terça-feira, 11 de novembro de 2014

How To Get Away With Murder 01x02: It’s All Her Fault


A história é feita por aqueles que quebram as regras!” ( Homens de Honra – 2000 – dirigido por George Tillman Jr , com Cuba Gooding Jr, Robert deNiro e Charlize Theron).

Assistindo a esse episódio de How To Get Away With Murder, muitas frases inesquecíveis de filmes de tribunal me vêm à mente, mas uma em especial se destaca para resumi-lo. Quebrar regras parece algo normal na prática de direito. Ao menos assim nos faz crer “It’s All Her Fault”.

O show segue a linha inicial com três plots: o caso da semana, o assassinato de Marjorie St Vicent e a vida atribulada de Annalise que mistura-se direta e indiretamente ao caso do assassinato de Lila Stangard e que deverá ser o arco da série pelo menos até seu final de temporada. O caso dos pupilos da professora que assassinaram seu marido, em minha opinião irá ligar-se em futuro próximo ao caso da aluna encontrada na caixa d’água.

Enquanto ensina em sua aula conceitos essenciais na defesa de um caso, podemos ver tais conceitos em ação durante o julgamento de Max St Vicent, o marido acusado de matar Marjorie e objeto de defesa de Annalise e seu selecionado grupo de alunos. Durante o julgamento me veio a frase citada acima. Sob seu entusiasmado incentivo, Wes e seus amigos quebram todo tipo de regra (desde hackear o computador de uma testemunha até chantagear um homem para que ele torne-se o álibi para o  réu) e distorcem os princípios básicos de acordo com seus interesses. Neste ritmo dá até para imaginar quantos preceitos irão transgredir até o final da temporada. Está certo que ficamos sabendo ao final do episódio que Max de fato não matou sua segunda esposa (menos mal, já que ele havia assassinado a primeira), mas a professora Keating deixa que todo cliente mente e em Direito Penal não há limites para inocentá-los ( diga-se de passagem, seja o cliente inocente ou não). Não que Annie defenda a prática de um crime para defender outro, mas é justo dizer que ela torna pouco visível a linha que separa a moralidade do que é imoral ( a chantagem com o homem que acaba tendo que testemunhar que viu Max na rua ilustra isto muito bem).

Por outro lado o episódio explora muito bem a de uma mulher brilhante profissionalmente, mas cheia de inseguranças pessoais, tanto quando tem que lidar com seu amante que a dispensa, quanto ao seu marido, de quem desconfia que a teria traído com a aluna assassinada. Mais do que a preocupação de que seu marido seja um assassino, as abordagens de Annalise deixam claro que a possibilidade de ser traída a enlouquece ( primeiro porque não seria a primeira vez que seria traída por ele, de acordo com o que ela dá ao entender, segundo que como ela própria comete traição, fica difícil confiar que seu marido não esteja fazendo o mesmo que ela faz – sempre somos levados a crer que qualquer pessoa pode fazer qualquer coisa que nós também fazemos).

Estabelece-se então uma espécie de contraponto onde a brilhante professora de Direito Penal torna-se invencível em seu palco de atuação, mas uma mulher vulnerável em sua quase solidão, que demonstra um fracasso pessoal, uma vez que não consegue ter um relacionamento sincero ou verdadeiro nem com seu marido, nem com seu amante.

HTGAWM 28
Para muitos deve ter surpreendido a pessoa protegida por Wes ser Rebecca ( vi muitos comentários acerca da possibilidade desta pessoa será própria Annalise, o que seria óbvio demais), mas tem muito chão ainda até que possamos ligar uma estória à outra.

Quanto aos flashs do assassinato de Sam, o episódio acrescenta muito pouco, deixa claro que quem comanda o show é Wes (decidir na moeda foi o toque irônico, já que para um crime ser perfeito ele deve ser planejado minuciosamente) e mostra Michaela Pratt sendo contrária a praticamente tudo o que ocorre (ela não ajuda a enrolar o corpo no tapete, tampouco quer voltar para buscar o corpo), no entanto ela aparece junto aos demais no carro enquanto Wes faz compras no posto. Vai ser interessante descobrir como alguns deles envolveram-se no assassinato.

Considerações:

- Quando Annalise pergunta aos seus alunos se eles conhecem bem seus colegas de classe, já que todos têm segredos, foi inevitável deixar de pensar na minha última review de Criminal Minds, afinal um adorável pai de família e bom vizinho colecionava pernas de pessoas em um armário em sua casa. Não, definitivamente não é fácil dizer que conhecemos de fato alguém.

- “Eu pareço boazinha, mas só pareço”. Melhor frase de Lisa Weil no episódio. Ela é uma atriz que sabe fazer um papel antipático como pouca gente. Sua antipatia é daquele tipo que todos nós amamos odiar em séries e filmes. Eficiente, ágil, necessária e fria como uma geladeira, Bonnie vai infernizar nossos nervos por vários episódios, com certeza.

- Eu sei que todo início de série é oscilante até chegar a um tom que faça gosto à produtores, roteiristas e público em geral, mas ainda acho (podem protestar os fãs mais ferrenhos) que falta alguma coisa à série. A despeito da atuação impecável de Viola Davis e elenco, o gancho do assassinato de Sam deve ser explorado com mais intensidade ou a série virará um procedural com arco, pura e simplesmente. A montagem alucinante das cenas deste plot (largamente exploradas em Scandal, série da mesma produtora) são aperitivo muito econômico para aquele que pretende ser o motivo do show carregar este título. Mesmo entregando o nome da pessoa a ser protegida, ainda é pouco para manter o interesse. 

- Já sabe-se que a série terá 15 episódios, pois o número foi determinado em cima do contrato assinado com Viola Davis, o que não se sabe ainda é se haverá um caso arco para cada temporada ( caso haja uma renovação) ou se a intenção é esticar o enigma temporadas a fio ( o que na minha opinião não funcionaria). Dependendo da intenção dos produtores em caso de renovação, teremos ou não um desenvolvimento mais ou menos intenso sobre o esclarecimento do caso principal.

Em geral, um bom episódio, vamos aguardar para que os próximos sejam ainda melhores!

Até a semana!

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