segunda-feira, 29 de setembro de 2014

How To Get Away With Murder – 1×01: Pilot - Review

 

“… Vaidade é definitivamente meu pecado favorito!” 



John Milton ( personagem de Al Pacino em “ O Advogado Do Diabo”) Esta frase retirada do filme de 1997, com direção de Taylor Hackford, com atuação brilhante de Al Pacino, Keanu Reeves e Charlize Theron diz muita coisa sobre o mundo dos advogados que a nova série de Shonda Rhimes pretende explorar. Advogados são profissionais tradicionalmente controversos, que vivem em um mundo obscuro onde o bem e o mal ganham contornos comprovadamente discutíveis. À mercê das leis, são conhecidos como personagens que contorcem argumentos até que eles se encaixem adequadamente ao interesse de quem por eles são defendidos.

O piloto da série abre mão logo de início de um artifício batido, mas comprovadamente eficaz, os flashforwards, ou, de maneira mais simples, de trechos da série passados em seu futuro, quem permitem que possamos saber algo do que nos espera adiante. É esperto jogar uma isca daquilo que será o mote da série, mesmo antes de nos apresentar aos personagens principais, pois já ganhamos de cara um enigma para resolver, mesmo que nada saibamos ainda sobre o show.

A princípio a série nos oferece um contraponto, o inquestionável conhecimento da advogada que também leciona para alunos primeiro anistas Annalise Keating versus o inocente desconhecimento do aluno meio perdido Wesley Gibbins. Aquilo que parece um cabo de guerra desonesto a favor da professora, vira habilmente a favor do aluno a partir do momento que nós descobrimos através de seu olhar que a mestra não é tão honesta / imaculada assim. É muito interessante o ponto de vista de Wes a confrontar uma espécie de anti herói de saias, um personagem que, como meros mortais,  tem um lado negro a acompanhar seu lado heróico.

Do ponto de vista didático, a professora apresenta um caso para que os alunos encontrem uma resposta mais eficaz do que o que ela propõe. Ela lança mão de uma espécie de competição cujo prêmio maior seria trabalhar ao seu lado durante a duração do curso, uma espécie de estágio.

Destacam-se por competência ou esperteza os alunos que às vistas de cenas futuras descobrimos enroscados às voltas de ocultar um corpo, o do professor de psicologia, que não por acaso, vem a ser o marido de Annalise. Nós o conhecemos ainda vivo durante um coquetel de apresentação de alunos, ao mesmo tempo em que descobrimos que nossa heroína às avessas trai seu marido com um investigador ligado ao caso que ela está defendendo no tribunal. Desta forma Shonda Rhimes, conhecida por suas tramas cheias de dramas, e intrigas ( vide seus sucessos com Greys Anatomy, Private Practice e Scandal) já deixa que irá trabalhar no limite da honestidade, explorando aquilo que vivemos no dia a dia, pessoas comuns que diante de dilemas pessoais tomam decisões nem sempre acertadas, dentro da lei, mas questionavelmente éticas.

A presença marcante de Viola Davis contrasta com a pouca experiência de seus atores/atrizes de apoio e isto acaba por ser positivo, refletindo-se no contexto do show. A controversa esperteza de Michaela Pratt ou de Lauren Castillo, bem como as sacadas de Asher Millstone são, tanto no território da interpretação, como na ficção, fichinha para a professora tarimbada e cheia de jogo de cintura, que deixa em aberto para o público que decidirá se ela deverá ser uma heroína para quem devemos torcer ou uma impostora a quem desprezaremos por toda a série.

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Do ponto de vista técnico, a série também acerta em cheio. Cheio de tomadas curtas e impactantes, a direção opta por uma fotografia que privilegia as tomadas futuras, de forma dinâmica e informativa, sem deixar dúvidas e no entanto sem mostrar demais. Os flashforwards um tanto quanto claustrofóbicos são necessários para causar impacto sem mostrar mais do que a estória no momento permite.
O piloto promete dois grandes triunfos: a estória, que deve se desenrolar aos poucos, demorando a explicar porque os escolhidos pela professora assassinaram seu marido e a interpretação pontual de Viola Davis, que dispensa apresentações. A atriz, que nos últimos anos vem obtendo diversas indicações a prêmios de destaque pelos mais variados papéis, cria aqui uma personagem forte, de discurso convincente, com arestas a serem aparadas, onde desta forma parece-se mais humana do que o esperado, e fazendo-nos acreditar que as pessoas podem ter boas intenções, mas isto não significa estar certa o tempo todo. Criando um personagem controverso, Shonda Rhimes extrai de Viola o seu máximo em termos de interpretação, uma espécie de vilã que aparentemente adoraremos odiar por várias temporadas. Ponto a favor da pós-edição, dinâmica e cheia de pequenos brindes ( como a inquisição do detetive ao mesmo tempo que exploramos sua relação com Annalise e a descoberta de que o o homem morto pelos alunos é Sam, o professor de psicologia, marido de nossa advogada mor). Nem precisa ser tão curioso assim para querer despertar nossa curiosidade para os próximos episódios.

Não foi um piloto sensacional, daqueles em que a gente perde o sono, mas foi competente o suficiente para querermos revisitar a série em seus próximos episódios para sabermos o que vem pela frente. Espero apenas que o roteiro seja inteligente o suficiente para não tornar uma obrigação apenas os excelentes desempenhos de Viola. A série tem gás para viver para além da interpretação da atriz principal. E,espero que a direção de fotografia  permaneça fiel à proposta inicial

Não se sabe ainda se esta será uma série procedural com arco de dois a três episódios ou uma estória com começo, meio e fim a cada temporada. De qualquer modo, acho que a elucidação do primeiro caso será fundamental para dar uma “cara”  ao show. Resta saber se será o que o público, neste momento, quer assistir.

Aguardando  ansiosa pelo próximo episódio. E vocês, o que acharam deste primeiro episódio?
Deixem seus comentários, gostaria de saber o que acharam….

Até a próxima pessoal!

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