terça-feira, 23 de setembro de 2014

SE.............



Meu tempo for curto,
Minha vontade for pouca...
Se meu desejo incerto,
Meu caminho inseguro...

Se meu pedido for injusto,
Se minha sina for esta...
Se minha vontade for insuficiente,
Se minha súplica for pouca....

Se meu momento passou,
Se meu destino for este,
Se nada me resta além disto,
Se tão pouco me basta....

Se era para ser e não foi,
Porque nunca foste o que eras...
Se minha palavra não supre,
Se meu perdão nunca chega....
Se era pecado e perdoei...
Mesmo sem poder, absolvi...
Se tinha poder e ignorei,
Se podia ver e quase ceguei....

Se a verdade me congelava,
Me dava poder e me censurava....
Entediava, mas negava....
Adormecia e tolerava......

Se pudesse mudar, eu mudava.....
Se pudesse gritar, eu gritava....
Se pudesse viver, eu vivia....
Se pudesse lutar, lutaria....
Como quem luta lutas antigas,
Como quem briga há tempos...
Como quem busca justiça,
Nas mãos feridas e mortas...
Como quem acredita e confia.....


Como quem espera e não acha...
A razão que não tem razão....
O pedido não cede...
O desejo abdica......

Espera, óh! bendita crença,
Na palavra de quem crê....
Nas nuvens, nos pingos d’água, nas notas...
Nos incertos medos, nas lembranças....
Nas verdades implícitas, nas toadas surdas, aprazidas....
Nos medos absurdos, nos contrassensos,

Ah! Verdade escondida,
Quase desfalecida,
Perdida em ilusões.....
Mente quem nunca sente,
Que dói o que te mente,
Na palavra....
Inconsequente.....
Volta para mim, palavra inerte,
Ainda que solitária e insensível,
Acomoda minha paz no teu sossego,
Minha luz na tua calma,
Meu alívio no teu ser,
Imprudente.....

Desejo aquietar minha alma,
Uma sombra em teu anseio...
Minha mão alcança a tua
E abraça um perdão
Verdadeiro em meio....

Nada resta senão tua voz
A amenizar minha tortura,
A sonhar com o impossível,
A perdoar minha lisura,

Fracasso em meio ao pesadelo,
Lições a ver meio a candura
A perdoar quem nada teme,
A condenar quem nada jura...

E esconder medos a fim,
E estender medos em cura...
Saber que nada vive sim....
Se nada teme a sala escura.....

Senão jurar em si teus pesadelos,
Tua verdade encanta pela palavra.
Palavra em si que não comporta,
A verdade que em tese acomoda.

Ventos que carregam a verdade,
Verdade incômoda, mas lícita....
Desejo de viver quase covarde.....
Palavra lícita, quase fantasma,
Estigma, no entanto digno
De defender crença benigna......

Perdoa simples paixão,
Que nada encerra e
tudo encerra em teu desejo...
Nada ensina na nuvem escura,
Nada espera da nuvem clara....
Pede a Deus, mesmo que não haja Deus....
Pede que se faça rara,
Mesmo que se deite
E curve, mesmo que se implore,

Mesmo que se faça útil,
Mesmo que seja necessário,
Mesmo que chova anseios,
E ainda que seja difícil acreditar...

Faça brilhar mais que meu desejo,
Faça ser mais que minha voz,
Perdida num mosaico de motivos...

Faça ser muito mesmo que pareça pouco,
Faça ser aquilo que parece ser...
Faça ser o certo que parece o errado,
Uni o que está separado....

Tantas famílias em uma só.......
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