quarta-feira, 10 de outubro de 2012

FIC - DECISÕES - CAPÍTULO 5





"SOU O QUE QUERO SER, PORQUE POSSUO APENAS UMA VIDA E NELA SÓ TENHO UMA CHANCE DE FAZER O QUE QUERO. TENHO FELICIDADE O BASTANTE PARA FAZÊ-LA DOCE, DIFICULDADES PARA FAZÊ-LA FORTE, TRISTEZA PARA FAZÊ-LA HUMANA E ESPERANÇA SUFICIENTE PARA FAZÊ-LA FELIZ!”

Clarice Lispector



Ele montou uma verdadeira operação de guerra. Haviam se passado mês e meio e ninguém tivera notícias de Ian Doyle. O mesmo ele não poderia afirmar em contrário. Existia uma forte possibilidade de que o desgraçado os estivesse observando à distância - recursos para isto ele tinha - a fim de ter certeza de que Emily Prentiss havia sim, morrido de verdade. Se ele pretendia fazer algo muito arriscado, tinha que ser muito bem planejado. Não deveria haver margem para erros tolos, que pusessem a todos em risco, especialmente a mulher que amava.

Quando desligou o telefone nesta manhã, depois de falar com seu irmão, sentiu seu sangue ferver em suas veias, era como se estivesse planejando conquistar a primeira namorada. Tolice, já que era tudo o que ele conhecia sobre o assunto. Sua experiência neste campo era infinitamente menor do que o conhecimento que tinha sobre criminologia, psicopatologias, armamentos e táticas terroristas. Mas, por estranho que parecesse, metia mais medo que todas estas coisas junto. Ele não tinha se declarado a mulheres muitas vezes. Para ser sincero, fora uma vez e só. Além do que, ele estava apostando todos os dados em uma decisão que poderia tornar-se a mais desastrosa de sua vida, pessoal e profissionalmente.


Todas as grandes decisões de sua vida foram pautadas pela razão, pela coerência e pela lógica. Casara-se com a primeira mulher por quem se apaixonara muito jovem, dedicara-se a ela durante toda uma vida, sendo-lhe fiel e responsável. Só não fora o bastante porque quisera manter-se fiel também à sua outra paixão: o seu trabalho. Se não fora o suficiente, nunca fora por displicência, sempre apenas por querer ser correto e devotado à atividade que fazia com competência e lhe proporcionava bons proventos para dar à sua esposa e filho uma vida de conforto e regalias. Pecara porque nunca havia feito nada por impulso. Nunca jogara tudo para cima, nunca matara um dia de trabalho para levar sua esposa a um passeio no parque no meio de uma tarde de terça feira, não negara-se sequer a estar em viagem quando mais ela precisou dele, durante o parto de Jack. Faltara em aniversários dele, dela, perdera os primeiros passos de seu filho, as primeiras palavras. Ele era presente. Apenas não era presente nos momentos certos. Era quando podia ser, não quando queria que fosse. Não se permitira arroubos, e hoje pagava o preço de tal sobriedade. Perdera a mulher que amava, teria muito que explicar ao seu filho, trabalhava feito um obcecado, já passara dos quarenta havia tempo e se esgotavam as possibilidades para permitir-se ser feliz novamente.


Na verdade, sentiu-se meio idiota ao telefone, depois de quase implorar para que Sean o visitasse no próximo final de semana, em troca de passar algumas horas com seu filho e ter à sua disposição seu carro e todos os seus cartões de crédito. Seu irmão trabalhava aos finais de semana, sabia que não era má vontade de Sean, mas era sua única chance. Se perdesse essa oportunidade, ele não saberia mais onde encontrá-la. Era agora ou nunca.


Não sabia bem o que fazer, desde a noite no bar do hotel, onde rabiscara inúmeras palavras, até não ter mais papel à sua disposição. Como era difícil para ele escrever algo para Emily, que diria então falar pessoalmente! A quem ele estava enganando? Ela passara por tantos momentos difíceis, todas aquelas coisas que aconteceram e tudo o que queria era poder ter estado ao seu lado, conforta-la, fazê-la não sentir-se tão só. Todo o abandono a que fora largada, tantas pessoas a quem amava e de repente perceber-se sozinha, sem poder dizer sequer que existia. Não podia imaginar tudo o que ela estava passando. 


