas 18%.

Na história, os agentes são chamados através de Hotch, que conhece o atual dono de um pool de penitenciárias. Seu amigo relata uma segunda morte de guardas em três meses e pede a ajuda da equipe. Conhecendo os riscos de agir dentro de uma penitenciária, nosso time se prepara para atuar lá dentro com inteligência. A primeira dificuldade é a falta de contato com o mundo. Apenas em alguns poucos lugares há sinal de satélite capaz de fazer e a internet funcionarem. Além disto, eles são alertados por Hotch e por Rossi sobre o ambiente hostil de dentro de uma cadeia e da possibilidade de terem que enfrentar gangues muito bem organizadas dentro do presídio.



Os agentes começam por investigar presidiários com fichas problemáticas e membros de gangues locais para tentar descobrir a motivação do assassinato dos policiais. São feitos interrogatórios e Reid se encarrega de ler as fichas dos detentos para identificá-los. É a partir do momento em que eles dão por falta de um deles que a investigação começa a virar olhos para os próprios agentes penitenciários. Tal investigação lentamente desvenda um horroroso sistema de apostas organizadas por alguns policiais,feitas através da disputa entre detentos, em uma espécie de MMA, onde vence quem sobrevive. Fica claro que, além da vantagem financeira, há o componente psicótico: trocando em miúdos, ainda mais importante que a vantagem financeira é a violência que se estabelece em território livre de punições.

Enquanto o chefe da segurança surta ao perceber que foi pego e decide não sair vivo da situação, Morgan e Kate se envolvem em uma briga de presidiários e são feitos de reféns. Graças a intervenção de um outro presidiário e, posteriormente de outros agentes que assumem a situação eles acabam sendo salvos.

Lendo tudo assim, desta forma, parece apenas mais um episódio da série Criminal Minds. Mas não foi apenas mais um episódio. Foi “o” episódio. Dirigindo seu quarto episódio na série Thomas Gibson deu um show em diversos sentidos. Como boa cinéfila,  vivo reclamando que as séries deveriam explorar mais os recursos cinematográficos como ângulos de câmera, tomadas diferentes, iluminação, outros planos que não apenas o plano americano, entre outras coisas. Mas às vezes fico em dúvida se isto é possível em shows deste tipo por conta do tempo de gravação, recursos e tal. Pois bem, Thomas Gibson me provou em Lockdown que não apenas é possível como também o resultado pode ser excepcional. Quem não é muito ligado em cinema ou não conhece os recursos utilizados pode não identificá-los de imediato, mas também pode ter a certeza de que foi um dos motivos pelos quais provavelmente gostou do episódio. Algumas tomadas em planos de detalhe como na abertura e fechamento dos portões do presídio no início e encerramento ou o close up nos rostos e tatuagens dos presos dão a sensação exata da clausura e do medo que nos espera pela frente. Já as cenas de luta contaram com câmeras de tripé e câmeras de mão, com movimentos rápidos e dinâmicos que tornaram  a cena mais emocionante. Foram ângulos inusitados, com câmera alta, câmera baixa e plana, iluminação em low key (reforçando a sensação de medo), isso só para citar alguns exemplos.

Também a escolha do elenco convidado foi perfeita. William Ragsdale esteve ótimo como o chefe de segurança psicopata sedento por sangue e Matt Corboy e William Stanford Davis também agregaram veracidade aos seus respectivos papéis.

Muito bom saber que mesmo após dez temporadas eles ainda conseguem escapar da mesmice e produzir ótimos episódios como este. Ontem, ao gravar o podcast para a página do Criminal Minds me pediram a nota do episódio. Quem me acompanha sabe que raramente dou uma nota dez que, aliás, dedico a apenas cinco episódios durante toda a exibição da série. Bem, agora eu tenho seis episódios nota dez para este show, que conseguiu angariar duas notas máximas na mesma temporada (eu também atribuí nota dez a Nelson’s Sparrows). Sensacional!

Até a próxima!

Criminal Minds 10×15: Scream

Alguns episódios de Criminal Minds tocam meu coração de uma maneira mais profunda que não sei bem como explicar. Às vezes a história até que é simples, o roteiro não é muito rebuscado, não existem elementos demais, no entanto me fazem sentir o peso da humanidade nas costas. Scream para mim foi um episódio exatamente assim.

