sexta-feira, 24 de abril de 2015

Criminal Minds 10x20: A Place At The Table - Review

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Um episódio perfeito. Assim eu definiria A Place At The Table. Roteiro brilhante de Bruce Zimmerman, uma direção segura e certeira de Laura Belsey, escolha muito acertada do elenco convidado, elenco regular super afiado e uma direção de arte que há muito tempo não surgia tão minuciosa. Grande trabalho cheio de pequenos detalhes que me permitem afirmar que este será um episódio difícil de se esquecer.

Adoro crimes banais. Certo, nenhum crime é banal, mas em sua grande maioria acontecem por motivos banais. É legal ver quando os produtores optam por explorar criminosos estranhos, com motivos pouco comuns, mas tenho uma queda pelos motivos triviais. Aqueles crimes motivados pela tríade sexo, dinheiro e poder. Do tipo de a gente infelizmente cansa de ver na TV todos os dias e que tem se tornado cada dia mais comum. São com estas histórias que podemos nos aproximar um pouco mais da realidade para tentar entender porque estas coisas ainda acontecem.


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Um episódio digno de um livro de Agatha Christie, cheio de personagens passíveis de serem o criminoso, privilegiado pelo fato de não ter a necessidade de entregar logo no início o verdadeiro culpado. Em alguns episódios isso é inevitável, mas da forma como a história aqui foi construída, não se fez necessário entregar de bandeja o unsub logo de cara.

Às vezes nos esquecemos que não apenas personagens humanos podem nos contar uma estória. A direção de arte de Criminal Minds nos deu o privilégio de nos lembrarmos que isto não é verdade. Os primeiros cinqüenta e seis segundos de exibição do episódio são um personagem a mais narrando a série. O roteirista poderia ter optado por contar quem eram e como viviam as vítimas assassinadas pela boca de um policial ou um agente, mas este trabalho não poderia ter sido melhor realizado senão através de uma direção de arte brilhante. A composição da sala, em um passeio valorizado pelos closes em pequenos detalhes como o lustre, as partituras, o metrônomo, a lareira, os cachimbos perfilados, a louça, o porta retratos já indicando um casal e seus três filhos, a vitrola tocando Jingle Bells, os discos perfilados e etiquetados por categoria, tudo isto nos diz mais do que qualquer policial poderia dizer. E acima de tudo, essa descrição minuciosa será importante mais para frente ao ser desconstruída cruelmente para aventar a possibilidade de a família viver de aparências. Uma abertura simplesmente genial.

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Por se tratar de um episódio diferente dos costumeiros, a mudança de dinâmica, trazendo o caso para o seu próprio território, eliminando a necessidade do perfil no avião dá uma cara diferente e nos incita a querer mais. E, para não quebrar o ritmo das novidades, os agentes assistem ao vivo, via transmissão por satélite, a captura de um suspeito acuado no local dos crimes. Tudo diferente, com cheiro e gosto de coisa nova, que só nos deixa mais e mais ligados no que vem pela frente.


Bruce Zimmermam samba na nossa cara mostrando com facilidade como se faz um episódio onde a vida pessoal de um agente é explorada sem comprometer o ritmo de um crime sendo investigado. Ao contrário do costumeiro caso prejudicado pela falta de tempo para resolução adequada, Zimmerman nos entrega de bandeja um crime com múltiplos suspeitos, inúmeros motivos, variadas opções de conclusão. E, através de cada depoimento, vai-se lentamente desconstruindo a imagem inicial. A família que conhecemos através dos objetos e fotos na apresentação vai se desmanchando a cada nova declaração, contradizendo aquilo que se concluiu por imagens. Ao invés da família aristocrática perfeita, encontramos um pai dominador, preconceituoso e infiel, que casou-se claramente por dinheiro e com esse mesmo dinheiro permitiu-se o luxo de manter uma amante full time à sua disposição. Da mesma forma, conhecemos a filha do casal, inicialmente descrita como pessoa quieta, mas que não demora a descobrimos que era muito mais ousada do que nos permitiríamos imaginar. Descobrimos o repúdio do pai acerca do filho do meio que não esconde sua homossexualidade e a dona da grana, a matriarca, que aparentemente opta ignorar os pulos de cerca do marido em nome da boa imagem da família.