Há quase noventa dias lidava com uma pressão inominável. Era muito difícil ver o pesar na face de seus amigos e não poder confortá-los. Era difícil também lidar com Erin Strauss, que parecia somente pressionar, não se importando se ele estava ou não fazendo um bom trabalho com seus agentes. E ainda lhe empurrando uma estagiária que Rossi apoiava incondicionalmente ( nem quis questionar-se se seu amigo teria se envolvido sexualmente com uma estudante, pois quase somente isso explicava todo o apoio que ele dava a ela). E à noite, exausto, depois de colocar seu filho para dormir, na solidão de seu quarto, buscava conforto no que lhe restava das lembranças da mulher que amava, tentando se esquecer do sofrimento que vivera, lembrando-se apenas de seus olhos negros, de seu sorriso franco e da forma como lhe chamava de senhor. Com sorte, conseguia aliviar-se num prazer solitário, fugaz, que terminava quase sempre com ele lavando-se, cheio de culpa, sem poder se olhar no espelho do banheiro.

Isto tinha que acabar. Pelo bem ou pelo mal, isto tinha que ter um encerramento. Se ela iria sumir na vida, que ao menos soubesse que era amada, que roubava as horas de sono de um homem, que soubesse que nunca estaria sozinha. Talvez fosse algo muito egoísta, mas era algo que ele tinha que fazer. E fazer em segurança. 


******************************
Ela acordou no meio da noite, meio assustada, meio ofegante, erguendo o corpo à meia altura, apenas o suficiente para desligar a televisão e ajeitar-se melhor em sua cama. Invadia-lhe pela cortina fina de voal perolado toda a claridade da noite de Paris. As luzes em nada lembravam a sobriedade das noites em seu apartamento na Virgínia. Vislumbrou o brilho que vinha da rua, mas lhe aquecia o coração outra imagem. Virou para o outro lado e pediu desesperadamente para voltar a sonhar o sonho do qual despertara, aquele do qual fazia parte um certo agente moreno que era responsável pela umidade que se acumulava entre suas coxas. Mas era tarde. Ela despertara e ele se fora. O sonho acabara mesmo antes de começar. Debateu-se de um lado para o outro em uma briga inglória com seus lençóis, até que percebeu que seu edredom havia caído aos pés da cama. 


Sentou-se puxando o pouco que restava de suas cobertas. Era assim todas as noites. Quando não tinha pesadelos com Doyle, tinha sonhos quentes com Hotch. Há noventa dias, suas noites se dividiam entre o que lhe fizera o mal e o que lhe faria o bem. E, ao despertar, a sensação era a mesma, nem com um, nem com outro tinha encerrado seus assuntos. Nem bem tivera sua justiça, nem bem tivera a oportunidade de dizer a Aaron Hotchner o que sentia por ele. E a partir de agora, não faria nem uma coisa, nem outra. Sumiria no mundo, sem sentir-se vingada, sem qualquer chance com o amor de sua vida.
 

Era mais fácil levantar-se. Andou um pouco pelo minúsculo apartamento, foi à cozinha, fez um chá. Sentou-se na pequena mesa ao lado da cama e resistiu à tentação de ligar a televisão novamente. Isso só tornaria seu adormecer mais difícil. Puxou a cortina e olhou um pouco pela janela. Um grupo de jovens boêmios fazia barulho caminhando pela Alameda Du Frest, como se nada no mundo fosse para eles mais importante do que ser feliz.


Ao virar-se por um momento, sentiu uma dor muito familiar nos últimos tempos, uma dor aguda e latejante que lhe assaltava sob a cicatriz que lhe marcara o corpo. Não queria ter que tomar outro comprimido.

