quinta-feira, 23 de agosto de 2012

FIC - PEDRAS NO CAMINHO - CAPÍTULO 1




Pessoal, esta foi a minha primeira FIC de Criminal Minds, espero que gostem! É minha forma de sofrer pelo Hotch, sempre!!!! Gosto de personagens que sofrem e ele me veio a calhar. Ok, admito, tenho uma paixonite por ele, ehehehe! Tenho várias Fics escritas, mas poucas divulgadas. Talvez tenha chegado o tempo de parar de esconder meus textos! Ela se inicia no final de Hopelless ( 05x04 ) , portanto conterá  SPOILERS!  Não chega a ser exatamente uma NC-17, mas contém linguagem adulta. Se não gosta ou não tem idade para isto, não leia! É uma FIC inserida no contexto da série, não tem caso próprio, nem unsub independente ( estas deixarei para postar mais para frente!).  É uma FIC de dez capítulos e foi escrita em 2009 - por sinal, ganhou como melhor FIC da comu H/P no ano ( que na época me rendeu uma homenagem feita pelo Márcio, uma montagem do Hotch me cumprimentando, quer prêmio melhor que este? ahahahaha!).


Brincadeiras à parte, há muito eu vinha escrevendo e engavetando, ou mostrando o que escrevo para poucos. Espero que minhas estórias, para fãs ou não fãs de Criminal Minds, tragam algumas horas de prazer, devaneio e diversão. O interessante é que você, leitor, conheça a estória original, mas acho que, mesmo sem conhecer, se houver curiosidade, da forma como foi concebida a FIC não deixará você totalmente na mão. Ela foi escrita também pensando em quem ainda não acompanha a série. Porque, convenhamos, se você ainda não não foi fisgado por Criminal Minds, será depois de começar a ler meus textos! Nestas estórias sem unsub próprio, eu procuro preencher as brechas deixadas pelos roteiristas e dar continuidade a aquilo que deveria ter sido apresentado no episódio, segundo meu ponto de vista.


Um eventual relacionamento entre Aaron Hotchner e Emily Prentiss nas Fics que escrevo nasceu na verdade na necessidade de criar algum romance no texto e Emily me pareceu ser a personagem mais adequada à necessidade literária. Não sou uma shipper fanática H/P, embora acredite no potencial de um relacionamento pautado nos dois personagens. Deixo claro que, na série, não há e não creio que possa existir relacionamento entre os dois personagens, no entanto, para fins literários, o relacionamento dos dois me serve enormemente.

Espero que vocês se  divirtam lendo como eu me diverti escrevendo. Se possível, deixe sua opinião sobre o meu texto. Ele será muito útil para os próximos trabalhos, sempre!

Para manter a tradição, deixarei sempre, no início de cada capítulo, uma frase e o nome de seu autor, como referência à singularidade da série. Obviamente, uma frase que, como tradicionalmente acontece no série original, pontua e classifica cada episódio.

Enjoy!!




PEDRAS NO CAMINHO  1


 

"PEDRAS NO CAMINHO?
GUARDO TODAS, UM DIA, COM ELAS,  VOU CONSTRUIR UM CASTELO... "


Fernando Pessoa





Deus, como ele se sentia cansado! De tudo. De todas as coisas ruins que via diariamente. Da miséria humana. De como o ser humano se degradava sem perceber, de como retrocedia. Estava muito cansado de tudo. Das restrições que a vida lhe havia imposto por conta do confronto com um ser tão desprezível e cruel como George Foyet. Estava cansado de abrir mão de uma vida, uma vida com seu filho, com a mulher que amou desesperadamente um dia, de uma vida normal. Então procurava se lembrar do porquê de suas opções e não conseguia. Já não lembrava porque caçar monstros um dia lhe trouxe prazer e recompensa. Queria sorrir de novo. Queria ser o cara que venceu a timidez e um dia se vestiu de pirata pelo amor de uma mulher, o pai que ensinaria seu filho a andar de bicicleta e rebateria uma boa bola, o cara que sairia para beber umas e outras com seu irmão por aí. Queria ter motivos para sorrir, mas já não podia se lembrar deles, pareciam parte de um passado distante.

