segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Review – Criminal Minds – 9x03 – Final Shot



Por Débora Gutierrez Ratto Clemente

Contém spoilers


Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma, segundo o "Pai da Química" Antoine Lavoisier, ou se copia,segundo o mercado publicitário. E quer saber? Em Criminal Minds, nove temporadas depois, isto ainda funciona muito bem. É bem provável que por isto o show se mantenha na casa dos quase onze milhões de espectadores, quando séries novas minguam , lutando para não serem canceladas antes dos fatídicos  oito episódios de aprovação. Com um pouco de tudo aquilo que os fãs amam ver, Final Shot consegue construir uma estória inteligente, utilizando-se de recursos que nos remetem a vários outros episódios.

Se para nós brasileiros a cena inicial é muito aflitiva, imagino o quão brutal deva ser para os americanos , ver na tv cenas que lembram  uma dolorosa e cruel rotina  que vem se estabelecendo nos EUA, as mortes aleatórias cometidas por desajustados sociais que saem atirando para matar quem estiver pela sua frente ( a equipe menciona o ataque na Maratona de Boston, mas sabemos que existem vários casos deste tipo, como o rapaz que atirou em uma escola, matando vários alunos, inclusive sua mãe, uma professora, antes de se matar ou o fuzileiro naval  que matou oito inocentes antes de atirar contra a própria cabeça,entre outros).

Gosto desta iniciativa dos roteiristas de voltar a explorar a utilização do perfil detalhado, que, como disse na última review, em última análise, é o objetivo primeiro da série. Prefiro, ao contrário de muitos, abrir mão da ação em detrimento dos aspectos psicológicos que são abordados para que os profissionais cheguem ao criminoso.

Quando Hotch e Rossi chegam à delegacia, a preocupação primeira é explorar a hipótese do terrorismo doméstico (ou não doméstico, os EUA nunca se recuperaram do episódio do Onze de Setembro). Ver Eve LaRue no papel de uma investigadora em Criminal Minds é muito estranho para quem a acompanhou por tantos anos em CSI Miami e isto apenas reforça o quão alguns atores ficam marcados por seus personagens de longa data ( fiquei esperando quando ela iria abrir a maleta de CSI e colher digitais, rs). Os comentários de Rossi sobre o orçamento do FBI ( em um momento em que os EUA atravessam uma crise financeira e de credibilidade) e da Garcia sobre existir um segundo atirador no caso Kennedy ( sim, também comungo desta opinião conspiratória), são um bônus para fãs atentos à fatos reais e conferem  veracidade à trama. Outro fator interessante, são os depoimentos que levam a falsas pistas - a garota no hospital dizendo que viu um homem careca atirando ou a possivel ligação do caso com um membro de uma comunidade ariana que luta pela supremacia branca. Esta última informação não nos leva ao assassino, mas rende uma cena sensacional. A interação de JJ e Morgan funciona perfeitamente como provocação e o momento em que nosso agente negro toca nas mãos do prisioneiro é brilhante em mostrar o racismo latente naquele homem branco, crente de sua superioridade racial.  Uma triste realidade infelizmente não apenas americana, mas repugnantemente mundial.




Quando acontece o segundo ataque, a equipe passa a ver o caso com outros olhos, sempre focando em informações que tracem um perfil mais aproximado do atirador ( é interessante ver que informações como a posição do assassino e o trânsito local possam levar a uma conclusão que defina a pessoa que eles estão procurando). Em contrapartida, vemos em mais de um momento, cenas da vítima, sendo protegida por um homem por quem, a partir da construção dos diálogos nos afeiçoamos, nos sensibilizamos com  sua estória de vida, com sua compaixão em ajudar quem precisa. Estas cenas são cruciais para que o impacto desejado ao final do episódio seja atingido com perfeição. Não restam dúvidas de que estamos assistindo a estas cenas em tempo real, e a cada instante, sentimos o atirador mais próximo de seu alvo. A opção por levar Reid de volta à cena do crime como recurso visual sempre foi uma marca nos episódios iniciais da série e volta a ser utilizado com eficiência (bem como as cenas de flashback com fotografia e iluminação diferenciadas e mesmo a utilização do tema, pois temos atiradores aleatórios em pelo menos dois momentos da série : LDSK – 1x06 e Pay It Forward – 8x19).

Quando pensamos que a crueldade maior do unsub é matar pessoas aleatórias, eles tomam folego e nos impactam com outra realidade mundial dura de engolir: a violência doméstica que arruína a vida de centenas de milhares de mulheres no mundo todo. Desta forma o caso ganha nova reviravolta, e passamos a saber mais sobre a rotina e procedimento de abrigos que ajudam estas mulheres a escapar de tamanha crueldade. Bem quando eu já ia reclamar sobre a vítima aprender tão rápido sobre como memorizar objetos eles  engrenam na busca por aquele que seria o marido buscando vingança da mulher que ousou desafiá-lo e abandonar a vida de maus tratos. Me soou meio bobo o homem fugir da polícia, já que facilmente ele teria infinitos recursos financeiros para se defender da acusação, mas a morte dele caminha para encerrar o episódio com ação e mais uma surpresa.  A desconstrução do ambiente  nos choca quando descobrimos que o homem que a protege é o mesmo que a persegue. O recurso de imagem que leva a sobrepor  realidade à fantasia também não é novo ( foi utilizado no 4x06 – The Instincts), mas é muito eficiente. Até quase o final do episódios somos levados a crer na fantasia do atirador e o abraço que Rebecca dá nele ao final chega a ser comovente. Ao mesmo tempo em que vamos nos acostumando com a reviravolta, Hotch nos explica o que é “fantasy integration” (integração fantasiosa em uma tradução ao pé da língua, na falta de conhecer o termo técnico específico usado aqui no Brasil para estes casos), um exercício mental a que atiradores de elite se submetem para manter-se acordado por até tres dias, mantendo-se totalmente focados em suas vítimas. E, por fim, para agradarem os fãs que não abrem mão de um pouco de ação, Hotch alvejando o assassino da mesma forma que o proprio atingia suas vítimas, com um tiro certeiro à longa distância, deixando extasiados os fãs do personagem. Um final sob medida para os fãs que vivem reclamando da revelação da identidade do unsub logo no início do episódio.