Sorveu mais um gole do seu chá e brincou com a borda do envelope que a amiga lhe havia entregue. Talvez porque o que lhe esperava fosse um punhado de passaportes onde o nome que lia não fosse o que gostaria de ler, não apressou-se para verificá-los. Era difícil admitir que Ruth Messing era agora o nome pelo qual respondia e não precisava correr para vê-lo estampado em seus novos documentos. Até então, quando alguém a chamava por Ruth, demorava-se para responder, era algo com que ainda tinha que se acostumar.
Enquanto o chá lhe aquecia o estômago, Emily mirava a janela, virando o envelope distraidamente, várias vezes, como se fosse um brinquedo em suas mãos. Lhe divertia a forma como os jovens cambaleavam pelas ruas, tão inocentemente, como ela nunca mais iria caminhar. Eles entoavam alguma canção local e havia alguma graça em como eles produziam toda a aquela arruaça. Quando o líquido foi totalmente ingerido, ela pousou a xícara sobre a mesa e soltou o envelope displicentemente. Algumas coisas desarrumadas saltaram para fora do invólucro pardo, mas ela não importou-se com isto. Ajeitou-se na cama simples e buscou conforto no calor do edredom florido por sobre seu lençol e na imagem quente daqueles olhos escuros que pareciam morrer no infinito.




Seu último pensamento foi o mais dolorido. Talvez não voltasse a vê-lo. E, como Ruth ou como Emily, ela estava cansada de esperar pelo homem interessante e bonito que parecia desviar o olhar toda vez que era observado por ela. Aquele com quem sonhara os sonhos puros e os sonhos quentes e insanos, aquele que roubara seu coração aos pés de uma escadaria, há muitos anos atrás. Aquela havia sido uma outra vida. Em outro lugar, com outro nome. Adormeceu ao som dos jovens à sua janela, vivendo a vida que ela não iria mais viver, uma alegria que ela não iria mais experimentar. Adormeceu mais uma vez Emily para acordar de vez como Ruth Messing. 


*******************************
 

- Que espécie de idiota é você?

Ele não sabia o que responder. Sabia que o momento chegaria, mas não havia se preparado também para isto. Haviam acontecido tantas coisas, havia tanto a pensar, e ele deixou isto para depois, entre tantos problemas que já tinha a resolver. Tão mal terminara a ligação e fora comunicado de sua chegada. Quando ela invadiu sua sala, ele a examinou.

Não haviam lágrimas em seu rosto, sequer parecia haver dor. Uma indignação imensa tomou conta daquela mulher, mais que qualquer outro sentimento. A rispidez da voz e a total despreocupação em ser gentil, combinavam com o que ele lembrava-se dela. Até para ofender-lhe ela parecia manter a pose.
- Você caça a escória da humanidade mundo afora e não consegue me localizar com alguns telefonemas? Sinceramente, agente especial Aaron Hotchner, você é uma decepção!
- Senhora, não sei o que dizer! Eu realmente tentei. Lhe deixei inúmeros recados, fiz contatos, ninguém sabia como encontra-la! Não havia tempo. Precisávamos providenciar o serviço fúnebre....

Ele de fato, não tinha nada de plausível para corroborar sua estória. Se tivesse mesmo agido como ela imaginava, nenhum adjetivo lhe cairia tão bem quanto idiota.

- Se serve de consolo, ninguém pode despedir-se. O caixão ficou lacrado. Desejo de sua filha.....

Hotch suava frio. Tinha mentido a tantos e há tanto tempo, mas nunca fora confrontado daquela forma.

Ouve um silêncio pesado e incomum entre Elizabeth Prentiss e Aaron Hotchner. Ela havia recusado o convite para sentar-se no sofá de couro escuro que ocupava a sala do agente e, ainda em pé à sua frente, olhava-o nos olhos, da forma mais profunda que alguém já o havia mirado.
Aqueles segundos pareceram durar uma eternidade. Ele só queria sair de lá, sair correndo, sair. Mas logo percebeu.
Uma mãe sabe. Uma mãe sempre sabe. Talvez porque a verdade estivesse estampada em seus olhos. Ou talvez porque a embaixadora não tivesse sido a mãe do ano, mas ainda assim, era mãe. Uma mãe sabe. Sempre.
Ele teve medo. Quase pânico. Se ela levantasse um único questionamento....
Ela, inteligente, quase pode ouvir uma súplica em seu olhar. Se não estivesse tão próxima dele, diria que estava chorando. Havia choro. Só não haviam lágrimas.
Foi uma troca de olhares de longas e francas palavras, apenas elas não puderam ser pronunciadas.

- Só cuide bem dela. – A frase foi quase inaudível, mas firme e assustadoramente calma.