Sorveu mais um gole da bebida forte e percebeu ao fundo algum comentário de Rossi para Prentiss. Resmungou alguma coisa que para eles deve ter sido convincente, pois a conversa entre eles continuou. Ir para seu escritório beber para relaxar após tanta barbárie pareceu a coisa certa a fazer naquele momento e ninguém contestou quando ele os chamou. Queria companhia. Queria sons que não fossem o do massacre de horas atrás. Seus amigos também pareciam precisar de companhia, embora parecessem melhor do que ele. 


Mas as vozes de seus colegas foram ficando distantes. Outro gole e buscou no seu mais profundo íntimo o porquê de abrir mão de uma vida para perseguir caras que matavam porque era divertido, porque não tinham nada melhor pra fazer. A vida parecia não fazer mais sentido nenhum. Por uma triste ironia todas as pessoas que mais amava estariam melhor sem ele. Seu filho voltaria a ter uma vida normal e até Haley, por quem nutria muita mágoa por ter ido embora sem sequer tentar de novo, mas que respeitava profundamente porque havia sido uma ótima mãe e tinha, ele sabia, segurado muitas barras sozinha enquanto ele estava pelo mundo, fazendo seu trabalho. Seu time, claro, seus meninos. Últimamente ele já não tinha certeza se seria um bom tutor para seus meninos, um bom chefe. Sua cabeça estava confusa e às vezes, nem sempre, mas às vezes, ele fazia coisas que recriminaria em seus subordinados. Talvez estivessem melhor sem ele. Seria mais fácil e mais coerente se estivessem sob o comando de olhos frescos, alguém cujos reflexos estivessem mais apurados. Mas doía. Doía porque houve um momento em sua vida em que ele já havia tido estes olhos frescos e seus reflexos sempre foram pra lá de apurados. Era o cansaço. 

Olhou para Emily e Rossi. Eles pareciam ter encontrado um assunto interessante pois o papo parecia animado. Emily comentou algo que pareceu ser sobre sapatos, como deveriam ser confortáveis para trabalhar e Hotch lembrou-se das centenas de pares de sapatos achados na fazenda dos porcos, tempos atrás. Fez força para afastar a lembrança e se concentrar no que seus amigos discutiam, mas a bebida e o cansaço venciam sua concentração. Percebeu vagamente que a conversa estava ficando barulhenta e isso era melhor que o silêncio de seu apartamento. 

- Hotch! Hotch! O que você acha? -  Rossi parecia ser uma voz a quilômetros de distância.
- O quê?
- Hotch, onde você está rapaz, esteve concordando comigo até agora, não me abandone assim, ela vai acabar comigo!


Hotch não se lembrava de ter concordado com nada, nem lembrava de ter ouvido qualquer palavra sobre o que conversavam, exceto algo sobre sapatos.


- Concordo, claro que concordo!
- Concorda nada, você nunca concordaria com isso! Rossi é um porco chauvinista, mas você é um sujeito decente! Emily riu ruidosamente.


A risada de Emily entrou em seus ouvidos como música. Rossi encheu o copo dos três mais uma vez. Eles precisavam deste alívio e de muitas bobagens ditas para aliviar o dia terrível que tinha sido aquele.


- Você não acha realmente que por ser uma mulher que carrega uma arma e sabe socar um canalha que eu tenho que me vestir de forma mais feminina para me lembrar que sou uma mulher, acha?


Hotch sabia que tinha caído numa armadilha. Não estava acompanhando a conversa, seus pensamentos estavam a milhas dali, mas sabia que sua resposta seria mortal e o colocaria em maus lençóis, qualquer que fosse a resposta.


- Ora Hotch, vamos lá, seja sincero. Você acha que preciso de salto agulha para me sentir feminina ?