Não se pode negar o esforço dos roteiristas desde a temporada anterior em voltar às origens da série, resgatando os perfis detalhados, a sobreposição de imagens dos agentes nas cenas de crimes, os enquadramentos diferenciados e ainda alguma ação, ainda que este último ítem nunca tenho sido princípio básico da série. E o resultado não poderia ser melhor: mais do mesmo, reescrito com cuidado e atenção para parecer diferente e esperarmos ansiosos pelo episódio da próxima semana. Tá de bom tamanho para você? Deixe sua opinião!

Observações finais:

·          *  Desde já, em pequena cena ao telefone, e em seguida em diálogo com Reid,eles já começam a plantar a idéia de um problema com JJ. Em minha opinião, eles jamais colocariam a agente para trair seu marido.Tenho para mim que eles vão vasculhar o passado da moça ( ela tem um caso de suicídio na família - a irmã) e acho que eles podem explorar um pai abusivo ou omisso ou um namoro que deu errado e o novo chefe do departamento a teria apoiado firmente nesta situação, formando assim um laço forte entre eles. Não esperem por adultério, por favor!  
·       
             *  A mesa da Garcia parece o quarto do meu filho quando tinha dez anos de idade. Está um pouco exagerado, eles podiam maneirar no look.

·         *  Por sinal, a Kristen emagreceu horrores desde o início da série. A cena dela em pé na porta do elevador  mostrou a gritante diferença.

·         *Finalmente deram um jeito no cabelo do Thomas!

·         *  E sobre o Hotch vestindo aquela camisa branca e colete, bem, eu, ah!, eu...deixa para lá, quem me acompanha sabe bem o que eu quero dizer, rs...


      Esperando ansiosa pelo próximo episódio. Até lá!

Review - Criminal Minds - 9x02 - The Inspired




Por Débora Gutierrez Ratto Clemente

Contém spoilers!



O grande problema dos episódios divididos em duas partes é que normalmente as nossas teorias sempre nos soam mais convincentes. Na verdade, The Inspired  tem uma conclusão menos convencional do que eu esperava, mas nem por isso menos interessante.


O episódio parte do princípio básico de um erro de equipe (embora seja fácil culpar a Garcia pela falta da informação essencial de que a mãe do suspeito teria tido gêmeos, lembremos que ela é levada a buscar informações, guiada pelas orientações do grupo como um todo, são os profilers que dão a diretriz básica para a busca de informações via computador e não o contrário). A cena onde Rossi assiste ao discurso do advogado do gêmeo preso erroneamente pelo tablete abriu uma porta que poderia ter sido usada mais amplamente, ou ao menos deixada para ser explorada em futuro próximo. No entanto, como descobrimos ao final do episódio, aquilo que poderia ter sido uma discussão ampla sobre o papel dos profilers e sua suscetibilidade a erros, acaba por servir apenas para ilustrar o descarte meio forçado de Hotch como chefe. Uma pena, pois o ataque do advogado era uma cena forte que poderia ter rendido momentos melhores do  que apenas o confronto pessoal de Hotch discutindo a sua postura, já que, como Blake lembra no início do episódio, este tipo de erro pode acabar com carreiras. Enfim, acho que a solução para que Hotch não aceitasse o novo cargo poderia ter partido dele e não de um erro da equipe, que lhe custasse o cargo. Mesmo que assumir a função não lhe interessasse, não havia necessidade de “sujar” seu histórico profissional (e por consequência o da equipe) para que o novo personagem fosse inserido na trama ( mais sem sentido ainda foi ele ficar aliviado ao final do episódio. O perfil do personagem que não tolera erros seus ou dos outros foi para o espaço neste momento.)


Quanto à trama propriamente dita, novamente uma família totalmente disfuncional é a base de tudo. A mãe passa então a ser o elo mais importante para a estória ( como eu disse na review anterior, era óbvio que não desperdiçariam uma atriz como Camryn Manheim  apenas como mera coadjuvante). Bem construído, o enredo constituído de uma mãe egocêntrica e manipuladora, que cria um filho psicopata sob a sua sombra explica, entre outras coisas, a metáfora do louva deus de forma muito coerente. Sensacional a cena do interrogatório de Hotch  com Carla, onde até para leigos fica claro o comportamento da mãe, tentando fazer-se de vítima das circunstâncias ( ótimo o paralelo com o Hotch, já que ele é pai solteiro). 


Quanto ao gêmeo Jesse, lamento que os quarenta e cinco minutos do episódio tenham obrigado o roteirista a acelerar a evolução do personagem. Mesmo sabendo de um contato pregresso do mesmo com sua mãe, fica meio exagerado ele progredir sua psicopatia de forma assim tão radical. Ainda assim, fica muito claro que sua vingança latente desencadeie o desejo de matar da mesma forma que o irmão. Ao final do episódio, a gente quase acaba sentindo pena de Wallace, pois com pais daqueles, ele não tinham qualquer chance.


Interessante como se desenvolve a fantasia na cabeça de Carla, sendo que o surgimento de Jesse passa a ser o gatilho para criar a esperança de uma redenção: com o filho adotado voltando à cena, Carla vislumbra, em seu egoísmo delirante, poder ter a família ideal novamente, incluindo aí, o pai de seus filhos. Para ela, descartar o filho problemático e substituí-lo por um perfeito é fundamental para que, em sua mente doentia, ela recupere o que, em que sua opinião lhe é de direito: o título de mãe perfeita. O uso do advogado e sua empresa são fundamentais para que ela possa realizar seu desejo, e é pelo próprio advogado que surgem as respostas necessárias para a equipe chegar a algumas conclusões fundamentais para a resolução do caso.

As melhores cenas sem dúvida foram as do interrogatório de Carla feito pelo Hotch e aquelas em que o mesmo Hotch aperta o advogado, em uma espécie de virada do jogo, já que havia sido feito de bobo no início do episódio por ele. Obviamente que o desempenho dos dois atores coadjuvantes, junto ao de Thomas Gibson, é fundamental para o sucesso absoluto das cenas.
Por fim, o manjado recurso dos gêmeos colocados frente à frente e tentarem se passar um pelo outro na cena não compromete do desfecho, onde brilham o desespero de Wallace buscando o apoio de uma mãe omissa ( a verdadeira louva deus fêmea da estória) aos seus apelos e a quase inocência de um pai perdido em um mundo próprio e sem maldade. Destaque para a sacada da igreja, traçando um paralelo entre a Virgem Maria e Carla, paralelo este que só pode surgir em uma mente doentia perdida em uma superioridade que nunca existiu.