Ela sequer estendeu-lhe a mão para um comprimento. Aquele olhar havia dito todas as coisas importantes que uma mãe precisa saber. Sua filha estava viva. Estava com problemas, mas estava bem. E havia um homem que a amava cuidando dela. Não era tudo o que ela como mãe gostaria de saber, mas afinal, era tudo o que ele poderia dizer naquele olhar e isto tinha ficado bem claro para ela.
Ela, já com a porta entreaberta, meio corpo no corredor, aumentando o tom de sua voz duas oitavas ainda voltou-se para ele.
- Agente Hotchner, apesar de tudo, agradeço suas investidas em me encontrar. Tenho certeza de que Emily encontrou aqui mais amor e carinho do que já teve em toda a sua vida profissional. – Ela deu dois passos à frente. – Tenho certeza de que todos vocês aqui a amavam. E eu agradeço a todos vocês por isto!





A frase foi ouvida por todos no grande salão. Ela pareceu ter a preocupação de esclarecer a quem quisesse ouvir que havia ficado magoada por não ter chegado a tempo, mas que entendia a situação.

Ele sentiu-se aliviado. Sua ampla experiência traçando perfis lhe dizia que mães têm um instinto próprio, uma coisa que nem toda a psicologia do mundo pode explicar. E ele agradecia por isto. Não havia tratado escrito em livro qualquer no planeta que pudesse resumir aquele encontro, mas as coisas não haviam se encerrado de forma tão ruim assim. Ele não seria de todo odiado, ela poderia dormir um pouco mais tranqüila à noite. Talvez ela, apesar dos pesares, não fosse uma mãe tão omissa assim.....
 

O médico havia sido bem específico, mas ela havia feito “ouvidos moucos”. Abrira mão de toda uma vida, não abriria mão do maldito café.
Kelly Olson tornara-se uma amiga no período em que a protegera. Estava no FBI havia dezessete anos e havia sido destacada para proteger Emily porque era a melhor no que fazia. Seu superior sabia disto e não pensara duas vezes antes de lhe indicar para a função, atendendo ao pedido especial feito pelo agente Aaron Hotchner, a quem devia um enorme favor. Durante os quase trinta dias que estiveram juntas, não tiveram muitas liberdades, toda a conversa poderia representar um risco, mas, de alguma forma, elas conseguiram superar as dificuldades e tornar aquelas horas menos entediantes. No último dia, antes de partir para Paris, Kelly havia surgido no quarto de Emily com uma caixa que chamava a atenção pelas dimensões.

- Não sou profiler, mas acho que você irá querer levar isto com você! Queria lhe dar algo que a fizesse se lembrar de mim com carinho, mas acho que trouxe algo que a fará lembrar-se de mim com muito amor, isto sim!

Dizem que o café lá fora é terrível, talvez isto ajude! Há nesta caixa uma boa quantidade de refis.....E dizem que é fácil encontrar reposição em qualquer lugar do mundo....a marca é famosa, isso deve ajudar....Eu ganhei há algum tempo, mas.... não tomo café. Sempre achei que um dia, teria alguma utilidade. É sua e espero que você a aproveite.


Agora, sentindo o cheiro inebriante de um café forte vindo do cômodo ao lado, Emily sentiu falta de Kelly. De suas coisas mesmo, não levara nada. Nunca voltara a seu apartamento. Kelly comprara para ela algumas mudas de roupa e três pares de sapato, uma bolsa barata e um par de brincos de gosto duvidoso, além de lhe entregar um bom par de euros.

- O resto você compra em Paris. Afinal, é a capital da moda, não?

Emily lembrou-se do comentário com um sorriso. Queria ter trazido Sérgio, mas isso era inviável. Kelly soubera que uma tal de Garcia cuidava de seu gato. Quando soubera da novidade, já podia imaginar seu pobre bichano empunhando laços e contas coloridas em seu corpo peludo. Sérgio com certeza sentiria falta de sua sobriedade.....

Quando as duas fatias de pão saltaram da torradeira, já havia saído do chuveiro. Fora um banho rápido, apenas para espantar o sono. Na verdade, hábito adquirido de Emily, não de Ruth. Embora preferisse o banho à noite, quando voltava de um dia difícil em seu trabalho, não dispensava uma chuveirada rápida pela manhã, para dissipar qualquer resquício de sonolência que pudesse lhe prejudicar o pensamento.
Enquanto degustava a torrada, procurava separar quais os medicamentos tinha que tomar pela manhã. Leite seria melhor. Mas era o café que tanto amava que iria conduzir os comprimidos ao seu organismo. Que diabos, Kelly havia acertado na mosca, a tal máquina era boa demais. E embora o café fosse infinitamente melhor do que estava acostumada a tomar no Bureau, era daquele café que sentia saudades....