Em uma espécie de jogo de Detetive, tentamos juntamente com nossos agentes descobrir quem poderia ter cometido tamanho ato cruel ao assassinar uma família inteira. Com o patriarca e seu filho mais velho sumidos ampliam-se as possibilidades.

Além disto, durante o andamento do caso, Hotch depara-se com um problemão: tirar da cadeia seu sogro, recém diagnosticado com Alzheimer, que invadiu uma propriedade que outrora fora sua, e que, agora, é de outro dono. Não por acaso, Hotch irá lidar com seu sogro neste episódio. Isso porque lá e cá o tema central refere-se à responsabilidade patriarcal. Como em um jogo de comparações torna-se delicioso confrontar as falhas dos pais em xeque, e inevitavelmente comparamos a conduta de Hotch à conduta do pai dominador que está sumido e é indiretamente responsável pela chacina de pelo menos quatro pessoas de sua família.

Não demora para que a equipe perceba o que está acontecendo. Com a ajuda dos depoimentos dos sobreviventes, além dos dados que Garcia levanta pela internet, Rossi e Reid partem para confrontar a amante do marido, e, assim descobrir que, por dinheiro e posteriormente por amor, ela se calara por vinte e seis anos. Ainda pior, ela tivera com o amante um filho, cujo pai o renegou, moral e financeiramente. A tragédia ocorre quando este filho ilegítimo descobre que sua mãe escondera dele, por toda a sua vida que seu pai estava vivo, vivia confortavelmente e optara por ignorá-lo. Indignado, o rapaz irá se passar por namorado da filha do meio de Frank Kingman ( Jeena Kingman) o que lhe proporcionará a oportunidade de vingar-se do pai que o abandonou e de sua mãe, que dele escondeu a verdadeira paternidade. É através desta proximidade que o crime acontece e, da mesma forma ele se esclarece. Vale mencionar o importante papel que o pai que nunca conheceu tem na vida de Marc Clifford: a mentira que a mãe passa vinte e tantos anos contando ao menino, que seu pai era um herói de guerra e, por isso, nunca retornara.

Não por coincidência, o tema do agente da semana é Aaron Hotchner. Ao buscar seu ex-sogro na delegacia, de cara nos surpreendemos com Roy Brooks ( o fabuloso Edward Asner ), um homem de oitenta e poucos anos, vestindo pijamas e roupão que, ao ser indagado, sem pudores ou meias palavras manda Hotch calar a boca ( siiiiim, eu vivi para ver alguém mandá-lo calar-se e não ser revidado). Ao conversar com a cunhada Jéssica, a fada madrinha da vida do nosso G Man preferido, uma vez que está sempre disponível para cuidar do sobrinho na falta de seu pai, Hotch descobre que Roy foi diagnosticado com o Mal de Alzheimer. A doença ainda está em seu início, mas já causa pequenos esquecimentos e confusões. Para os leigos no assunto, esta doença está entre as mais cruéis que podem acometer um ser humano, pois dele tira a memória, a independência e a dignidade, e ainda oferece o bônus de alucinações, que amedrontam e atordoam seu portador. Jéssica não pode mais deixar seu pai morando sozinho e não pode bancar o luxo de mantê-lo morando consigo porque lhe falta dinheiro para isso. Até o final do episódio descobriremos que o cavaleiro de armadura firme como uma rocha irá socorrer a pobre moça e proporcionar  a oportunidade de manter o sogro vivendo com sua única filha, ajudando com as despesas.
Incrível nosso herói, não é? Não, não é. Tal qual o pai de Marc, que renegou o filho em razão de manter o bom nome e o casamento imune aos seus desvios, Hotch também paga por seus pecados. Mesmo tendo boas intenções, não dá para negar sua responsabilidade na morte de Haley. Não sei se uma mãe ou um pai poderia perdoar um genro por tamanho envolvimento. No fundo, não sei se Hotch conseguiu perdoar-se por isto, mesmo que seu discurso seja outro.