Em minha opinião, excelente episódio, com ótimas interpretações dos atores coadjuvantes e um texto afiado, exceto pela observação feita no início da review ( perderam, novamente, em minha humilde opinião, um tema que poderia ser melhor explorado em outro momento  - um grave erro de perfil) e deram ao Hotch uma satisfação que não condiz com a estória e o comportamento de seu personagem ao longo dos anos.


Com isso, abre-se a temporada de forma bastante interessante e fica a expectativa para que os demais episódios mantenham o mesmo ótimo nível desta Première dupla. 


Deixem seus comentários: você gostou deste início de temporada?

Até a próxima

Review - Criminal Minds - 9x01 - The Inspiration


Por Débora Gutierrez Ratto Clemente 


Atenção! Contém Spoleirs


Poucos shows da tv americana tem arrancado dos meus lábios um sorriso de franco prazer ao final de cada exibição. Bom saber que Criminal Minds continua sendo um deles.Impressiona o modo como a série escapa da zona de acomodação mesmo após nove anos de exibição contínua, encontrando ano após ano um meio de surpreender sem render-se ao óbvio. Curioso é que tenho tido oportunidade de rever a primeira temporada pelo canal AXN e isso só deixa mais claro para mim o quanto a série, em meio a tantas turbulências, virou gente grande, cresceu e conseguiu encontrar um meio termo entre a prioridade absoluta aos casos e perfis dos quatro primeiros anos do show e o quase melodrama da sexta temporada.


 Como em uma dança bem cadenciada temos tido, da sétima temporada para cá, casos muito interessantes, resolvidos de forma bastante satisfatória, entremeadas de forma natural e convincente ao dia a dia dos membros da equipe. Funciona muito bem para o show, aquelas conversas e observações em meio ao caso, onde a química dos atores e atrizes e o texto menos carregado, mais solto e com algum humor, acrescentam à estória maior naturalidade ( como por exemplo, em um curto e bem humorado comentário, ouvimos o Morgan mencionar uma namorada, ou seja, a vida pessoal passa a ser explorada sem informações em excesso, sabemos que são humanos, mas não precisamos de um plot só para isto). Desta forma a série ganha credibilidade sem tornar-se uma novela. 

The Inspiration honra de forma eficaz o compromisso de uma Season Premiere. O episódio trouxe um pouco de tudo.  Ação, suspense, um caso interessante, muito perfil (parece que voltou para ficar o padrão que vinha aparecendo aqui e ali, na temporada anterior, um ping pong mais bem elaborado entre os agentes para explicar o perfil do unsub, o que afinal de contas, sempre foi o carro chefe da série).

 Atrelado ao caso da semana, vemos de cara as consequências da morte de Erin Strauss na temporada anterior, no que diz respeito ao Bureau. Um Hotch entulhado de trabalho burocrático, um evidente convite para assumir um cargo que em hipótese lhe permitiria passar mais tempo com seu filho e, de forma inversamente proporcional, lhe afastaria daquilo que ele sabe fazer de melhor: trabalho de campo. E assim, as preocupações de seu mentor (Rossi), os questionamentos de todos os seus subordinados, não apenas sobre como seu chefe lidaria com um trabalho meramente administrativo e político, mas obviamente com o rumo que a equipe pode ser obrigada a tomar e até mesmo, em um lapso genial, Dr. Reid deixando claro novamente o quanto tem ficado marcado pela série de abandonos a que vem se submetendo durante toda a sua vida e com os quais ainda não sabe bem como lidar ( o pai, Emily, Emily novamente, Maeve e agora, eventualmente Hotch) aparecem neste primeiro episódio da nona temporada. 

O episódio sabiamente começa com a iminência de um acidente de carro que envolve JJ e Morgan, onde, para sabermos seu desfecho, somos remetidos há flashbacks de dois dias atrás. Boa opção para injetar alguma adrenalina a um início um tanto cheio de explicações e perfis que virão a seguir. O caso para o qual são chamados, apesar de terem retornado a pouco tempo de outra tarefa, nem parece, em um primeiro olhar, tão estranho assim. Duas moças encontradas estupradas e mortas em parques de Glendale, Arizona, em posições que sugerem estarem orando. Em uma tentativa de fugir do lugar comum da primeira pessoa que aparece em cena ser morta pelo unsub da semana, nos surpreendemos ao descobrir que a vizinha impertinente tenha se safado de morrer logo de cara ( nem vem, o truque é esperto, eu sei que a maioria tinha certeza que a moça iria morrer, rs..). 

E aí surge o unsub, que se entrega em uma tomada de suas mãos com um dedo tremulando ao som de um sibilar, em uma referência clara a ofídios em geral. Não me importo, pessoalmente, com a apresentação do unsub logo de cara quando o episódio oferece entretenimento de qualidade. Reid em um comentário já explica o porquê das mortes serem uma à trás da outra – ritualistas, com delírios e tal, para que a gente não fique achando que eles estão acelerando só porque o episódio tem hora certa para acabar. Outro ponto que me chamou a atenção foi  terem também o bom senso de equilibrar a JJ, agente agora com capacidade para embates físicos, com a JJ de outrora, entrevistando de forma solidária e mais suave junto a Reid, o ex marido de uma vítima, recordando suas origens. 

Neste ponto do episódio a equipe já tem outra vítima, desta vez, casada, e é aí que os bate bolas  entre agentes começam a ficar interessantes. À medida em que as vítimas passam a apresentar variações, eles vão tendo mais material para chegar a uma conclusão. A autópsia acrescenta outro dado estranho, o fato do conteúdo estomacal de uma das vítima conter um dente de outra pessoa, o que leva à conclusão de um perfil sádico delirante pelo uso do canibalismo imposto. 