A história é razoavelmente simples e acontece várias vezes ao dia nos mais diversos lares de todo o universo: violência familiar, abuso de poder patriarcal, uma criança que assiste de forma recorrente sua mãe, dia após dia, ser humilhada e machucada, moral e fisicamente pelo homem a quem chama de pai. Sim, é tão terrivelmente trágico uma criança assistir de perto sua mãe apanhando quanto é terrível ver seu pai batendo.

Pouca gente imagina o impacto que isto causa a uma criança. Muita gente acha o tema supervalorizado, outras acham que pessoas quando crescem não tem para lidarem com isto. Mas não é isto o que acontece. Muitas destas crianças crescem tentando desesperadamente implantar alguma normalidade à sua rotina e até conseguem. Conseguem ser bem sucedidas, conseguem construir uma família feliz e seguir em frente. Mas sempre ficam seqüelas. Sempre ouvirão os pedidos de socorro em um sonho ou outro. No entanto, seguem em frente e lidam com este sentimento. Outras nem tanto.

Scream trás um retrato bem elaborado dos males que este tipo de vivência acrescenta a uma mente já tendenciosamente perturbada. Pessoas que não conseguem jamais superar totalmente e acabam chafurdando no próprio lamaçal de suas vidas, submetendo outras pessoas inocentes aos seus traumas. É o que ocorre com Peter Folkmore, que quando criança presenciou por anos a violência de seu pai com sua mãe e acabou, por fim, testemunhando o assassinato de sua mãe e o subseqüente suicídio de seu pai. À equipe cabe descobrir quem é o responsável pelas mortes de duas mulheres e o desaparecimento de uma terceira na Califórnia.



A história de Peter Folkmore consegue ser ainda mais cruel, ainda que isto fosse possível. Desconfiado, após diversas chamadas de vizinhos reportando discussões e em nenhuma vez obtendo registro de queixa por parte da mãe, o investigador de polícia resolve dar ao menino um pequeno gravador, na esperança de que ele pudesse gravar algum momento do abuso e isto servisse para salvar a mãe e a criança daquele ambiente hostil. Quando finalmente Peter resolve gravar alguma coisa, acaba por registrar os últimos momentos de vida de seus pais. Crescido, vai trabalhar em um local de assistência para mulheres que sofrem abusos e lá mesmo obtém suas vítimas. Visto que tempos atrás, o único registro da voz de sua mãe perdeu-se em um incêndio, Peter captura mulheres com o intuito de gravar o último diálogo de seus pais com extrema fidelidade e, assim, obter de novo um registro que seja fiel à lembrança que guarda de sua mãe. que, mesmo contando com a colaboração das vítimas, ele jamais conseguiria reproduzir a voz da mãe novamente e, ao frustrar-se, mata as mulheres que não atingem seu objetivo.

O caso é relativamente simples, mas impressiona ver através da impecável interpretação de Brian Poth a imensa dor que sente seu Peter Folkmore. Ele sabe que o que deseja é impossível, sabe que o que deseja é errado, mas seu impulso incontrolável o leva ao limite para manter o último momento intacto.



Em paralelo a esta trama, seguimos com mais um pouco do arco formado no início da temporada acerca de aliciadores de pessoas através da internet com um objetivo ainda não muito claro ( tráfico humano pode seguir várias vertentes, venda de órgãos no mercado negro, escravidão humana, aliciamento de menores para prostituição, entre outras barbaridades). Desta vez conhecemos o marido de Kate e presenciamos aquilo que pessoas com filhos já sabem: é difícil educar crianças sem que haja um consenso entre os pais.

Sabemos que Meg é sobrinha, mas foi criada desde pequena como filha por Kate e seu marido. Dando seqüência aos fatos de sua última aparição, Meg e sua amiga marcam em um shopping para encontrar-se com o rapaz que conheceram pela internet. Ao pedir autorização, sem que haja uma discussão prévia o marido de Kate autoriza o passeio, acreditando ser apenas uma tarde entre amigos. Kate o recrimina, pois eles ainda não haviam discutido sobre isso e ela teme que seja um encontro de namorados. De forma bem humorada, assistimos a um embate de marido e mulher no sentido de descobrir o que é melhor para a sobrinha que educam. Na cena final, o marido liga arrependido para Kate se desculpando por tomar a dianteira e diz que está de olho nas meninas no shopping, supondo que elas tomaram um “bolo” dos garotos.