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E aí as duas histórias se cruzam. Por mais diferentes que possam parecer, a moral que fica é que não existem heróis. O único herói da história é aquele que Marc conheceu através das mentiras de sua mãe. Aquele que nunca existiu. Frank Kingman não conseguiu ser um bom pai nem para seus filhos reconhecidos nem para seu filho bastardo. Roy Brooks, por mais amor que tivesse por sua filha, não pode evitar que ela fosse assassinada. Aaron Hotchner hoje atura os desaforos de seu sogro em nome do que deve à sua ex esposa e ao seu filho. De perto, todos temos nossos pecados.

Marc é interrompido pelos agentes antes de concluir sua missão e matar também sua mãe, mas em um momento espetacular do roteiro, ele sabe, como nós sabemos, que isto pouco importa, afinal, com um coração batendo no peito ou não, sua mãe já está morta também. De desgosto. De arrependimento. De tristeza.

O episódio desta semana teve momentos memoráveis, com interpretações convincentes de todos os atores convidados. As cenas entre Ed Asner e Thomas Gibson foram espetaculares. Enquanto Roy vocifera, Hotch apenas através de olhares e respiração profunda expressa seu descontentamento, sua vontade de socar a primeira coisa ao seu alcance. E contêm-se. O embate entre dois grandes atores que eu espero tenha um segundo round em uma possível próxima temporada. E o melhor de tudo: o  roteiro de Bruce não toma o fácil da redenção. Ele deixa até seu final que as coisas nunca se ajeitarão entre sogro e genro, que não há perdão possível. Isto é muito triste, mas também muito real. Não sei se como mãe poderia perdoar a perda de uma filha sob as mesmas circunstâncias.

A Place At The Table conta uma história que não nos deixa esquecer que tudo o que fazemos ou  deixamos de fazer para nossos filhos tem suas conseqüências, que não há saída fácil para as más escolhas e que o preço que pagamos pelas nossas impensadas ações pode ser e quase sempre é caro demais.
Impossível assistir e não gostar. Nos vemos na próxima semana!

Pequenas observações:
  • Rossi absolutamente impagável com sua ironia e sarcasmo.
  • Muito linda a cena entre Reid e Garcia na sala dos computadores.
  • Que lindo ver um senhor de oitenta e dois anos atuando tão espontaneamente com um jovem de dez anos ( e Cade Owens saiu-se super bem).
  • Destaque para a atriz Molly Baker  ( Jéssica Brooks ) que finalmente mostrou que pode ter mais do que uma atuação de um minuto e que pode ser bem mais do que uma coadjuvante de luxo.

Criminal Minds 10×19: Beyond Borders - Review

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 O episódio desta semana em Criminal Minds faz a apresentação formal do spin-off da série, cujo nome será o mesmo deste episódio: Beyond Borders. É a segunda tentativa de se criar um spin-off para a série e todos nós sabemos que nem mesmo o oscarizado Forest Whitaker conseguiu evitar que Criminal Minds: Suspect Behavior naufragasse com apenas treze episódios gravados. , os tempos eram outros, a CBS acabava de contrariar um enorme contingente de fãs demitindo duas das atrizes principais da série original ( A.J.Cook e Paget Brewster) e, por conseqüência, irritar um enorme número de pessoas que, em tempos de internet, mobilizaram-se para provocar um boicote em massa do spin-off, selando seu destino em função da baixíssima audiência. Graças a essa mobilização, a CBS recuou, recontratou as atrizes demitidas e cancelou Suspect Behavior indo na contra mão da tendência geral.



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Spin-offs de séries de TV com boa audiência costumam funcionar muito bem e temos vários casos assim. O caso mais famoso sem dúvida é a formação JAG/ NCIS/NCIS LAngeles e NCIS New Orleans. JAG ( aqui no exibida como Ases Invencíveis )foi uma série que estreou em 1995 e teve dez temporadas ( concluída em 2005). Contava a estória de um ex piloto da Marinha americana, capitão de corveta Harmon Rabb Jr que após sofrer um acidente é realocado para o Corpo de Investigação Jurídica da Marinha, onde se junta aos advogados especializados em defender ou acusar criminosos cujos casos encaixem-se nesta jurisdição. Em sua oitava temporada ganhou um episódio duplo que introduziu o seu spin-off NCIS que já está em sua décima segunda temporada e já atingiu picos de audiência na casa dos vinte e dois milhões. Coincidência ou não, em sua oitava temporada ganhou novo spin-off, NCIS Los Angeles que também tem alta audiência e está na sexta temporada e finalmente foi criada NCIS New Orleans, já com segunda temporada garantida.