Entremeados ao caso, surgem os comentários da equipe sobre a situação de Hotch e do departamento e temos aí uma das cenas mais emblemáticas do CM Team: embaraçado com o fato de perceber o quanto a sua decisão deverá afetar o trabalho de seus colegas, Hotch em um momento meio desajeitado ( sim, ele não está acostumado a partilhar suas dúvidas com o resto da equipe) comunica o convite recebido para ocupar o cargo deixado pela Strauss. É aí que vemos a cara do time. JJ é a primeira a questionar o que acontecerá se ele aceitar ( a atriz o faz com a cumplicidade meio fraternal que a personagem adquiriu na parceria com o chefe em esconder do time a informação sobre a morte fake da Emily na sexta temporada). E Hotch responde de forma patriarcal, assumindo sua ideia de  responsabilidade que tem sobre o aspecto profissional, para não dizer pessoal de todo o restante do time. Sem se expor demais, mostra fidelidade aos amigos ao afirmar que, de certa forma, tenta fazer o melhor para ele e os demais. Morgan reage de forma inconformada, apenas através da expressão facial, revelando seu aspecto questionador e agitado, embora solidário. Rossi, por ser o melhor de Hotch não esboça reação, pois como melhor amigo, já está a par do assunto. Blake reage de forma apenas profissional, já que, por estar há pouco tempo no time, não tem vínculos profundos com seu chefe. E, de forma brilhante, apresenta-se em um take de poucos segundos ( sim, eu voltei a cena diversas vezes) a expressão de um Reid confuso e quase abandonado, em uma referência depois exposta no diálogo a seguir com JJ à sua fragilidade em relação a abandonos mencionados no início do texto. 




Duas coisas me incomodaram. A primeira foi o unsub andar com a cabeça de uma vítima para lá e para cá sem que a mesma exalasse qualquer odor repugnante ( juro, depois da cena da geladeira será difícil usar meu prato de bolo com tampa sem ter uma breve lembrança desagradável). A segunda, depois esclarecida ao final do episódio para mim, foi o porquê de usarem uma atriz como a Camryn Manheim para uma aparição meio apagada como mãe do unsub ( ela com certeza terá destaque na segunda parte do episódio).

Sobre o insight do Spencer a respeito do delírio do unsub, sinceramente achei meio confuso. Não vi necessidade ( à princípio, pode ser que de certa forma eles voltem no assunto no próximo episódio) de incluir a mitologia de Pheidippides na explicação apenas para ilustrar a determinação do suspeito. Somente quem conhece história grega ( ou fizer uso do Google) irá entender a referência. Reid conclui que o rapaz está obcecado pela figura do louva-deus. O dito bichinho é um inseto cuja fêmea costuma comer a cabeça do parceiro macho durante o ato sexual. Na opinião do jovem agente isto explica a posição em que os corpos das jovens são encontrados, o fato do conteúdo estomacal sempre indicar ingestão de apenas pedaços da cabeça da primeira vítima, o tiro no coração e indica também que ele está agindo ele próprio como o louva-deus, antes que as fêmeas que o cercam o façam. Acredito também que a relação do louva-deus e do fascínio por cobras fique esclarecida na segunda parte do episódio.

Com a informação obtida através do DNA da primeira vítima fica fácil para Garcia amarrar as pontas e chegar ao possível suspeito: um jovem inconformado com o rompimento do namoro entra em crise e é impedido através de ordem judicial solicitada pelos pais da moça de vê-la novamente. Anos depois ele descobre através de nota nas colunas sociais de um jornal que a tal jovem está de casamento marcado com outro rapaz. Este é o gatilho que desencadeia a morte da antiga namorada e demais vítimas que ele vê, de forma delirante, como possível ameaça.

Tenho de fazer referência aqui às cenas da alucinação. Utilizando-se dos recursos recorrentes em filmes de terror, em especial aos filmes japoneses, o efeito embora manjado, impressiona por ser inesperado na série. Lembro-me de episódios em temporadas anteriores que faziam referências a alucinações ( em especial Blood Hungry – 1x11, cujos efeitos são totalmente diferentes e causam muito menos impacto). A maquiagem da vítima e a edição de imagens frenética, com aproximação e distanciamento, causam o efeito esperado, fazer com que o espectador sinta a mesma angústia do unsub alucinando. A perseguição ao suspeito e sua fuga geram uma frustação momentânea, até que um guarda o reconhece através do retrato falado em um carro que passa por ele. A cena em câmera lenta não é por acaso. Os mais atentos já percebem que o sujeito que dirige o carro não está usando uniforme e está calmo demais, diferente de alguém que acaba de sair em fuga em uma shopping center. Uma vez dado o alerta, voltamos à cena do início do episódio para descobrirmos que o provável acidente de Morgan e JJ dentro do carro não passou de um susto. Detido, o suspeito passa pelo processo de fichamento e a equipe já aparece retornando à Virgínia dentro do jatinho. Neste momento o roteirista lança mão de outro recurso inesperado e ( para quem não lê spoilers), nos surpreendemos com o Hotch recebendo um telefonema ( as chamadas do meu celular vivem caindo mesmo quando falo com meu marido a seis quadras daqui, que inveja do Hotch que fala claramente em pleno ar!!!!!) afirmando que eles pegaram o suspeito errado, para logo em seguida vermos, aquele que para nós é o unsub, dentro de uma lanchonete, fazendo compras e vendo na tv ligada do estabelecimento a notícia da prisão daquele que através da frase final, saberemos ser seu irmão gêmeo. Sacada genial para um gancho para o próximo episódio!

O final do episódio abre um leque de possibilidades para as situações não explicadas do caso. Deixo aqui meu palpite e convido você leitor a fazer o mesmo: como a moça diz nas alucinações que o amava, acho ser possível que os gêmeos tivessem se revezado no relacionamento sem que ela soubesse ( dormindo ora com um, ora com o outro), causando revolta e o rompimento quando ela descobrisse a jogada dos irmãos. Da mesma forma acho que eles se revezaram também nos crimes, em uma espécie de alucinação conjugada. Só não fica claro para mim ainda, de que forma a mãe entra na jogada, já que ela não mencionou em nenhum momento o fato de ter tido filhos gêmeos (que ela pode sequer saber, ela pode ter dado o outro em adoção ou ter sido levada a crer que o segundo filho morreu no parto, por exemplo. Ou ainda, fazer parte desta alucinação coletiva).

Enfim, um início de première para chacoalhar a poeira das férias, cheia de inovações e sobressaltos que, espero, pontue todos os próximos episódios ao longo da nona temporada.

