segunda-feira, 31 de março de 2014

Review Criminal Minds 9x18: Rabid






 Os produtores e roteiristas de Criminal Minds sempre afirmam em entrevistas que seus roteiros recebem o aconselhamento técnico de Jim Clemente, hoje, roteirista, mas também agente aposentado do FBI, especializado em perfis ( há uma entrevista dele, muito interessante, aqui: http://criminalmindsroundtable.blogspot.com.br/2014/03/criminal-minds-season-9-jim-clementes.html ), e que são sempre de certa forma baseados em casos reais. O que me leva a sentir um medo imenso quando assisto determinados episódios. Rabid é um deles.
 
Não posso imaginar o efeito que causa em uma criança, assistir seu irmão definhando e sofrendo, até que seus pais resolvam cometer a contestada eutanásia, prática ( na maioria dos países considerada crime) que defende que um ser humano possa tirar a vida de outro ser humano por piedade, desde que este último esteja sofrendo em estado terminal. Junte-se a isso uma personalidade com traços de sadismo e psicopatia e surge um assassino cruel e desumano, que passa a tratar como entretenimento o sofrimento alheio. 


Talvez tenha sido um dos casos mais asquerosos de Criminal Minds nos últimos anos. O episódio se inicia com uma frase arrepiante de alguém dizendo ao fundo: “Vou comer você vivo!”. Depois de receberem o caso, que aponta para três vítimas, duas com marcas de mordidas humanas e fazerem várias considerações, nossos agentes chegam à conclusão de que tratam-se de mortes por contaminação de raiva, uma doença contagiosa, que leva o infectado a ter espasmos, convulsões, alucinações, desidratação, e, em seu estágio final uma concentração de saliva que leva o paciente a literalmente espumar pela boca. O perfil vai sendo desenvolvido à medida que surgem informações sobre as vítimas, suas autópsias, locais dos sequestros, entre outros dados. Eles também especificam que apenas vítimas vacinadas até vinte e quatro horas da contaminação conseguem ficar imunizadas. Blake faz uso dos seus conhecimentos linguísticos para esclarecer que a palavra raiva vem do sânscrito e significa excesso de violência.


O que torna o episódio genial é que eles não precisam mostrar um corpo estraçalhado e cheio de sangue para nos aterrorizar. O terror é meramente subjetivo e está na figura do unsub que filma e depois assiste suas vítimas implorando por suas vidas e se deteriorando a cada momento. Pode haver terror maior que este? 


Com várias informações fornecidas por Garcia, eles vão montando um quadro coerente com o comportamento do unsub e chegam ao seu nome: David Wade Cunningham, irmão mais velho de Hunter, que, após ser diagnosticado com raiva, foi levado para casa  e teve seu sofrimento poupado pelo ato da eutanásia, praticado pelos pais e assistido de perto por seu irmão. 


Em paralelo assistimos a fuga de outra vítima, uma mulher já em estado avançado da doença, e o pesadelo de acompanharmos ela circulando dentro de uma cafeteria e depois por um parque cheio de crianças. Neste sentido, este episódio foi muito mais valorizado pelas tomadas inteligentes e pela fotografia claustrofóbica mesmo em ambiente aberto ( poderia ser um parque imenso, mas ele se torna minúsculo diante da possibilidade de contaminação de diversas crianças que lá brincam ). Chega a dar pena o estado em que Liz Foley se encontra e Morgan, na tentativa de manter-se afastado da contaminação, atira em sua perna, apenas para imobiliza-la até a chegada de uma ambulância.


Enquanto isso, continuamos compadecidos por outra vítima, Russel Holmes, o estudante capturado no início do episódio, aquele que inteligentemente foi catapultado em um primeiro momento, ao status de unsub, quando segue a garota no ônibus. 


Não foi um grande episódio em termos de perfil, os procedimentos de busca foram totalmente comuns e não houve nada no roteiro que nos surpreendesse. No entanto, a carta na manga concentrou-se em apavorar por tabela quem assistia, privilegiando planos de destaque e closes, em uma fotografia cheia de sombras e uma edição de som de arrepiar. Foi mais um episódio visual do que de roteiro. As interpretações dos guests stars também foram destaque, em especial a da atriz que faz Liz Foley. Outro detalhe pouco lembrado, mas fundamental para o êxito do episódio foi a maquiagem das vítimas, competente e dolorosamente realista, que impressiona no visual e cumpre seu papel de nos incomodar. 


Depois que Garcia localiza o possível local onde o unsub estaria escondido com sua última vítima, o estudante Russel Homes, a equipe divide-se em duas e eles partem em busca da captura de David Cunningham. No mais provável dos clichês, Morgan e Reid caminham por corredores escuros, iluminados apenas pelas luzes dos faroletes que  carregam acoplados às suas armas e, fotografia e iluminação reforçam  o lugar comum de Morgan ser pego de surpresa pelo ataque do unsub e ganhar umas bordoadas e uns choques até que Reid, mesmo apanhando feio, consegue imobilizar o criminoso. Reid é o homem que consegue derrubar o sádico, porque ele estaria praticando mais exercícios ( falarei a respeito em seguida ).


Ao final, já no hospital, JJ, Morgan e Reid presenciam a tragédia e o êxito do mesmo caso: a família de Liz Foley recebendo de Rossi a notícia da morte eminente da esposa e mãe e Russel Holmes não sabendo como agradecer aos agentes por ter tido sua vida salva por eles. Dois lados da mesma moeda, frustração e satisfação vividos pelos agentes em seu dia a dia. 


Quanto às passagens do início e fim do episódio, em mais uma tentativa de agradar os fãs, com momentos de nossos agentes fora do trabalho, temos Garcia e Reid treinando corrida para um teste requisito para continuarem em seus empregos. Eu sei que estas cenas fora do ambiente de trabalho agradam, e muito, os fãs da série, que curtem os momentos divertidos, mas às vezes elas acabam me irritando, por idiotizar os personagens. Os agentes estão por baixo a nove anos no FBI, será que nunca tiveram que fazer o teste antes e se tiveram, será que nunca se informaram para depois descobrir que estes testes são mera formalidade? Sei lá, talvez eu esteja sendo chata, mas acho que estas cenas não precisariam estar em todos os episódios, gostava mais quando eram esporádicas, pois acabavam por serem mais naturais. Mas sei que minha opinião não reflete a maioria.


De qualquer forma, foi um ótimo episódio, para redimir o fraco “ The Persuasion” da semana anterior. E assim, já começamos a entrar na reta final desta temporada. O que será que nos espera na Season Finale? Alguém arrisca um palpite?


Até a próxima pessoal!!


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