domingo, 9 de fevereiro de 2014

Review - Criminal Minds 9x13 - The Road Home



Família e perdão. E assim, todos tentam buscar seu caminho para casa ou, em última instância, a redenção. A inteligência com que os roteiristas de Criminal Minds trabalham para escolher um único tema e assim permear toda a estória é incrível. É uma prática recorrente na série que mais uma vez, funciona perfeitamente. De um lado temos o pai inconformado com o fato de ter falhado com seu filho e assim, de certa forma, viabilizar sua conduta em um crime que atingia os próprios pais, levando à morte sua esposa querida. De outro, temos um pai em busca do perdão do filho, em uma ciranda inversamente proporcional.




Não estou muito certa, mas acho que esta foi a segunda vez que um agente do BAU ausenta-se, desde o início da série, para resolver um problema pessoal. Corrijam-me se estiver enganada, mas apenas me recordo do caso em que o Hotch afastou-se da equipe para conversar com seu filho na época do divórcio. Claro, aqui não entra a gravidez da JJ e no caso de Morgan, a equipe foi chamada para ajudá-lo.
A relação de David Rossi com Harrison Scott já havia sido explorada brilhantemente no episódio The Fallen ( 7x08) em 2012. Como eu disse na minha review naquela época (http://wwwqueimandoalingua.blogspot.com.br/search?updated-min=2012-01-01T00:00:00-08:00&updated-max=2013-01-01T00:00:00-08:00&max-results=46 ) os americanos têm sentimentos em relação à guerra muito diferentes dos nossos e, por isso, talvez o entendimento do público brasileiro à essa relação e a essa responsabilidade de David Rossi fiquem comprometidos. De toda a forma, Rossi comenta sua preocupação com o comportamento do amigo que lhe enviou um presente caro e surge o fio condutor do episódio. Hotch o libera para averiguar o que está acontecendo.  


Por outro lado, a equipe do BAU tem um caso para ser investigado. Aparentemente um homem matando de forma aleatória, o que irá provar-se em seguida uma espécie de justiceiro, de alguém que faz justiça com as próprias mãos. É interessante refletir em momentos como os desta semana em que não foram um, mas três casos de justiça feita por civis ( o mais comentado provavelmente o do rapaz atado nú a um poste no Rio de Janeiro) e incentivados pela imprensa ( cortesia de Rachel Sheherazade – SBT ), como a lei do olho por olho pode tornar-se amarga a partir da descoberta de uma injustiça ( bem ilustrado na interpretação do unsub - o ator (Jon Gries) que de forma crua expõe sua incredulidade ao saber que matou um inocente, mesmo sem querer). Por outro lado temos a realidade das testemunhas que não querem denunciar/prejudicar um justiceiro, que na pior das hipóteses, fez aquilo que o Estado é pago para fazer, ou seja, choca tanto quanto ver o unsub ser pego e punido, em uma inversão de valores terrivelmente verdadeira.


Em um duelo claro entre o homem que procura redimir-se de seus erros buscando delirantemente justiça e aquele que abandona as esperanças, que quase desiste de tudo aquilo que conquistou, incluindo-se a sobriedade de quatorze meses sem álcool, por não conseguir o perdão de seu filho, o episódio flui de maneira magnífica, mesmo que nenhum dos casos seja exatamente mirabolante. A opção por um caso de relativa facilidade para se resolver justifica-se porque os verdadeiros protagonistas desta estória são Joe Mantegna e Meshasch Taylor, cuja química no tom exato nos proporciona momentos de puro prazer, em especial, ao final do episódio, com Harrisson recebendo a visita do neto e, por consequência, de seu filho e David emocionando-se com a visita. 


É a primeira vez que Joe Mantegna dirige um episódio de Criminal Minds e por certo ele procurou um tema que lhe fosse agradável ( todos sabemos como o ator “abraça” a causa dos veteranos ) e isso, creio, facilitou em muito sua tarefa. Com alguns planos interessantes, incluindo um contra-ploogée ( câmera baixa) no personagem de Thomas Gibson, o ator/diretor investiu na dinâmica mais interessante ( Rossi/Harrison), para chegar onde de fato interessava: na forma que todos nós trabalhamos com nossas culpas. Particularmente gosto quando eles trabalham com temas que nos fazem pensar depois que o episódio acaba. Acredito que aos que têm família constituída, o episódio tenha tocado mais diretamente, pois nada mais cruel que um filho que decepciona seus pais ( a ponto de cometer crimes) ou, um pai que perde a confiança de um filho por decepcioná-lo de forma recorrente. São dois lados da mesma moeda, não importando o quanto esta moeda valha. 


Com interpretações discretas, mas muito seguras, do time regular e demais guest stars, o episódio cumpre seu objetivo, que além do entretenimento, visa nos alertar sobre nosso papel na vida e o quanto este papel escolhido por nós para ser vivido, atinge aqueles que amamos. De uma forma ou de outra, todos temos escolhas a fazer, mas sem direito a rascunhos, nada nos garante que será a escolha certa. 

A cereja no bolo do episódio vem em forma de pequenas inserções, mostrando JJ ao telefone, provavelmente com o Agente Cruz, mas tentando disfarçar as ligações perto de seus amigos e de seu chefe. E, ao fim, sendo sequestrada, deixando em aberto o gancho que moverá o episódio 200. Para contrabalancear a angústia de JJ frente a uma ameaça, surge Reid e sua sugestão para acompanhá-lo em uma espécie de maratona de filmes coreanos, com certeza, tudo o que Jennifer Jareau precisa no momento!!!! 


Que venha mais um episódio emocionante! Até a próxima!

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