Depois de ingerir sua mediação, ela lavou a xícara e o prato que usou, no banheiro fez sua higiene e logo em seguida sentou-se em frente da mesa pequena que se destacava pelo monte de coisas que se espalhavam por sobre ela agora. Precisava se organizar. Agora tinha documentos e recursos e precisava decidir se queria deixar Paris, ir para outro lugar. Manuseou todos os passaportes. Havia um passaporte em nome de Elle Standing. Outro em nome de Kayla Wordorf. Seu passaporte em nome de Ruth lhe conferia visto para vários países, inclusive países na América do Sul. Pensou na Argentina. Talvez fosse um bom lugar...Lembrara-se dele na juventude.... ficara lá por quase um ano. De tudo o que se lembrava daquele país, o que mais a marcara fora o tango. Aquela dança passional, que ela teimara em aprender para afrontar sua mãe. Águas passadas.....

Haviam três contas bancárias nos diferentes nomes a ela conferidos. Hotch não havia medido esforços para deixar-lhe confortável. Todas elas tinham um montante considerável para que pudesse viver com um conforto semelhante ao que tinha enquanto Emily.
Havia também um envelope de tamanho menor, que ela deixara para abrir no final. Não havia qualquer indicação do que ele continha. Era de fato, o único envelope lacrado e ela precisou rasgá-lo para ver seu conteúdo.
Dentro dele, uma chave e um papel pautado com inscrições em uma letra conhecida:

Hotel Rive Gauche – Rue du Gros Caillou,6 – April, 28 – 6PM.
Local seguro.
Preciso te ver.
Aaron 
 Ela nem sabia o que sentir. No início, uma imensa euforia. Depois veio a contestação. Claro que ele queria vê-la. Era sua responsabilidade. Não havia porque achar algo diferente. Ele era seu chefe. Estava se arriscando por ela. Tinham provavelmente muito o que conversar. Coisas técnicas, práticas. Coisas de protocolo. Era só. Não sabia porque havia se entusiasmado tanto. Ou sabia. Talvez arranjasse coragem para dizer a ele que precisava amá-lo como precisava de oxigênio para viver. Ou talvez simplesmente ouvisse o que ele tinha a dizer e, como sempre, apenas iria acatar suas ordens e adeus.

De alguma forma, seu dia ganhou um brilho especial. Fosse o que fosse que a esperava, burocracia, atos administrativos ou o diabo, ela iria ver Aaron Hotchner e, por si só, isso já coloria seu acinzentado dia. Vê-lo já era mais do que podia planejar acontecer, já era mais do que tinha direito em receber. Talvez os deuses não fossem todos assim, contra a sua felicidade.....Ele havia assinado Aaron... Não Hotch, mas Aaron... Ele nunca usava seu primeiro nome.... Não trabalhando....Bobagem.... Era só um nome, só um maldito papel, com um nome escrito. 


O que não a impediu de sonhar. Ela podia ser Ruth agora. Mas passaria o resto de sua mísera vida sonhando como Emily, os sonhos puros da casinha de cerca branca e os sonhos insanos que a levavam ao orgasmo com o mesmo homem, o moreno de olhos que pareciam morrer no infinito. 


Olhou novamente a data. Era dia 28. Eram nove e treze da manhã. Ele a esperava no final da tarde.
Definitivamente precisava comprar um vestido novo.

Um comentário:

  1. Assim... Ficou confuso a passagem de tempo. Serio. Isso me desconcentrou mais de uma vez, inclusive porque no capítulo anterior a JJ entrega as coisas pra ela um mês e meio depois e agora ela abre o envelope três meses depois? Bizarro.
    Quanto ao momento da senhora Prentiss, gostei muito. Achei adequado ela entender a verdade no olhar. Mãe sempre sabe. Fato!
    E sim... O café nas Europa não é bom. Verdade.
    Gostei do encontro marcado. Bjos

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