Assim sendo, podemos ou não apostar nossas fichas no novo spin-off de Criminal Minds, mas indiscutivelmente este começo foi bem melhor do que a primeira tentativa. Além da época mais propícia e da promessa de Érica Messer de terem aprendido com seus erros, o episódio 10×19 foi interessante. Tarefa difícil de cumprir, já que a equipe original conta com sete membros e a equipe recém chegada conta com outros quatro membros, o episódio até que deu conta de fazer uma boa introdução, dando destaque aos novatos sem deixar de perder o foco no time principal. Usando como instrumento de inserção o Chefe de Seção Mateo Cruz, as duas equipes se reúnem com o intuito de resolver o caso do seqüestro de uma família americana de férias em Barbados. É sabido que outros dois casos semelhantes já ocorreram no ano anterior, o que passa a ser o ponto de partida da investigação.

De fato, como o objetivo principal do episódio era criar empatia suficiente na equipe novata para alavancar um possível spin off, esse objetivo em si foi alcançado, mas como era de se esperar, o caso em si foi totalmente atropelado pela falta de tempo adequado para fechar diversas pontas soltas em termos de perfil. Os agentes Jack Garret ( Gary Sinise ), Lily Lambert ( Anna Gunn ), Mattheus Simmons ( Daniel Henney) e o jovem analista técnico Russ Montgomery ( Tyler James Willians) foram bem apresentados e, de forma natural, como se todos já se conhecessem anteriormente, ficamos sabendo boa parte da vida de cada um. Comentários do tipo “como vai a esposa, e o caso de seu irmão que está preso, fale sobre seus filhos…” trouxeram alguma luz sobre o que esperar das novas estórias, casos o spin off seja aprovado. Também durante o caso deu para sacar qual será a especialidade de cada um dos membros do novo time ( os contatos com o exército do novo chutador de portas Simmons, a habilidade jurídica de Lily, e a função de fazer o contato do time com parentes e polícia trabalhado em paralelo pelo analista técnico Russ). Para caberem tantas informações, e ainda inserir as belíssimas tomadas panorâmicas da famosa  ilha, não surpreendentemente o caso ficou   mal explorado   e mal   resolvido.   Penélope  Garcia   ( sempre ela) fez muito mais do que a mágica habitual, sacando da tela do computador informações quase milagrosas para adiantar o expediente dos agentes.


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Quanto ao unsub, de origem holandesa, foi reduzido a um maluco cujo pai dominador o maltratava e cujos maus tratos teriam dado origem à sua vingança. Tendo já matado os pais e seus meio irmãos americanos, passa, após período internado em clínica psiquiátrica, então a perseguir e torturar famílias com o mesmo perfil da sua, para torturar e por fim matar. Com muitas pontas soltas ( afinal, apenas maus tratos familiares não causam tamanho estrago, ficamos esperando um diagnóstico mais efetivo para corroborar a estória) o fio condutor deixou a desejar. Coisas como Rossi sacar que os bonés ora laranja, ora azuis, representavam a bandeira holandesa foi um pouco demais. Compreensível, porém, não aceitável, admitir que em quarenta e dois minutos de episódio se feche tantas informações.

O fato é que apesar de ter de encantar com os personagens de um spin off que ainda tenta ser vendido comercialmente, ainda assim, deveríamos estar assistindo o episódio como mais um da série Criminal Minds. E, como tal, ele não correspondeu às minhas expectativas. Belíssimas tomadas aéreas, o uso de helicópteros, barco, e todo o tipo de recurso ( além da viagem de protagonistas cuja utilidade eu não entendi) não justificaram uma boa estória. Mesmo o elenco convidado ( incluindo uma participação de Tom Everett Scott ) não teve muita oportunidade de mostrar a que veio, já que suas cenas foram curtas e com pouco tempo para serem exploradas.