Observações que não consigo deixar de fazer:

* A ala jovem que me perdoe, mas alguém precisa apresentar Matthew Gray Gubler ao pente e à tesoura. Com urgência!
* Outro que precisa de tesoura no cabelo é Thomas Gibson. Mais um pouco e sua costeleta fará inveja a Elvis Presley!
* Um muito obrigada a roteiristas que prezam seus fãs e sabem amarrar as estórias com capricho. Refiro-me à menção de Rossi ao dizer a Hotch que Strauss trazia muito trabalho para sua casa, sugerindo que eles estavam em uma relação séria. Uma forma de dizer que Rossi não se esqueceu da mulher com quem estava em um relacionamento, só porque trocamos de temporada.
* Outro muito obrigada por Garcia achar suas informações de forma mais lógica (e às vezes não achar), não como se fosse uma vidente sentada em frente de um computador.


É isso. Que este ótimo episódio de estreia seja o prenúncio de uma ótima temporada, cheia de bons roteiros e as excelentes interpretações de sempre!

Que venha o 9x02!

Bjos!

Para Todos Aqueles Que Acompanham Este Blog!!

Amigos,


Eu sei que a vida não anda fácil para ninguém, mas para mim anda especialmente difícil. Tenho tido problemas de saúde que estão me impedindo de postar em meu blog constantemente, como sempre fiz, em especial com as continuações de fics e reviews de Criminal Minds. Peço desculpas, em especial a quem vinha aguardando atualizações de fics, e se tiverem paciência, elas ainda virão. Por enquanto, vou postar por aqui as reviews da nona temporada de Criminal Minds, único compromisso que jurei honrar durante este meu período tumultuado. Em breve espero poder voltar a atualizar meu blog normalmente. Um grande abraço a todos!

Débora

domingo, 26 de maio de 2013

Criminal Minds - 8x23 e 8x24 - Brothers Hotchner e The Replicator - Meus Comentários



Esta foi de longe a review mais difícil que já escrevi. Optei por, ao invés de ser muito descritiva nos eventos, me ater às sutilezas, pois na verdade este foi, em muitos anos, o episódio duplo mais bem amarrado e mais cheio de sutilezas de que me lembro  ter acompanhado.


Dividido em duas partes ( a intenção inicial por parte dos produtores era de que cada parte passasse em uma semana, mas houve pressão da CBS para que o episódio final fosse duplo, causando assim, mais impacto), embora o primeiro tenha servido de elo de ligação para o segundo episódio, suas motivações foram  muito diferentes.

Promo Oficial


Em linhas gerais, Hotch vai à Nova York passar uns dias com seu filho Jack na casa de Beth ( em uma clara intenção de demonstrar que o relacionamento vai bem, obrigado e onde dizer à namorada “Eu te amo” foi mais íntimo do que mostrá-los na cama – verdade seja dita e sei que serei apedrejada, Thomas Gibson e Bellamy Young tem uma ótima química juntos – em especial ela, que é simpática e muito natural). Aqui uma curiosidade típica de quem tem filhos: é ele quem pede para ela falar mais baixo, pois o menino acabara de dormir, mulheres sem filhos não tem, ainda, esta preocupação.

Em dado momento, Hotch recebe uma ligação de Sean, seu irmão, pedindo ajuda em um caso onde uma moça teria morrido supostamente de overdose em seus braços na boate onde agora trabalha. Hotch diz a ele que está em Nova York e que irá encontrá-lo para ajudá-lo.




O caso é interessante, pois servirá de gancho para tudo o que virá a seguir, pessoas morrendo com overdoses de uma droga que é uma espécie de ecstasy misturada a um tipo letal de metanfetamina (PMMA), que leva a pessoa que faz uso dela a literalmente ferver por dentro. O primeiro caso havia sido a da namorada de Sean, e em seguida, uma moça na boate onde ele atende como barman. 

De certa forma, o primor das cenas entre os dois irmãos é exatamente o que não se diz. Eles são lacônicos em informações, Hotch parece não perdoá-lo por ficar ausente tanto tempo em sua vida ( “Sean: Jack, não o vejo desde que ele tinha....”  “Hotch:3” ;  “Sean: certo, e ele agora está com...”  “Hotch: 7”, sem cuidados, sem delicadezas, sem meias palavras). Fica muito claro que ele assume ser o irmão mais velho, responsável, aquele que está lá para ajudar, mas que seu irmão mais novo não espere que ele lhe passe a mão na cabeça. Mais típico de Aaron Hotchner impossível. 

Enquanto isso, Hotch pede ajuda à sua equipe, que se desloca até Nova York, incluindo Erin Strauss, sob o pretexto de que quando o grupo enfrenta casos pessoais tende a trapacear para cobrir uns aos outros. Não é difícil imaginar pelo olhar de Rossi para ela ao levantarem da mesa de trabalho, que a viagem dela para acompanhá-los teria outros objetivos também ( e Garcia não se faz de rogada ao perceber que há uma relação entre eles).

Logo em seguida, temos diversas mortes acontecendo através do mesmo recurso (overdose) em uma boate, mas não necessariamente por usuários de drogas. Fica claro que o assassino quer um espetáculo, já que são mortes impactantes ( as vítimas sangram por todos seus orifícios).




Uma coisa interessante no personagem de Aaron Hotchner é que ele parece sempre estar carregando o peso do mundo nas costas. A culpa não é dele, mas ele precisa pedir desculpas ao filho, à namorada, e até à Strauss quando ela está morrendo. E, pelo mesmo motivo é tão rigoroso em aceitar desculpas. Ele pergunta ao irmão se ele está envolvido em algo ilícito e Sean nega. Até então, ali ele é o  irmão protetor, disposto a ajudar no que for preciso. Mesmo assim, ele mantem certa distância e pede a Rossi que interrogue seu irmão. E quando descobre que ele havia mentido e que sim, consumia ecstasy, fica furioso, tanto pelo fato dele estar omitindo informações importantes ao caso, como pelo fato de ter quebrado a confiança que havia se estabelecido entre eles, mesmo  que com reservas. Não é necessário Sean admitir que é um fracasso ou Hotch dizer que é isso o que pensa dele, está tudo lá, nos olhares, nas expressões, nas palavras não ditas. Ele próprio admite à David que quando Sean não foi ao funeral de Haley, seu irmão havia deixado de ser uma prioridade. 