Na verdade podemos observar que o unsub, ao perceber a presença do marido de Kate aborta a missão de capturar as meninas, avisando Meg que o encontro fica para outra oportunidade. Fica claro que este será o gancho da Season Finale, o provável rapto da sobrinha de Kate culminando com o desmantelamento da quadrilha que trafica humanos. Resta saber se será um arco encerrado ainda nesta temporada ou um cliffhanger, cujo desenlace ocorrerá em uma possível décima primeira temporada. É esperar para ver.

Até a próxima!!

Categorias: Reviews Criminal Minds 10×14: Hero Worship


Escrito por Rick Dunkle e dirigido por Larry Teng Hero Worship não foi um grande episódio. que chega a ser desonesto qualificar qualquer episódio que passasse uma semana após o excelente Nelson’s Sparrow, este sim um episódio nota dez. No entanto, mesmo ignorando qualquer comparação o episódio foi um tanto exagerado, cometendo alguns absurdos e com enredo que não convenceu totalmente.

Em resumo, depois de uma explosão em uma escola de Indiana – Indianápolis com a morte de uma pessoa a equipe é chamada para investigar uma explosão em um Café com a morte de sete pessoas. Durante esta última explosão um homem consegue salvar uma mulher grávida. A princípio os agentes suspeitam da ligação entre os dois atos, sem conseguir saber se trata-se de um ato de terrorismo doméstico ou vingança pessoal.

Quando começam investigar são apresentados a Allen Archer, o tal herói que arriscou sua vida para salvar a grávida, que agora deu a luz e, a mídia cria um enorme sensacionalismo em torno do fato do homem ter salvado duas vidas.

Este homem é casado com a viúva de um amigo Seal que morrera no Afeganistão, cuja memória é cultuada até hoje como um verdadeiro herói. Morgan percebe que as bombas dos dois casos não parecidas, mas não idênticas, e isso os leva a desconfiar de outro suspeito. Neste ínterim Allen sofre um atentado dentro de sua própria caminhonete a noite, quando ao pisar no desembraio aciona uma bomba que explodirá se ele tirar o pé do pedal. Ao chegarem ao local para atender o chamado, Morgan e Reid não esperam o esquadrão anti bombas chegar e em uma cena “emocionante”, mas sem qualquer sentido nosso gênio pede para Morgan “usar sua intuição” para desarmar ele próprio a bomba. Não bastasse isso, frente a fios todos da mesma cor, ele arrisca-se a cortar um dos fios que ele “acha”  ser o fio certo. Ora, todos nós sabemos que embora adore um ato altruísta, mesmo em outras ocasiões em que se recusar sair do local e permaneceu ao lado da vítima quem fez o desarme foi alguém do esquadrão anti bombas, aparatado e para tal operação. Para criar um clima de emoção, o roteiro abriu mão do bom senso sempre presente nas decisões dos dois agentes em ocasiões deste tipo.


  Depois do salvamento de Allen a equipe passa a considerá-lo suspeito da explosão da Cafeteria e chama o casal para prestar depoimento. Tenho gostado muito de Kate quando ela questiona suspeitos. Incisiva, sarcástica e firme, ficou fácil para o suspeito se entregar em um deslize para ela e Hotch. Allen na verdade era um sujeito inseguro que viveu à sombra do amigo que morreu e queria participar de um ato heróico para que sua mulher e enteada orgulhassem dele. Ele confessa ter posto a bomba na cafeteria, mas diz que não esperava que ninguém se machucasse.

Quando eles percebem o remorso autêntico de Allen e sua preocupação com a esposa e a filha dela, chegam a conclusão de que o suspeito que colocou a bomba na escola e na caminhonete de Allen é outro sujeito, irritado com o fato de ter sido colocado de lado com a exposição do “herói” na mídia.

Aí surge outro ponto confuso no roteiro. Embora a cena do Hotch explicando a Rossi sobre a participação do prefeito no plano seja muito boa, não creio que nem com promessas de aprovação popular o político se sujeitaria a isso. Armar todo aquele circo para a mídia entregando a chave da cidade para Allen sabendo que ele fora o responsável por sete mortes criaria para a mídia uma sensação de insegurança quanto à veracidade de futuras matérias. Enquanto isso Penélope gasta seus neurônios para chegar a um suspeito, este sim ligado à explosão na escola. Um professor que, mesmo sendo muito conceituado fora demitido por ter tido um relacionamento amoroso com uma aluna e nem importara o fato da aluna ser maior de idade e a relação ter sido consensual. Revoltado com tal injustiça, o tal professor planeja sair explodindo vários locais pela cidade para chamar satisfazer seu ego e conseguir a planejada vingança. Com a foto do suspeito em mãos, Hotch ainda passará por outro susto antes de prenderem o unsub, já que o mesmo arma uma distração, uma caminhonete dirigida por outra pessoa com uma falsa bomba.