De qualquer forma, não sou do contra. Ficarei feliz se o spin off for aprovado e tornar-se mais uma série interessante de se assistir ( não esquecer que Erica Messer tem frisado que eles não irão necessariamente trabalhar com seriais killers, apenas com os mais variados casos de americanos que precisam de algum tipo de ajuda estando fora de seu país de origem). Desde que, obviamente, nada disto interfira na minha série predileta. Não altere orçamento, não negocie transferências ( como na primeira tentativa) de roteiristas, atores, etc... Eu amo Criminal Minds como ela é e deverá continuar sendo, independente de uma série derivada. É só não mexer com ela que darei o maior apoio a Beyond Borders.

No aguardo do episódio da próxima semana, onde teremos um embate muito aguardado entre Hotch e seu ex-sogro e voltaremos a remexer o passado dolorido da morte de Haley. Até a semana!

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Criminal Minds 10×18: Rock Creek Park


Então, preciso dizer de antemão que adoro temas com conotação política. Temas com esta conotação costumam gerar episódios muito bons em Criminal Minds ou em outras séries em geral. Portanto, não foi surpresa para mim este episódio ser tão bom.

O episódio dezoito  desta temporada foi quase perfeito. Teve de tudo um pouco. Teve um rapto, um político que a princípio parece honesto até a raiz dos cabelos, mas que com o passar das horas mostra-se ser apenas humano,  mostra o jogo de interesses, a família por trás do político, as intrigas habituais, o lobby do petróleo, o lobby daqueles que defendem os ( PETA) e por aí segue, mostrando  o quanto um político pode se expor impondo suas posições.

O legal do episódio é que ele infla ao máximo a confiança no suposto senador honesto. Faz você crer na honestidade/humanidade de toda forma, transformando o senador em um sujeito honesto, apaixonado e sincero. E ele é.  Mesmo permitindo-se recair sobre seus ombros todo o tipo de suspeita, o senador parece ter um perfil inegável, uma paixão inquestionável pela esposa e uma integridade de dar inveja.


Quando nossos agentes têm um caso de rapto nas mãos, todo minuto é fundamental, e não espanta eles questionarem todas as hipóteses, inclusive as que questionam o nosso senador, cuja esposa é a vítima do momento.

Como de praxe, ninguém espera encontrar um político essencialmente honesto. E, apesar das possibilidades aqui e ali, a estória parece favorecer tudo o que nos conta sobre o  senador. Surge uma estagiária, a exemplo do famoso caso real de Bill Clinton, surge a desconfiança de que um caso assim alavancaria sua candidatura, então em baixa. Surgem desconfianças acerca de seu irmão, dependente de drogas  devedor para traficantes. E, apesar de inúmeros indicativos para incriminar o senador, nada parece ser definitivo, não há nada de concreto que deponha contra ele.

Existe uma predisposição natural para levantarmos suspeitas acerca de políticos em casos assim. Talvez, nós, brasileiros, tenhamos um pé atrás a mais, por conta de nossa história. Mas, o andar do episódio, nos distancia cada vez mais da possibilidade do senador estar envolvido. A narrativa faz de tudo para exima-lo da responsabilidade, e não dificilmente o encaramos como uma vítima, daquelas em quem depositamos todas as nossas esperanças.

E então o episódio meio que nos enche de esperança para depois nos jogar na sarjeta. Sim, nosso senador é inocente, mas sabe como ninguém aproveitar-se do dolo de sua mãe para lucrar politicamente. Com maestria, sabe como poucos  esperar que nos orgulhemos por termos escolhido o lado inocente, para depois nos desarmar, fazendo-nos presenciar um homem que aproveita-se da situação pouco privilegiada de sua mãe para lucrar politicamente com tudo o que está acontecendo. A edição valoriza esta decepção, assim como o final prolonga a imagem na prisão como forma de fazer o telespectador absorver  tal decepção, alongando o plano geral de filho e mãe em conversa privada na cadeia (é uma forma inteligente de nos fazer sentir de forma mais impactante a informação final).

Creek Park traz à tona o melhor e o pior do ser humano, ilustrando um político dominado pela opinião de uma mãe dominadora, que, apesar dos pesares, conta mais que a sua vontade de vencer por méritos próprios.

Rock Creek Park traz fotografia inteligente, cheia de referências, e apresenta-se de forma espetacular. A montagem é outro destaque, sempre exaltando a importância de um “ser maior” nas intenções. Por mais óbvia que possa ter parecido sua solução, ainda assim, choca o fato da mãe sacrificar-se pelo filho, e, de o filho, aproveitar-se da fraqueza momentânea de sua mãe para crescer politicamente, em uma espécie de simbiose maligna, em que o mais forte cede espaço para aquele que precisa crescer.