Com um novo caso, agora acontecendo em uma família, Rossi e Reid comprovam que a droga está sendo injetada nas garrafas de vinho. Sean sente-se mal por ter mentido para o irmão e dispõe-se a ajudá-lo, em uma tentativa de se redimir, usando uma escuta, para tentar descobrir quem está adulterando a bebida no bar onde trabalha. A princípio Hotch não concorda, mas, sem muitas opções, acaba dando ao irmão as orientações necessárias. Sean se sai bem, conseguindo convencer os donos do bar de que ele havia sido interrogado pela polícia, mas que havia dito apenas o que realmente havia acontecido e não tinha interesse em perder seu emprego. E quando ele solta a estória sobre a investigação do vinho, Thane morde a isca e o chama para ajudá-lo onde as bebidas estão estocadas. Lá, depois de não encontrar as garrafas adulteradas, ele e Sean entram em confronto e Hotch e Morgan invadem o local e prendem Thane e a moça, cúmplice no negócio das drogas. Sean vai embora e deixa apenas para Hotch uma mensagem em seu telefone: I’m Sorry ( me desculpe). Hotch sabe que ele havia roubado uma garrafa de vinho e com certeza, não foi como profiler, e sim como irmão que ele descobre isso. Como eles encontram morto o outro sócio no bar e ainda precisam descobrir seu assassino, Sean continua sendo investigado, mas com seus dedos mágicos, Garcia descobre ser este o pai de uma menina morta por uso de drogas, um crime inimaginável para uma vingança para sua filha.


Ao final do episódio, vemos Sean ir ao apartamento de Beth, onde em uma espécie de nova chance, se apresenta à ela e ao sobrinho, que praticamente não se lembra dele. Então Hotch pergunta por que ele havia roubado o vinho e ele diz que precisava de cem dólares para pagar o aluguel. Outra cena com economia de texto, onde palavras são desnecessárias. Sean promete tomar jeito na vida (e todos sabemos que isto não vai acontecer) e se entregar à polícia e seu irmão diz já ter providenciado advogados através de umas ligações, em uma clara alusão de que não irá abandonar o irmão, mas também não irá protegê-lo das coisas erradas que fez. A despedida deles no carro de polícia é, sem dúvida, uma das cenas mais tristes do episódio. Hotch, que por natureza já não é de confiar em ninguém, confessa à Rossi que havia tido uma adolescência conturbada, mas que em algum momento havia decidido tomar jeito na vida. Ele só não entende porque com seu irmão as coisas haviam sido diferentes. Fica a sensação de que ele acha que não fez o suficiente ou que, ainda pior, seus pais não fizeram o suficiente. A química entre os dois atores foi perfeita ( o Thomas nós já tivemos a oportunidade de ver que é um grande ator, mas o Eric Johnson sinceramente me surpreendeu), e francamente os pequenos gestos, a contrariedade e os olhares foram mais eficientes do que o próprio texto ( que já foi bom o bastante). Eu gostaria de que tivessem explorado melhor o porquê de tanta mágoa entre eles, mas já havia assunto demais para se explorar, visto que o episódio serviu de trampolim para a Season Finale. Algumas considerações pessoais eu farei ao final do texto.




E, então, entramos na segunda metade da Season Finale, The Replicator, feito de forma a ser alavancado pelo episódio anterior. Toda a estória talvez tivesse sido diferente se a Blake não tivesse oferecido uma carona para a Erin ( o Rossi teria ido dormir com ela?). Bom, isto sou eu em negação, porque me doeu muito a morte da Erin. Claro que toda morte de personagem de série dói, porque, para o bem ou para o mal, nos apaixonamos por suas virtudes e seus defeitos. Nos apaixonamos por amá-los e por odiá-los. E com ela não foi diferente. Erin começou a série sendo uma mulher ambiciosa, desprezível e sem escrúpulos. Tentou afastar Hotch e Gideon com medo da sombra que o desempenho deles fazia sobre ela. Chegou a contratar Emily Prentiss para depois cobrar o favor e contar com a moça para desmoralizar e encerrar a carreira da Aaron Hotchner. Depois, descobriu-se  que bebia. Morgan e Hotch foram responsáveis para que ela se afastasse discretamente para se tratar. Por conta de um programa de reabilitação dos Alcoólicos Anônimos, quando retornou ao trabalho, tornou-se uma pessoa diferente, melhor. Comportamento muito compatível com pessoas que frequentam estes grupos. No último ano, havia se envolvido romanticamente com David Rossi. Havia se comprometido mais com a equipe, havia lutado pelo time e estava empenhada em redimir-se de um erro passado, cometido contra Alex Blake, cerca de 10 anos atrás. E então ela morre. Não uma morte corajosa, honrada ou virtuosa. Uma morte indigna, humilhante, cheirando a bebida, digna de pena e, fina ironia do destino, nos braços do homem a quem ela tempos atrás tentou destruir por ambição. Uma morte tão triste quanto seu algoz tentou fazer parecê-la. 

Mais uma vez, entre darem-se conta de que o Replicador estava atrás deles em Nova York e a morte de Erin Strauss, tivemos texto de menos e interpretações demais. Novamente, Joe Mantegna, Thomas Gibson e Jayne Atkinson deram um banho de interpretações, todas contidas, econômicos em movimentos e generosos em pequenas expressões. Tudo foi amarrado: a medalha por um ano de abstinência, Rossi transtornado ao vê-la morrer de longe sem nada poder fazer, Aaron revivendo a sensação de receber uma ligação tarde demais para poder fazer diferença (o unsub ainda menciona o Foyet), Erin tentando consertar seu passado, jurando amar a todos os filhos da mesma forma, em desespero por não saber o que o seu algoz poderia fazer para prejudicá-los e o medo de morrer sozinha. Tudo intercalado entre cenas de ação dos agentes e cenas emocionais e tremendamente sensíveis. De tirar o fôlego, ou no meu caso particular, de sentir as lágrimas escorrerem por David Rossi não ter chegado a tempo. 