- Eu, ah, eu....
- Não foi o que eu disse - se apressou Rossi - não ponha palavras na minha boca. Eu disse que empunhar uma arma não combina com uma mulher que usa lingerie de renda ou faz um bom jantar romântico, mas, pode excitar um homem. Rossi parecia decidido a exorcizar os fantasmas daquele dia provocando Emily. E, a princípio, estava conseguindo.
- Você é um canalha machista. Uma mulher pode dar uma boa surra em um homem e vestir um Dolce & Gabbana à noite sem crises de consciência. E, cozinhar para um homem, se isso bem lhe convir.


Hotch tentava entender como a conversa havia chegado naquele ponto. A exaustão, a bebida e a necessidade de extravasar pareciam ter chegado ao ápice, trazendo à baila um assunto muito mais íntimo do que os naturalmente abordados pelos agentes, a provocação era quase uma luta entre seus amigos. Olhando de fora parecia que estavam os dois prontos para se atracar. Ou para fazer sexo. 

Aquele pensamento incomodou Hotch tremendamente. David era seu melhor amigo e Prentiss sua subordinada e esses pensamentos lhe pareciam bizarros demais, especialmente neste dia. Ele sabia que precisava ir para casa, mas não tinha condições de dirigir. Tinha bebido mais do que de costume. E estava dentro de seu escritório. Não demoraria para alguém perceber que ele estava um passo além dos limites aceitáveis de uma dose para relaxar.


- Emily, não ligue para o que ele diz, você é uma mulher adorável e tenho certeza que sabe bem disto, não precisa que ninguém lhe diga. E se nosso amigo aqui conhecesse bem as mulheres não teria se casado três vezes, nem estaria dormindo sozinho esta noite, não acha?

- Ora, muito obrigada pela solidariedade masculina. Deveria ter pedido ajuda ao Morgan, ele entenderia o que quero dizer.
- Não resmungue Rossi, a vida é mais cruel do que perder uma discussão para uma mulher como a Prentiss. 

Emily riu novamente e lhe dirigiu um sorriso carinhoso.


- Nossa, você está péssimo!
- Vou pedir um táxi. Amanhã pego meu carro. Estou muito cansado para dirigir. Apaguem a luz ao sair. Preciso descansar.
- Espere. Eu te levo. Tenho que ir mesmo e bebi muito menos do que você! Não me custa nada deixá-lo em casa. É meu caminho.
- Não, está tudo bem. Eu chamo um táxi.
- Hotch, deixe a Emily te dar uma carona, afinal ela tem uma arma e você não vai querer discutir com ela, não é?  -  Rossi não perdeu a chance de se vingar. 

Ele estava cansado demais para discutir ou recusar. Pegou sua pasta, jogou alguns papéis dentro dela, tendo a certeza de que eles seriam inúteis e voltariam intactos para sua mesa no dia seguinte. Paciência. Depois de um dia como aquele era o que dava para fazer. 

Despediu-se informalmente de Rossi que voltou à sua sala, provavelmente para também pegar seus pertences e foi lentamente caminhando atrás de Prentiss sem dizer uma  única palavra. Olhou-a por trás enquanto caminhava por entre as mesas do Bureau e pensou que embora cansada e arrasada pelo dia que tivera ela ainda mantinha o vigor e a altivez, como se o dia difícil que tivera fosse só um detalhe. Ela era uma mulher excepcional e o homem que a conquistasse seria um sujeito de muita sorte.

Ele foi tirado de seus pensamentos pelo ruído do destravamento das portas do carro de Emily, já no estacionamento.


- Será que o Reid vai usar aquelas muletas por muito tempo? Emily quis puxar conversa.
- Não sei. Parece que serão mais umas seis semanas.
- Foi mesmo uma sorte a bala ter atravessado sem pegar nenhuma área vital.
-Tem razão. 


Enquanto Emily comentava sobre os efeitos da fisioterapia na recuperação de Reid, Hotch se entregava aos seus pensamentos. Queria saber porque aquela mulher linda, que teve uma criação esmerada, todas as oportunidades em sua vida, tinha escolhido caçar monstros como ele. Não era uma vida fácil, nem glamourosa, tão pouco tão bem remunerada assim. No entanto, era provável que ela também tivesse seus fantasmas para exorcizar, e ele lamentava por isso. Naquele momento não desejava que ninguém tivesse que sentir o que estava sentindo, aquele vazio típico de quem se perdeu e não sabe como se encontrar novamente. Muito menos uma mulher como Emily.