Um episódio fabuloso, com centenas de referências extraordinárias, com uma química incrível entre o protagonista senador e a equipe fixa, com várias deixas para pensarmos sobre o ser humano e suas mais diversas vestes, sobre o que optamos por acreditar, e o que nos decepciona desde sempre…

Até a próxima......

Livro do Mês - Sombras do Passado - Minha resenha


É muito difícil escrever uma resenha sobre um livro policial sem contar nada que estrague a surpresa de quem irá se deliciar com a história. O romance policial Sombras do Passado de Kátia R. F. Costa ( 2014), encontrado no site da Amazon nos formatos físico e digital, é uma agradável surpresa.

Essencialmente conta a história de dois agentes da sucursal brasileira da Polícia Internacional, Samantha Lance e Christopher Baker e um crime aparentemente fora de sua alçada que irá solidificar ainda mais esta amizade contundente que existe entre ambos. O livro começa com Samantha recebendo a notícia de que um criminoso que a assombrou no passado fugiu da prisão. Isto não é exatamente um spoiler, já que a informação é dada no início do primeiro capítulo e será a força motriz de todo o restante da obra. No dia seguinte, a dupla é chamada a atender um crime de estupro de uma jovem no interior do estado, que poderia  perfeitamente ser investigado pela polícia estadual, mas não é. O motivo: um bilhete com o nome do policial Baker.

A partir daí desenrola-se uma trama bem amarrada, que assemelha-se ao formato de uma Fanfiction ( para os leigos no assunto, são textos inspirados em obras pré existentes, normalmente filmes ou séries de TV, que se utilizam de personagens com história pregressa para desenvolver-se). E não há nada de errado nisto, já que dois dos maiores sucessos da atualidade saíram de textos inspirados em Fanfics: a série Crepúsculo e 50 Tons de Cinza, ambas com vasto público e apoio da crítica especializada.

A máxima do livro está interessada mesmo em exaltar o valor da amizade. Embora haja suspense, ação, aventura e algum (pouco) romance,  a obra abre espaço para algo inusitado: a amizade entre homem e mulher. Sem render-se à possibilidade mais recorrente, a autora foge da tentação de criar um par romântico em pleno local de trabalho. Prefere, através do andamento da investigação, privilegiar a preocupação, a afeição e o apego de dois seres humanos que são amigos acima de tudo. E esta amizade será o alicerce para sustentar todos os percalços que surgirão assombrando Samantha.

A autora não apega-se a detalhes e sim à emoção, criando um ambiente de medo constante em tudo o que cerca nossa protagonista, uma mulher de personalidade forte, que nega-se a cultivar a dependência de um homem, mesmo que tenha que assumir riscos, de vida inclusive. É interessante ver um relacionamento isento de cunho sexual entre estes dois agentes. E também pouco comum. Certamente a autora angariaria mais simpatizantes ao se render a um fadado par romântico, mas isto faria de seu romance apenas mais um, igual a tantos outros.

Quanto ao caso em si, é interessante e motivador, mas não há nada que se possa dizer aqui sem estragar o prazer de quem ainda irá ler este livro.

Sombras do Passado é o primeiro livro da autora e espero, não o último. De leitura fácil ( li o livro em poucas horas) e atraente, trás consigo vários componentes necessários para uma boa obra de suspense.

Vale a leitura, em especial para aqueles momentos em que você não quer pensar em nada além de um bom crime para resolver!

Até a próxima!

terça-feira, 7 de abril de 2015

Criminal Minds 10×17: Breath Play


Poucas coisas me irritam mais em um roteiro do que ver que ele pegou carona em um tema de moda, do tipo que todo mundo está comentando no momento. E sim, Criminal Minds esta semana fez exatamente isto.

Em um episódio com uma boa premissa, que não tinha a necessidade de apelar para a moda dos 50 Tons de Cinza, a idéia de vítimas mulheres denotando conotação de fantasia sexual poderia caber em diversas situações que não apenas a do livro, aqui com o nome de Bare Reflections.


