quarta-feira, 10 de outubro de 2012

FIC - DECISÕES - CAPÍTULO 1



Pessoas,

A Fic Decisões já foi postada na comunidade H/P com o título de A Difícil Decisão. Na verdade eu sempre odiei este título e não gosto mais deste que dei agora, mas meu tempo anda precioso demais para eu ficar filosofando sobre um título melhor. Graças a Deus, pelo retorno que tive de quem leu, a Fic é bem melhor que o título, rsrs.

É uma Fic de oito capítulos, está terminada e contém spoilers da sexta temporada. Caso você não tenha visto ainda a sexta temporada até o final, convém esperar para ler esta Fic. Ela foi escrita antes de saber qual o rumo que os roteiristas dariam à estória na próxima temporada. Tudo o que foi escrito veio da  minha imaginação e provavelmente não vai ter nada a ver com o que eles escreverão para a temporada seguinte. Ou não. Meio que acho, fora o shipper, que o caminho a seguir seria este, mas é apenas um palpite.

Como a maioria das minhas Fics, contém conteúdo sexual, embora nada muito gráfico, pois isto não faz meu gênero. No entanto, dadas as referências, se você for menor ou não gostar do assunto, por favor não leia ( sim, eu sei que isto é quase um sinônimo de " leia, você vai gostar", mas eu preciso avisar antes, por questões éticas).

Eu não conheço Paris, mas sou uma purista quando escrevo. Portanto, considerem que todas as informações contidas na Fic, como ruas, hotéis, referências, foram exaustivamente pesquisadas antes de constarem do meu texto. 

No entanto há uma coisa que muito me orgulha. Esta FIC foi escrita em  25/03/11, quatro meses antes de sabermos o que a série iria nos apresentar. E, para minha grata surpresa, os fatos descritos por mim na Fic foram, na temporada seguinte, relatados pelo Hotch, mais ou menos como eu havia imaginado, a decisão do hospital, o envolvimento da JJ, enfim, fiquei feliz em saber que  cheguei muito perto da solução dos roteiristas 4 meses antes.

Espero que apreciem a estória. O shipper Hotch / Prentiss não existe na série, mas se existisse, para mim, as coisas na sexta temporada teriam acontecido desta forma.

Enjoy, people! e não se prendam à série, a estória fala por mesma!

Se puderem comentar, agradeço. Afinal toda crítica ajuda a crescer!
Bjos!



DECISÕES  -  1

 
"OS FATOS SÃO SONOROS. O QUE IMPORTA SÃO OS SILÊNCIOS POR TRÁS DELES."

CLARICE LISPECTOR





Antes mesmo de entrar na sala já podia ouvir a sua voz firme e precisa dando instruções aos policiais, agentes e toda a sorte de pessoas reunidas ali. Aquilo seria difícil. Não sabia o que era dormir de verdade há muitos dias. E para tudo havia um limite. Amava demais aquelas pessoas para expô-las assim. Era um problema pessoal. Era uma decisão exclusivamente dela. Nenhum dos seus pedira para estar envolvido em nada daquilo. Doyle havia ido longe demais. Ela podia entender seu ódio, mas não podia permitir que ele ferisse pessoas inocentes.

Ela há tempos não sabia o que aquela palavra significava. Inocência era algo que o cargo lhe roubara e ela não se ressentia por isto. Olhou para Reid. Ele não queria ser tratado como criança. Com toda a complexidade de sua mente e de seu brilhantismo intelectual, aquele menino não conseguia partilhar com seus companheiros suas dores de cabeça. Teve vontade de tomá-lo nos braços e protegê-lo.

Desviou o olhar para Penélope. Havia por Deus criatura mais singular, mais pura, mais amável que a doce Penélope, que ela havia tratado de forma desagradável horas atrás? Tão preocupada, tão dentro de um mundo que não lhe pertencia já fazia muito tempo. Seria justo permitir que Doyle lhe invadisse daquela forma, transformando o mundo já nublado de seus companheiros em noites de puro terror?

Enquanto desviava seu olhar discretamente para Derek, deu um passo atrás. Já havia deixado coisas demais à mostra, tinha certeza de que seu amigo não era tolo. Ele prestara atenção a ela o tempo todo e só queria ajudar. Não tinha muita certeza de como fazê-lo, mas era um homem atento, seus atributos iam muito além de chutar portas. Lembrou-se das conversas anteriores e do quanto ele tentou fazer com que se abrisse.




Nada disso era justo. Estas pessoas a queriam bem, era algo que vagamente extrapolava o nível profissional. Como ela podia assistir calada e omissa o envolvimento de Ian Doyle com cada um deles?
A voz pontuada, mas cheia de energia, invadia sua mente, criando uma nuvem que envolvia seus pensamentos e quase não a deixava raciocinar com clareza. Procurou ter certeza de que não olhava agora para ele.

