quinta-feira, 8 de maio de 2014

Criminal Minds 9x22: Fatal - Review



Você acredita em destino? Ou prefere acreditar no acaso, na aleatoriedade?
Criminal Minds neste episódio navega por estes mares, em meio a um caso no mínimo estranho. Com três mortes semelhantes, onde as vítimas recebem antecipadamente bilhete avisando que irão morrer, não importando o que façam para impedir o feito, inicia-se a busca do nosso time por fatos que indiquem o perfil do assassino que estão caçando.
É fato que não sabemos nunca quando e onde iremos encontrar o ponto final de nossa existência, a menos que nós mesmos tenhamos a intenção de encerrar nossa trajetória por estas bandas de cá. Dito isto, um assassino que se arvora do direito de decidir o destino de suas vítimas, tal qual um deus, a princípio deveria causar repugnância ao extremo devido seu egocentrismo, o excesso de confiança em seus julgamentos e por fim e não menos importante, sua prepotência. Mas estamos assistindo a um episódio de Criminal Minds. Em suas estórias nada é tão simples quanto parece e o roteiro de Bruce Zimmerman acerta em cheio apostando nos traumas de infância.
Enquanto a equipe busca elementos que os levem a encontrar o assassino de homens e mulheres que nada tem em comum, além do fato de receberem um bilhete prévio anunciando sua morte próxima e serem assassinados por ingestão de arsênico, vamos observando este homem enigmático, que está se aposentando para realizar a viagem à Grécia que deveria ter realizado há vinte anos e que por um imprevisto ( embriagado ele perdeu a van que o levaria ao aeroporto) deixou de realizar. O sujeito bonachão, com boné e feições propositalmente quase gregas, aparece em seu lar ( uma espécie de porão lotado de referências à mitologia grega), folheando um livro que acaba por nos mostrar um labirinto ( não por acaso aquele em que Teseu venceu o Minotauro, conseguindo retornar em segurança graças a um novelo de lã que marcou todo o  de volta). Sabemos através de Garcia e suas super pesquisas que Bill Harding quando criança, acampando com seus pais e outra família acabou por perder-se nas montanhas de Idaho, junto com seu melhor amigo, também da mesma idade. Ele foi encontrado e sobreviveu. Seu amigo de seis anos não. Como é hábito os adultos culparem seus filhos por responsabilidades exclusivamente suas ( e que fique  que neste caso a culpa nunca poderia ter sido atribuída a Bill), o menino hospitalizado busca em um livro sobre Mitologia Grega, presente de uma professora, expurgar sua consciência e encontrar desculpas para ter sobrevivido e seu melhor amigo não. Apoiado em uma quase fantasia, Bill leva por toda a vida aquela experiência, atribuindo  todo fato acontecido ao destino.
Passados tantos anos, Bill ainda se vê injustiçado por aquilo que acredita ser o seu inevitável ( ser culpado pela morte de seu melhor amigo). Por isto, quando recebe a notícia de sua morte eminente, causada por um câncer incurável, o homem vê-se mais uma vez vítima de um infortúnio não merecido. E resolve punir aqueles que vivem felizes suas vidas, como se pudesse interferir no destino traçado para cada um deles. As coisas não mudariam não fosse seu chefe e melhor amigo confessar ser responsável por ele não ter embarcado para a Grécia vinte anos atrás. Alegando estar ciente de que seu funcionário estaria deixando um bom e rentável emprego por um destino duvidoso, sem futuro financeiro e nada promissor, seu chefe confessa tê-lo embriagado de propósito, evitando assim, que embarcasse para a desejada viagem. É neste exato momento que percebemos a forma como Bill encara o destino, como uma coisa absolutamente irrevogável, passível de ato criminoso toda vez que impedido, de uma forma ou de outra de ser realizado tal qual projetado. Bill agora, mais do que punir pessoas que se acham intocáveis pelo destino, quer punir aquele que o desviou do caminho traçado para ele de forma proposital.
Gosto ( e já disse isto várias vezes ) quando a equipe percorre diversos caminhos até chegar ao acerto. Fica sempre mais crível a elaboração de um perfil final. No entanto, algumas cenas às vezes me soam tão improváveis quanto desnecessárias. Mesmo que seja possível alguém ler Guerra e Paz escrito em russo por Leon Tolstói em algumas pouquíssimas  horas no café da manhã ( para mim soa improvável, julguem minha ignorância ), acho desnecessário expor estes “exageros” by Reid. Todos sabemos o quão desenvolvida é sua mente e as coisas incríveis que ele é capaz de fazer, mas acho que às vezes ele pesam a mão. Na outra ponta, gosto da presença assertiva de Alex Blake, que em oposto ao seu companheiro de linguística, age discretamente e acrescenta sem alarde, boas ideias e sugestões.