De cara conhecemos o unsub, um pai de família, com três filhas, que parece desdobrar-se para cumprir seu papel de marido, provedor e progenitor. Para aqueles que são casados, a primeira cena dele em casa parece familiar. Em um casal, sempre tem aquele que aperta a corda e aquele que solta aos poucos. Aos vermos as crianças jogando as mochilas no chão e ele as recolhendo, sabemos a quem cabe cada papel. Enquanto a mãe esfalfa-se para educar as filhas, ele dá uma de bom pai, compreensivo e tolerante com as meninas, em especial a mais velha.

O livro é o gatilho para nosso unsub. Ele busca vítimas que tenham lido o livro e embarquem livremente nas fantasias propostas na escrita, solteiras ou casadas, mulheres que queiram simular experiências de dominação/submissão ou, como queiram, BDSM. O interessante é que, quando Rossi e Kate procuram uma mulher que organiza tais eventos, descobre que o livro não representa a realidade de quem segue a doutrina do BDSM. O livro infantiliza e mistifica uma relação que exige mais respeito, cumplicidade e compreensão do que o livro simboliza.

Em uma conversa informal nosso unsub descobre que a babá de suas filhas já leu o tal livro e isso o deixa pronto para um novo ataque, que não se realiza porque a moça está aguardando um namorado. Mas é neste ponto que sua filha mais velha encontra seu carro parado à porta de sua babá e passa a desconfiar de algo errado.

Em paralelo, Garcia descobre novos casos semelhantes em locais próximos e pelas datas nossos agentes deduzem tratar-se de períodos em que a esposa do unsub teria engravidado ( logo, pouco disponível para sexo).

Enquanto isso a filha mais velha questiona sua mãe sobre onde estaria seu pai e a mãe, que toma conta da casa, de três filhas e trabalha fora mostra pouca disposição para ouvir os lamentos da filha.
Neste ponto sou obrigada a fazer uma observação. É que muito do que a Garcia descobre pelo computador tem uma conotação exagerada, mas muita coisa é passada em branco em nome da mobilidade do episódio. Desta vez, no entanto, eles exageraram. Ela conseguiu pela internet saber até se a esposa era adepta do BDSM. Dados muito exagerados e conclusões muito amplas de nossos agentes. Enfim, eles chegam a conclusão que o que o move no momento é o livro, que meio que o exime da culpa pelo interesse sexual feminino no assunto.

Cabe à filha mais velha pegar seu pai no pulo, enquanto tentava estuprar a babá. Nem posso imaginar o que isto fará com a menina no futuro, tendo pego seu pai, tentando assassinar Charlote. Ele ainda tem tempo de abraçar a filha em uma espécie de Mea Culpa, mas, para meu regozijo, ele não é morto pelos agentes, é preso e irá, não apenas pagar por seus crimes, mas ter que justificá-los para sua esposa e suas filhas. Por um momento, antes de entrar no carro de polícia, ao cruzarem os olhos pai e filha, tenho  a impressão de que para o assassino foi maior o peso de encarar a menina do que os anos que cumprirá na penitenciária.

Como adicional, tivemos a revelação da à equipe e a crise de carência de Meg, a sobrinha criada como filha por Kate. No início do episódio vemos Meg sendo atendida por Savanah, que a socorre por conta de um piercing no umbigo aplicado pela própria menina e, por isso mesmo, infeccionado. Savannah, namorada de Morgan, logo parece entender a necessidade da menina em conversar com alguém e coloca-se à disposição. Meg, como toda adolescente mimada e foco de todas as atenções sente-se enciumada com a chegada de um novo bebê para colocar em risco seu posto de número um. Embora Kate tente explicar para a menina que ela nunca deixará de ser amada porque virá uma nova criança, a menina adota a posição rebelde sem causa até o final do episódio, dando a mim ( logo eu, que sou psicóloga) vontade de dar um bom “acorda menina” na garota!

Em minha opinião o episódio deixou muito a desejar. Faltou uma motivação mais consistente, uma atuação mais convincente do ator que representou o unsub, sem contar que o episódio foi bem básico em termos de tomadas, edição e iluminação. Um episódio totalmente “cumpre tabela”.

Esperando pelo próximo! Até a semana!