Ele demorou um pouco para perceber que ela se calara. Ficou claro que ela notou que ele não havia ouvido uma única palavra do que tinha sido dito até então. E lamentou. Não sabia bem o assunto, mas o som de sua voz ao longe lhe havia feito bem e ele queria mais. Sabia que estava sendo egoísta, pois não havia sido educado o suficiente para lhe retribuir a atenção, mas não estava nos seus melhores dias. 

O carro parou em frente ao seu edifício. Houve um silêncio meio constrangedor de segundos até que ela disparou:

- É melhor eu subir com você? Quero ter certeza de que você ficará bem.
- Não. Eu estou bem. Obrigado por me trazer até aqui. Com uma boa noite de sono amanhã estarei recuperado.
- Tem certeza?
- Sim, claro. Vou ficar bem. Obrigado por tudo. Ah, Emily, não preocupe seus colegas, eu vou ficar bem. Mesmo.
- Claro, jamais comentaria nada. Mesmo.
- Boa noite.
- Boa noite. Descanse. 


Hotch sabia que não teria uma boa noite. Não tinha uma boa noite desde que acordara naquele leito de hospital. Tinha pesadelos horríveis, acordava procurando por Jack e levava minutos até perceber que não estava em sua antiga casa e que Jack não estaria em seu antigo quarto. As cicatrizes ainda doíam e ele não queria tomar medicações que pudessem lhe tirar a clareza de pensamento. Abriu a porta, acendeu a luz, jogou sua maleta no sofá e desarmou o alarme. Enfiou-se no chuveiro e a água morna no corpo lhe pareceu um presente há muito desejado. Entregou-se àquele prazer sem pressa, procurando afastar os maus pensamentos e pensou em seu filho. Lembrar dele sempre era reconfortante. E voltou a se perguntar se um dia voltaria a vê-lo. Se voltaria a abraçá-lo. E num instante seus pensamentos reconfortantes se tornaram um novo pesadelo. Desligou o chuveiro, vestiu roupas confortáveis e jogou-se na cama, tentando não pensar em nada, apenas dormir. Com tantos pensamentos ruins em sua mente, sabia que precisaria focar em algo bom para relaxar e conseguir pegar no sono. Sorriu com a lembrança de infância de contar carneirinhos. Era só o que lhe faltava. Então, lhe veio à mente a risada de Emily, aquela que lhe parecera música, por alguns instantes, no escritório e se surpreendeu. Era um bom pensamento. Foi o seu último naquela noite. Ele adormeceu ouvindo música para seus ouvidos.


 O som da voz de Emily.

Um comentário:

  1. Oi tudo bem?
    Achei sua fiv na surpresa. XD
    Ao contrário de você eu acho sim que a Emily é o poder ideal para o Hotch (depois de mim, claro. Rsrs) e que eles têm todas as possibilidades de ficarem juntos, na série e nas fics. :)
    Bom, quando li que era com eles como casal, curti pra te ler e apesar de mau ter visto o romance, notei o sentimento nascendo... Vai ter continuação? Porque se for me avisa. 😉
    Eu gostei da sua narração e coitado do Hotch, tão abalado e machucado... Eu não gosto da Haley, odeio. Ela desde que ela traiu o Hotch e não chorei a morte dela por ela e sim por ele, por conta do sentimento de culpa que ele sentiu com tudo aquilo. 😢
    O Rossi é um fanfarrão. Kkkkk
    Ele me diverte e eu não acho que a Emily ser veste de forma pouco feminina... Discordo do Rossi, as roupas dela são praticas, mas tanto são femininas que marcam as curvas dela, então... To com o Hotch. (Aliás, estou sempre com ele. 😍)
    Querida, espero encontrar mais fics Hotchniss sua e desde já, muito obrigada por publicar sua obra. Beijinhos

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