Na verdade, em minha opinião, as melhores cenas do episódio concentraram-se em mostrar a forma como Reid está lidando com seu luto por Gideon e como Rossi procura ajudá-lo com isso. A sacada de usar do jogo de xadrez, um velho hábito dos dois amigos, para absorver e encerrar um ciclo e começar um novo foi muito boa, porque está carregada de simbolismos. Rossi, também em luto e não apenas por Gideon, mas também por Harrison, seu amigo sargento, é a melhor opção para orientar o garoto nesta jornada.

Até a próxima!

Criminal Minds 10×13: Nelson’s Sparrow


De tempos em tempos somos agraciados, nós, os fãs fieis, com episódios feitos sob encomenda para agradar e presentear nossa fidelidade. Nelson’s Sparrow é um destes casos.

Do primeiro ao último instante o episódio é um mimo reservado àqueles que prestigiam a série desde seu início. Relembrando as origens do BAU, Erica Messer e Kirsten Vangsness resolveram  por um ponto final à história de Jason Gideon, matando-o em grande estilo: assassinando-o em decorrência de um caso por ele nunca solucionado. Para além de todas as outras conseqüências, de imediato temos o sentimento de perda, o luto autêntico daqueles que foram seus companheiros, mas que por obra do destino, distanciaram-se  dele.

Por tratar-se de um assassinato, fez-se necessário uma investigação que os levasse à verdade. Para isto a dupla de roteiristas Erica e Kirsten, lançou mão do artifício dos flashbacks para esclarecer vários pontos da estória. E, de quebra, nos presentearam com os primórdios do BAU, a origem de termos como “crimes em série”, a “assinatura” de um criminoso serial, o “sujeito desconhecido” ou unsub, entre outras pérolas. Além do que, elas escancaram o passado e nos contam o porquê da obsessão de Jason Gideon com pássaros ( incrível a forma como conseguiram justificar sua obsessão através do caso).

 nelson 2

Um dos destaques foram  sem dúvida alguma, os interpretes para os papéis de Gideon e Rossi jovens, que cumpriram suas missões com louvor. Para além do fato de Ben Savage guardar enorme semelhança com o ator Mandy Patinkin, a sua interpretação lotada de detalhes nos maneirismos, olhares e expressões impressiona. Da mesma forma, embora não tão parecido,Robert Dunne desenvolve trabalho semelhante,valorizando movimentos e expressões  faciais e corporais que lembram com facilidade nosso velho amigo David Rossi.



Logo na cena inicial, por um instante ficamos em dúvida se voltamos ao episódio em que Reid vai procurar por Gideon na cabana após abandonar o BAU ( S03 x E02 – In Name And Blood ), para em seguida entendermos que a cena é outra, o contexto também. Por motivos óbvios o corpo de Gideon aparece sempre coberto ( já que o ator que o desempenhou não apareceria novamente no show), mas a sensação de luto é aterradora. Momentos como o diálogo de Rossi com o Hotch no início e no final do episódio nos fazem refletir sobre muitos aspectos da vida pelos quais todos nós obrigatoriamente passaremos. É doído pensar em quantas pessoas realmente poderiam ter feito parte de nossa história e que, às vezes por falta de ou de oportunidade seguem rumos diferentes dos nossos. Por outro lado, quando temos mais idade, como é meu caso, começamos a refletir como Rossi, vendo pessoas queridas partirem seguidamente, assistindo a despedida de amigos e parentes e pensando o que nos reserva o destino.
Quando jovens enquanto davam início ao departamento que faria a análise de perfis, Gideon e Rossi deparam-se com um caso que acaba por não ser solucionado.

Este caso irá hibernar até os dias atuais, quando Gideon aparentemente volta a encontrar caso semelhante e dispõe-se a investigar sozinho. Rossi volta aos primórdios do departamento e relembra os assassinatos, cuja assinatura era um pássaro morto nas mãos da vítima ( o que irá posteriormente explicar a obsessão de Gideon por pássaros). A propósito, sobre o unsub, psicopatia pouca é bobagem. Tendo ficado por anos com uma única vítima, somente agora, com a morte da moça ele volta a caçar – e a chamar a atenção de Gideon.