Enquanto os agentes tentam traçar um perfil, levantando as ações do unsub, vemos um David Rossi desolado, olhando para o nada em direção ao lençol branco que cobria o corpo de Erin Strauss no banco onde ela morreu. E por todo o tempo, ele gira a medalha do AA, gesto comum entre pessoas que perdem entes queridos. Nos apegamos a uma peça de roupa ou algo que a pessoa estava segurando ou fosse pessoal, como se aquilo nos fosse trazê-la de volta. Claro que a medalha será importante mais para frente no episódio, mas é muito simbólico e de certa forma comum este tipo de comportamento. Ele resolve levar o corpo dela de volta para ser enterrado em Bethesda, onde vivem os filhos. Apesar de estar comandando toda a operação, o tempo todo Hotch está por perto de Rossi, como seria de se esperar de um bom amigo. E a maior preocupação de David neste momento é que os filhos não tenham a ideia errada de que sua mãe teria morrido porque voltou a beber. Ele quer ter a certeza de que isto não vai acontecer e o desgraçado que a matou não terá atingido mais este objetivo.

Me perguntei porque o unsub não teria usado luvas naquele momento em que escrevia a carta para Rossi, mas me dei conta que o que ele queria era imediato, ele não achava de verdade que o Rossi pudesse mandar analisar a carta. E que, talvez tivesse chegado a hora de receber todas as devidas honras por suas realizações, por isso usar as mãos limpas.

A equipe volta então ao perfil e David na autópsia descobre que o unsub deixou uma cicatriz no pulso de Strauss, algo como um número oito deitado ( que também poderia ser visto como o símbolo de eternidade) e que não teria sido feita com o plástico das garrafas do mini bar e sim com vidro.

Quando vi o unsub escrevendo a carta ao David ( aliás a cena do carimbo, embora um clichê, foi muito bem utilizada) eu já soube que ele estaria incriminando o Morgan pela morte da Strauss, por causa das digitais ( tá bom, verdade seja dita, e tenho algumas companheiras para confirmar isto, eu já esperava por isto desde bem antes do episódio, mas isto é outra estória).

É então que começa a se configurar a estória de redenção de Erin Strauss. Quando ela disse à Blake que queria mais do que consertar o que havia feito, ela não estava brincando. Os AA tem alguns passos e um deles é meio que se desculpar com a (as) pessoas que ela magoou. Quando o Diretor pediu que eles se afastassem do caso, ela plantou uma armadilha – inserindo falsamente nos relatórios um número oito no corpo das vítimas, que só quem lesse aos relatórios teria acesso. Logo, se alguém replicasse aquilo, ela teria chance de reduzir e muito seu número de suspeitos. E são Reid e Hotch quem primeiro suspeitam disto. Investigando o notebook da Strauss, Kevin chega a dois nomes, um deles, o do Senador Cramer.
Aaron procura pelo Senador logo cedo no dia seguinte e ao discutir com ele sobre há quanto tempo o seu Departamento estava sendo investigado pelo Departamento de Justiça ( desde o episódio com a Prentiss, por sinal) e o surpreende com a notícia da morte de Erin. O Senador concorda em ajudar, fornecendo os nomes daqueles que tem acesso aos relatórios que ela enviava.




Enquanto discutem os casos que foram replicados pelo Unsub, Garcia descobre um que esteve fora do radar deles. Neste meio tempo, Rossi volta para seu escritório ( destaque para a forma sutil como Reid contém JJ, cujo impulso seria ir confortá-lo). Ao sentar-se em sua mesa, Rossi encontra o envelope deixado pelo unsub, o abre, lê seu conteúdo, a análise do vidro que fez a marca em Erin. Ao mesmo tempo, Aaron chega com a informação fornecida pelo Senador, e cerca de doze funcionários teriam acesso aos relatórios. Enquanto pede que os nomes sejam confrontados com os que Reid conseguiu, eles deduzem que precisam investigar também os assessores, cerca de trinta e seis pessoas e de forma discreta, para não alarmar o unsub. Blake comenta com Hotch quais as chances dos casos do Replicador terem começado quando ela se juntou à equipe. Morgan e Hotch percebem a chegada de David à sua sala e vão encontrá-lo, no entanto, uma ligação do Diretor faz com que Hotch siga para atendê-lo direto em seu escritório. Sendo assim, Morgan bate à porta de David Rossi e entra sozinho. David levanta-se a aponta sua arma para Morgan, que não entende o que está acontecendo. Rossi diz que o DNA no vidro que marcou Strauss é de Morgan, mas já percebemos seu nariz começar a sangrar levemente. Hotch, ao terminar a ligação e seguir para a sala de Rossi, percebe o que está acontecendo e com calma, tira a arma da mão de seu amigo, dizendo-lhe que ele também havia sido drogado. É comovente a cena em que Rossi olha para o sofá em sua sala e vê Erin sorrindo e compreensiva e lhe diz que chegou tarde demais e lhe pede desculpas. Comovente também é ver apenas a mão de Hotch apertando em solidariedade a mão de Rossi, já deitado na maca e sendo medicado.

Eles continuam a levantar informações e descobrem que o unsub esteve na sala de David, mas sabia exatamente como evitar as câmeras. Eles chegam à conclusão de que é um agente federal com habilidades de hacker e também habilidades com agentes químicos. Do que eles nem desconfiam é que ele continua vigiando-os através das câmeras de segurança. Blake então lembra-se de que todos os agentes de certa forma foram insultados, menos ela e Hotch sugere se não haveria uma conexão entre ela e Strauss. Blake lembra-se do caso do Amerithrax, aquele em que foi prejudicada pela Strauss e quase acabou com sua carreira. Não demora muito e eles descobrem que o sujeito por trás de todas as armadilhas contra a equipe é um colega que havia estudado com Blake e igualmente sido prejudicado como ela.


