sexta-feira, 3 de julho de 2015

A Longevidade de Criminal Minds: Do Descrédito Ao Top 10!


A história de Criminal Minds é, a princípio, igual à de tantas outras séries americanas que passam nas mais diversas redes de televisão abertas do país. O que muda radicalmente sua trajetória tem o nome de determinação e respeito aos fãs.
Criminal Minds, nas palavras de Thomas Gibson em sua pré-estreia “ –Era para ser um piloto sem muitas expectativas. Ninguém realmente acreditava que a série vingaria”.
 
Thomas Gibson of

Criada por Mark Gordon e Ed Bernero, a série estreou nos EUA em 22 de Setembro de 2005, levantando polêmica acerca da sua área de atuação – o plot de Criminal Minds era trabalhar com uma equipe que traçasse perfis dos criminosos a fim de se adiantar em seus crimes e, talvez, evitar assim, mais mortes. Ed Bernero era então um policial aposentado, que tinha em seu currículo Third Watch , uma série que abordava o dia a dia de policiais, bombeiros e socorristas e que havia durado seis temporadas. 

Com produção conjunta da ABC e a rede CBS, Criminal Minds tinha como protagonista Jason Gideon ( cujo nome original seria Jason Donovan), um profiler chefe da Unidade de Análise Comportamental, cercado de especialistas, os personagens recorrentes, Hotch, Morgan, Reid, Elle, JJ e Penélope Garcia ( esta, embora participando de todos os episódios, foi listada no elenco fixo apenas a partir da segunda temporada). Aliás, o primeiro nome dado a Criminal Minds foi “Quântico”. Até pela sua experiência em campo, Ed Bernero sempre se esmerou em concentrar os temas de seus episódios muito mais nos UNSUBS – termo utilizado para determinar um criminoso não identificado – e seus crimes hediondos e seriais, do que propriamente nos membros de sua equipe. 


Cast (69)

Com o passar dos anos, o show passou por uma série de turbulências. A primeira baixa na série foi de Lola Glaudini ( Elle Greenway) que pediu para sair, uma vez que sua família não residia em Los Angeles. No início da segunda temporada a atriz sai ( 2×06), para assumir em seu lugar Paget Brewster encarnando Emily Prentiss ( 2×09). Embora a transição tenha corrido de forma tranquila, questionou-se se a série sobreviveria sem sua principal personagem feminina e como o público aceitaria a nova personagem.
 
Cast (26)

No início da terceira temporada de Criminal Minds, Mandy Patinkin (Jason Gideon) simplesmente não apareceu para a leitura inicial de texto (mais tarde ele alegou diferenças irreconciliáveis com a série, reclamando do excesso de violência da mesma) e a equipe ficou meio “sem saber exatamente o que fazer”. Tendo por opção editar alguns episódios anteriormente não aproveitados, uma última participação do ator sem a presença de qualquer companheiro de elenco e um comentário especialmente preparado por Thomas Gibson (ele já fôra colega de cena de Mandy em Chicago Hope, série que Mandy também abandonou, logo TG não pareceu particularmente surpreso com o fato) onde afirmava aos “colegas” de BAU que “eles – personagens e série” sobreviveriam sem Gideon/Mandy ( última participação no 3×02), a série seguiu corajosamente em frente sem seu ator âncora ( considerado aquele que puxa a audiência da série). O andamento da temporada sem seu ator principal moveu algumas peças no enredo e deu a Thomas Gibson definitivamente o cargo de “chefe”. A série que tinha então tudo para naufragar, foi cuidadosamente tratada para que a saída de seu âncora fosse superada com sucesso. No primeiro terço da terceira temporada (3×06) conhecemos David Rossi, personagem de Joe Mantegna, e a série parecia tomar novamente um rumo confortável . Já na quarta temporada tivemos a introdução de Jordan Todd ( Meta Golding ) por oito episódios para substituir AJCook durante sua gravidez. 

CRIMINAL MINDS

Criminal Minds sempre teve outra frente a combater. Os americanos mais conservadores sempre a viram como uma série excessivamente violenta, mesmo que subjetivamente e o show penou até conseguir um lugar de respeito na audiência. Seus produtores tiveram que brigar para fazer valer episódios com temas mais fortes e cenas sugestivas e, ainda assim, encontravam resistência para ampliar a audiência. Mas, em detrimento da dificuldade generalizada, Criminal Minds corria por fora formando um público cativo, que se não era lá tão grande em números, era ao menos constante e lhe valia sempre um lugar entre os quinze programas mais assistidos. 

