sexta-feira, 24 de agosto de 2012

FIC - PEDRAS NO CAMINHO - CAPÍTULO 4





O VALOR DAS COISAS NÃO ESTÁ NO TEMPO QUE ELAS DURAM, MAS NA INTENSIDADE COM QUE ACONTECEM. POR ISSO, EXISTEM MOMENTOS INESQUECÍVEIS, COISAS INEXPLICÁVEIS E PESSOAS INCOMPARÁVEIS...


Fernando Pessoa



Emily Prentiss virou-se em direção à porta do café e caminhou até a rua. Resistiu à tentação de virar-se para trás para vê-lo novamente. Emily tinha certeza de que tinha deixado seu chefe totalmente embaraçado com o encontro na cafeteria e ela não sabia bem porque. Seu péssimo hábito de falar sem pensar, às vezes a levava à situações assim. Porque ela deveria achar que ele estava à sua procura? E se estivesse, não teria ligado antes? Fez papel de tola. Claro que havia sido coincidência e sua presunção em acreditar que ele poderia estar à procura dela deixou-o desconcertado. Deveria ter agido naturalmente. Não deveria ter se exposto desta forma. E perguntar se ele precisava de companhia? Em horário de trabalho? Meu Deus, em que ela estava pensando? 

Emily sabia o que estava pensando. Pensava em Aaron Hotchner, aquele homem lindo e apaixonante que não saia de sua cabeça nos últimos meses. Isso ainda lhe causaria problemas.
Atravessou a rua e caminhando pela calçada até atingir o prédio onde trabalhava, Emily recordou-se dos minutos que haviam passado juntos no seu carro, no dia anterior, quando o havia deixado em seu apartamento. Ela continuava preocupada. Ele parecia estar em outro mundo enquanto ela falava com ele. Procurou puxar assunto até que se calou porque percebeu que falava sozinha e devia estar incomodando-o.
 

Ela tinha que se conformar com o fato de que o homem que amava estava sofrendo tremendamente e que ela pouco poderia fazer para mudar isto. O olhar de Hotch no café ao encontrar com ela era um olhar meio surpreso, um olhar de quem luta para entender o que está acontecendo à sua volta. Um olhar perdido, mas, por um momento, enquanto perguntava se precisava de companhia , olhou fixamente para aqueles olhos e notou um brilho intenso, nos milésimos de segundos que se seguiram. Foi muito rápido, mas ela tem certeza de que no meio de muita confusão e ressentimento ela pode notar uma centelha, instantânea, mas muito intensa, invadindo a escuridão daqueles olhos. Ou sua percepção estaria alterada por causa de seus sentimentos? Não, ela estava apaixonada sim, mas sabia reconhecer um brilho diferente nos olhos do homem que observava tão de perto. Não sabia bem o que significava, mas estava lá, ela tinha certeza.
Emily tomou o elevador e respirou fundo. Precisava se concentrar. Precisava manter longe seus pensamentos pouco respeitosos enquanto estivesse trabalhando. E assim, dirigiu-se até sua mesa, cumprimentando a quem encontrasse em seu caminho.


- Conseguiu descansar? Reid perguntou enquanto mexia com alguns papéis à sua frente.
- Sim, foi desgastante o dia de ontem, mas nada que um bom banho e uma ótima noite de sono não tenha resolvido. E você?
- Tudo bem. A perna incomoda um pouco, mas vai ser bom trabalhar sentado por algum tempo.

A perspectiva de trabalho interno parecia agradar a todos. JJ passou por eles e os cumprimentou.

- Hey, Emily, será que foram mesmo apenas banho quente e boas horas de sono? Você está com aquele brilho no olhar.......
- Claro, ontem, depois de tudo o que vivemos com aqueles malucos teria sido a noite perfeita para um encontro romântico. Ora Derek, nem você, atleta de alcova, teria tido um encontro romântico ontem à noite. Me deixe em paz!
- Não sei não, você está com “aquele” brilho no olhar. Vamos me conte, quem é o cara?
- Hey Rossi, Emily não está com aquele olhar? 



Rossi vinha descendo as escadas e parou perto de Morgan.

-Técnicamente não existe um olhar diferente, existem percepções diferentes de um mesmo olhar, os estudos provam que as pupilas se dilatam quando você se apaixona, mas o olhar em si continua o mesmo porque.....
- Está! - Rossi interrompeu Reid sem nenhuma consideração. - Emily está apaixonada.
- Vocês todos estão precisando arranjar algo com que se preocupar!
- Já arranjamos – Morgan riu – Você! Há algo de perverso em se preocupar com a vida sentimental e sexual de Emily Prentiss e isso é um ótimo entretenimento.
-Que tal dúzias de relatórios para preparar?
- Vamos menina, nos dê algo, só uma dica, quem é o cara de sorte?
- Não há cara de sorte, apenas estou me sentindo bem hoje, nada além disto. Aliás, o cara de sorte será você em terminar todo o seu serviço sem precisar de ninguém pegando no seu pé. - Emily sabia o quanto Morgan odiava trabalho interno. Seu negócio era ação, dirigir em velocidade, chutar as portas, pegar os caras maus, relatórios deveriam ser para burocratas engravatados.
- Na verdade eu estava pensando em passar alguns destes para o nosso amigo Reid aqui.
- Hey, nem pense. Já tenho umas 7 pastas aqui na minha mesa -  Reid resmungou.
- Prentiss está apaixonada, mas está certa. – Rossi abaixou o tom de voz dirigindo-se especificamente à Morgan. Há muito serviço a fazer e você tem que colocá-lo em dia. Se quiser crescer profissionalmente um dia você tem que saber que há muito mais do que derrubar portas para estar nesta posição.
- Rossi, você sabe que não vou ser chefe nunca. Já tive um convite e recusei porque não nasci com temperamento para política e burocracia. Sei que os papéis precisam ser preenchidos, mas deveria haver alguém que fizesse isso para os agentes de campo. Isso tudo é muito chato!
- Morgan você não preenche 5% dos papéis que deveria preencher. Espero que saiba disto!
- Como, Rossi? E quem faz este trabalho para mim, pra nós?
- Alguém que gosta muito de vocês....... 

Rossi riu e saiu sem dar maiores explicações. Morgan, assim como Reid, ficou com cara de “ você está me gozando?” e só pode acreditar que Rossi estava pegando no seu pé.
Emily pensou no que Rossi havia dito. Ela sabia que as horas noite adentro de Hotchner naquele escritório eram para agilizar e facilitar o trabalho de seus agentes. Havia sempre muita papelada, mas ele não tinha muito porque correr há muitos meses a não ser para o vazio de seu apartamento, então, ele não se importava de fazer aquele trabalho. Além disto ela sabia que ele gostava do que fazia. Ela sabia e não podia fazer nada. Era um pena.

O agentes voltaram-se para seu trabalho, mas Emily, durante diversas vezes naquele dia se pegou olhando discretamente para a janela da sala de seu chefe. Algo a desconcentrava, por mais profissional que tentasse ser. E ela desconfiava saber o que era. Muito provavelmente aquela centelha no olhar escuro de Aaron Hotchner.

Um comentário:

  1. Como eu disse... O Hotch não foi nada sútil. Kkkk
    Agora, coitada. Terá que lidar com o Morgan no pé.. Isso vai ser bem divertido... 😍

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