Destaque também para a direção de arte, tanto na recriação das cenas passadas na década de trinta como no reduto do assassino, criando um ambiente sujo e claustrofóbico em meio a tantos pássaros engaiolados.
O episódio todo é muito bem amarrado, cheio de brindes aos fãs mais fiéis e não deixa margens para perguntas paralelas. Tudo é costurado com requinte. Talvez por isto, tenha sido considerado por muitos, a mim inclusive, como um episódio nota dez.Todas as cenas denotam profundo respeito pelos personagens, todos os caminhos levam a uma conclusão efetiva. Sem dúvidas, um episódio nota dez!

Até a próxima semana!

Criminal Minds 10×12: Anonymous


Eu sou mãe, por isto posso perguntar a você leitor, assim como me disponho responder: o que você faria para salvar a vida de seu filho que está a beira da morte?


, antes que a discussão se estabeleça, provavelmente nada parecido com o que o nosso unsub da semana estava fazendo. Muito provavelmente venderia minha alma ao diabo ou coisa parecida, mas não sairia matando alhures, sem qualquer garantia. Mas, sem dúvida, é algo a se discutir.

Nossa equipe é levada a investigar crimes que ocorrem de forma aparentemente aleatória e que, depois descobrimos, não tinham exatamente a intenção de matar. Simples assim, e por este motivo mesmo tão discutível, o caso da semana aborda um pai que vê sua filha, já mãe de um menino pequeno, na casa dos vinte e poucos anos, sucumbir pela necessidade de um transplante de fígado, órgão este que ele próprio tenta doar e foi descartado, por motivos de saúde.

Precisa ser uma pessoa muito insana ou muito à beira do desespero para sair atirando em pessoas, até que uma delas possa, enfim, ser compatível e, servir de doador para um filho necessitado de um transplante de um órgão. Não imagino a infinita lista de loucas possibilidades que exploraria a fim de salvar minha cria, mas não há dúvidas de que deveria ser algo dentro da lei, ou no mínimo, passível de ser aceita na prática. De nada me serviria neste momento tornar-me uma criminosa, sem a certeza do êxito em salvá-lo.
Dito isto, posso afirmar que compreendo, mas não aceito as decisões do unsub desta semana. É muito mais provável que eu optasse por sua decisão final (o suicídio) do que propriamente aceitasse sua decisão de matar inocentes que sequer poderiam ajudar no processo (matar um inocente para salvar um filho somente se tivesse certeza de que isto o salvaria, o que não é o caso no episódio.

Em paralelo temos David Rossi chorando a morte de seu amigo de infantaria: Harrison Scott morreu, porque seu interprete na vida real morreu também. Sabe-se que o ator  Meshach Taylor faleceu em meados de junho do ano passado e que ele era amigo íntimo de Joe Mantegna. Em episódio dirigido pelo próprio, era de se esperar que o ator honrasse seu amigo, e mais, que fizesse menção aos soldados que prestam serviços à pátria. Não é que Joe nutre imenso respeito às pessoas que servem ao seu país, tal qual seu tio o fez na época do Vietnã. Honrar pessoas que prestam o serviço militar em seu país é quase uma obrigação na história de Joe Mantegna, rito que ele segue cegamente em Criminal Minds. Não sei se as pessoas homenageadas sentem-se referidas, mas é fato que Joe mantêm uma solenidade em torno de todos os nomes, mencionados ou não, que ele tenta honrar as pessoas que de alguma forma, deram parte de sua vida à nação.

Visto desta forma, o episódio é elogioso e sentimental, cumprindo seu papel memorial, em torno dos nomes citados. Nunca saberemos ao exato se Joe Mantegna conseguiu honrar às pessoas que desejava, mas é certo que o episódio reverência a todas as pessoas que de, uma forma ou de outra, tiveram seus nomes envolvidos neste momento conturbado da nação.


Como episódio é provável que nunca se solidifique, mas como homenagem, Joe e roteiristas fizeram um ótimo trabalho. Serve para nos lembrar, de uma forma ou de outra que, querendo ou não, iremos honrar nossa pátria, através de nosso nome, gostando ou não desta situação.

Até o próximo episódio!!!!!