sábado, 22 de fevereiro de 2014

Criminal Minds 9x15 : Mr & Mrs Anderson


Por Débora Gutierrez Ratto Clemente

 


Por mais que eu adore os episódios especiais, aqueles que marcam a entrada ou a saída de um personagem, os finais de temporada, os nossos heróis em perigo, nada para mim substitui um bom caso explorando um psicopata ( ou dois), uma mente doentia, um raciocínio errante.

Tal foi meu entusiasmo no episódio “200” com toda a ação, toda a movimentação, aquelas coisas que fãs adoram ver vez por outra, nada disto eu posso negar. Mas o que eu gosto verdadeiramente de ver em um episódio de Criminal Minds, destes comuns, que nada comemoram, é um bom caso de psicopatia, é uma situação de total desorganização mental e seus resultados práticos. E dá para ver neuropsicopatia maior do que satisfazer-se sexualmente observando um corpo perdendo a vida? Pois é, não só eles nos dão conta de um caso assim, como mencionam um caso real para que não fique dúvidas pelo caminho ( Karla Homelka e Paul Bernardo, nos anos oitenta). Através do perfil inicial, eles chegam à mulheres que morrem asfixiadas, mas sem violência sexual. Por ideia de Rossi, eles passam a verificar outros casos semelhantes, em anos passados. Pelo fato de Reid ter encontrado camisinhas no vaso sanitário de um motel, a equipe passa a achar que o caso pode envolver um casal e não um único parceiro. Ótima a menção de Reid à ausência de Morgan quando ele mais precisa de alguém que faça atividades que necessitem de força bruta).

O que eu gosto em Criminal Minds é a dinâmica, o fato de mais de um membro ter a mesma ideia e juntos desenvolverem uma tese. Rossi e JJ, por diferentes motivos, enxergam a possibilidade de que os crimes estejam sendo cometidos por casais. A ideia de que eles estejam frequentando terapia de casais deveria ser positiva, mas o casal usa tais argumentos da forma que lhes interessa. E assim, matar uma mulher para incrementar o relacionamento sexual do casal passa a ser normal, na falta de palavra mais adequada. Seria certamente uma dinâmica que poderia durar anos, caso a mulher não tivesse requisitado para si o ato do domínio, a tarefa de provar-se ser capaz de atrair um homem  para uma relação tão doentia. É interessante como a traição aparece na relação de forma deturpada. A esposa leva para o casal um homem e seu marido o mata tal qual fosse uma fêmea. No entanto, quando presa e Blake mostra à esposa os crimes que seu parceiro comete sem sua participação, toda a dinâmica muda, a mulher sente-se traída, e não hesita em, além de agredir sem parceiro, entregá-lo em troca de um acordo.

É fascinante a relação  de controle e poder existente entre o casal, a teoria de que o homem já exercia tal atividade antes de casar-se e de quebra, encontrar uma mulher disposta a ser a esposa participante passiva de tal atividade  do marido. Chama ainda atenção o fato do casal não ter idade muito nova, já ser um casal maduro. Por mais interessante que seja a dinâmica, fica a dúvida sobre  a necessidade feminina neste jogo de domínio e poder, muito mais eficaz ao parceiro macho do que à esposa.

Quanto ao resto do episódio, a frase do ano ( perdoem-me, sou mulher) é do Morgan, que traduz oitenta por cento das expectativas femininas mal resolvidas: “ Caras como nós não lidam bem com coisas sutis. Para algumas coisas vocês precisam ser diretas!”. Eu diria que bem interpretada, esta frase resolveria oitenta por cento dos problemas entre namorados e namoradas, maridos e esposas, namoridos e por aí vai..... Vão por mim, são vinte e cinco anos de casada. Homens em geral, têm a sensibilidade de uma cenoura. Falem ou fiquem chorando a semana inteira. São poucos os homens (  felizes das namoradas/ esposas que partilham de um relacionamento assim) que entendem as sublinhas.

O interessante do episódio, além de mostrar que JJ passou duas semanas de licença, que Morgan e sua namorada não têm uma fórmula mágica, tão pouco Penélope e seu novo namorado, é que eles  mostram o quão doentia pode ser uma relação amorosa. Em momento algum foi possível duvidar da paixão de Mrs. Anderson pelo marido, mesmo diante de ato tão brutal, mas por outro lado, o quão sensível tal ato se tornou quando ela sentiu-se excluída da relação ( a traição), tão ou mais forte e ressentida do que a própria morte, o que pode parecer estranho, mas que no jogo que o casal jogava, fazia todo o sentido. Às vezes, as relações são tão doentias que deixam de fazer sentido para pessoas normais. Paralelamente, não deixa de ser semelhante em menor escala, a decepção de Garcia em relação a iniciativa de seu namorado em um dia como o dia dos Namorados, e até a namorada de Morgan, por mais moderna que ela pareça ser.

Mais um episódio muito interessante, que questiona a sanidade não de uma, mas de duas pessoas envolvidas em um relacionamento. Trazendo um tema romântico, de teor suave e pueril, o lado assustador funciona de forma catártica, nos fazendo lembrar do porque nos unimos a determinadas pessoas e ao lado delas construímos uma vida inteira de  paridades, singularidades ou distonias. Genial a interpretação da atriz Mary Mara, cuja transformação ao saber ter sido traída, simplesmente formidável.

Por fim, um destaque com méritos para a frase inicial do episódio, creditado à Jennifer Smith: “ O casamento é um mosaico que você constrói com seu cônjuge, com milhões de momentos que criam sua história de amor!” Para lá de endossado por quem já está casada há mais de vinte e cinco anos! Relacionamentos perfeitos e sem qualquer problema só existem em livros, filmes ou relações unilaterais.

Mais um  ótimo episódio de grande qualidade de Criminal Minds!  Que venha o próximo!

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