As decisões do passado sempre voltam a nos assombrar, cedo ou tarde. Ela conhecia os riscos e os assumiu quando envolveu-se com Doyle. Era uma época em que tinha pouco a perder. Não mantinha grande apreço por uma família que a criara à margem de suas vontades, sua imensa lista de contatos profissionais não listara amigos que valessem além de um cartão de boas festas no final de cada ano. Nunca se apaixonara de verdade depois de conhecer Aaron Hotchner no breve período em que ele fora o responsável pela segurança de sua mãe, de sua família. Foram anos tentando apagar a imagem do homem interessante e bonito, que ostentava com orgulho uma brilhante aliança na sua mão esquerda e parecia desviar o olhar toda vez que observado por ela. Ela se apaixonara por ele no momento em que o vira, nas escadarias da entrada principal, cercado de outros homens que ela jamais saberia descrever, nem se os encontrasse novamente dez vezes. Não tinha sido assim com ele. A imagem e a voz do promissor profissional lhe trazia a certeza de que poderiam passar-se anos, e ela ainda assim, sonharia com ele várias noites durante sua vida. Alguns sonhos seriam puros, desvendando seu desejo de partilhar com ele uma casinha com jardim, cachorro e filhos, muitos deles, num subúrbio qualquer. Outros, seriam quentes e profanos e com certeza, acabariam com ela acordando à noite molhada e cheia de desejo reprimido.

Quando decidira trabalhar subordinada ao homem que lhe roubava horas de sono saudável em detrimento de horas de prazer onírico, jamais calculou os riscos que tal decisão lhe acarretaria.




Como uma boa profissional confiou em seu trabalho bem feito e na justiça dos homens, que iria providenciar que Doyle permanecesse encarcerado pelo resto de sua vida. Como uma mulher ansiosa por abraçar para si a oportunidade de trabalhar em um ambiente amigável, de ter amizades que fossem além dos cumprimentos de Boas Festas, de estar fazendo o que amava fazer e, sim, de estar perto do homem que ainda lhe aquecia os lençóis em seus pensamentos, ela não exitou. Mesmo que para isso tivesse que enfrentar Erin Strauss, mesmo que para isso tivesse que atravessar o inferno. Bolas, aquelas pessoas a amavam, a queriam bem, se preocupavam com ela. E isto bastava.

Por isto não podia prosseguir com aquilo. Não era justo com eles. Não era justo com ele. Ele já havia perdido tudo. Sofrera mais do que qualquer pessoa pudera suportar. Era a hora de assumir seus atos, de enfrentar Ian Doyle sozinha, e fosse o que fosse, assumir as conseqüências sem permitir que as pessoas que lhe eram importantes sofressem também.

Sua voz dava as instruções. Descrevia o inimigo de forma que ela não faria melhor. Pensou por um instante como lhe traria dor saber que ela não lhe fora totalmente sincera. Mas era melhor assim. A vida toda aprendera a resolver seus problemas por si só, nunca dependera de ninguém. Isto não começaria agora.

Num instante breve lembrou-se de JJ. Olhou para a cadete loira sentada à sua direita e lembrou-se da amiga. Era visível a semelhança e ela ainda não entendera porque Rossi a mantinha estagiando com o grupo. Mas, tanto fazia. Importante mesmo é que sua amiga estava distante daquilo tudo e nada do que pudesse acontecer poderia atingí-la. Menos mal. JJ estava a salvo. A voz aguda de Rossi interrompeu o discurso eloqüente do homem que amava. Ele teceu uma consideração, e então, pode ouvir novamente a voz que lhe tirava do prumo. Eram as instruções finais e chegava o momento de sair antes que fosse notada na sala. 


Ela não pode olhar para ele. Sabia de onde vinha a voz que lhe estremecia, mas não podia olhar em seus olhos. Tinha medo do que poderia entregar. Tinha medo do que ele podia notar. Tinha medo. Muito medo. Ian Doyle iria passar feito um trator por cima de todos que ela amasse. Ela não podia permitir isso.

Foi se afastando sorrateiramente, um passo por vez, certificando-se de que ninguém lhe notava, ninguém prestava atenção a ela naquele momento. Um passo de cada vez, foi deixando para trás uma quase vida que vivera. Amigos com quem tinha em comum mais do que a troca anual de cartões festivos, um trabalho em que sabia que era realmente boa no que fazia. Um homem que podia ter lhe trazido um novo conceito de felicidade. Aos poucos foi deixando para trás uma quase vida feliz, os momentos no bar depois do expediente, os delírios de Garcia e suas elocubrações por um novo namorado, as pilhas de relatórios que agora nem pareciam tão ruins assim. Foi deixando para trás os imensos discursos de Reid por suas amadas estatísticas e o homem que a fazia feliz sem saber, foi deixando suas exigências de pontualidade, seu comportamento austero, suas covinhas que vez por outra teimavam em surgir entre tantas expressões sombrias. Cada passo dado para trás deixava um pouco deles todos salvaguardados.

E foi assim, ao som da voz de tom baixo, mas firme que ela jamais esqueceria, que Emily seguiu rumo ao elevador, decidida a enfrentar seus demônios sozinha, mais uma vez, como sempre fora em toda a sua vida.

Era de Lauren que Doyle se ressentia. Ela poderia ser Lauren outra vez. Uma última vez, para que deixasse a salvo os que amava. Para que pudesse encerrar de vez este capítulo em sua vida.



Um comentário:

  1. Aaah... Tantos sentimentos encontrados com esse começo... Acho que você vai relatar o meu ponto de vista aqui.
    Já gostei... Senti o pesar da Emily nesse momento e senti a dor dela.
    Tadinha.
    Vamos que vamos...
    Sinto que você já não vem mais aqui... Mesmo assim. Terá meus reviews. Bjos

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