sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Coração de Criança, Corpo de Mulher

Para você, Larissa, minha filhota adotada, a quem eu amo como filha!


Coração de criança,
Corpo de mulher.....
A mente cheia de medos, anseios, desejos,
O corpo cheio de querer, de fogo que não se apaga, bobagem...

A mente em dúvida, ardendo na ansiedade,
O corpo em dúvida, ardendo em desejo.
Ambos ardendo em vontade
De um novo dia,
De uma outra vida
De outra mão pousada em si,
De outro toque na pele clara,
De algum arrepio vindo do nada.....

Corpo de mulher, mente de menina,
Que brinca de ser feliz
E é, sempre que se lembra
Que já não brinca, vive....
Escolhe em dedos
Que príncipe levará sua virtude,
Sem permitir que sua virtude se toque.

No desenho pintado sob sua pele
Em suas costas,
Espalha-se a vontade, a cobiça....
Que preguiçosa arrasta-se no longilíneo corpo
E liberta-se, no toque dele
Que não era ele que tocava....

A mente sabe e mente, quando é  preciso
Para aquela mão ser de outro ser...
Ser daquele que a cobiça esconde
No desejo implícito do saber...

Acha-se feliz enquanto espanta-se,
Tenta encontrar a fonte de tanto prazer
Outros  nomes, outras mãos, outros toques
Serena, conforma-se e encontra-se
Com seus sonhos, as mãos do sonho,
Outras mãos, as mãos dos toques,
As mãos que negam viver.

Mãos que sabem das mentiras,
Dos devaneios, dos medos
Das aventuras, quem dera tantos nomes,
Daquilo que se sente, arremedos
De felicidade à qualquer toque
Ao ouvir seu nome à voz fraca,
Cheio de pouca coragem, de fome,
De viver, e ser quem se espera que seja....

A pele clara, os pelos curtos
O arrepio do primeiro contato.
A ânsia de viver tudo num segundo e tanto,
E logo terminar num mar e pranto
Nada do que esperava fora e fato,
Nada do que ansiava, alimentara a mão e a boca.

Tolo anseio ingênuo do todo
Que o amor encerra e guarda e alimenta e gera,
E ignora a data, e ao longe almeja,
Que se insinue de novo e à luz esgueira
Dando voltas e arrastando-se por sobre a pele
Esfregando-se ao desejo quente do corpo fraco
Alimente-se e volte ao pesadelo deste.

Cala-se ao rastejar banhado em suor
Lembra-se ser eminente.
Arde ao repetir o caminho da dor,
Que sozinho queima, se faz quente...
Lembra do arrepio, lembra da solidão
Que encerra o prazer da mão inexistente........
Tão feliz, não depende
Não implora, não sustenta...
Não explica o porquê da mão ausente,
Não reage ao versar da solidão presente
Seu corpo explode em paz e o corpo aguenta....
Porque  é feliz e nem sabe e sente.

Criança crescida neste corpo de mulher,
Alimenta-se da fome de outro corpo
Acinzenta-se a ferida d’alma escura,
E perdoa-se ao encontrar um outro porto.
Para atracar e buscar verdade nua
Para tentar uma nova cura....
Para ser feliz, de vez, mulher .......


Um comentário:

  1. Uma verdadeira honra ter sido a inspiração para seu poema. Amo vc, mãe dessa demente aqui! =D

    ResponderExcluir