Reza a lenda que, a fim de investir em um spin of ancorado por um conhecido nome do cinema americano ( no caso, Forest Whitaker), a CBS teria decidido reduzir o elenco da série original apostando no seu esgotamento e já preparando terreno para mantê-la viva através de sua nova cria. A rede optou por demitir via twitter a atriz A.J.Cook (último episódio: 6×02) e diminuir a participação de Paget Brewster para apenas dezoito episódios na temporada – último episódio :6×18). Isso causou a ira dos fãs mais fiéis que se manifestaram via petição, entre outros canais e conseguiram chamar a atenção da CBS. Ainda na sexta temporada a entrada da atriz Rachel Nichols como Ashley Seaver como uma estagiária – 6×10, gerou uma queda significativa na audiência, chegando a fomentar comentários de ódio nas redes sociais e desafiando novamente a manutenção dos números, dificultando a tarefa do show em manter-se rentável e interessante para o canal. Após o fracasso do spin-of, cancelado com apenas treze episódios, para tentar consertar a própria lambança a CBS demitiu Nichols (que encerrou sua participação no 6×24) e recontratou AJCook ( que havia feito participação especial no 6×18 e retornou definitivamente no 6×24) e convidou Paget Brewster a retornar no 7×01. Neste meio período também houve a saída de vários roteiristas e Ed Bernero largava definitivamente a produção de Criminal Minds, passando o bastão para a então produtora supervisora Erica Messer. 

CRIMINAL MINDS

Ainda assim, mais problemas surgiram na sétima temporada, quando Paget Brewster anunciou sua vontade em fazer comédia e tentar novos horizontes. Paget encerrou sua participação como personagem fixa do show no episódio 7×24. A atriz ainda fez uma participação especial no episódio “200” ( 9×14). Para seu lugar, foi contratada a atriz Jeanne Triplerhorn, como a agente Alex Blake que participou de Criminal Minds por duas temporadas ( 8×01 a 9×24). Para a décima temporada já foi anunciada uma nova contratação, a atriz Jennifer Love Hewitt ( do extinto show Ghost Whisperer) se juntará ao elenco regular e interpretará a agente Kate Callahan. 

Com todo este histórico definitivamente conturbado, há de se questionar como uma série com tantos problemas é, hoje em dia, o sétimo show mais assistido do país. 

 
Mas é! Em sua nona temporada o show alcançou, senão números tão elevados como em suas quarta e quinta temporada, audiência para mantê-la entre as melhores séries da tv aberta. E aqui cabem duas explicações. 

É sabido que atualmente as séries de maior duração são também aquelas que acabam tendo uma maior audiência, por conta da fidelização do público. É fácil explicar que, em não havendo nenhum descalabro em termos de roteiro, o público segue fiel aos personagens que por anos entram em suas casas, permeiam suas fantasias, ganham sua simpatia, e terminam por ilustrar estórias em fanfics e torcida dos shippers mais improváveis. Junte-se a isto à fraca qualidade das atuais estreias ( o número de cancelamentos antes do décimo terceiro episódio foi recorde nos dois últimos anos), com roteiros repetitivos e sem muita criatividade e já temos meio caminho andado para a manutenção do sucesso das séries veteranas.
E a outra metade do caminho? Simples assim, fica por conta da enorme simpatia do elenco regular e de apoio, bem como dos membros da equipe técnica. Gostando ou não, Erica Messer deu uma enorme chacoalhada na estrutura inicial do show, atendendo a um contingente que pedia uma atenção especial aos membros da equipe, trazendo a tona estórias que preencheram de certa forma lacunas, mostrando que há vida além do Bureau. Erica introduziu cenas que mostram a casa dos nossos agentes, seus parentes ( pai, irmãos, filhos, marido) sem, de certa forma, deixar de privilegiar os casos da equipe. Pessoalmente acredito que ela encontrou uma forma de equilibrar as coisas. 

Além disto, toda a equipe é super disponível, atores, produtores, maquiadores, pessoal de fotografia e cenografia entre outros, postam fotos com frequência para além do esperado entre outras séries, abastecem os fãs com informações de bastidores, novidades e curiosidades, cativando pela atenção pouco comum dada ao telespectador. 

Por estas e outras, Criminal Minds continua sendo uma série à prova de mudanças e lambanças da CBS. Vamos aguardar a décima temporada, com nova agente e cheia de novidades! 

Até a próxima! 

Débora G R Clemente.

( texto originalmente publicado No Criminal Minds Brasil. Créditos de fotos à equipe de CM Brasil)

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