A equipe descobre o seu endereço e eles saem em dois helicópteros. O helicóptero conduzido por Hotch é sabotado pelo unsub e faz uma aterrisagem forçada. Quando todos voltam a si, percebem que Blake foi levada de lá ( o unsub usa uma espécie de gás para adormecer os demais no helicóptero). Ou seja, todos são conduzidos exatamente para onde o unsub os queria. Neste ponto, o sistema de Garcia volta a funcionar e Rossi pergunta a ela onde todos eles estão. Por motivos óbvios ( é evidente que a vingança maior teria que ser dele), ela lhe diz o local exato.  Na casa, o agente federal que havia se sentido prejudicado pela Strauss, no mesmo caso que Blake, a prende em uma cadeira cheia de correntes e cadeados. Ele questiona porque ela seguiu em frente e ela diz que trabalhou duro para isso. Eles invadem a casa e JJ, Hotch e Reid encontram Blake presa e tentam soltá-la. JJ e Morgan vão atrás do unsub, mas descobrem que uma bomba de C-4 explodirá em três minutos. Eles voltam para avisar os demais e Reid descobre que os códigos para soltar os oito cadeados, que são as letras de Zugzwang e acha fácil demais. Mas, assim que ela se solta, ela se levanta da cadeira e dispara um sensor de pressão que fecha a porta do local onde eles ficam confinados.

Do lado de fora, o unsub, usando seu colete de FBI a tudo assiste e não deixa de demonstrar certo regozijo ao perceber que Rossi está chegando em um helicóptero. Garcia consegue interromper o sinal da bomba por poucos minutos e isso o obriga a ir tentar ver o que está acontecendo. É quando ele é surpreendido por David Rossi. O mecanismo de pressão é acionado e eles são liberados, menos Rossi, que aparenta ficar preso com o unsub no local onde estava a cadeira. Mas, por uma suprema ironia, a porta não estava lacrada, Rossi a isola usando a medalha de um ano de abstinência de Erin Strauss, a mesma que ele segurou durante todo o episódio.



A cena no cemitério, de forma acertada, é rápida e sem muitos detalhes, afinal, já tivemos funerais demais em oito anos.


A cena final, no entanto é um primor. Talvez tenhamos um pouco de dificuldade em entendê-la, porque afinal temos hábitos bem diferentes dos americanos neste sentido. Não costumamos nos reunir com comida e bebida em velórios. No entanto, ela foi feita com tanta sutileza, em um bonito discurso do Rossi, falando das voltas que o mundo nos proporciona, ora estamos comemorando, ora estamos lamentando nossas perdas. Porque a vida não é nada além disto. Gostei, além da belíssima fotografia, da intercalação de imagens dos personagens, ora rindo de algo engraçado que foi dito, ora sóbrios e tristes, sobretudo Reid, Hotch e Morgan. Porque suas feições refletem em imagem o que o Rossi disse em palavras. 


Algumas observações:


- Na minha modesta opinião ( podem atirar as pedras!) uma das melhores Season Finales de Criminal Minds, brigando cabeça a cabeça com Lo-Fi e The Fisher King. Criminal Minds não é uma série de ação. Então, justamente por isto, eu espero uma ação moderada, pois o jogo psicológico sempre é mais importante para o enredo do episódio. No entanto, aqui tivemos o prazer de ter de tudo um pouco: muito do jogo de gato e rato, que já vinha se estendendo desde o início da temporada, muito drama, ação com direito a explosões, helicópteros caindo, entre outras coisas, ou seja, tudo o que como fã eu esperava de uma Season Finale.


- Outra coisa que eu gostaria de destacar foram as pontas soltas, todas devidamente amarradas a seu devido tempo. Desde o descontentamento de Hotch com a criação que ele e seu irmão tiveram ( eles não entram no mérito da questão, mas fica claro que ele culpa quem o criou por ter tido que se emendar sozinho e, por seu irmão não ter conseguido a mesma coisa ), até mencionarem por exemplo, Sean estar ausente no enterro da Haley. Outra ponta que poderia ter ficado solta e não ficou, foi a menção do caso com a Prentiss ter merecido uma observação de perto pelo Departamento de Justiça. Nada mais justo, depois de toda aquela lambança. 


- Achei incrível o tema da redenção. Alguém que cometeu erros e morreu tentando consertá-los ( eu sou uma pisciana romântica, ainda acredito na humanidade). Da mesma forma, adorei o quão mundano foi o motivo do Replicador, que passou pelas mesmas mazelas que a Blake e não soube lidar com o problema e dar a volta por cima. É sempre mais fácil culpar o vizinho pelos seus erros.

- Achei que foram dois episódios particularmente de atores e interpretações. Com a ajuda de um texto bem amarrado, os destaques ficaram por conta de Joe Mantegna, Thomas Gibson, Eric Johnson e, em seu canto do cisne, Jayne Atkinson, que deixará para nós a lembrança de oito excelentes temporadas, além de um último episódio primoroso.


- Não posso dizer que não ri sozinha quando a moça do bar chama o Hotch e quem aparece é o Sean. Estes personagens estão tão arraigados em nossos imaginários, que acabei rindo muito. Outra amiga minha também meu lembrou que demorou oito temporadas, mas finalmente vimos o hotch sem camisa ( tudo bem, não era o Hotch certo, mas tive que rir do comentário dela).


Quanto à fotografia foi espetacular. Teve o tom certo, escuro e sóbrio na primeira parte e caótico ( como Nova York deve ser) na segunda parte. Sou paulista, por várias imagens, achei que eles poderiam ter filmado aquilo tudo na Avenida Paulista, que não faria muita diferença ( não estou privilegiando nem desmerecendo, apenas comparando). E a imagem do Hotch refletido no vidro da mesa, enquanto conversa com Rossi também foi genial. Além, claro, de todas as mesclas de imagens de personagens que estavam delirando pelas drogas.


- A única coisa que me incomodou, foi que, quando o Replicador senta-se na mesa do Rossi e vê diversas fotos, uma delas me pareceu ser do Joe Mantegna com a atriz que fez a Maeve, se não me engano, a segunda foto. Achei estranho eles comerem bola assim, mas se não for ela, é alguém MUITO parecida com a moça. 


De qualquer forma, fico feliz por ter havido um encerramento perfeito para uma das melhores temporadas da série. Como tudo na vida, de forma geral é claro, espera-se que haja uma evolução. De preferência, positiva. Criminal Minds reflete esta evolução. Foi uma série que passou por várias dificuldades de substituição de elenco, de roteiristas, de produção, e, ainda assim, soube extrair o melhor na adversidade. Soube usar os seus limões para fazer limonadas e, por isto, depois de oito temporadas, se mantém na casa dos 10 milhões em termos de audiência.


Que este seja um sinal de que venha uma excelente nona temporada, tão boa e diversificada como todas as que nos trouxeram até aqui!



Até Setembro!