segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Review - Criminal Minds - 9x02 - The Inspired




Por Débora Gutierrez Ratto Clemente

Contém spoilers!



O grande problema dos episódios divididos em duas partes é que normalmente as nossas teorias sempre nos soam mais convincentes. Na verdade, The Inspired  tem uma conclusão menos convencional do que eu esperava, mas nem por isso menos interessante.


O episódio parte do princípio básico de um erro de equipe (embora seja fácil culpar a Garcia pela falta da informação essencial de que a mãe do suspeito teria tido gêmeos, lembremos que ela é levada a buscar informações, guiada pelas orientações do grupo como um todo, são os profilers que dão a diretriz básica para a busca de informações via computador e não o contrário). A cena onde Rossi assiste ao discurso do advogado do gêmeo preso erroneamente pelo tablete abriu uma porta que poderia ter sido usada mais amplamente, ou ao menos deixada para ser explorada em futuro próximo. No entanto, como descobrimos ao final do episódio, aquilo que poderia ter sido uma discussão ampla sobre o papel dos profilers e sua suscetibilidade a erros, acaba por servir apenas para ilustrar o descarte meio forçado de Hotch como chefe. Uma pena, pois o ataque do advogado era uma cena forte que poderia ter rendido momentos melhores do  que apenas o confronto pessoal de Hotch discutindo a sua postura, já que, como Blake lembra no início do episódio, este tipo de erro pode acabar com carreiras. Enfim, acho que a solução para que Hotch não aceitasse o novo cargo poderia ter partido dele e não de um erro da equipe, que lhe custasse o cargo. Mesmo que assumir a função não lhe interessasse, não havia necessidade de “sujar” seu histórico profissional (e por consequência o da equipe) para que o novo personagem fosse inserido na trama ( mais sem sentido ainda foi ele ficar aliviado ao final do episódio. O perfil do personagem que não tolera erros seus ou dos outros foi para o espaço neste momento.)


Quanto à trama propriamente dita, novamente uma família totalmente disfuncional é a base de tudo. A mãe passa então a ser o elo mais importante para a estória ( como eu disse na review anterior, era óbvio que não desperdiçariam uma atriz como Camryn Manheim  apenas como mera coadjuvante). Bem construído, o enredo constituído de uma mãe egocêntrica e manipuladora, que cria um filho psicopata sob a sua sombra explica, entre outras coisas, a metáfora do louva deus de forma muito coerente. Sensacional a cena do interrogatório de Hotch  com Carla, onde até para leigos fica claro o comportamento da mãe, tentando fazer-se de vítima das circunstâncias ( ótimo o paralelo com o Hotch, já que ele é pai solteiro). 


Quanto ao gêmeo Jesse, lamento que os quarenta e cinco minutos do episódio tenham obrigado o roteirista a acelerar a evolução do personagem. Mesmo sabendo de um contato pregresso do mesmo com sua mãe, fica meio exagerado ele progredir sua psicopatia de forma assim tão radical. Ainda assim, fica muito claro que sua vingança latente desencadeie o desejo de matar da mesma forma que o irmão. Ao final do episódio, a gente quase acaba sentindo pena de Wallace, pois com pais daqueles, ele não tinham qualquer chance.


Interessante como se desenvolve a fantasia na cabeça de Carla, sendo que o surgimento de Jesse passa a ser o gatilho para criar a esperança de uma redenção: com o filho adotado voltando à cena, Carla vislumbra, em seu egoísmo delirante, poder ter a família ideal novamente, incluindo aí, o pai de seus filhos. Para ela, descartar o filho problemático e substituí-lo por um perfeito é fundamental para que, em sua mente doentia, ela recupere o que, em que sua opinião lhe é de direito: o título de mãe perfeita. O uso do advogado e sua empresa são fundamentais para que ela possa realizar seu desejo, e é pelo próprio advogado que surgem as respostas necessárias para a equipe chegar a algumas conclusões fundamentais para a resolução do caso.

As melhores cenas sem dúvida foram as do interrogatório de Carla feito pelo Hotch e aquelas em que o mesmo Hotch aperta o advogado, em uma espécie de virada do jogo, já que havia sido feito de bobo no início do episódio por ele. Obviamente que o desempenho dos dois atores coadjuvantes, junto ao de Thomas Gibson, é fundamental para o sucesso absoluto das cenas.
Por fim, o manjado recurso dos gêmeos colocados frente à frente e tentarem se passar um pelo outro na cena não compromete do desfecho, onde brilham o desespero de Wallace buscando o apoio de uma mãe omissa ( a verdadeira louva deus fêmea da estória) aos seus apelos e a quase inocência de um pai perdido em um mundo próprio e sem maldade. Destaque para a sacada da igreja, traçando um paralelo entre a Virgem Maria e Carla, paralelo este que só pode surgir em uma mente doentia perdida em uma superioridade que nunca existiu.




Em minha opinião, excelente episódio, com ótimas interpretações dos atores coadjuvantes e um texto afiado, exceto pela observação feita no início da review ( perderam, novamente, em minha humilde opinião, um tema que poderia ser melhor explorado em outro momento  - um grave erro de perfil) e deram ao Hotch uma satisfação que não condiz com a estória e o comportamento de seu personagem ao longo dos anos.


Com isso, abre-se a temporada de forma bastante interessante e fica a expectativa para que os demais episódios mantenham o mesmo ótimo nível desta Première dupla. 


Deixem seus comentários: você gostou deste início de temporada?

Até a próxima

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