segunda-feira, 9 de março de 2015

Criminal Minds 10×15: Scream

Alguns episódios de Criminal Minds tocam meu coração de uma maneira mais profunda que não sei bem como explicar. Às vezes a história até que é simples, o roteiro não é muito rebuscado, não existem elementos demais, no entanto me fazem sentir o peso da humanidade nas costas. Scream para mim foi um episódio exatamente assim.

A história é razoavelmente simples e acontece várias vezes ao dia nos mais diversos lares de todo o universo: violência familiar, abuso de poder patriarcal, uma criança que assiste de forma recorrente sua mãe, dia após dia, ser humilhada e machucada, moral e fisicamente pelo homem a quem chama de pai. Sim, é tão terrivelmente trágico uma criança assistir de perto sua mãe apanhando quanto é terrível ver seu pai batendo.

Pouca gente imagina o impacto que isto causa a uma criança. Muita gente acha o tema supervalorizado, outras acham que pessoas quando crescem não tem para lidarem com isto. Mas não é isto o que acontece. Muitas destas crianças crescem tentando desesperadamente implantar alguma normalidade à sua rotina e até conseguem. Conseguem ser bem sucedidas, conseguem construir uma família feliz e seguir em frente. Mas sempre ficam seqüelas. Sempre ouvirão os pedidos de socorro em um sonho ou outro. No entanto, seguem em frente e lidam com este sentimento. Outras nem tanto.

Scream trás um retrato bem elaborado dos males que este tipo de vivência acrescenta a uma mente já tendenciosamente perturbada. Pessoas que não conseguem jamais superar totalmente e acabam chafurdando no próprio lamaçal de suas vidas, submetendo outras pessoas inocentes aos seus traumas. É o que ocorre com Peter Folkmore, que quando criança presenciou por anos a violência de seu pai com sua mãe e acabou, por fim, testemunhando o assassinato de sua mãe e o subseqüente suicídio de seu pai. À equipe cabe descobrir quem é o responsável pelas mortes de duas mulheres e o desaparecimento de uma terceira na Califórnia.



A história de Peter Folkmore consegue ser ainda mais cruel, ainda que isto fosse possível. Desconfiado, após diversas chamadas de vizinhos reportando discussões e em nenhuma vez obtendo registro de queixa por parte da mãe, o investigador de polícia resolve dar ao menino um pequeno gravador, na esperança de que ele pudesse gravar algum momento do abuso e isto servisse para salvar a mãe e a criança daquele ambiente hostil. Quando finalmente Peter resolve gravar alguma coisa, acaba por registrar os últimos momentos de vida de seus pais. Crescido, vai trabalhar em um local de assistência para mulheres que sofrem abusos e lá mesmo obtém suas vítimas. Visto que tempos atrás, o único registro da voz de sua mãe perdeu-se em um incêndio, Peter captura mulheres com o intuito de gravar o último diálogo de seus pais com extrema fidelidade e, assim, obter de novo um registro que seja fiel à lembrança que guarda de sua mãe. que, mesmo contando com a colaboração das vítimas, ele jamais conseguiria reproduzir a voz da mãe novamente e, ao frustrar-se, mata as mulheres que não atingem seu objetivo.

O caso é relativamente simples, mas impressiona ver através da impecável interpretação de Brian Poth a imensa dor que sente seu Peter Folkmore. Ele sabe que o que deseja é impossível, sabe que o que deseja é errado, mas seu impulso incontrolável o leva ao limite para manter o último momento intacto.



Em paralelo a esta trama, seguimos com mais um pouco do arco formado no início da temporada acerca de aliciadores de pessoas através da internet com um objetivo ainda não muito claro ( tráfico humano pode seguir várias vertentes, venda de órgãos no mercado negro, escravidão humana, aliciamento de menores para prostituição, entre outras barbaridades). Desta vez conhecemos o marido de Kate e presenciamos aquilo que pessoas com filhos já sabem: é difícil educar crianças sem que haja um consenso entre os pais.

Sabemos que Meg é sobrinha, mas foi criada desde pequena como filha por Kate e seu marido. Dando seqüência aos fatos de sua última aparição, Meg e sua amiga marcam em um shopping para encontrar-se com o rapaz que conheceram pela internet. Ao pedir autorização, sem que haja uma discussão prévia o marido de Kate autoriza o passeio, acreditando ser apenas uma tarde entre amigos. Kate o recrimina, pois eles ainda não haviam discutido sobre isso e ela teme que seja um encontro de namorados. De forma bem humorada, assistimos a um embate de marido e mulher no sentido de descobrir o que é melhor para a sobrinha que educam. Na cena final, o marido liga arrependido para Kate se desculpando por tomar a dianteira e diz que está de olho nas meninas no shopping, supondo que elas tomaram um “bolo” dos garotos.

Na verdade podemos observar que o unsub, ao perceber a presença do marido de Kate aborta a missão de capturar as meninas, avisando Meg que o encontro fica para outra oportunidade. Fica claro que este será o gancho da Season Finale, o provável rapto da sobrinha de Kate culminando com o desmantelamento da quadrilha que trafica humanos. Resta saber se será um arco encerrado ainda nesta temporada ou um cliffhanger, cujo desenlace ocorrerá em uma possível décima primeira temporada. É esperar para ver.

Até a próxima!!

4 comentários:

  1. Eu gostei muito do episódio, também foi um dos poucos casos em que senti pena do unsub, pois uma infância tão marcada por abusos físicos e psicológicos e um trauma tão dolorido não poderia tornar um adulto saudável.
    Esperando ansiosamente pelo desenvolvimento do arco com Kate e sua sobrinha.

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    1. Pois é, muito sofrido mesmo. Depois que assistir Lockdown me dá retorno, achei o epis sensacional. Bjo!

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    1. Desculpe Luiany, só vi seu comentário agora. Teremos episódio agora dia 08/04, o episódio spin off, Beyond Borders.
      Abraço e obrigada por acompanhar meus comentários.

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