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A prova mais efetiva de que o assassino julgava fazer o que era correto é sua rendição quando toma conhecimento de que embarcar na van que o levaria ao aeroporto há vinte anos atrás teria tirado sua vida, visto que a mesma sofreu acidente antes de chegar ao seu destino final e todos os passageiros morreram na hora. É comovente notar a quase inocência de Bill, tomado por um não entendimento da situação, crendo que seu destino havia se realizado.
Em um episódio marcado pela reflexão baseado nas crenças de quem assiste, Criminal Minds esmerou-se além do roteiro. Com a direção muito precisa de Larry Tang, vemos a utilização de recursos antigos abandonados na atualidade, como quadros de sobreposição nos flashbacks, zoom invertido para gerar, junto com as vozes, aflição ao telespectador ao vivenciar o que o unsub sente de verdade e vários planos plongée ( com a câmera alta, sugerindo uma visão voyerista na perspectiva de Bill).
Marca ponto também o roteiro que faz menção ao episódio About Face ( 3×06 ), aliás, o primeiro em que Rossi participou, trazendo a tona, outro assassino que avisava suas vítimas antecipadamente de suas mortes. Também gostei do início do episódio, que nos remete a um problema recorrente, ao das prostitutas, que por um sem número de vezes são lesadas pelos seus “clientes” de alguma forma.
Saindo um pouco do assunto “crime da semana”, temos o agente Aaron Hotchner enfrentando um corriqueiro, mas incômodo problema: seu filho foi convidado pela professora a chamar seu pai para falar sobre sua profissão para sua classe de terceiro ano. O que deveria ser uma coisa normal, para Hotch toma contornos tempestuosos. É certo que sua atividade ganha aspectos fabulosos  quando descrita por seu amigo Rossi quase como um super-herói. Mas Hotch não se esquece de que não pôde ser um super-herói quando teve que salvar a mãe de seu filho e falhou. E ele não quer ampliar ainda mais as mágoas de Jack. De forma inteligente e bastante simpática, vemos nosso agente “engravatado super sério” preferido mostrando seu lado mais paternal ao lidar tranquilamente com os coleguinhas de Jack tentando mostrar a eles o que é fazer um perfil. Em uma espécie de brincadeira tipo “o assassino é….”, Aaron descreve serenamente o detentor do grampeador da sala do BAU, explicando de forma didática o porquê chegou a tal conclusão ( ok, o menino que estava com o grampeador parecia prestes a ter um enfarto quando foi descoberto ), incluindo uma ação da Garcia na observação.
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Tenho que dizer que Joe Mantegna e Thomas Gibson meio que são subestimados em seus papéis, não fossem estas raras oportunidades de demonstrar algo mais. A cena em que Rossi ao telefone percebe que não conseguirá salvar Janice e sua posterior aparição comentando com Hotch que havia prometido que nada aconteceria com ela é mais tocante porque foi desempenhada por Joe. Da mesma forma, Thomas Gibson consegue em suas interpretações, transitar entre o agente furioso, decepcionado por não alcançar seus objetivos na investigação e o homem generoso, capaz de se comunicar com um bando de crianças de cerca de nove anos de maneira divertida e totalmente eficiente. São pequenas dádivas entregues em meio a um episódio já bastante recheado de reviravoltas e surpresas. Além do que, o episódio conta com aquele tipo de unsub que você não sabe se mata ou se manda se tratar com sua melhor amiga terapeuta, laureado de compaixão.
Assim é Criminal Minds, sempre transitando entre os limites da criminalidade e da insanidade, não nos permitindo decidir de forma fácil qual a melhor defesa.
Estamos chegando ao final da nona temporada, uma sequência de, até então, 22 episódios em sua maioria muito bons, com poucos altos e baixos durante o ano de exibição, garantindo assim uma audiência semelhante a quarta e quinta temporadas, o que, por consequência nos garantiu a continuidade da série por mais um ano.  Agora é esperar uma Season Finale ( em dois episódios) incrível, para coroar esta temporada. Eu gostaria que o unsub que quase afogou Blake voltasse, mas acho pouco provável que isto aconteça. Boatos e spoilers dão conta de que é provável que o suspense gire em torno de Rossi e Blake e Érica Messer jura que plantou a semente da SF há vários episódios atrás.  Ao contrário de outros anos, neste estou com vontade de experimentar a novidade ao invés de me desgastar tentando encontrar respostas. Depois de anos dando palpites e ganhando o apelido de Débora Dináh, neste fim de temporada dei-me ao luxo de apenas desfrutar os acontecimentos, sem fazer adivinhações ( mesmo que em outras épocas estas adivinhações me tenham rendido meu apelido de Dináh). Que venham o 9×23 e o 9×24 e que estejam à altura da temporada que representam.
Grande abraço e até a próxima!

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